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JAN2026
JANEIRO DE 2026 - VERÃO
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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Felipe Noriega
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Ter 5 maio 2020 - 0:40

La Vida es Sueño
Alê e Feh e VirgulinoAlojamento de Ybirá

Era um domingo, e apenas dois dias depois do passeio pelo bosque que foi a aula conjunta da Bianca e do Miguel — e apesar das dificuldades daquela tarde — o eventinho perigoso e quase mortal não foi o único do dia. Pela manhã os alunos do quarto ao sexto ano tinham tirado uma soneca na aula do professor Dutra. Literalmente. Ainda que dessa vez foi de forma construtiva e não por simples… hmm, tédio? Era o que a maioria pensava pelo menos, mas atire a primeira pedra quem nunca achou história algo massante demais. Enfim, em meio à exaustão que havia tomado o corpo dos garotos no final de semana, o trio de ouro de CB estava largado no alojamento do Felipe durante o período inicial de uma tarde levemente chuvosa e de temperaturas amenas, e novamente, enquanto cochilavam, suas mentes vagaram para os contos apresentados durante a aula matutina do professor de História da Magia.

É uma rp fechada entre Aleph da Costa Margerizzi e Felipe Noriega e Virgílio Monteiro e ocorre por volta das 2:30 durante o período vespertino do dia 31 de Maio de 2020, um domingo levemente chuvoso, tendo como ambientação o dormitório de um dos garotos do quinto ano na árvore-casa Ybirá.
Felipe Noriega
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Qui 7 maio 2020 - 13:19
As aventuras de um ornitorrinco:
conto da cobra adormecida
Quarto episódio
O episódio de hoje vai lhe pôr pra dormir, ou lhe deixar em chamas, só quem escolhe aqui é você! Enfim, propaganda de cereal aparte, no conto (quase literalmente) de hoje, nosso trio de ouro logo estaria acordando de uma sonequinha no chão do  meu dormitório, e eu novamente — e com a grandiosa ajuda de meu futum que combinado ao dos amigos se torna uma arma química de nível intergaláctico — havia expulsado meus colegas de quarto estúpidos e agora possuíamos todo o espaço para que pudéssemos nos esbaldar… o que depois das atividades de sexta, e mesmo para encrenqueiros tão agitados quanto o trio, significava dormir.

Porém dormir, nessa primeira instância, trás algo interessante a ser observado, e eu não estou falando do fato de eu estar babando em cima de um dos meus travesseiros, ou no fato de eu ter rolado um pouco para mais perto do Virgulino. O fato interessante está dentro de meu crânio largamente vazio, mais precisamente dentro de um dos cenários oníricos qual eu estava tendo. O sono consiste-se inicialmente da minha humilde e molhada pessoa no meio de uma mata, ambiente esse qual se assemelha muito ao que existe ao redor de CB.

Encharcado até os ossos pela chuva forte que caía e com a água de um rio caudaloso até a cintura, eu me via perdido, as pernas pesadas pareciam tentar se mover em direção a uma margem perdida nas brumas do local. “Carajo!” Apalpando meu corpo eu conseguia perceber que minha varinha, qual usualmente era escondida no bolso interno do lado esquerdo da cintura, não estava em lugar nenhum, me impossibilitando de realizar o mais simples dos Impervius, ou um Lumos para conseguir enxergar nem que fosse um dedo mindinho a frente ali. “Vontade de ser avarador, né meu filho?! Ser burro é uma praga viu.”

Me sentindo como se toda a natureza, ou melhor dizendo, algo além da natureza, tentasse afogar minha alma com aquela realidade molhada e fria qual parecia ser a única a existir, eu simplesmente só conseguia ficar parado ali, aceitando o fato que minha vontade de lutar se esvaia de mim me levando cada vez mais próximo da morte. Até que eu senti algo se chocar de leve contra a parte de trás da minha coxa e me virei para tentar inspecionar o que era, apenas para encontrar um pedaço de tronco, que apenas o fato de parecer podre explicava por que ele ainda flutuava. Me encolhendo em minhas roupas (se é que poderiamos chamar assim) me virei para a frente, pronto para descartar a importância do objeto, porém um sussurro me impediu.

