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JAN2026
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1/08. estamos de volta
13/08. atualização dos ranks gerais do fórum
00mes
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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Sex 10 Jan 2020 - 21:11


RP entre Luca Coelho e Vicente Ventura.
Se passa no Campo de Quadribol, nos terrenos do castelo, por volta das 15h, em 8 de fevereiro de 2020, um sábado quente e úmido.
Outras interações serão aceitas apenas com convite dos atuais participantes.

robb stark
Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Sex 10 Jan 2020 - 21:49
Quadribol existencialista
Vicente gostava de sentir a grama cutucar a pele entre os dedos do pé. É claro, ele corria o risco de ser picado por uma criatura estranha e acabar preso na enfermaria sendo cuidado pelo meio-irmão. Deveria levar mais a sério os conselhos de Aurélia em relação à natureza e as coisas estranhas que ela guarda, mas a ideia de experimentar a textura da terra e das gramíneas roçando seu pé era mais convidativa.
Era começo de ano em Castelobruxo e, como em todos os anos anteriores, o calor úmido da região o afetava. Sentia falta da brisa leve com cheiro de mar que soprava na Ilha de Vitória, mas a escola era sua segunda casa e lhe agradava em outros aspectos.
Um deles era o imenso campo de quadribol que se erguia imponente na montanha. Ouvira dizer que os campos de quadribol europeus eram os mais bem equipados, mas ele tinha absoluta certeza de que o seu campo era o melhor.
Os Carcarás haviam se reunido há pouco no campo, para alinhar os horários e as intensões do ano que começava. Vicente era o mais empolgado, como sempre. Não podia conter sua inquietação diante da ideia de retomar os treinos, os jogos e o campeonato. Mas, no fim da breve reunião, Vicente se deu conta de que não haviam alinhado nada. Ele sabia menos do que quando chegara ao campo.
Talvez fosse o calor que estivesse sobreaquecendo seu cérebro e transformando-o em gelatina derretida.
Estava sentado na sombra feita por uma das arquibancadas destinadas aos torcedores, sem a menor vontade de voltar para o interior do castelo.  Inclinou o corpo para traz, expondo a jugular mais do que deveria, ao menos era o que diziam os livros que estava habituado a ler. Fechou os olhos por um segundo e vislumbrou em sua mente atulhada de bobagens a possibilidade de ser atacado nos terrenos. Deu de ombros, ignorando o pensamento absurdo e permitiu-se relaxar.
O cansaço da noite anterior estava chegando em ondas. Da próxima vez que João Carlos o chamasse para uma breve sessão de treinamentos tarde da noite, ele não seria tão ingênuo. O sono chegava de mansinho, como um gato sorrateiro e silencioso. Ele não percebeu quando se rendeu ao torpor.
Ganharia um belo tom róseo nas maçãs do rosto, se não fosse pelo som de grama estalando logo atrás de si. Despertou no segundo seguinte e, temendo pela integridade de sua jugular, procurou a varinha nos bolsos. Firmou os dedos ao redor da madeira e permaneceu em silêncio.
Droga, era péssimo em feitiços.

Luca Coelho
TLC » Artista
Luca Coelho
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ARTISTA: Rosto da Mídia
Sáb 11 Jan 2020 - 20:02

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

As aulas haviam começado há apenas uma semana, mas meu corpo já se sentia moído, triturado, pedindo arrego.... Como eu precisava do carnaval, dos meus bloquinhos descendo a avenida, do mar e aquele sentimento da gente sendo a gente, sem pudor ou medo de ser feliz, sim, o Carnaval era uma das minhas épocas favoritas do ano; os tabus pareciam diminuir e os preconceitos se tornavam menores.

Respirei fundo, os fones ainda plugados ao meu ouvido no volume máximo. Em outro momento, se eu estivesse em casa, dona Theresa gritaria algo do tipo “ôh trombadinha! Ta me ouvindo não?! Tira a por-ca-ri-a desse fone que eu tô falando com você!”, mas eu não estava em casa, na verdade me sentia distante de qualquer civilização que fosse, esse era o lado ruim de Castelobruxo. Eu definitivamente não gostava desse contato todo com a natureza, mosquistos do tamanho de pombos, sucuris, jiboias... é, dormir com o barulho das cigarras me dava muita agonia e ter que acordar com o grasnar das aves, nossa! Imagina um Luca com o cabelo todo pro alto, com uma cara de cu as seis da madrugada, pois é, muito difícil a vida do crente.

Na necessidade de atualizar meu feed, percorri os terrenos até alcançar os campos de quadribol, a iluminação era perfeita graças a altura, especialmente na “golden hour”, o sol refletia nas arquibancadas e conferia um efeito alaranjado, muito mais bonito que qualquer filtro. Em minhas costas havia uma pequena mochila, sempre equipada com repelente, filtro solar e uma garrafinha térmica de água, aquele era o “kit sobrevivência - floresta amazônica”, sem contar com o pacotinho de fumo, você não vai querer deixar uma Caipora zangada, não é mesmo?! Adentrei na construção de pedra, vazia, mas eu já sabia disso, afinal tinha o pleno conhecimento que o treino dos Carcarás havia acabado há alguns minutos. Eu não era fã do jogo, não era entusiasta de esportes e talvez, só talvez, meu físico magricela denunciasse, contudo, conhecia ambos o time com a palma da minha mão, por motivos superiores. Caminhei pela arena e para a minha surpresa, percebi o meu “motivo superior” largado na grama, próximo a arquibancada, tentando roubar um pouco de sua sombra.

- Expelliarmus! – bradei em um ágio movimento com a minha varinha, sacada da presilha na minha cintura, em questão de instantes. Com mira certeira, o condão do outro voo para minha mão e tratei de agarrá-lo, ação muito fácil por sinal, Vicente estava perplexo e embora estivesse com sua arma em mãos, o garoto tinha ficado completamente travado para executar qualquer magia que fosse. – Se eu fosse um bicho, cê estaria frito, Ventura. – Debochei com um sorrisinho provocante. Meu coração acelerou um pouco a encarar o batedor. Vicente Ventura, a razão dos meus primeiros sonhos impuros? Por assim dizer; ele era dois anos mais velho que eu e acho que tudo começou no final do meu segundo ano, quando que por um milésimo de segundo, nossos olhos se cruzaram nos corredores e eu tenho plena convicção de que ele havia sorrido pra mim. Mas aí tem todo aquele lance dele ser mais velho, bonitão, cobiçado e por fim chegou o Gael e o Coelho que lutasse.

A gente, vez ou outra, trocava um assunto besteirol, a risada gostosa dele me deixava todo abobalhado e sei lá, ele era diferentemente incrível, tipo o Julio e aquilo me confundia para um caralho! Comecei então a alfineta-lo, não queria deixar óbvio as minhas segundas intenções, sendo assim, desde o segundo semestre do ano passado, eu trazia uma fala muitas vezes maldosa para ele, não que fosse a minha intenção, só que era mais fácil botar de uma vez na minha cabeça que nunca iria rolar desse jeito, afastando, construindo um muro de sarcasmo, deboche e ironia. Se eu tinha ciúmes dele? Muito! Mas transparecê-lo? Nunquinha da Silva.

