Este tópico está sendo usado pelo aluno Leonard Brachmann para fins de seus post's na aula de Antropologia.

Mes que as aulas ocorreram: A partir de Junho.

Icegirl

Antropologia

Sabe aquele momento em que você pensa; “Putz que sujeito mais lindo”, foi exatamente esse meu pensamento quando me deparei com o professor de Antropologia, eu não pude deixar de notar esse fato, mas não deixei claro com a minha expressão a felicidade disso, contive meu sorriso e obedeci as ordens dele de retirar os sapatos e deixar os materiais que até então seriam usados na aula... Então porquê raios eu levei esse peso até aqui, não é mesmo?

O dia estava apenas começando, adentrei a sala confortavelmente, sentindo o suave toque do tapete grosso e peludo, de cor acinzentada. – Almofadas. Amém, um ser humano pensou no nosso conforto. Eu disse em um tom moderado, feliz por ter um dia de, digamos, descanso nesta semana agitada de aulas. “Ele é caladão, né” Mais uma vez uma frase passou pela minha mente ao mesmo tempo em que encostava levemente a mão no queixo, aos poucos me senti um pouco estranho, a tarefa que ele havia falado conosco era de escolher uma lenda brasileira para ser citada na aula.

Muitos dos alunos falaram quase a mesma coisa, somente um ou outro que citavam as menos conhecidas, mas como eu sou muito clichê, logo disse. – Eu lembro! Entusiasmado com a situação, mas como ele havia falado para deixar todo o material lá fora, acabei deixando o pergaminho contendo as informações da lenda longe demais. Por isto, me levantei, andei poucos centímetros e cai igual uma pedra nas almofadas, algo me fez adormecer pra valer e meu último pensamento estava focado nessa lenda que nem mesmo havia citado o nome.

(...)

Eu acordei em um lugar estranho, meu corpo estava mais pesado e sentia que algo havia sido inserido no meu peitoral porque simplesmente pesava mais. Lentamente abri meus olhos e me deparei com uma mulher vestida de noiva enfrente ao espelho, seu vestido branco, com o véu arrastando pelo pequeno quarto e o sapato de salto alto... E eu nem sei usar salto alto, mas no sonho eu sabia. Eu tentei me assustar, tentei correr, mas era como se algo me impedisse de agir de outra forma. Pelo visto um roteiro havia sido feito e o meu corpo não correspondia a ações fora de contexto desta história.  E claro, não me sentia muito bem pelo simples fato de eu ter me transformado numa mulher.

Eu estava no corpo dela, olhando com os olhos dela, respirando com o pulmão dela e mesmo assim não podia fazer nada de diferente. Fiquei a mercê de seguir com o casamento, percorri o corredor da casa, desci as escadas que estavam decoradas com coisas extremamente bonitas, a calda do vestido arrastava no chão e não sujava um fio sequer.

A minha visão de repente clareou e como um flash eu já estava no altar segurando a mão de meu desconhecido noivo, ele se vestia de uma forma esquisita e fiquei internamente desconfiado, mas não tive escolha. Suas roupas eram parecidas com um de padre comum, o que achei totalmente estranho devido ao fator de que pessoas que fazem o voto de castidade não casam, ao menos que desistam de ser aquilo. Não era este caso, o casamento aconteceu e me tornei a mulher de um padre. E bem... Naquela noite tive relação amorosa com ele.

Mais um flash e eu estava dentro de uma floresta escura, apenas a lua e as estrelas iluminavam o céu daquela noite. Na minha visão, eu enxergava normalmente, estava apenas numa posição um tanto esquisita, como se imitasse um cachorro ou algo do tipo. Ouvia também aquele famoso estalo de queima que geralmente lareiras emitem, no caso, madeira quando são queimadas. E ao caminhar por poucos metros automaticamente comecei a correr e ao ouvir som de galope não demorei muito tempo para notar que o barulho vinha de meus pés que agora se tornaram patas com ferraduras. As pessoas corriam, gritavam e eu tentava me aproximar delas, mas diferentes pessoas corriam de mim.  

Ao passar por locais com palhas e casas feitas de madeira tudo pegava fogo e eu ainda não conseguia entender o porquê. Eu estava inserido na história e eu era a mula sem cabeça, notei isto quando o fogo da destruição emitiu o meu reflexo nas sombras, refletindo a minha figura de cavalo, ao invés de cabeça era tudo oco já que todo mundo sabe que fogo não reflete na sombra. Meu corpo automaticamente se virou para destruir mais ainda o local e tudo que estava em meu caminho. De repente algo pulou nas minhas costas e eu pude sentir um peso tremendo. E após sentir uma dor perfurante, o professor me acordou com um belo cutuque na costela.

Eu estava suando e com o olhar de raiva, respirei calmamente feliz por aquilo ser apenas um pesadelo, por ver mais alunos ainda dormindo, notei que era uma espécie de teste ou algo assim. Rodrigo perguntou sobre a experiência e sem papas na língua, eu disse. – Uma merda, professor... Se eu falar que gostei já pode me internar... Primeiro por quê raios eu era uma mulher, eu estava literalmente casando com um padre e pelo visto fui muito amaldiçoado ou amaldiçoada que se diz, sei lá, tanto faz. E na virada da madrugada de quinta pra sexta eu acabei virando uma mula sem cabeça. Parei por um breve momento e dei um sorriso um tanto forçado. – E eu nunca pensei que diria isso na minha vida!! E foi essa a história, mas não recomendo passar por isso, acho que alguém me furou com alguma coisa... Se bem que eu li a história e há outras maneiras de se livrar disso, sabe? Não precisava enfiar algo pontudo em mim.

Com a revelação, apenas encostei minha mão no meu rosto e suspirei. – Tá, foi interessante a aula, obrigado por essa experiencia, mas não quero passar por isso de novo.  Joguei meu cabelo para trás e automaticamente retornou como um tufão encima de meus olhos, o que me fez ter uma crise de coceira imensa, meus olhos ficaram vermelhos e a medida em que o professor acordava os outros alunos eles saiam perguntando as coisas e eu não vou mentir, fiquei rindo de algumas das situações.

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