“Você consegue sentir isso, não consegue?! Essa sensação?!” Engolindo em seco eu deixei meus olhos percorreram o entorno, sem saber direito de onde vinha aquela voz, ainda que parecesse que ela simplesmente ressoava em minha mente. A voz que não parecia — ou ao menos eu  não sabia se — ter gênero ou idade ou mesmo a qual espécie pertence. “Ai que bom, ou eu tô louquinho da silva ou tem algum fantasminha camarada aqui. Como que chama os Ghostbusters?” Como se me ignorando — tecnicamente eu não falei nada, mas achei que aquele estranho link telepático era uma avenida de duas mãos — a voz me mandou observar como o universo se modifica para que esteja sempre perfeitamente equilibrado.

Ainda levemente assustado (e muito perdido) eu olhei ao redor novamente, buscando algo que eu deixara passar — o que possivelmente era muita coisa considerando a cortina de água que me cercava — e só então deixei meu olhar pender uma segunda vez sobre o tronco que boiava, percebendo que o cipó que estava largado sobre a madeira se moveu e sibilou. “Sibilou? Tá, ou eu fumei uma pedra dos extintos Colibris, ou aquilo ali não é um cipó!” Como se percebendo a deixa, uma cobra esverdeada (talvez uma boiaçu ou ararambóia) deslizou para fora do tronco e começou a nadar.

Sem ter muito o que fazer, e considerando que ela decidira não me chamar de janta, eu segui a serpente com a ideia que talvez ela me levasse a alguma margem, afinal as espécies qual poderia ser aquele réptil, que eu me lembre, não comiam peixes. Um certo tempo depois, e tirando o fato de ter galgado uns dois ou três “degraus”, meus pés ainda continuavam submerso e uma inquietação começava a me preencher. “Que mierda es esto? Es este un río o el maldito océano del fin del mundo?” Como se compartilhando minha indignação, a cobra (que aqui vou chamar de Medusa pois preguiçinha) parou e sibilou para os arredores, afinal já estávamos cercado de árvores, e ainda assim nem sinal de terra à vista.

Como se o plágio do dilúvio não me deixasse inquieto o suficiente, uma reviravolta piorou a situação, e umas coisas brancas começaram a aparecer entre os itens que às vezes flutuavam ali por perto. Bem, isso não foi o fato que levantou sobrancelhas, contudo sim a falta de indecisão da Meduzinha antes de abocanhar as pálidas orbes como um pacman faria com as frutinhas. “Espero que aquilo seja ovo, porque se não os Illuminati vão ficar pistola pelo desperdício.” Sem dar muita bola para mim, minha companheira continuou se alimentando — e ainda que alguns parecessem humanos, a maioria deveria ser de sapo, roedores, aves e similares —, até que um outro tronco boiando atraiu a atenção da górgona.

Depois de tentar morder a própria cauda — literalmente, como aquele simbolo de não sei da onde, que representa um ciclo interminável e renovação —, minha amiga dentuça começou a trocar de pele, porém aquilo ali estava mais para um evento grandioso. Minha mente alienada estava captando aquilo como um Ekans (verde) que havia alcançado o level vinte e dois e estava evoluindo para um Arbok (que aparentava está pegando fogo bicho). Assim que Medusa finalmente terminou de evoluir e se transformou em um ofídio flamejante, meu tico  e tico entenderam o que se passava ali (eu sou muito lerdo, eu sei), no entanto aquilo também parecia significar o final daquele delírio qual eu estava. Enquanto as bordas do meu sonho sucumbiam, o Boitatá se enrolou em mim e me encarou como se fosse me revelar todos os segredos da vida.

