Mil anos de anos atrás, no território que viria a ser o Brasil, um xamã indígena criou um totem que carregava em si uma benção e fez sua tribo prosperar durante anos. Entretanto, ao mesmo tempo que muitos homens tinham a dádiva de dar às tribos filhos fortes, que perpetuariam a tribo, o líder espiritual percebera que as mulheres, nascidas da primeira gestação, não concebiam. Decidido, então, o xamã, discretamente, em uma noite em que a lua estava cheia e os rios estavam agitados, jogou o artefato no rio, e o totem se perdeu, durante anos.

João e Cecília, muitos anos depois, eram um casal do interior brasileiro, que queriam ter uma família grande, com muitos filhos. O homem, tão dedicado era a esse sonho, e devido às situações que acometiam a esposa, ou talvez a si mesmo, fez pesquisas fervorosas, em um desespero tamanho, que estava procurando coisas mágicas que pudessem ajudar. Em suas pesquisas, encontrou um artefato, criado muitos anos antes, perdido no tempo, que poderia trazer a benção da fertilidade a qualquer um que lhe tivesse posse. João procurou esse artefato, achando-o no meio da Floresta Amazônica. Em posse do totem, sem necessariamente saber da maldição que ele carregava junto com a dádiva da fertilidade, a família de João e Cecília cresceu, a partir de seus dois filhos gêmeos. [...]

Ferreira Dias é uma família antiga, tradicional e maior parte, do Brasil. Nunca tiveram grandes destaques perante a sociedade bruxa até os dias de hoje. Rômulo e Remo os filhos mais velhos do casal – João e Cecília Ferreira Dias – eram dois excelentes bruxos, trabalharam no COMASUL desde novo, foram sempre excelentes aurores, certo dia Rômulo se casou com Vitória, uma das melhores medibruxas da época. Eduardo, o segundo filho do casal, fora um excelente professor de poções do CasteloBruxo, casou-se com Stephanie, uma mulher desempregada e matriarca de uma grande família francesa, os dois tiveram um filho, Francisco, nascido no Rio de Janeiro até seus 6 anos de idade e, por fim, Fernanda, a terceira filha, que se tornou uma medibruxa de excelente qualidade.

Rômulo e Vitória Ferreira Dias, nunca demonstraram ter problemas em casa em frente as crianças, os dois viviam disso, Rômulo, mesmo que, não deixasse nada faltar aos seus filhos, nunca se mostrou um pai exemplar, tinha seus problemas que, incluíam mulheres e bebia – nunca traiu Vitória, era apenas mulherengo – como se não houvesse amanhã, o que muitas vezes deixava sua esposa entristecida com o homem a quem chamava de seu. Ela sempre deu valor a sua família unida e, ostentava um medo surreal disso acabar.

Do fruto desse amor, Rômulo e Vitória tiveram sete filhos filhos, Rafael, Rebecca, Vitor, Císcero e Nicholas, Rafael e Rebecca foram gêmeos, duas crianças bem arteiras, porém muito amados, quando os pequeninos completaram três anos, Vitor, outra criança veio ao mundo, que foi amada e muito bem-criada por seus pais e irmãos, que por sinal, se tornou uma criança bem arteira também, porém, pelo casal sempre pôr os filhos sempre em primeiro lugar, não brigando na frente dele, os amando, os educandos, não fora um problema aquela surpresa e, dali se veio uma grande aliança entre os irmãos. Quando os gêmeos tinham cinco anos, e podiam “ajudar” os pais, Vitor dois anos, Vitória pediu por mais um filho a seu marido, e por fim, ele aceitou. Lá se veio mais um lindo menino, Císcero, o qual todos estavam apaixonados, claro que, as vezes os irmãos brigavam por ciúmes da mãe e do pai, principalmente os mais velhos que já eram capazes de entender melhor as coisas.

Se passou apenas um ano, quando o casal começara a ter problemas, na verdade, Rômulo começou a ter problemas no trabalho, todos os dias aquilo ficara mais perigoso, o próprio presidente do local tinha suas dúvidas, foi querendo fugir dos bruxos das trevas que o casal resolveu fazer com que os filhos esquecessem de seus rostos, independente de Císcero ter apenas um ano e Vitor três anos, os fizeram esquecer também, para que não houvesse riscos. Com os corações apertados, os dois deixaram os filhos com a mãe de Rômulo, a senhora Cecília Ferreira dias, a qual cuidou muito bem dos netos.

