>Quests Interativas<
28/05. Lançamento: Sistema de Atributos
7/06. atualização do tablón
1/08. estamos de volta
13/08. atualização dos ranks gerais do fórum
21/12/25 O que está acontecendo com a seção 6?
31/12/25 Mudanças da Estrutura da Confederação
02/01/26 O que esperar d'As Musas em 2026?
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Nenhum
[ Ver toda a lista ]
O recorde de usuários online foi de 290 em Seg 8 Mar 2021 - 22:16
Local: alojamento da Lorena e das meninas
Turno: tarde.
she remembered who she was and the game changed.
Abriu todos os biombos, deixando as camas de casais disponíveis, mas achou que seria mais fácil jogar todas os travesseiros no chão e todos se acomodarem por ali mesmo. Mais próximos e menos sugestivos a uma possível maldição. Estendeu um cobertor sobre o chão e foi somente jogando os travesseiros e almofadas, um bom jeito de extravasar a raiva, e não pode deixer de rir quando uma música começou a soar em sua cabeça, obrigando a garota a colocá-la para tocar. Se chamava Liar, de uma cantora chamada Camila Cabello. Ao ritmo da música não somente organizou as almofadas como ainda se permitiu dançar, cantarolando as partes que sabia de cor. Estava se divertindo enquanto os convidados não chegavam. — I said I won't lose control, I don't want it... — Continuou ela, dançando e cantando como se não houvesse amanhã. Para alguns daquela família talvez realmente não fosse haver. — I picture your hands on me, I think I wanna let it happen. But what if you kiss me?... — Fechou os olhos e começou a dançar a música, esperando alguém aparecer.
THE WAY YOU WHISPER SO
I DON'T CARE, IT'S GOOD, IT'S GONE
she remembered who she was and the game changed.
— Anda logo, o que você tem a perder? — Perguntou a si mesma e por fim de levantou de um dos bancos do Pátio Compartilhado. Sabia que não estava exatamente atrasada, mas seguiu para o Ybirá de forma rápida, com passos rápidos e calculados. E antes que se desse conta estava na porta do alojamento que dividia com quase toda sua família e Malvina, que agora ela vinha a considerar como se fosse a família dela também, mesmo que não demonstrasse. Seria eternamente grata a menina pelo que haviam passado na Clareira. Empurrou a porta e deu de cara com algo que não via há muito tempo: Lora dançando e cantando a plenos pulmões. De repente um sentimento de nostalgia tomou conta da alma de Cecí. Se lembrava bem de alguns anos atrás, quando ambas passavam mais tempo juntas e cantar e dançar era algo que faziam com frequência. — I said I won't lose control, I don't want it… I said I won't get too close. — Cantou parte da música para chamar a atenção da gêmea e sorriu enquanto ia se acomodar no cobertor que estava estendido sobre o chão. Encarando a irmã, cruzou as pernas na posição de lótus e puxou uma almofada para o colo, repousando as mãos sobre a superfície fofinha. — Devo esperar os outros para saber o motivo dessa reunião? — Perguntou, não era idiota. Se Lora tinha feito questão de reunir todo mundo, não era um mero encontro de família e só podia supor que algo havia acontecido.
•
•
•
•
•
•
•
Cecí
her lips are like the galaxy's edge.Já estava na porta do dormitório das meninas me sentindo um pouco sem jeito. Ouvia vozes vindo de dentro e sabia muito bem a quem pertenciam, e o fato de não ouvir mais nenhuma outra voz além da duas me fez querer dar meia volta e retornar mais tarde só quando chegassem mais pessoas. Entretanto eu fui vencido pela preguiça de ter que circular por aí só para matar tempo sendo que eu já estava bem onde eu deveria estar. Ajeitei meu cabelo e entrei no local vendo as gêmeas sentadas num cobertor que estava forrado no chão. Foi até uma surpresa ver que Cecília estava entre nós, eu já estava começando a achar que ela, assim como Polo e Liebe, nos detestava. Porém, ali estava ela, tão bela quanto sua irmã. Soltei um assobio baixo, chamando a atenção de ambas e sorri amigavelmente para as Marias. — Não acredito que a família deixou que fôssemos nós os primeiros a chegar. Com certeza eles perderam totalmente o juízo. — Brinquei com as meninas e pisquei para ambas. Ainda não estava totalmente à vontade para fazer aquele tipo de brincadeira com Lorena, porém era bom eu ir me acostumando com esse clima descontraído de uma vez, principalmente para que ninguém note que eu não estou totalmente ok. Cumprimentei as garotas com um beijo na bochecha de cada e me acomodei no cobertor, deitando de bruços e agarrando uma das várias almofadas que estavam espalhadas por ali. Encarei Cecília com uma sobrancelha arqueada e ainda não conseguia crer no fato de que ela estava nos presenteando com sua ilustre presença. — Eu já estava achando que o tio Bartô aprisionou você em algum lugar e deixou a Lorena interpretando o papel de vocês duas, Cecília. Você nunca está em lugar nenhum, que milagre ter vindo hoje. — Comentei só para alfinetar a prima com quem eu não implicava havia um bom tempo. Eu queria poder fazer o mesmo com Lorena, só que eu ainda me sentia um pouco mal por ter feito tudo o que fiz com ela (por mais que ela já tenha me perdoado). Eu acho que depois de tudo o o que aconteceu nossa relação jamais será a mesma. Nós ainda seríamos primos que se amam, claro, mas certas coisas eu pensaria duas, três ou até mais vezes antes de fazer ou falar com ela.