Entretanto, o tempo parecia ter acabado e a única coisa que sobrou foi a sensação de quentinho no meu corpo enquanto eu acordava, calorzinho esse qual foi explicado pelo embaraço de pernas e braços qual eu me encontrava, em conjunto com o Virgulino. Me soltando eu me afastei e levantei do chão cheio de almofadas — “por que teimamos em dormir no chão eu não sei” — e me espreguicei, olhando para as duas ainda dorminhocas figuras. “Serase eu deveria acordar os dois corninhos?” Considerando que eu não tinha muito o que fazer ali, e se eu saísse possivelmente caçaria comida e depois confusão, fiquei momentaneamente em dúvida se deixava as belas adormecidas nanando ou não.
alê y feh y virgilquarto do 5º anoLa vida es sueño - Belchior
cactus
Virgílio Ataíde Monteiro
CASTELOBRUXO » Funcionário
Virgílio Ataíde Monteiro
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Ocupação :
CB: Magizoologista Estagiário
Sex 8 maio 2020 - 2:41
Virgílio se aproximava do alojamento de Felipe com um sorriso de orelha a orelha. Passara bastante tempo com os amigos recentemente, mas mesmo assim não conseguia se cansar deles. Enquanto caminhava, lembrava-se do exercício na sala do professor Rodrigo, quando tentaram em seus sonhos imaginar diferentes lendas e recriá-las o mais vividamente possível. Quando o amigo lhes chamara para refazer o experimento, o garoto não poderia dizer outra coisa que não sim. Para ele aquilo era mais uma excitante festa do pijama, mas não diria isso em voz alta.

No meio do caminho avistou Aleph e atraiu sua atenção com um assobio. O colega abriu um sorriso quando o viu e Virgílio correu até ele segurando uma pequena vasilha com desenhos florais. Assim que chegou perto o bastante, ofereceu-a a ele, enquanto tentava disfarçar uma careta. Seu cheio já era forte sozinho, mas quando ficava perto de um dos camaradas era mais intenso ainda.

- A sua aura fica meio estranha de vez em quando, Alê. - Referia-se ao fato de o mais alto parecer estranhamente cansado quando o final da semana se aproximava. - Eu cortei frutas de várias cores diferentes pra fortalecer a sua energia. Duvido ficar cansado de novo depois disso! - Lhe lançou uma piscadela e um sorriso, e logo continuaram seu caminho. Virgílio nem percebera se o amigo ficara confuso ou não. A lógica do ofidioglota funcionava de maneiras estranhas.

Quando chegaram até seu destino os amigos de Felipe saíam em disparada. Provavelmente não conseguiriam aguentar os três deles juntos. Àquela altura ele já se acostumara com cenas assim. Parte do garoto começava a se perguntar se federia para sempre. O rosto de Felipe surgindo na porta afastou seu pessimismo e lhe fez abrir um novo sorriso.

Ele e Aleph entraram, e já sentaram-se nas almofadas no chão. Tentaram conversar por algum tempo, mas logo começaram os bocejos e acabaram dormindo ali mesmo. Ninguém poderia culpá-los por estarem cansados. Pouco antes sua consciência se desligar do mundo real, Virgílio sentiu que algo lhe aquecia. Peguntou-se o que era, mas não tinha mais energias para se virar. Seus olhos se fecharam e ele mergulhou nos sonhos.

Quando deu por si estava deitado no chão da floresta. Levantou-se rapidamente ao perceber que havia anoitecido. Como viera parar ali? O que estava acontecendo? E o que eram aqueles ruídos de festa? "Espera, Festa?" Virgílio caminhou confuso na direção dos sons que ouvia. Não precisou andar muito para chegar a um pequeno vilarejo pesqueiro que fazia algum tipo de comemoração. Um casamento? Um aniversário? Ele não sabia e por alguma razão não tinha vontade de perguntar.

As pessoas celebravam felizes, dançando em pares no centro do povoado enquanto uma música animada tocava. O garoto sentia-se estranho e não sabia dizer o porque. Era como se algo de ruim estivesse para acontecer. Virgílio amaldiçoou sua sorte quando um terrível assobio se fez ouvir. Viera de algum lugar da floresta, como se anunciasse sua presença. Os foliões entraram em pânico, desmontando a festa o mais rápido que podiam e correndo para suas casas.