Após alguns anos, quando Rafael e Rebecca tinham apenas onze anos, Vitor tinha oito e Císcero seis anos, Rômulo, o pai das crianças apareceu na porta de Cecília, lá as crianças se chocaram, ao ver mais dois irmãos recém-nascidos, fora ai que Cecilia notou algo errado, então pegou as crianças do homem e mandou Vitor e Císcero para dentro com os bebes, minutos depois, Rômulo contou a mãe, que tivera mais um filho – de cinco anos -, porém ele não sabia onde o filho estava, pediu ajuda da mãe e, assim que a mãe aceitou ajuda-lo, uma equipe do COMASUL chegou no local começando um duelo com Rômulo, o qual tinha uma habilidade – Animagia – Ilegal, foi ali que o mesmo faleceu na frente dos gêmeos e de Cecilia, aquilo acabou com a mulher, mas ela não pode se deixar bater, pois os netos precisavam dela. Logo Fernanda e Eduardo também vieram para ajudar a mãe, Eduardo mandava dinheiro para a mãe, ajudando ela a cria-los e Fernanda, estava sempre por perto ajudando também.

Cinco anos se passaram e Cecilia conseguiu encontrar seu neto perdido, as crianças agora eram adolescentes e, descobriram que tinham um irmão, que já tinha seus 10 anos, foi concebido na barriga da mãe logo depois de Rafael e Rebecca, mas mativeram escondido, pois Remo, o tio dos mesmos, havia o sequestrado, sendo assim mantiveram segredo. Sem nem pensar duas vezes, Cecília aceitou o outro neto de bom grado e o levou para morar todos juntos, apenas havia esquecido que era capaz de seus outros quatro netos, não aceitarem a ideia muito bem, pois o menino era o único que viverá com os pais por mais tempo, porque? Isso não era aceito na cabeça deles. Mesmo que Cecil, sempre contasse história de sus pais, histórias boas, eles não aceitaram bem. De repente, quando Rafael e Rebecca tinham seus dezenove, Vitor tinha quinze, Císcero tinha treze e Nicholas tinha doze e os gêmeos tinham cinco anos, sua avó veio a falecer, deixando sua casa – que era grande o suficiente -  para os netos. Foi então que Francisco, o primo dos sete voltou, para ver sua avó e ao mesmo tempo, Eduardo e Fernanda voltaram a ajudar os sobrinhos. No seu leito de morte, pediu para que um cuidasse do outro e assim eles fizeram. Logo com a ajuda dos tios, Rafael começou a trabalhar como auror no COMASUL e, Becca como Medibruxa para que pudesse ajudar com os outros irmãos e ajuda-los se formarem e, ali os dois terá criado responsabilidade – apenas com a família – e, assim virou um ciclo, Rafael e Rebecca sendo os irmãos mais velhos, sempre explicaram aos mais novos, que Nicholas não tinha culpa das coisas, sendo assim os dois sempre deram muito amor ao irmão, sendo exemplos aos irmãos mais novos. Vitor ainda com ciúmes por ser melhor amigo do irmão mais velho, também amava o irmão mais novo. Depois que alguns dos Ferreira Dias estavam trabalhando, os tios voltaram a vida deles, voltaram aos sonhos deles, mas desde sempre, ainda mandam dinheiro para Becca e Rafael, para ajudar com os gastos familiares.

Uma coisa que ninguém sabia era que, na verdade, quem entregou os gêmeos na porta de Cecília, foi Remo, pois o mesmo tentava salvar os sobrinhos do próprio pai, assim como quando contou de Nicholas, sendo assim, toda a verdade foi dita para Cecília, um pouco antes do homem morrer pelas mãos de Gonzalo, que aproveitara para se vingar, pois na cabeça do rapaz, Remo, seu pai, batia em sua mãe, mal sabia ele que Remo jamais faria isso com a família, mas para protege-los, nunca contou a verdade para ninguém, colocou seu amor pelo irmão em primeiro lugar. A notícia abalou a família, após tantos anos, só agora souberam todas as verdades sobre a família. E, no fim seu pai estava vivo, são e salvo, botando terror no mundo bruxo, mas para que?

Anos se passaram após a morte do tio e todas as descobertas e Rômulo voltou a cidade, otário como nunca, veio atormentar a família e tentar roubar os gêmeos – Ayla e Liam – dos irmãos, coisa que os mesmos, matariam ou morreriam para mantê-los salvos e longe desse tipo de gente.