Me aproximei mais e me sentei na grama, cruzei minhas pernas e lhe entreguei a varinha, outrora usurpada. – Deve ser muito vergonhoso ser desarmado por um aluno do quarto ano, hum? – arqueei minha sobrancelha e então abri minha bolsa, tirei um twix dividindo as duas metadinhas para nós dois. – Nunca poderá dizer que não divido meu lanche contigo, Ventura... – Sorri. Após comer, com o sabor doce em minha boca, puxei meu cantil da mochila, estava com uma puta cede, mas também calor e chocolate só podiam resultar naquilo. Entornei a garrafa de forma brusca e o volume de água saiu bem maior do que o esperado, encharcando não só meu rosto, como fazendo o líquido entrar nas minhas narinas, expirei fundo e arregalei os olhos.




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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Dom 12 Jan 2020 - 11:50
Quadribol existencialista
Vicente relaxou ao se dar conta de que não estava, verdadeiramente, em perigo. Os ombros baixaram e o sorriso, por sua vez, cresceu nos lábios, transfigurando sua carranca sobressaltada em uma expressão amistosa. E bem, aliviada. Baixou a mão, que ainda se erguia estagnada no ar e voltou a apoiá-la na grama enquanto ouvia as palavras debochadas fluírem pelos lábios do garoto magricela. Observou, por uma fração de segundo, quanto Luca destoava do ambiente de uma forma quase cômica. Seu porte magricela e a pele clara demais confeririam a ele uma aparência frágil, não fosse pelos olhos esverdeados e ferozes.
_Você me pegou desprevenido. – Argumentou, deixando pesar nas palavras seu orgulho ferido. - Não se ataca um homem que acaba de acordar, Coelho.
Olhou com o canto dos olhos para o garoto que sentava ao seu lado e estendeu a mão para recuperar aquela que devia ser a canalizadora de todo seu poder, guardando-a de volta no bolso assim que a teve em mãos.
_Mas devo  admitir que estou feliz por ter sido você e não alguém tentando se alimentar de toda a minha juventude. - Riu logo em seguida, mas de forma contida, afinal, Luca não estava errado. Vicente nunca fora o melhor aluno de feitiços e culpava sua varinha por isso. Talvez ela fosse deveras rebelde, talvez ele não soubesse domá-la. – Você não pretende fazer isso, pretende?
Sabia que não. Não eram amigos próximos, mas Vicente via Luca pelos corredores e ele nunca estava sozinho. Havia sempre um ou outro aluno junto dele, especialmente a garota do Jaguar, Açucena. Alguém que está sempre cercado de amigos não deve ser um sugador de almas.
Gargalhou ao ouvir o comentário e meneou a cabeça, negando a possibilidade de estar constrangido. Não fazia bem o tipo de Vicente, dar bola às convenções.
_Não é tão vergonhoso quando o aluno é você. – deu de ombros, observando o garoto procurar por algo dentro de uma pequena mochila. – Ouvi dizer que você foi o melhor da turma de feitiços no ano passado. – arqueou as sobrancelhas olhando para o rosto de Luca e pode jurar que viu seu semblante ganhar um tom róseo sutil.
Aceitou o doce de bom grado, murmurando um "obrigado" entre os dentes. O almoço fora há muito tempo e a ideia de ter o quitute em seus lábios fez seu estômago roncar. Mordeu a ponta de sua metade, deliciando-se no caramelo e na textura macia do chocolate enquanto se permitia ver a mata que se erguia ao longe.
Sentia falta de participar das expedições de Aurélia. Já fazia muito tempo desde a última vez que se juntara a sua mãe numa mata fechada em busca de plantas que ele duvidava muito serem reais. Sentia-se em casa quando estava em contato com as árvores, embrenhado em trilhas estreitas e que não davam a lugar nenhum.
Suspirou ao engolir o último pedaço do doce.
_O que você está fazendo aqui? - perguntou sem rodeios e sem desviar o olhar do horizonte. – Não te vejo muito no campo de quadribol, não me parece sua praia. – E de fato não parecia. Luca era magricela e a pele branca parecia delicada demais pra se expor ao sol latente que incidia sobre o campo.-Vai tentar entrar pro time?- questionou, seu rosto de contorcendo numa careta de interrogação confusa e divertida. – Não que você não consiga, daria um ótimo apanhador, eu posso até te ajud...
Girou o rosto na direção do menino e sobressaltou-se. Os olhos verdes estavam arregalados e assustados. O rosto molhado estava mudando de cor rapidamente: de pálido para rosado, de rosado para vermelho. Antes que Luca atingisse cores que Vicente não seria capaz de nomear, o batedor dos Carcará cerrou os dedos ao redor da varinha e apontou para o rosto do garoto.
_Anapneo! - pronunciou, lembrando-se da pronuncia usada pela professora Grimaldi em uma aula sobre feitiços de primeiros socorros : “A-NAH-pneo”.
Os olhos escuros encaravam os de Luca com uma mistura de medo e ansiedade. Seu corpo estava inclinado na direção do garoto e, esperando sua reação, Vicente se lembrou de soltar o ar.
Quando foi que o prendeu?
Luca Coelho
TLC » Artista
Luca Coelho
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ARTISTA: Rosto da Mídia
Qua 15 Jan 2020 - 15:50

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Um sorriso frouxo havia escapado dos meus lábios, graças a acusação do mais velho. – Sou mais jovem que você! Por que diabos eu me alimentaria da sua juventude, bobão? – O encarei por alguns segundos e meneei a cabeça em um gesto de reprovação. – Vince, Vince, Vince... Você anda assistindo muito seriado, minha mãe diz que isso apodrece a cabeça do jovem, vai ver ela tem razão. Hm?! –  O tom da minha voz, naquele momento, foi brando e brincalhão, contudo, minha expressão começou a mudar ao perceber os elogios, expressos nas entrelinhas da fala do moreno. Como um ser-humano conseguia ser tão cativante?! Um tom rosado deveria ter se acomodado em minhas bochechas, afinal elas ferviam como nunca e como eu era pálido, feito um fantasma, não seria surpresa ganhar um tom corado devido a situação.

A conversa se prolongou e eu realmente gostaria de ter respondido o motivo de estar ali, mas pela a afirmação seguinte eu simplesmente havia entrado em pânico, o que me fez beber da água, um mero pretexto para me esquivar daquele contexto, ao qual ele havia me colocado. Se o Vicente soubesse que ano passado o campo de Quadribol era quase como uma extensão do meu dormitório, ele provavelmente iria me julgar, especialmente pelo motivo. Era obvio que ele nunca tinha me visto por ali, mas como poderia se eu nunca ficava à vista?! Primeiro porque a Açu não iria gostar nadinha de me ver observando o treino do time adversário, segundo porque o Ventura era a razão que eu tinha, para despender horas das minhas tardes apenas assistindo suas jogadas e seu cabelo sendo bagunçado pelo vento. Ele era um baita batedor e tinha muito talento, sem dúvidas, mas o que tirava meu sossego era ver seu sorriso cada vez que acertava um balaço.