Monteiro tentou mover seus pés, mas seu corpo não se mexia. Tentou gritar, mas sua voz não saía. Ele sabia o que vinha chegando. Não sabia como mais tinha certeza. Suas suspeitas se confirmaram quando uma velha senhora de olhos cruéis caminhou lentamente para fora da mata. Seu corpo era recurvado e ela usava uma bengala, mas mesmo a aparência decrépita não a tornava menos intimidadora.

"Matinta Perera" Disse ele em pensamento. A idosa o encarou com um sorriso sádico, causando-lhe um arrepio. O medo forçou suas pernas a funcionarem e ele começou a tentar se afastar. Era difícil. Parecia que alguma força havia tirado sua energia, fazendo com que ele se locomovesse muito lentamente. Virgílio se arrastava em terror para longe da mulher, podendo ouvir sua risada baixa à distância.

Não conseguia mais vê-la, mas sentia que se aproximava. Ela estava perto. Ele sabia. Provavelmente a única razão pela qual ainda não o alcançara era porque estava seu divertindo com seu desespero. Alguns segundos se passaram enquanto Virgílio continuava com sua patética tentativa de escapar. Ou seriam minutos? Horas? Já não tinha mais certeza.

- Tem fumo? - Uma voz bem próxima a seu ouvido se pronunciou. Como se comandado por um feitiço, seu corpo desfaleceu completamente. Ele já não podia mais se mover. A velha ria baixo, posicionando suas unhas longas e afiadas como navalhas bem próximas ao pescoço do garoto. "Que imbecil!" Virgílio se repreendia mentalmente. "Quem é o idiota que sai à noite sem fumo?!" As garras fizeram força contra seu pescoço e ele quis chorar. "Não! Não! Por favor!"

O garoto acordou com um salto, demorando alguns segundo para assimilar o fato de que acabara de ter um pesadelo. Ele encarou Felipe com os olhos marejados, enquanto tentava disfarçar sua tremedeira. - E-eu acho... - Ele engoliu em seco. - ...acho que preciso c-comprar fumo.
Going with the flow


i'm singing in the rain
Just singin' in the rain
What a glorious feeling
I'm happy again
Aleph da Costa Margerizzi
CASTELOBRUXO » Aluno
Aleph da Costa Margerizzi
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Ter 26 maio 2020 - 19:12
❛Maus Presságios❜
Literalmente, uma das coisas que Aleph mais gostara de fazer nas sextas-feiras era dormir. Guiado pelo total cansaço de ter se tornado uma fera bípede e sanguinária com quase dois metros de altura na noite anterior, caçado, se alimentado e parado de tocar o terror por toda a floresta nos arredores de Castelobruxo. O combinado daquela tarde livre para os três não poderia ser melhor ao Margerizzi; um cochilo após o almoço para lembrar-se do que vivenciaram na aula de Historia da Magia a cerca de dois dias atrás. Uma prática que consistia em dormir após o almoço? Bem, talvez Aleph viesse a sonhar com a sua "crush" do sexto ano que também participara daquela aula e não com a lenda contada por ele como fora no dia da prática. Ainda no caminho para o Ybirá, mais especificamente ao dormitório do Noriega, acabara por ouvir algo que o fez se assustar por alguns segundos. Um assobio por aquele terreno sempre envolto pela mata lhe remetia diretamente as Caiporas. Sim, Aleph havia desenvolvido um certo medo dos espíritos da floresta, por mais que soubesse que deveria trata-los como amigos e respeitar os mesmos. Não queria encontrar com eles, de maneira alguma, especialmente estando sozinho, o que poderia caracterizar o menino como um medroso, por assim dizer. Basicamente, era como aquele papinho de; eu não tenho medo, tenho respeito. Sendo mentira, como já explicado.