Gonzalo Ferreira Dias, que sempre odiou o pai, por espancar sua mãe, entrou em tremenda depressão, pois depois de um ou dois anos, descobriu que o pai não fizera aquilo, que era tudo uma armação do seu tio Rômulo, então ao descobrir que matou o pai que apenas queria salvar e ajudar os primos, se trancou em casa sem querer contato com ninguém, por anos. Mal sabia ele, que portava uma grande maldição, a maldição dos primogênitos. Gonzalo não quis contato nem com seu irmão mais novo, Karlos. O mesmo viveu na mansão com os primos até o irmão voltar ao seu juízo perfeito.

Eduardo – terceiro filho de João e Cecília - e Stephanie se casaram jovem, desde sempre moraram no Rio de Janeiro, mesmo com suas diferenças, o casal se amava muito, nunca faltando com respeito um com o outro, valorizavam uma relação boa. Depois de alguns anos já morando juntos, tiveram seu primeiro filho, Francisco Laurent Dias.

Quando Francisco completou seis anos de idade, Stephanie se separou de Eduardo, por diversos desentendimentos. Pouco tempo depois o Dias recebeu uma proposta de emprego para lecionar no nordeste, foi então que o homem pegou Francisco e se mudou para lá. Francisco perdeu muito com a mudança, pois tudo e todos, incluído a mãe e os primos, ficaram no Rio de Janeiro, o pequeno Dias sofreu com tudo isso, pois era bem próximo dos primos.

Anos depois, Francisco Laurent Dias decidiu voltar para reencontrar os primos, anos se passaram e ele foi para o cartelobruxo, onde era um pequeno demônio junto com os primos, o menino fugia das aulas, se metia em confusões e assim por diante. Ainda assim, ele sempre se dedicou nas aulas de Poções e Transfiguração, para trazer orgulho para seu pai, e desenvolveu uma conexão muito forte com a matéria. Decidiu então participar de clube de duelos, nos quais foi expulso por mal comportamento.

Depois de sair da escola, Stephanie, mãe do garoto, convidou o mesmo para ficar um tempo com ela, para que lá, ele aprofundasse seus estudos. Depois de ver que seu pai estava bem, ele viajou para Paris, para participar de um curso introdutório do departamento de aurores, algo voltado para a proteção da comunidade bruxa e serviços de inteligência.

Fernanda Ferreira Dias, mãe de três crianças, tentava ao máximo ajudar os sobrinhos, porém tinha suas responsabilidades e morava um pouco longe, com seus 22 anos teve sua primeira filha, Juliana Ferreira Dias, o sonho da mulher era ter dois filhos, um casal, então, um ano depois teve Glauco Ferreira Dias, ela considerava uma tradição, colocar os sobrenomes dos filhos igual ao de sua família, então ai se iniciava o motivo de não terem o sobrenome do pai, alguns anos depois ela teve uma lindo filho, Andrei Dias. Logo ela pediu para o marido mais um filho, e lá se veio, Camila, a mulher optou por por o nome do marido, para homenageá-lo, porém, só tinha uma coisa que ela não esperava era que seu marido sumisse, assim que seu filho nasceu o que dificultou a vida da mulher que, tinha agora dois bebês em casa e mais duas crianças, tudo para cuidar sozinha.


Os anos não foram fáceis para a mulher, ela teve de batalhar muito, mas o amor que tinha pelos filhos a fez lutar até o fim e, ela conseguiu ajuda de muitos lados, incluindo de Cecília depois que eles cresceram, a mulher os deixou morar com os primos, meio que era uma tradição, eles sempre acabavam morando juntos, sem tios ou pais.

Depois da avó do garoto falecer, seus primos foram para Paris, para visita-lo e até mesmo ficar um tempo lá. Durante esse tempo, Francisco ganhou a oportunidade de ser Agente Fantasma do COMASUL foi aí, que ele decidiu voltar para a casa com os primos e ajudar Rafael a cuidar dos mesmos.

Depois de anos, com a família sempre em crescimento, da união de Ruan Ferreira Dias – primo de Rômulo - e de Angelita Marighella Ferreira Dias, nascera Catrina, em novembro de 1993 e Giovanni, em outubro de 2003. Angelita como a filha mais nova de 4 irmãos de uma influente família bruxa espanhola, Marighella, nascera mais que mimada mas acabou por ser mudar para o Brasil quando se casara com Ruan — um casamento inusitado, mas que foi aceito pela família da garota pois o sobrenome dos Ferreiras Dias era/é influente. O casamento durou, ao todo, 23 anos e meio, quando no meio de 2017 ouve uma ruptura rápida, contando por fim com um divórcio. Angelita retornou ao seu sobrenome de origem – mesmo sendo bastante conhecida como Ferreira Dias – assim como sua terra de origem, Espanha.