E foi a imagem de seu sorriso que me fez engasgar, não fosse o movimento rápido do garoto a minha frente, com sua varinha. O ar avançou por minha traqueia, outrora obstruída pelo líquido, e logo tossi, meus olhos levemente marejados encaravam os olhos escuros do outro. Confesso que havia sido uma situação embaraçosa, mas ver a cara de aflição dele me fez relaxar. – Eu engasgo e você que perde o ar? – ainda recuperando o fôlego, o provoquei baixinho ao escutar sua respiração pesada. – Obrigado. – Minha voz pareceu entalar na minha garganta e saiu como um fio esguio e quase inaudível.

Respirei fundo, afastando os pensamentos comprometedores e entreguei a garrafa, agora quase vazia em suas mãos. – Segura pra mim, por favor? Obrigado.... Tergeo! – conjurei o feitiço que secou a gola da minha camisa. Apontei para garrafa e em um leve movimento ondulante recitei. – Aguamenti. – Seguido por uma variação não verbal do “glacius”, emitindo um ar espesso, turvo e frio – Melhor por a garrafa no chão ou vai grudar seus dedos no metal, você sabe, frio e tal... – Tombei minha cabeça encarando-o, eu amava olhar diretamente para seus olhos, poderia passar o dia assim, mas a vergonha que habitava e mim, logo me fazia desviar.

Pigarreei e arqueei minha sobrancelha, eu adorava me gabar ao executar algum feitiço que satisfazia as minhas necessidades, só que de forma silenciosa, claro. – Pode beber se quiser, deve ta com cede... – Na verdade, meu ego gostaria apenas de ser massageado mais uma vez por suas palavras, era meio que uma forma de provar para nós dois que eu poderia ser tão bom quanto um aluno do sexto ano. O porquê disso? Eu não fazia a menor ideia.

Olhei nosso entorno e reparei uma vassoura jogada no gramado, respirei fundo e então retornei aos seus questionamentos anteriores, agora finalmente pronto para responde-los – Eu vim tirar uma foto, gosto como a luz do sol bate na rocha, mas bleah, agora eu tô todo cagado. – apontei com as mãos espalmadas a ponta da minha franja molhada, jogada pra traz, se eu usasse magia poderia correr o risco de ficar com o cabelo ressecado e arrepiado, seria melhor deixar secar por si só. – E não, eu sou péssimo voando, um verdadeiro desastre, acho que meu máximo foi sobrevoar uma árvore, uma árvore não, um arbusto grandinho. Minha sorte é que voo não reprova ninguém. – Meus ombros murcharam e então encarei o céu de um azul ciano intenso, com poucas nuvens, deveria ser incrível ter total controle sobre a vassoura e poder sobrevoar a floresta, com o vento no rosto, um sentimento de liberdade, talvez por isso o Vicente gostasse tanto daquilo.





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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Qui 16 Jan 2020 - 17:28
Quadribol existencialista

O ar escapou por seus lábios aliviados, resultando num efeito em cadeia: os ombros relaxaram e a postura rígida deu lugar aos músculos relaxados. Afrouxou os dedos ao redor do condão de madeira e meneou a cabeça em negação. Sorriu sutilmente em resposta ao comentário de Luca, absorvendo suas palavras e achando graça no humor ameno do garoto mais novo.
Aos quinze anos, Vicente poderia afirmar sem pestanejar que grande parte de seus verões foram mergulhando nas águas mornas e calmas do litoral do Espírito Santo. A água salgada tocando sua pele causava a mesma sensação que o ar açoitando seu rosto enquanto empertigava-se na vassoura e alçava voo.
Nunca teve medo de se afogar e muito menos de sofrer uma grande queda, mas não conseguir respirar fazia seu coração palpitar e as mãos suarem. Às vezes, quando voava contra o vento forte e se sentia sufocado, vivia segundos de pânico até se lembrar que poderia, simplesmente, pousar.
Inspirou profundamente, sentindo o ar inflar seus pulmões e a sensação de sufocamento se esvair.
_Sempre que precisar ser desafogado, pode contar comigo.- respondeu ao agradecimento. Quis contar que havia sido salva-vidas na praia, no verão passado, mas achou por bem deixar pra lá. Precisava de dinheiro e pelo menos o trabalho era na praia. Ele só não tinha contado com tantas crianças irritantes pedindo por socorro para seus brinquedos.
Segurou o cantil e observou os manejos de Coelho com a varinha, tentando recuperar o dano causado pela água. O cabelo, no entanto, permaneceu molhado e grudava em um ou outro ponto da testa pálida. Vicente quis descolar os fios castanhos e colocá-los pra cima junto às outras ondas, mas controlou o impulso de seus dedos.
Distraído com a mecha de cabelo úmida, murmurou um “hãn?” quando não entendeu a que Luca se referia, mas sentiu o cantil perder temperatura e tentar a todo custo roubar o calor das mãos quentes.
_Au...- reclamou, pousando o recipiente no chão, desviando os olhos para os próprios dedos e voltando a olhar o outro. A ideia de beber a água fresca pareceu aguçar suas papilas, então deu de ombros e levou o cantil aos lábios apreciando o líquido descer arranhando sua garganta. Devolveu a garrafa para Luca, sorrindo sem jeito.- Acho que bebi demais. Posso encher de volta...
Mas Luca já estava falando novamente e Vicente não pretendia interrompê-lo. Além do mais, o quartanista havia provado que sabia, muito bem, encher uma garrafa com água.
O sorriso de Vicente nasceu e ganhou força ao ouvir a justificativa de Luca. É claro que ele estava ali pra atualizar o feed do Witch. O campo de quadribol era um dos lugares com a melhor e mais bonita iluminação de toda a escola. Não era à toa que Vicente gostava de ficar ali vendo as copas das árvores sob o sol do fim do dia. Ele próprio já tinha aproveitado pra tirar boas fotos, afinal de contas, seria famoso um dia e precisava de boas imagens pra quando fosse aparecer no Globo de Cristal.
Ele acompanhou com os olhos o movimento de Luca em direção à franja úmida. Tinha as sobrancelhas arqueadas e um olhar divertido.
_Duvido que você seja tão ruim voando...- ele começou, pegando o cantil de volta e despejando a água nas mãos. Espalhou o líquido até umedecer toda a palma de sua mão. – Quanto eu sou em feitiços.
Colocou-se sobre os joelhos e, desajeitadamente, parou em frente a Luca. Percebeu o garoto recuar, mas o movimento de suas mãos foi mais rápido. Despretenciosamente, correu os dedos úmidos pelo cabelo de Luca, umedecendo ainda mais os fios castanhos.
O cabelo de Luca era macio e os caracóis, embora parecessem confusos, não se entrelaçavam ao ponto de embaraçar. Os dedos de Vicente passavam por eles sem grandes problemas. Despejou um pouco mais de água nas mãos e ajeitou o cabelo do mais novo da forma que queria, até que se levantou, secou a mão nas bermudas e estendeu a mão para Luca.
Quando o Coelho ofereceu a mão em troca, Vicente recusou com um balançar de cabeça e um sorriso sacana.
_Seu celular. - pediu, de forma corriqueira, como se fossem íntimos e próximos.- Me dá seu celular. Vou tirar uma foto sua. Vai ficar uma foto conceitual.
Esperou com a mão estendida pelo telefone, observando a luz incidir sobre o campo.
_E depois você fica ali. – apontou para um lugar onde luz e sombra pareciam coexistir em perfeita harmonia, pousando as mãos na cintura no momento seguinte. – Bora Luca, sou um bom fotógrafo. E você está longe de estar todo “cagado”.
Inclinou a cabeça enquanto o fitava, esperando que o outro levantasse e entregasse o aparelho.