Felizmente não passava de imaginação fértil da parte de Aleph, sendo na verdade o seu amigo Virgílio Monteiro. Este trouxera consigo um frasco em mãos, com um conteúdo que o loiro não prestou muita atenção, para ser honesto. Virgílio comentara sobre a aura, o que era bem típico dele. -- Se você está dizendo, eu não estou duvidando. - Comentou com um bom humor, apenas um pouco cansado e isto poderia refletir diretamente na sua forma de expressar as palavras. Lhe fora então revelado que o havia no interior do pote era nada mais, nada menos, do que várias frutas cortadas em picadinho, que serviria para ajudar na saúde e cansaço que Aleph vinha sentindo. Se em parte acabava se preocupando pelo fato de seu amigo notar os repetitivos enfados nas sextas, por medo de seu segredo ser revelado. Por outras partes se sentia um tanto alegre por receber um presente. -- Obrigado. Virgílio. A salada de frutas deve estar uma delícia. - Se emocionara um pouco, é verdade, ainda que fosse um presente singelo. Isto se dava muito devido a criação rude que o Margerizzi recebera. Seu pai nunca lhe dera sequer um único presente, nem mesmo de aniversário. Tampouco fora presenteado por sua mãe ou irmãos mais velhos, que temiam a repreensão do chefe da família. Ao poder ir para Castelobruxo as coisas melhoraram um pouco, no quinto ano ainda mais, quando conhecera Virgílio e Felipe. O Noriega, por sua vez, não tinha muito o aspecto de presentear alguém, nem mesmo um amigo. Receber um presente tinha mesmo que ser algo elaborado pelo Monteiro.

Calado seguiu o resto do caminho inteiro. Não por constrangimento ou falta de interesse em conversar com o rapaz ao seu lado, mas sim por ser alguém calado e com um aspecto mais sereno, por assim dizer. Este era Aleph na maioria dos dias da semana, sendo o daquela data o principal em termos de fazer com que o menino se expusesse menos. Já no dormitório de Felipe, se encontravam apenas os três fedorentos. Acostumar-se com o seu próprio cheiro era uma coisa, o ser humano realmente tinha esta capacidade, já com o de outras pessoas o buraco era um pouco mais embaixo. O sacrifício era feito em prol de manter a amizade e estudar um pouco sobre os assuntos recentemente vistos em sala de aula, no intuito de obter a aprovação. Assim que cumprimentou o Noriega com um soquinho no braço direito, Aleph deixou o potinho com as frutas picadas sobre um dos moveis do local, o pondo em segurança e se jogou em uma das almofadas do recinto, suspirando aliviado. Era uma sensação maravilhosa ter um espaço para se jogar, estando totalmente cansado. Aquela aula de História da Magia o fizera se lembrar de algo que ele havia pesquisado após a aula, por associar muito ao acontecido. -- A brisa da aula de História me lembrou bastante o que relatam sobre o chá de ayahuasca ... Já ouviram falar? - Indagou. Talvez Felipe soubesse por ser ligado ao mundo dos alucinogicos, enquanto Virgílio talvez soubesse por ser bastante ligado a flora.

Sem enrolar muito, a hora de dormir havia finalmente chegado. Conversar não era o ideal, portanto Aleph apenas se virou em direção a parede e colocou mais uma almofada sobre a cabeça, fazendo uma espécie de sanduíche com a mesma. Fechou os olhos e devaneiou um bocado. Algumas coisas passaram brevemente em seus pensamentos, como a garota do sexto ano com quem estava saindo, sua dupla de amigos e até mesmo sobre a sua maldição. Entretanto, focara mais exatamente na aula de História que havia acontecido dias atrás, sobre a lenda que contou e o sonho que tivera com o conteúdo do que contara. Sabia que não podia controlar seus sonhos, mas talvez a projeção da magia em seu cérebro lhe ajudasse um pouco com este objetivo.

...

