Tropeçando para fora da multitude de pessoas, Jão se esquivou para longe do som e aglomeração, saindo da festa e descendo a árvore-casa como se estivesse se dirigindo para seu quarto. Entretanto, em algum ponto mais abaixo da copa aberta do Ybirá, o menino parou e se jogou no chão, praticamente rastejando até um cantinho atrás de uma pequena parede de folhas. Suspirando o menino agarrou os joelhos e procurou uma posição mais agradável no chão de madeira, não que ficar agradável fosse algo possível naquele momento. “Por que eu tinha que estragar tudo? Por que eu sempre estrago tudo?”

A noite havia sido uma confusão de altos e baixos que havia levado o crossfiteiro a um surto imprescindível. Mesmo depois do momento fofo e — finalmente — romântico com a Pegoretti, o Peixoto tinha que deixar seu ciúmes e baixa-estima levar a melhor. “Não é como se ela pudesse me escolher, você que não quis participar seu corno filho duma Iara cabeçuda! E é o Andes, ele é seu melhor amigo, claro que eles são muito íntimos, e qualquer um que ficasse com ele ia ser sortudo, e ele é legal e bonito, um fofo, extremamente leal e parceiro, inteligente e sagaz…” Gemendo o moreno apertou ainda mas seus joelhos no peito. Era sempre assim, ele sempre tinha medo desse tipo de relacionamento, depois do Bruno ele não sabia mais como agir em um relacionamento, não sabia ter algo além de amizade com as pessoas.

Depois que a Alice realizou o desafio e virou o shot na boca do Andes, Carlos se sentiu mordido e disse que ia buscar algo pra beber, isso fora uns dez minutos atrás. Desde então, o rapaz emborcara duas garrafas de cachaça garganta abaixo e, após ter o setimanista Borges o repreendendo e o chamando de babaca — mais uma vez—, o crossfiteiro saiu da festa esbarrando em quem quer que estivesse em sua frente. “Porque eu ainda o deixo get under my skin? Qual parte de mim não entende que eu não posso tentar ajudá-lo mais, não depois do que ele fez?” A respiração do Gonzalez crescia a cada pensamento, se tornando mais pesada e desesperada.

Fechando os olhos com força o menino tentou se acalmar, afinal ele não tinha obrigação nenhuma de ajudar o outro, tudo havia ficado no passado, não era? “Mas ele não tem mais ninguém, e ajudar não quer dizer que vamos voltar, eu tenho a Lice agora.” Mas mesmo enquanto pensava nisso, o Jota conseguia ver a quintanista mais feliz com alguém mais controlado, alguém sem dramas e surtos, alguém que conseguiria cuidar dela como ela merece. Gemendo baixinho novamente, o crossfiteiro não percebeu quando lágrimas quentes rolavam por sua bochecha, ele não era do tipo que desistiria da Bissoli tão facilmente assim, ele realmente gostava muito muito muito dela, e isso deixava a indecisão do que fazer com o Bruno. Jão queria ajudar o outro, não ligaria de novamente ser o suporte durante as crises familiares do outro, porém existia o medo constante de o setimanista se aproveitar dele novamente. “Por Tupã, eu preciso de salvação.”