Luca Coelho
TLC » Artista
Luca Coelho
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ARTISTA: Rosto da Mídia
Qui 16 Jan 2020 - 19:34

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Vicente Ventura conseguia ser ruim em alguma coisa? Eu duvidava muito, mas não iria entrar no mérito do que ele seria bom ou não, me mantive apenas analisando seus movimentos. Ele passou a encharcar suas mãos com água, minha água, estaria apenas lavando as mãos? Não, não, não. Eu não estava acreditando. – Vicente, nã... puta mer... – O xingamento cessou quando senti suas mãos macias no topo da minha cabeça, a água gelada refrescava minhas ideias conturbadas e era um tanto relaxante. Ok, ele podia continuar fazendo aquilo o quanto quisesse.

Depois levantou-se e como em um reflexo espelhado, cogitei fazer o mesmo, mas fui impedido. – Ah pronto! Não vou te dar meu celular, não, de jeito nenhum. – Falei irredutível, mas tinha alguma coisa naquela carinha de bobão que mexia comigo, era o sorriso, sempre foi o sorriso. Ele nem precisou insistir, apenas revirei os olhos e lhe entreguei o smartphone. – Feliz? – falei em deboche, mas no fundo eu que estava feliz, afinal ele queria me fotografar. – Agora calminha, nem fudendo você vai me fotografar com esse cabelo lambido.... – Tirei da mochilinha uma toalhinha de rosto e uma escova de cabelo, você ficaria surpreso com o que eu conseguia guardar ali dentro. Enxuguei minha cabeleira algumas vezes e pude jurar que tinha visto alguns flashes luminosos, contudo apenas ignorei, era meu celular mesmo, eu poderia simplesmente apagar as fotos que eu não gostasse, depois.

Com o cabelo levemente úmido, usei da escova pra fazer algumas ondulações e finalmente fui ao ponto indicado pelo meu mais novo fotografo, eu poderia me acostumar com aquilo, um dia, quando eu fosse um cantor solo de sucesso. – Ta, como você quer que eu pose? – Deitei-me na grama e fui escutando, mais uma vez, as instruções do batedor. Tentei atender a todas, mesmo as vezes me sentindo um grande palhaço, no entanto, eu até queria agradá-lo. No término da sessão de fotos analisei meticulosamente e não é que o Ventura tinha jeito. – Hm... gostei dessa! – mostrei a tela do celular a ele. – Prontinho, postado, agora só aguardar os likes. – Sorri ficando de pé e dando um beijinho breve na bochecha dele.

Meu olhar voltou a pairar sobre o entorno e uma ideia se projetou em minha mente, abordando meus lábios com um sorriso travesso. – Olha só, Ventura, acho que posso te mostrar minhas habilidades de voo. – Caminhei despretensiosamente até a Comet 290, jogada no gramado do campo, espalmei minha mão sobre ela e demorou algum tempo até que ela atendesse minha ordem de subir, feita em sibilos. Montei sobre a vassoura e convidei o mais velho a sentar na garupa. Em que caralhos eu estava me metendo, meu mapinguarizinho.

Trinquei os dentes em uma careta, enforquei o cabo de madeira e então gritei. – E lá vamos nós! – Aquilo funcionava no pica-pau, a vida real imitando a arte, certo?! Enfim, dei o impulso e subimos em solavanco, rapidamente em direção ao céu, deveríamos ter alcançado uns dois metros e sobrevoarmos uma distância de duas jardas (?). Não sei. Até cairmos de rasante, ainda dentro do Campo de Quadribol. Eu não diria cair, estava mais para um pouso forçado, cravei meus calcanhares no gramado, freando e então fui jogado pra frente, aparando a queda com os joelhos e palmas das mãos. Aparentemente não havíamos sofrido nenhum arranhãozinho, exceto pelo meu ego.
Gostou do passeio? Vamos lá diga minha nota, eu seria o melhor apanhador do século, certo? – Forcei uma gargalhada, limpando as mãos na camisa. – Se você quiser posso te levar para um outro passeio, vamos lá, não vai perder essa oportunidade, hm?! – Mordi a pontinha da língua em uma careta, meu ar era de total ironia. Entreguei a vassoura ao Vicente e então lhe dei as costas indo em direção aos utensílios que ficaram no chão, precisava guardá-los na bolsa.




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bettyleg
Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Dom 19 Jan 2020 - 19:39
Quadribol existencialista