Os pés do garoto, calçados, sentia o chão com materiais orgânicos, como folhas e gravetos secos ao chão. O céu estava escuro, era noite e a lua cheia pairava sobre o centro do sereno. A sua ligeira fobia de estat sozinho lhe atacou, mas logo se dissolveu ao ouvir as vozes e barulho do caminhar de sua dupla de amigos. Aleph se sentiu bem novamente ao lado dos dois, que pareciam estarem conversando sobre criaturas mágicas nas quais o loiro sequer ouvira falar antes. Sendo um pouco mais direto, duvidara bastante sobre a existência de algumas daquelas criaturas mágicas. Não ousava se meter e expor sua opinião naquele tipo de assunto, Aleph apenas continuara a caminhar um pouco mais a frente da dupla. A pergunta sobre onde estavam era frequente nas dúvidas dele. Parecia se tratar de uma floresta, mas decerto não era a que rodeava Castelobruxo, nem sequer parecia fazer parte da floresta amazônica. As árvores que constituíam o amontoado eram secas e sem vida, seus galhos não possuíam sequer uma folha, e as suas madeiras eram nitidamente podres. Não parecia ser algo normal. A ausência da copa das árvores era refletida em uma iluminação natural criada a partir do brilho prateado do luar, que tamanho era ao ponto de permitir que o trio seguisse andando em sintonia, sem se perderem e com uma vista tranquila sobre o solo onde pisavam.

Felipe sempre fora o nerd disfarçado do grupo, ele quem tinha as informações para a maioria das coisas e portanto, se algum dos três poderia saber onde se encontravam, muito provavelmente era ele. Aleph não fizera a pergunta, no entanto. Não sabia porque não falava, mas apenas ouvia o diálogo dos outros dois garotos que estranhamente não pareciam estar preocupados com a situação, não tanto quanto ele. Estranhamente. Esta palavra poderia definir toda a situação para o Margerizzi. Nada até então estava normal, mas ele não tinha as respostas para tantas perguntas e talvez o ideal fosse apenas seguir em frente e parar de fazê-las. Pouparia a si mesmo de um grande estresse. No decorrer da caminhada sem um rumo específico, o diálogo de ambos fora interrompido por um uivo estridente e determinante. Parecia se tratar de um lobo, mas apenas pelo volume das suas vibrações sonoras era possível identificar que a criatura era enorme. Monteiro e Noriega pareciam finalmente se dado conta de que estavam correndo risco, enquanto Aleph por sua vez ponderava sobre a possibilidade de ... Não poderia ser mesmo o que lhe vinha a cabeça. Algumas coisas não batiam, mas nenhuma novidade, visto que aquele lugar no geral parecia ser um pouco surreal, e esta característica estava se expandido até mesmo aos seus dois amigos e quiçá a ele próprio.

O coletivo concordara com correr para a frente e tentar se distanciar do que quer que fosse o ser a causar tanto alarde. Uma decisão perigosa. Aleph correra ao lado dos outros dois amigos, quase em um paralelo. Embora iluminado, o solo de uma floresta não fora feito para ser percorrido em alta velocidade. Quase como se fosse algo esperado, Aleph pisou de mal jeito em um buraco pequeno, com poucos centímetros de profundidade, mas que causou uma dor potente, lhe derrubando de imediato ao solo coberto por folhas secas. A dor sentida fora extremamente aguda, e o brado do rapaz refletia ela em uma proporção semelhante, fazendo com que os seus dois amigos parassem para lhe ajudar. Tanto Monteiro, quanto Noriega tiveram que dar apoio ao Margerizzi machucado. Tendo um do lado direito e o outro do seu lado esquerdo, a mobilidade que antes do acidente era mais individual e ligeira agora passava a ser algo vagaroso e em trio. Todos sabiam que o quer que fosse o dono do uivo estrondoso, estava ali junto com eles naquela floresta morta e o pior de tudo, decerto teria ouvido os gritos e lamúrias de Aleph ao pisar em falso no buraco. Se antes tinham a chance de se desculpar e caírem fora, agora parecia que ele havia colocado um grande alvo pintado nas suas costas e consequentemente na dupla que insistia em continuar a ajudar com a movimentação mais do que precária.