O pivô de todo separamento, fora que Ruan pegara a mulher na cama com um conhecido purista europeu, levando a um estardalhaço completo onde quase, possivelmente, matara o cara. Resolvendo as últimas papeladas do divórcio, Ruan descobrira uma rede que interligava a própria ex-esposa, que vendia as informações confidencias da COMASUL a grupos reacionários europeus, principalmente espanhóis, que tinha acesso por Ruan ser o Chefe do Supremo na época. O que, nem ele mesmo sabia e nem ninguém, é que Angelita era extremamente versada na arte da legilimência, treinada antes mesmo de completar 7 anos direito, podendo alterar e implantar falsas memórias como se fosse brincadeira de criança.  23 anos com memórias e sonhos alterados ou arrancados de si e substituídos por aquilo que a própria Angelita queria. Além de ter sido traído a rodo com muitos homens e mulheres ligados a COMASUL que, provavelmente, não lembram de nada.

Em um ato desesperado, sem saber da compulsão mental que Angelita tinha sobre sua mente por 23 anos e sendo intimado, mesmo sendo o Chefe do Supremo, após ser interrogado quase que a força {uma denúncia feita sobre o mesmo ligado a sua atual ex-esposa sobre venda de informações} e, acabar revelando mesmo sabendo que não tinha feito nada {angelita não alterou para que ele tomasse a culpa para si, apenas alterou sua paisagem mental para coisas que fosse totalmente ligadas como se ele soubesse que as informações foram vendidas a grupos reacionários}, Ruan fugira do país, entrando para o rol de foragidos da COMASUL. Mas, por sigilo a procura dele ocorre a sete chaves, não sendo exposta a mídia. No imaginário comum, ele tirou umas férias e atualmente, ninguém sabe dele faz dois anos {alguns dizem que ele “pirou” após o divórcio}.

Inclusive, Angelita também é procurada internacionalmente por suas ideias reacionárias e vários outros conjuntos da obra, além de ser considerada perigosa. Ao fim, não fora achado absolutamente nada que ligasse os dois filhos, Catrina e Giovanni, ao ocorrido com seus pais, mas ainda sim permanecessem sob o radar cuidadoso da COMASUL, principalmente Catrina. Alguns bens ligado inteiramente a Ruan foram interditados e a guarda do filho mais novo, passada para a mais velha.

Como tudo ocorre em segredo de estado, a mais nova sabe de pouquíssimas coisas e o mais novo, quase não sabe nada {eu pensei aqui, se você quiser, que o Gio só pensa que o pai sumiu pelo o mundo e nunca mais voltou até agora, 2 anos depois, e a mãe pode se comunicar poucas vezes, mas sempre tentando a cabeça do garoto e tudo mais mas por maneira ilegais que o COMASUL não possa detectar}.

Assim, muitos querendo viver uma vida longe da confusão, os Ferreira Dias tiveram uma parte Alemã na família. A família paterna de Alma, Wermöhlen, é de origem alemã. Veneram alguns deuses antigos, têm costumes bem ligados à natureza, normalmente são vegetarianos ou veganos e o dom da Linguística é passado há muitas gerações. O pai de Alma se chamava Hansel e era magizoologista e mercador. Ele viajava bastante e tinha o dom da Linguística, que foi passado para a Alma. Em uma dessas viagens, ele foi para a Colômbia, na respectiva capital bruxa de lá; em uma das partes mais ricas, ele conheceu a mãe de Alma, Rosalía del Río Ferreira Dias, a mesma era irmã de Ruam, porém se mudou muito nova e não tiveram muito contato. (o pai dela era brasileiro e Ferreira Dias, e a mãe era colombiana, da família del Río).

Eles se apaixonaram bem rápido e ficaram juntos por uns quatro meses, até que ele teve que voltar pra Alemanha. Poucas semanas depois disso, Rosalía descobriu que estava grávida e então foi morar com os Ferreira Dias no Brasil. Ela só tinha o contato do Hansel por carta, e eles continuaram se falando por muitos meses; quando a Alma nasceu, ela informou a ele que esteve grávida por todo esse tempo e ele parou de responder. Desde então, nunca se falaram novamente.