Como o artista que era, Vicente não gostou nada de ver Luca Coelho secando o cabelo outrora molhado com tanto esmero. Jogou as mãos para o ar diante de tal afronta, arfando indignado.
_Você estragou o conceito, Luca!- reclamou veementemente enquanto aproveitava para fotografar o garoto que parecia ser engolido pela toalha. Não deixou passar a oportunidade de fotografá-lo e, se ele questionasse, diria se tratar do making off.
Anotou o próprio número no telefone de Luca, salvou o contato como “V.Ventura” e enviou algumas das fotos que havia acabado de tirar. O sorriso parecia ter dificuldades para deixar seu rosto durante o tempo que ficou esperando Luca arrumar o cabelo metodicamente. Coelho parecia saber exatamente como fazer para que os fios permanecessem alinhados de forma quase natural, sem que parecessem artificiais, o que fez Vicente pensar em quanto tempo o mais novo deveria gastar, todos os dias, ajeitando a cabeleira ondulada.
A voz de Luca o tirou de seu torpor, fazendo com que ele adquirisse uma postura quase profissional, ou pelo menos foi o que ele tentou.
_Como uma de minhas francesas. - zombou, arqueando as sobrancelhas e tentando enquadrar o outro na tela.- Aqui, senta aqui.- indicou o lugar para Luca se sentar na grama verde e, por um momento fugaz, comparou o tom das irises de seu modelo com a cor da grama.
Eram verdes distintos, mas que ornavam entre si de alguma maneira sutil e delicada. Posicionou Luca da forma que bem entendeu e colocou-se a sua frente para fotografá-lo. Observou o sol, a sombra das arquibancadas e a grama. Quando encontrou um bom ângulo, tirou uma foto.
_Vê se ficou legal...- começou a caminhar na direção do garoto mas parou abruptamente, sorrindo constrangido.- Opa, saiu meu dedo.
Voltou a se posicionar e, dessa vez, tirou logo uma sequência de fotos. Luca era bonito, de um jeito que Vicente nunca havia notado. Os traços de seu rosto eram delicados mas não muito, aquilinos mas na medida, e as pestanas grossas faziam uma leve sombra em seus olhos.
_Aqui, veja o que acha.- entregou o celular para o garoto, parando ao seu lado ainda de pé. As os dedos agitados na cintura indicavam sua crescente tensão em ser reprovado como fotógrafo, mas relaxaram assim que Luca exibiu sua favorita.- É a minha favorita também, você ficou muito bonito. Acho dá até pra ver suas sardas.
Desviou os olhos da tela para observar pessoalmente a profusão de pontos que se espalhavam pelo nariz do mais novo e sorriu com o carinho repentino.
Não era algo comum, vindo de Luca Coelho. Geralmente, ele agia com hostilidade e frieza, não se importando com os esforços de ser gentil do batedor. Vicente não entendia bem os motivos, mas acreditava que fosse apenas o temperamento do garoto.
Quem sabe se tornassem mais próximos naquele ano?
Os olhos escuros de Vicente acompanharam o caminhar decidido de Luca em direção à vassoura. Um sentimento de alerta cresceu no peito do jogador, que franziu o cenho diante da afirmação.
_Acho melhor não, Coelho.- pediu, com as sobrancelhas unidas em um misto de descrença, diversão e bem, medo.- Eu acredito nas suas habilidades, não precisa provar nada.
Não teve jeito e, embora a demora da resposta da vassoura devesse significar algo, Vicente não foi capaz de recusar o convite. Era preciso incentivar, certo? Amigos fazem isso?
Ele achava que sim e, quando deu por si, estava na garupa de uma Comet 290 desgovernada rindo de uma frase de desenho animado. Firmou os braços ao redor da cintura de Luca, grudou o corpo ao do outro garoto e, lutando contra a vontade de fechar os olhos para não ver a morte chegar, sentiu a necessidade de mantê-los abertos para sua segurança.
Entre trancos e barrancos, estavam no ar. Os caracóis do cabelo de Luca agitavam-se com o vento e Vicente pode sentir o perfume que exalavam. Não soube reconhecer, mas era bom.
Inclinou o corpo diversas vezes para os lados, tentando ajudar Luca a manter o equilíbrio da pobre vassoura mas suas tentativas não foram o suficiente para um pouso leve. A frenagem brusca jogou-os para frente.
Vicente recuperou o equilíbrio, secou as mãos suadas na bermuda e correu os dedos por seu cabelo que estava para o alto e parecia ter passado por um furacão.
_Foi emocionante. - afirmou coçando a nuca e sorrindo com o canto dos lábios. - E você não voa nada mal. Acho até que você seria um excelente apanhador...- respondeu ao questionamento. - Para os jaguar.
Alfinetou, sabendo que o garoto mais novo era torcedor do time rival. Aceitou a vassoura de bom grado e mordeu o canto dos lábios com a ideia de um novo passeio. Segurou o pulso de Luca, fazendo com que o outro voltasse a olhá-lo. Soltou-o no instante seguinte,assumindo um sorriso travesso e empolgado.
_Me deixa eu te levar pra um passeio de verdade então.- Pediu, montando na vassoura, desta vez tomando a frente para guiá-la. – Um menos emocionante, mas mais tradicional.
Indicou a garupa com a cabeça e olhou para as coisas espalhadas no chão, que o Coelho fazia questão de guardar.
_Eu te ajudo com isso depois.


Luca Coelho
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Luca Coelho
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Seg 20 Jan 2020 - 19:45

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Um sorriso brando projetou-se no canto dos meus lábios ao ouvir a frase ressoada com tamanho deboche pelo batedor. – Tsc, tsc, tsc... que maquiavélico o senhor é, Ventura. – Meneei a cabeça em negação entregando-lhe a vassoura. Quando o mais velho finalmente segurou o cabo de madeira, apertei o objeto dificultando que ele fosse arrebatado da minha mão, meus olhos fixaram-se aos dele e graças a minha língua afiada, digna de um geminiano, o provoquei. – Achei que você desse conta dos Jaguar, mas querer que eu entre no time só pra enfraquecê-lo?! Hm... acho que alguém está ficando com medo do campeonato, hein? – soltei finalmente o veículo mágico, substituindo a provocação por um sorriso brincalhão e em um tom mais suave, voltei minha visão para a mochila no chão.

De repente meu corpo travou, e um arrepio percorreu do meu pulso até minha nuca. Eu não esperava aquele comportamento, não mesmo, estava certo de que irritaria o jogador de quadribol. No entanto ele me fazia um convite, um convite que eu não consegui recusar, naquele instante, os olhos escuros do moreno tomavam um tom cor de mel por estarem sendo iluminados pelo sol e quando me dei conta já estava sentado na garupa da vassoura com um sorriso abobalhado no rosto. Como aquele garoto conseguia me por em transe tão facinho?!

Tentei não violar seu espaço, deixando uma distância de um palmo entre nossos corpos e confesso que estava um tiquinho envergonhado, afinal ele sempre era tão legal comigo e eu... bem, eu era um trasgo. Mas bastou o solavanco do objeto voador, inclinando-se para frente e tomando o céu, que atei meus braços em sua cintura. Estava alto, alto demais. E caralho, era uma vassoura, sem sinto de segurança, sem paraquedas, bastava eu escapulir dali e Game Over para o Luca Coelho.

Fechei os olhos ao sentir um frio intenso na barriga, era por isso que eu não voava, eu conseguia controlar meus movimentos no chão, mas estar no ar, para mim, era quase que uma brecha para o suicídio. Apertei ainda mais o abdômen alheio e escondi meu rosto em seu ombro, estava áfono, até sentir a mão do rapaz sobre as minhas. Será que ele tinha percebido meu medo ou estaria esmagando-o?! Vamos Luca Pereira Coelho, controle-se!

Respirei fundo e o ar que tomou meus pulmões foi inebriado por um aroma amadeirado com um toque cítrico de limão? Não sabia distinguir ao certo, mas com toda certeza era agradável. Rocei minha bochecha no tecido da camisa alheia e colei ela ali, abrindo uma frestinha de minhas pálpebras tentando checar a nossa atual altura, quando fui tomado pela mais bela visão do céu, em seus tons azuis e alaranjados. – Que lindo! – e provavelmente aquelas palavras soaram como as de uma criança que via uma queima de fogos pela primeira vez na vida.





