Eu até que estava preocupada com Victor. Já tinha consciência da maldição das caiporas e do fato que estava impedida de fazer magia sem sentir minha cabeça pegar fogo, mas sequer havia avistado o rapaz que também deveria estar sofrendo os mesmos efeitos que eu, e por este motivo caminhava sem rumo definido no pátio do castelo pelos lugares que ele geralmente andava, e é assim que eu o avisto ao longe logo de frente para um dos mosaicos coloridos - Victor Hugo! - Meu semblante era de total alívio ao vê-lo inteiro ali, e assim corro até que estou ao seu lado - Menino, cê me assustou! Não te vi na aula ontem, pensei que poderia ter acontecido algo. - E tagarela como sou, continuo falando sem me atentar ao fato de que o menino parecia distante e nem dera tanta atenção para minha fala - Quer dizer... Tá, algo realmente aconteceu. Só pra saber, sua cabeça também queima quando tenta usar a varinha? - Assim consigo sua atenção, o que nem precisava de uma resposta direta - Pois é, não tá maluco. Como você é novo nem deve saber disso, mas meio que as caiporas tem o poder de amaldiçoar a gente assim. - Sento-me no chão enquanto retomo o folego, fechando a matraca apenas por poucos segundos - E tipo, como a gente mexeu com elas, a minha teoria é que estamos com isso. -

O rapaz se junta a mim ao sentar no chão e encarar a parede - algo totalmente normal, claro - E quando passa? - Dou de ombros num gesto de que não sabia, e seu suspiro de derrota se iguala ao meu - Ele só vai passar. Não recebemos um aviso nem nada do tipo. - Ficamos em silêncio por alguns segundos com aquilo. Em nossa frente, a parede mostrava cenas de uma espécie de batalha da qual não me recordava bem, e nem dou atenção pois logo pego minha varinha, ciente do olhar de questionamento do outro jovem. Seguro-a firmemente pelo cabo e profiro alta e claramente um feitiço - Lumus! - Quando a ponta de minha varinha não se ilumina já fecho os olhos tal como um animal esperando sua punição, e ela vem: Começa leve, e num instante estou abanando minha cabeça mesmo sabendo que aquilo não adiantaria de nada. Dura algum pouco tempo com aquela sensação horrível, e ao fim já estava arrependida de ter falado a magia - Bem... Não custava tentar. - Em resposta o loiro balança a cabeça, e afim de mudar de assunto me questiona sobre as aulas de história da Magia.

Victor havia faltado algumas de suas primeiras aulas devido a problemas em sua transferência, e por consequência não frequentara também as aulas de história da magia, e assim meio que eu estava responsável por ajudá-lo - O professor é legal, só deu a introdução da matéria mesmo, sabe? Algo sobre a história de Castelobruxo, e sobre existirem várias fontes de pesquisa. - É claro que o outro não conseguia ficar quieto só com aquela resposta, então complemento - Como deve imaginar, esse lugar é cheio de história, então tivemos que explorar um cômodo e tirar história disso. Pra meio que provar que a história não é só escrita, saca? - Isso claramente foi mais autoexplicativo para o jovem, mas prossigo - Tipo, a gente estuda no mesmo lugar que muitos gênios já estudaram. Pouca pressão, não acha? - Dou um riso torto com aquilo, e o silêncio volta a reinar por ali. Não era algo desconfortável, mas expressava bem nosso cansaço mesmo que aquela ainda fosse a semana inicial de aulas. Não demora muito para que eu me levante num salto, minha dificuldade de ficar parada por muito tempo falando mais alto - Bora ir pra outro lugar? Refeitório, talvez... Tô morrendo de fome. - Claramente o jovem não queria aquilo, mas entre a solidão e um lanchinho matinal a fome falou mais alto, assim sigo sozinha para o refeitório.

by: @mila

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