Tia Poly sempre me avisou: pegar sem apegar. Eu estava indo tão bem nessa jornada. Sinceramente, não sei o momento certo em que tudo aconteceu, mas aconteceu. Já haviam dois meses que eu e MaFe estávamos nesse pega dali, fica de cá, e, sinceramente, eu nunca fiquei com uma menina tanto tempo e não passou pela minha cabeça que um dia isso fosse possível. Casamento nem está na minha lista de vida. - não estou falando que vou me casar, não ainda? Estou bem confusa, a minha vida virou uma bagunça -.

Maria me deu essa carta no trote. Todas as vezes que eu releio eu penso em quão verdadeira ela é. Parece ser tão carregada de sentimentos mas foi em um trote, uma brincadeira. Acho que foi aí que meus sentimentos ficaram confusos. Eu nunca havia recebido nada especial de nenhuma menina. Mesmo sendo real ou não, haviam palavras bonitas e o cheirinho dela. - Ah, o cheiro dela! -. Sem contar como é bom passar o tempo com ela. As vezes não fazemos nada além de jogar conversa fora ou olhar o céu. Gostamos de ir à biblioteca para ler no silencio mórbido e depois debatermos sobre o assunto abordado. - Amo quando ela começa a argumentar e quando eu quebro seu argumento, ela fica com raiva mas logo abre um sorriso maravilhoso que faz uma covinha linda no canto da boca... Do lado esquerdo. -

Hoje decidi arriscar. Mandei uma arara pedindo que ela me encontrasse aqui em alguns minutos. Essa coisa de paixão é estranha, mas não aguento mais ficar com a sensação de um frio constante da barriga todas as vezes que estamos juntas ou não conseguir me concentrar mais nas matérias como antes porque tudo o que eu quero é acompanhar cada passo que ela dá e ver sua cara linda...Espero que esse lugar seja romântico... Que esses chocolates não sejam bregas...Que eu não fale merda! Não sei se estou tremendo de frio ou de nervoso. Maria Fernanda Rayleigh, o que você fez comigo?

Quando ela chegou, eu queria cavar um buruco e enfiar minha cabeça dentro. Foi quando eu percebi o quão brega eu estava sendo. A cara dela olhando para mim com a caixa de chocolates na mão é algo que jamais sairá da minha cabeça. -Bonjour!- A cumprimentei com um beijo rápido no rosto. De repente, tudo o que eu havia treinado falar havia sumido da minha mente. A encarei um bom tempo antes de começar a falar. Constrangedor... -Toma, são para você...Eu espero que goste.- Disse no meu francês mais polido possível. Eu queria sair correndo. Eu queria muito sair correndo.

Respirei fundo, muito fundo e na minha cabeça, consegui contar até cem antes de chamá-la para sentar em alguns bancos improvisados de bambus feitos pelos próprios alunos para as horas ociosas. Virei meu corpo para ela e tomei coragem de olhar em seus olhos. -MaFê...-Abaixei a cabeça e aproveitei para segurar as suas mãos.- Nós estamos "ficando" há um tempo considerável. Acontece que nos últimos tempos os meus sentimentos estão uma bagunça. Eu nunca havia ficado com uma garota tanto tempo e nunca havia me apegado a nenhuma. Mas com você é diferente. É como se você tivesse um imã que me atrai e me faz querer estar ao seu lado nem que seja para fazer nada e a gente tem feito muitos ''nadas'' juntas e eu gosto. Eu amo a sua companhia e eu gosto de você de uma maneira que eu nunca pensei que iria gostar de alguém...é diferente, especial! Eu não sei o que você sente por mim mas eu precisava te falar antes de morrer engasgada com esse sentimento...Você entende o que eu quero dizer?- Acaricio seu rosto com a testa da minha mão esquerda. -Eu me apaixonei por você!