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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Seg 20 Jan 2020 - 21:54
Quadribol existencialista

Os lábios estavam tomados por seu característico sorriso travesso e os olhos travavam uma guerra interna, decidindo se brilhariam com malícia ou com inocência. Assumiu uma postura descontraída, segurando a vassoura entre as pernas com apenas uma mão enquanto a outra pendia livre ao seu lado, balançando levemente, ao passo que Luca parecia decidir se era uma boa ideia ou não aceitar o convite do Carcará.
Vicente bem sabia que não estavam tão familiarizados um com o outro e, talvez tenha sido pretencioso demais em acreditar que o garoto mais novo se prestaria àquela façanha. Cogitou até desculpar-se por ter lhe tocado o pulso de maneira tão casual e impulsiva, mas calou sua mente quando Luca suspirou ao se acomodar na vassoura.
Olhou-o de relance por cima dos próprios ombros.
_Achei que ia amarelar. - zombou, tentando amenizar o constrangimento pela proximidade.- Você vai ver... Nunca mais vai querer descer da vassoura.
Mal terminou de falar e contraiu as pernas, tomando impulso e pondo a vassoura no ar com uma guinada. Não saberia dizer, mais tarde, o que o havia tocado primeiro: As mãos apavoradas de Luca Coelho, que pareciam buscar em Ventura a segurança da terra firme, ou o vento amigo que tantas vezes já lhe beijara a face.
Inclinou-se para frente uma vez mais, impulsionando a velha Comet 290 que correspondeu ao comando e aumentou sua velocidade sem titubear, subindo mais um pouco céu adentro. O carcará sentiu uma pressão leve nos ombros e, por uma fração de segundos, olhou de relance para trás encontrando a cabeleira encaracolada de Luca debruçada em seu ombro.
Amparou as mãos que circundavam seu abdome com a mão esquerda, num gesto tímido de carinho que prometia, silenciosamente, que estava tudo bem. Ele tinha o controle e queria que Luca soubesse disso, que ficasse tranquilo e aproveitasse a vista.
Porque Vicente se sentia assim? Mais tarde ele pensaria naquilo. Não era de se preocupar muito com as consequências do que fazia, menos ainda com o que tomariam como significado de suas ações. Ele fazia o que bem entendia e bem, vinha dando certo até o momento.
Voltou a segurar a vassoura com as duas mãos para diminuir a sua velocidade. Haviam chegado onde ele queria e, se continuassem a voar rapidamente, ele duvidava ver os olhos esverdeados abertos tão cedo.
_Luca!- chamou, com a cabeça levemente inclinada pra trás.- Você tá legal? Acho que já dá pra abrir os olhos agora.
Um riso baixo escapou pelos lábios de Vicente, que despretensiosamente permitiu uma de suas mãos balançarem ao lado do corpo, esbarrando no joelho tensionado de seu passageiro.
De onde estavam era possível ver a luz dourada do sol acariciando a copa das árvores, o castelo erguendo-se imponente e aquilo que Vicente achava ser a coisa mais bonita de todas: a amálgama de cores que, em outra situação em nada combinariam, mas que tingiam o céu com perfeição.
Mantendo a vassoura pairando no mesmo lugar, sentiu o corpo relaxar contra o corpo magro de Luca.
_É lindo mesmo.- concordou, acenando a cabeça. Tentou ver a expressão de Luca, mas a posição em que se encontravam não favorecia. Tomou para si então que ele teria nos lábios aquele sorriso enorme que vivia exibindo pelos corredores. – É por isso que eu gosto tanto de voar. - deu de ombros com a confissão, afinal não era bem um segredo. – E é tão quieto, não consigo ser quieto assim.
Ele riu e seu riso se perdeu no ar, como uma oferenda. Que assim fosse, então.
_Agora você nunca vai poder dizer que eu não te levei pra sair. – provocou, sentindo os dedos de Luca beliscarem os pelos de seu braço solto.- Ai! Hey, isso dói! Se eu fosse você eu não faria isso tão alto...
Segurou firmemente no cabo da vassoura e e deu meia volta, para retornarem ao lugar de onde vieram. Mas, para provocar o mais novo, Vicente voltou todo o caminho fazendo estripulias com o meio mágico de locomoção. Entre giros e sobe-desce, chegaram ao chão num pouso muito mais delicado que o primeiro. O campo começava a ser embebido pela noite e as luzes do castelo começavam a brilhar, competindo com os pontos luminosos que timidamente surgiam no céu.
Desmontaram da vassoura e Vicente se apoiou nela, enquanto observava o Coelho reclamar da viagem de volta.
_Quantas estrelas eu ganho por essa viagem? Eu podia fazer serviço de táxi aéreo, você não acha?- questionou, enquanto caminhava até as coisas espalhadas do menino mais novo. Achou o cantil e bebeu o líquido ainda fresco de dentro, acalmando sua sede.
_Vem, vou te ajudar a guardar essas coisas.- se ofereceu, sentando-se no chão e olhando preguiçoso para as coisas. Eram poucas coisas, mas ele havia prometido e um Carcará nunca volta atrás.
Luca Coelho
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Luca Coelho
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Ter 21 Jan 2020 - 19:57

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Me mantive agarrado a cintura do Vicente durante todo o passeio, meu queixo repousado em seu ombro analisava o pôr do sol, aquela era sem dúvidas a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida, um momento indubitavelmente mágico. O sentimento de aflição parecia ceder espaço para o mais puro contentamento, Ventura emanava confiança e eu me sentia seguro e estranhamente amado ao lado dele e por alguma razão, a ideia de que todos meus confrontos paternos estavam sendo compensados por aquele momento veio à tona. Baixei a cabeça escondendo meus olhos marejados no tecido de sua camisa, eu não sabia por que aquilo era tão triste e feliz ao mesmo tempo. Talvez por ser efêmero e logo, logo passaria.

Soltei um suspiro mais longo que o habitual. – Acho que já podemos voltar lá pra baixo... – meu tom de voz era brando, neutro, nem feliz, nem triste. Aquela quietude estava dando voz aos vários “eus” dentro de mim, pensamentos que ruminavam, alguns positivos e outros que tentavam me sabotar. Forcei um sorrisinho e entrei na brincadeira/provocação. – Melhor encontro ever! – disse em resposta com um puxarranco nos pelinhos de seu braço, o que não foi algo muito esperto de se fazer, já que sua vingança veio em forma estripulias e acrobacias que eu julgava um tanto perigosas.

A vassoura subiu, desceu e fez incontáveis giros que rasgavam o crepúsculo, - Vicente Ventura! Puta que pariu! AAAAAAAH! – estrangulei seu tórax, na altura do estômago e mordi seu ombro, com uma força média, na tentativa de conter meus gritos. Quando meus pés finalmente tocaram o chão, em um pouso relativamente tranquilo se comparado ao meu, um alívio tomou meu corpo que me fez saltar da vassoura o mais rápido possível. – Até tinha cogitado umas quatro estrelas, mas nessa tua volta você não só perdeu todas como ta me devendo duas! – inconscientemente trinquei meus dentes em uma carranca com cenho franzido, mas sim, apesar do medo o passeio com o batedor dos carcarás valeria todas as estrelas do universo.