Alma nasceu no Brasil e viveu com a família materna. Alma estudou em Castelobruxo e se formou, depois passou um ano estagiando na COMASUL. Aos 19 anos, ela foi pra Áustria fazer uma especialização em magizoologia que durou quatro anos; ia procurar emprego por lá, porém, após notar a instabilidade de todas as instituições, optou por voltar para a casa aos 24 anos e trabalhar na COMASUL.

Durante o tempo que passou na Áustria, ela pesquisou bastante sobre a família do pai e viajou pra Alemanha, onde conheceu alguns de seus parentes. Ela também descobriu que o pai dela morreu poucas semanas antes do seu nascimento, por isso parou de responder sua mãe; ele nunca falou sobre elas para a família dele, uma vez que seus costumes eram bem diferentes e sabia que os Wermöhlen não aprovariam a relação. Atualmente, a Alma quer contar tudo isso para a mãe, porém tem medo dela não receber isso muito bem, uma vez que é meio rígida e guarda muito ódio pelo Hansel.

Morgana Albuquerque Dias nasceu na capital paulista — São Paulo—, em 05 de agosto, filha de Roberto Ferreira dias – irmão de Ruan, qual não tinha muito contato - e Sara Albuquerque Ferreira Dias, que optaram por viver entre a vida agitada da metrópole, sendo ambos estudiosos acerca dos costumes dos chamados “não mágicos”, além de atuarem no controle de incidentes mágicos ou possíveis exposições do mundo bruxo à população trouxa brasileira. A vida era relativamente tranquila — apesar da óbvia agitação da cidade —, e tinham uma vida relativamente confortável em um bairro comum da zona sul da cidade.

Beto, como era conhecido, e Sara eram pais amorosos e atenciosos, nunca deixando faltar nada à única filha que conseguiram conceber nos 20 anos em que foram casados. Morgana, então, era uma garota amável, embora sempre reservada e quieta; amante de música, ballet e patinação artística, cresceu entre o mundo mágico e os ditos costumes trouxas, até seus quinze anos, quando um acidente veio a mudar sua vida. Em uma viagem de carro — meio de transporte que Roberto apreciava muito —, para a praia durante as férias escolares de Morgana, Beto perdeu o controle do veículo e o carro capotou. Roberto e Sara morreram no acidente, e uma Morgana bastante ferida mal sobreviveu, tendo, conforme lhe disseram, saído pela janela do carro após o impacto.

No entanto, Morgana não foi encontrada junto aos pais. Durante duas semanas, a garota permaneceu desaparecida e foi encontrada caminhando pelo acostamento de uma estrada de terra deserta, roupas ensanguentadas e um braço quebrado... e sem quaisquer memórias de o que aconteceu desde antes do acidente. O casal de trouxas que a encontrou encaminhou-a a um pronto socorro, onde a polícia trouxa foi acionada. Demorou dois dias até que uma prima de sua mãe, que também morava em São Paulo, conseguiu localiza-la e encaminha-la devidamente a um hospital bruxo. Felizmente, não foram encontrados sinais de abuso, além da falta de memória e dos ferimentos provenientes do acidente, fisicamente, Morgana estava bem. Emocionalmente, no entanto...

Mais do que era antes, Morgana fechou-se em si mesma, por fora, ela continuava a mesma garota quieta que sempre fora, mas isso agora era forçado — boa atriz que era. Ela passou a ter pesadelos todas as noites, insônia era algo comum e eficientemente disfarçado com altas doses de cafeína e maquiagem. Largou o ballet e a patinação (com a desculpa de que ela precisaria ficar muito tempo afastada para se recuperar das fraturas). E pediu para morar com a família por parte de pai, afinal, não ter Roberto e Sara por perto fazia tudo ficar pior.

Ela lidou com o luto, fez terapia, ocupou o tempo com os estudos, e para todos ao redor mostrava que estava bem. Mas ela ainda sentia um vazio e, por causa dos pesadelos, se convenceu que o acidente fora sua culpa (não fosse por seu pedido estúpido, eles teriam ficado em casa), e, com isso, passou a... repelir, as pessoas. Estava lá, mas, diferente de antes, distante.  Afinal, as pessoas próximas a ela tendiam a se machucar, não teriam?

WHAT KATY DID edited by IPUPIARA