O destino do grupo parecia selado e apenas se concretizou ao sentirem um cheiro característico se aproximar. Era como o calor da morte soprado por uma criatura humanoide com dois metros de altura, mas canídea. Embora Noriega e Monteiro pudessem estar um tanto preocupados com os seus debates sobre o que seria aquele bicho enorme e de pelos negros como a noite, Aleph sabia muito bem do que se tratava e de que muito pouco poderia ser feito no momento. Se tratava de um lobisomem, com as patas dianteiras dispostas como armas fatais, mas talvez não tão fatais quanto as suas presas afiadas e ameaçadoras. Eram muitas as possibilidades de morte. Tão quão os acontecimentos de uma tragédia inevitável, o lobo avançou em direção ao seu amigo, Monteiro. Com uma brutalidade digna de um predador no topo da cadeia alimentar, o mesmo utilizou seu maior porte para arrastar o primeiro dos três alvos para detrás das árvores. O medo havia paralisado os outros dois garotos que apenas puderam ouvir o horror nos gritos do infeliz rapaz. Tanto Aleph, quanto Felipe observavam mas nada poderiam ver, talvez por sorte. Esta situação se prolongaria até que o silencio voltasse a tomar conta da floresta, e nem mesmo o som dos passos pesados da criatura pudesse ser ouvido. Entretanto, o que houvera acontecido com Virgílio?

A dupla não decidiu procurar. Aleph não sabia dizer com exatidão o porque de não ter feito isso. Normalmente o faria, mas assim como não conseguira falar, não conseguira mandar em si mesmo ou em suas ações. Apenas se afastava do local do ataque carregado pelo amigo, até que os passos se cessaram. Noriega não moveria mas nem um músculo, e com um olhar repentino o manco descobriria por que. Dentes cravados no pescoço do garoto que outrora era o mais saudável dos dois, e que agora carregava um olhar morto em seu semblante. Erguido centímetros do chão pela boca do predador, era a morte do segundo jovem do trio que houvera se embrenhado na mata. Restara apenas ele com uma perna incapacitada após o ferimento do pisão sem base. Seu destino parecia já selado como o dos outros três. Inicialmente fechou os olhos, não queria vislumbrar o cadáver do seu amigo ou a presença do seu próprio algoz. Por alguns segundos permanecera no estado de covardia, mas logo se portou de volta a si, levantando de olhos abertos. A criatura não o atacou, se o quisesse morto já teria feito sem a mínima cerimônia. Então o que aquele ser queria? Porque não buscava a sua trajetória de cruzar sete locais sagrados? Não. A troca de olhares entre humano e monstro era decerto intrigante e intensa. Algo surreal, novamente.

Fora no entreolhar que a criatura começou a mudar sua forma. Seu tamanho e toda robustez aos poucos foram diminuindo. Seus pelos negros desaparecendo e os olhos de animal, avermelhados, não mais o aterrorizara. Um rapaz se postava rente ao aluno, e não era ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Aleph. O retrato de si, como um reflexo, com as mãos e boca profanadas pelo sangue dos seus melhores amigos. Naquele instante um remorso descomunal tomara conta do jovem, que caíra de volta ao chão, abatido sentimentalmente. Uma sensação tão maligna e ruim, que o fizera acordar de imediato daquele pesadelo. O primeiro alívio que sentiu desde que dormira.

[...]

Sua aceleração estava destacadamente ligeira e conseguira sentir isto sem muito problema. A respiração descompassada era uma clara indicação disto e não mais sentira aquele ritmo senão ao lado de belas moças. Decidira tomar o recado do sonho como um aviso, afastar-se dos dois garotos, apenas por ora. -- Eu estou indo. Tá tudo bem, e por favor. Não me sigam desta vez. - Soava como a ordem de quem gostaria de ter um tempo apenas para si. Infelizmente ambos os amigos estavam adotando aquele tipo de conduta deveras perigosa. Acabariam se machucando se não fossem muito mais cautelosos do que vinham sendo.


— Wrong Side Of Heaven ...
I spoke to God today, and she said that she's ashamed. What have I become, what have I done? I spoke to the devil today, and he swears he's not to Blame and I understood, cause I feel the same.
Mironguinha
TLC » Moderadores
Mironguinha
Mensagens :
127
Qui 16 Jul 2020 - 21:23
rp fechada
seu desejo é uma ordem!

uhuhu
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