Sentei-me no gramado e comecei a por as coisas dentro da mochila, tomando cuidado para não esquecer nada, o último item foi a garrafa que o mais velho fez questão de guardar por si só. – Obrigado! – falei me espreguiçando e deitando-me ali, com o ouvido quase colado no joelho do moreno. Embora não fosse fã de astronomia, eu achava muito romântico a noite e o céu estrelado, aquele estava perfeito, sem nuvens e longe das luzes da cidade, uma vez que a escola não era iluminada o suficiente para ofuscar o brilho, acanhado, das estrelas. – Aquele ali deve ser Órion. Vê as três marias no cinturão dele? – apontei aleatoriamente para um conjunto de estrelas, na esperança de estar correto. Mordi meu lábio inferior, tentando conter meu sorriso, meu desejo era ver o que o outro enxergava no céu, ou se estava olhando sequer para ele, na verdade queria mesmo era estar olhando as estrelas através do reflexo em seus olhos.



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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Qua 22 Jan 2020 - 20:48
Quadribol existencialista

E então, do nada, um momento de carinho surgia tão de repente entre os garotos que era difícil dizer em que ponto entre o céu e a terra haviam rompido a barreira de estranheza que os separavam.
Vicente bateu as mãos, uma contra a outra, livrando-se de possíveis grãos de terra. Os dedos esticaram-se timidamente até as pontas mais extremas do cabelo ondulado que roçava sua perna, num afago acanhado que não combinava com as atitudes costumeiras do batedor.  Olhou para o garoto deitado ao seu lado e o ar escapou pelos lábios num riso baixo. Luca tinha os olhos apertados, tentando enxergar cada vez mais longe, e os lábios entreabriam-se involuntariamente devido a inclinação da cabeça.
Os olhos escuros de Vicente, que já conheciam muito bem as estrelas citadas pelo garoto mais novo, não acompanharam seu olhar. Ao invés disso, permaneceram fitando a constelação de sardas miúdas e quase imperceptíveis do rosto descorado.
Não é que o céu lhe fosse desinteressante, muito pelo contrário. A mãe, que o levava para a maior parte das expedições à mata que fazia para seu trabalho, havia tomado o cuidado de ensinar o garoto a se localizar pelas estrelas. Temia que se perdesse e, daquela forma, poderia usar o céu como guia. Vicente tinha com as estrelas uma relação íntima e bastante familiar.
Gostava delas. Todavia, Luca Coelho era todo um universo a ser descoberto e o Carcará estava farto de deixar oportunidades passarem. O “se não depois, quando?” já não cabia e estava disposto a partir para o “se não agora, quando?”.
_Uhum... Você sabe os nomes delas? – perguntou, enquanto enrolava uma mecha em seu dedo indicador, despretensiosamente. Quando o mais novo negou, Vicente inclinou a cabeça e com um tom catedrático (finalmente sabia algo que Luca desconhecia) ele nomeou as estrelas com uma pronúncia impecável dos nomes antigos. - Mintaka, Alnilan e Alnitak. Vem do árabe. Elas têm muitos nomes, na verdade.... Esses são só alguns deles.
Deu de ombros, sentindo o constrangimento aquecer as maçãs do rosto; não era de seu feitio discorrer de tal maneira sobre algo que não fosse quadribol, mas sentia-se confortável ali. Confortável até demais e não se devia ao fato de que estavam em seu lugar preferido.
Pegou-se olhando para os lábios rosados presos entre os dentes. Quantas vezes já havia conversado com Luca? Algumas, mas aparentemente não o bastante para perceber o contorno do arco do cúpido ou a forma como os cantos se curvavam levemente pra cima, permanecendo sempre num sorriso vaporoso.
Os olhos desviaram-se para os olhos verdes que agora o encaravam de volta. Vicente titubeou, incerto se deveria ou não desviar o olhar, mas por fim, sustentou-o. Umedeceu os lábios inconscientemente com a ponta da língua, sentindo o sangue fluir com mais velocidade pelo corpo.
_Eu to... – murmurou, com o corpo inclinando-se na direção de Luca e um sorriso travesso atravessando a face- To te devendo duas estrelas.
A mão que outrora fazia um cafuné delicado deslizou até chegar ao início de sua nuca, acariciando a superfície arrepiada com a ponta do polegar. Então puxou-o para si e encontrou seus lábios no meio do caminho. Os olhos escuros se fecharam, inebriando-se da sensação de formigamento em sua boca.
Esperava, do fundo de seu gentil coração, que não recebesse uma bela bofetada em resposta. Era só a primeira semana de aula e Vicente não estava pronto para explicar marcas avermelhadas em seu rosto.
Luca Coelho
TLC » Artista
Luca Coelho
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ARTISTA: Rosto da Mídia
Qui 23 Jan 2020 - 20:09

Mr. C.O.E.L.H.O.
bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Acho que nem o mais aplicado dos sociólogos ou questionador dos filósofos, poderia sequer explicar o que estava acontecendo ali, muito menos decifrar as reações e sensações que tomavam conta do meu corpo. Tudo começou com um espasmo, movimento em reação ao toque inesperado em meus cabelos e então subitamente meu corpo relaxou, poderia descrever a sensação quase como um alívio. Em um momento, o peso do mundo inteiro sobre a minhas costas, no outro, eu apenas flutuava como se a gravidade já não tivesse efeito sobre a Terra, eu poderia dizer que estava no mundo da lua, sim, afinal eu não conseguia manter o foco, me sentia zonzo, mas de um jeito bom, meu corpo formigava e o ar parecia sumir, sem me asfixiar. Luca Coelho estaria tendo um breve acesso a loucura? Quem sabe, mas minha mente considerava insano aquele momento... coisa que nunca passou de uma fantasia, agora se concretizando.

Meu torpor apenas cessou quando ouvi a voz grave, levemente rouca, do batedor. Neguei com a cabeça, estava áfono e jamais iria conseguir responder, mesmo que eu abrisse a boca no ímpeto de fala, tudo que sairia seriam palavras completamente desconexas. Vicente era muito inteligente e mais uma vez o questionamento surgia: “Haveria algo no mundo que ele não fosse capaz de desvendar, ou saber?”

Tomei coragem e então o encarei com um ar de riso, no entanto, para a minha surpresa, não foram as estrelas que pude deslumbrar em seus olhos escuros, mas a vastidão de suas irises refletindo os tons verdes do meu olhar. Meu coração titubeou, escutei o pulsar forte uma vez, duas, mas na terceira vez o ritmo foi ocupado pelo dele, que estava muito próximo, próximo demais. Suas mãos quentes, confortavam o meu rosto e o conduziu a um beijo.

Ergui um pouco meu corpo, formando um ângulo de apoio para o tronco, com o meu cotovelo esquerdo no chão. A minha destra tocava seu maxilar, fazendo-lhe carinha por trás da orelha e me envolvendo em seu beijo, um beijo que eu sempre sonhei e que me invadia tão intensa que todas as minhas ideais simplesmente haviam fugido e as coisas que sobraram dentro de mim, remetia ao Ventura.

