Maria Luísa Vargas está indo em direção à árvore Ybira quando dois olhos dourados no pântano chamam sua atenção. É dia 28/03/2020, 18:40.

Maria Luísa já estava acostumada com a sensação de estar sendo observada pelos terrenos de Castelo Bruxo. Eram seis anos naquela brincadeira de olhar para trás e deparar-se apenas com um pé de guaraná curioso demais esticando-se na sua direção. Mas naquele final de tarde de sábado, era alguma coisa a mais. Uma presença que parecia transformar os terrenos eternos da instituição pouco maiores que o terraço de um apartamento. Tinha alguma coisa acontecendo, mas a Vargas não conseguia precisar o que era.

Ergueu o olhar da trilha batida para sua frente: Ali estava Ybirá, majestosa, a uma dezena de metros. Era só seguir reto, o que tanto a puxava para o outro lado, para cruzar o pântano repletos de cava-charcos e para além deste? Que força era aquela que apertava seu coração como uma necessidade?

O pé pairou fora do caminho, inconscientemente atraído e os olhos, como se hipnotizados, cravaram-se em um homem vestido de branco, com um chapéu na mão. O nariz longo passava despercebido dado o encanto que as duas íris douradas causaram na ex-presidente do centro acadêmico. Ela podia ver que ele falava, mas o som que chegava não era de voz. Era de...

— Maria, mais rápido que você só uma tartaruga!— Gritaram, chamando-a na base de Ybirá e no instante que Maria Luísa piscou, o som dissipou-se no ambiente e a figura daquele homem desapareceu de Castelo Bruxo. A dor invisível, porém, tornou-se muito real quando a Vargas viu seu pé ser tomado de pedacinhos minúsculos de madeira e a sensação de agulhas infiltrando-se por sua pele. — 'Tô indo, pera aí. — Gritou de volta, retornando a trilha pulando num só pé, como uma saci. Não resistiu, porém, a retomar o olhar na direção daquele homem desconhecido, mas ali já não havia nada.

encerrado

seu desejo é uma ordem!