De olhos fechados, fui recriando sua imagem em minha mente em sinestesia. Começando pela visão, esculpindo a forma de seu físico atlético, pele bronzeada, o sorriso mais lindo de todos que faziam suas maçãs do rosto ressaltarem, a covinha no queixo e os traços de seu rosto. O olfato inebriado pelo aroma amadeirado com um toque cítrico.... Senti em estase, o toque macio de sua mão tateando a minha, lembrança do voo, quando me passou segurança. E por fim, a memória de seu riso e tom sarcástico que eram como melodia se harmonizando ao sabor, presente, de seus lábios nos meus.

Não soube dizer quanto tempo o beijo havia durado, mas finalizou quando me desequilibrei e escorreguei, voltando a ficar com as costas no gramado. Em reação, puxei o mais velho que tombou por cima de mim, chocando a testa contra a minha. Um “ai” ressoou em meio a uma gargalhada frouxa, desavergonhada. Com os olhos ainda fechado esfreguei minha testa e quando finalmente os abri, dei de cara com o olhar do moreno. E eu posso afirmar que dentre todas as vezes que minhas bochechas ficaram coradas, aquele foi o tom mais vermelho, na escala de tomate, da minha vida. Eu não estava apenas com vergonha, estava confuso, e o Gael? Eles não estavam ficando?! E o Julio? Porque eu me sentia estranhamente culpado, mesmo tendo ficado com ele apenas duas vezes?! E o mais importante, seria estranho beijar o Vicente mais uma vez? Eu queria tanto e parecia tão certo, mas e se não fosse...

Abri um sorriso e desviei o olhar, meus dedos entrelaçaram aos dele, juntamente com um punhado de grama. – Tua cabeça é muito dura, Vince! – Luca Pereira Coelho, o gênio do “quebre-gelo”. – É... acho que preciso descontar mais estrelas suas. – falei baixinho, minha mente estava vazia, não sabia o que dizer, mas ao mesmo tempo me sentia muito nervoso para ficar quieto.




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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Dom 26 Jan 2020 - 20:24
Quadribol existencialista

Uma gargalhada reverberou pelo peito de Vicente, ganhando vida ao chegar em seus lábios.
Apoiou a testa no ombro magro do menino que parecia desconfortável embaixo de si e afirmou com a cabeça, de olhos espremidos devido ao riso.
_Você não é o primeiro a me dizer isso, Luquinha. – respondeu enquanto erguia ligeiramente o corpo, a fim de não incomodar Luca com seu peso. Olhou-o bem a tempo de ver o rosto pálido ser tingido por uma profusão de tons vermelhos, até atingir o que Vicente tinha certeza de que era o mais escarlate de todos.
O sorriso ganhou força em seus lábios, mas ele fez questão de desviar o rosto sem que o mais novo visse a satisfação em seus olhos. Não é que o constrangimento de Luca Coelho o afetasse positivamente. Era só que Vicente gostava de ser a razão de rubores incontroláveis, além de ser um confesso cabeça dura.
_ E não é justo, não pode descontar mais estrelas. Ficarei mal falado no aplicativo de caronas bruxas, o que acarretará na minha falência e terei de viver a mercê da sorte. É isso que você quer?
De repente, como uma brisa que assopra sorrateira, algo lhe ocorreu.  Vicente nunca havia beijado um garoto, pelo menos não até aquele momento. Lembrou-se da primeira vez que a possibilidade passou como um fantasma através de seu corpo. Foi como um arrepio breve, mas que o deixou com os pelos eriçados, durante o teste de aptidão do intercambista para o time de quadribol; Vicente teve a certeza de que queria beijá-lo no momento em que alçou voo.
Mas não foi do meio-veela que roubou aquele beijo e o nome de Gael nem sequer havia flutuado por sua mente. Deveria se sentir culpado? O alemão e ele passaram os últimos dias de aula se esquivando e, com a atual conjuntura da escola, Ventura duvidava muito que algum dos intercambistas acabasse voltando, dentre eles Gael.
Porque estava pensando nisso?  Aurélia costumava dizer que Vicente em nada tinha culpa de ser bonito e ter pouca idade. Muitos hormônios, dizia ela, te levam a fazer coisas das quais não terá certeza mais tarde.
Piscou os olhos demoradamente, como se tentasse espantar a mãe daquele momento íntimo de descoberta. Quando os abriu, segundos depois, a irreverência estava de volta.
Deslizou para o chão ao lado de Luca, ligeiramente sem jeito com as mãos que se conectavam.  Dedilhou sobre a mão do garoto mais novo, lembrando-se das notas que tentava – e falhava- tocar no violão. Fazia muito tempo que não pegava o instrumento e, se quando treinava era um terror, imaginou que agora estaria ainda pior.
Delicadamente desfez a conexão entre as mãos e cruzou o braço sobre o peito, observando-o subir e descer com a respiração.
_E então...- começou em tom sério, como se pretendesse dizer palavras importantes ou fazer perguntas definitivas. Mas então o rosto voltou ao estado natural e risonho. -Será que eu vou mais seguidores depois de hoje?
Girou o corpo e colocou-se em pé. Espreguiçou e encarou o menino que permanecia deitado no chão, olhando-o com curiosidade.
_Acho melhor voltarmos pro castelo. – pontuou, embora não se sentisse atraído pela ideia. - Você vai na festa, né? Vai ser  divertido.
Ajudou o mais novo a se levantar, puxando-o pela mão sem muito esforço. Enquanto Luca punha a mochila nos ombros, Vicente pegou a vassoura firmemente nas mãos.
Caminharam de volta ao castelo e Vicente não se contentou em dizer que a festa de mais a noite seria divertida. Pontuou todos os aspectos que deveriam levar o garoto para a tradicional festa de início de ano.
Separaram-se quando a grande árvore que os acolhia ergueu-se voluptuosa a sua frente.
Vicente adentrou o dormitório dos jogadores de quadribol de postura ereta e um fantasma de sorriso no rosto. Fitou o relógio e constatou que era hora de se aprontar para as festividades.
Guardou a vassoura debaixo da cama, tirou os sapatos e arrancou a camiseta. O tecido esbarrou em seu nariz e Vicente inalou o perfume que ela exalava. Havia um pouco de si mesmo, uma mistura de roupa limpa e perfume amadeirado, mas havia aquele outro perfume. Aquele cheiro sutil que sentira vir em sua direção quando voavam sobre os terrenos.
Terminou de tirar a camiseta e a trouxe até seu rosto, inebriando-se do odor. Um sorriso travesso pintou seus lábios.
Era lavanda. Com certeza era lavanda.
Senhora do Destino
TLC » Moderadores
Senhora do Destino
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1354
Qui 30 Jan 2020 - 19:07
encerrada
seu desejo é uma ordem!

queima quengaral
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