And it's the thousandth time and it's even bolder, don't be surprised when you get bent over, they told you, but you were dying for it |
Última edição por Matteo Ornellas Bedoya em Sáb 6 Jun 2020 - 11:34, editado 1 vez(es)
A reunião havia sido marcada para a parte da tarde e após tomar um bom banho e vestir roupas confortáveis, Mavis tinha passado o resto da manhã fora do alojamento. Não por escolha dela, mas de Lorena que tinha expulsado as outras meninas. Sabia que era para que a prima conversasse com Cecília, mas não comentou nada. Esperou até um certo horário para que começasse a andar até o Ybirá, estando antes perto do Riacho dos Botos. Ouvir o barulho da água correndo era algo que a acalmava e isso era o que ela estava precisando no momento. A subida até as cabanas do sexto ano fora feita de forma tão distraída que Mavis sequer sentiu o cansaço proveniente daquele trajeto. Parou alguns minutos na porta de seu próprio alojamento, somente para mover os ombros e soltar um suspiro, deixando que um sorriso estampasse os lábios cheios logo após. Esperava ser o suficiente para que mostrasse o quão bem estava. — Ora, ora se não é a família mais linda desse universo. — Abriu a porta de supetão já jogando as palavras de forma animada. Mas franziu o cenho ao encontrar apenas Matteo, Lora e Cecília ali.
— Ué, cadê todo mundo? Pelo visto não fui a única com a ideia de chegar atrasada para adiantar as coisas. — Brincou, fechando a porta atrás de si e se movendo para onde os outros estavam, em um cobertor estendido no chão. Deixou um beijo na bochecha de cada uma das primas e apertou as do irmão, segundos antes de tomar o espaço ao lado dele. Assim como ele, escolheu se deitar de bruços, pegando uma almofada para apoiar as mãos enquanto que os joelhos ficavam dobrados de forma que ela pudesse balançar os pés no ar de um lado para o outro. — Qual a boa, rapaziada? — É claro que ela sabia parte do motivo daquela reunião, Arón tinha resolvido dar no pé, o que era algo notável a se falar para os outros. Mas sinceramente, após o “luto” pela perda de uma amizade, tudo que Mavis conseguia sentir era vontade de esquecer que algum dia havia conhecido aquele ser humano. Só que ela sabia que aquele pequeno encontro não era baseado somente naquilo. Ou ao menos esperava isso, precisava ser agraciada com outros assuntos.
Última edição por Mavis Orn. Bedoya em Seg 8 Jun 2020 - 14:37, editado 1 vez(es)
Aquela era a primeira reunião familiar do ano a qual eu estava me incluindo. Preparei uma xícara de café bem forte e caminhei até o dormitório das meninas com uma mão no bolso e a outra segurando a caneca. Durante o trajeto encontrei alguns conhecidos e parei com eles um minuto, queria marcar um tempo com eles para não ser o primeiro a chegar. Digamos que pontualidade não era bem o forte dos Bedoya, ainda bem que essa parte eu puxei dos Montesinos. Eu sabia que se eu surgisse lá naquele horário eu seria o primeiro, primeiro até do que as donas do quarto. — Luan, você tem a lista dos ingredientes da última aula de poções? Eu queria testar sozinho qualquer dia desses. — Aquela aula havia sido intensa, eu quase explodi meu caldeirão, mas com sorte consegui terminar a poção. Pena que não surtiu efeito algum, parecia apenas um suco ruim. — O professor disse que eu errei só na temperatura, se não fosse por isso teria dado certo. — Me gabei com Luan. A dele havia dado completamente errado, e eu prometi ajudá-lo mais tarde, contudo eu queria testar sozinho para ver se conseguia fazer uma poção perfeita. Eu queria impressionar o professor de alguma forma, uma vez que poçologista talvez fosse meu cargo futuramente, eu espero...
Após matar um tempo com alguns amigos (que inclusive eram um ano mais velho) fui ao encontro de meus familiares. Meu café havia esfriado, mas numa demonstração muito exagerada de magia, Otávio conseguiu esquentá-lo novamente, então, bebericando a bebida que agora estava fervendo eu bati na porta do quarto das meninas, já sendo recebido com um "pode entrar" em alto e bom tom. Caminhei com a cara escondida na xícara e cumprimentei discretamente meus familiares. Ao ser implicado por Matteo sobre meu atraso eu ergui a cabeça e sentei na posição de índio naquele cobertor confortável que estava forrado no chão. — Me atrasei propositalmente, obviamente. — Beberiquei mais uma vez o café, mas quase o cuspi quando vi que havia não só uma Lorena, mas duas no local. — ¡Vaya, Cecília! Pensé que estabas muerta. — Exclamei ao ver que a outra Maria estava finalmente entre nós. Aquela era alguma reunião familiar séria? Pois só nos reunimos todos assim quando é algo de extrema importância. Será que havia acontecido mais alguma coisa nessa família fora... bem... eu não queria tocar no assunto. Se mais alguém tivesse partido eu não iria querer, e também não estaria pronto para receber tal notícia. Mas todos reunidos dessa forma me assusta, devo confessar. — Bom, se a Cecília está aqui e eu estou aqui, aconteceu alguma coisa. Então sejamos breves, podem contar sem rodeios. — Quanto mais rápida fosse a notícia, mais rápido seria para aliviarmos as dores juntos, mas ainda infelizmente estavam faltando peças naquele quebra cabeça, como minha irmã por exemplo. Será que ela viria? Ela estava numa vibe tão estranha e andando com um povo tão encrenqueiro, duvido que ela vá aparecer por aqui hoje. — Não, melhor esperarem Liebe aparecer. Se for uma notícia muito ruim eu quero que ela esteja do meu lado. — Bebi mais uma dose de café e encarei todos os presentes. Eles pareciam não entender nada do que eu estava dizendo, como sempre. Aqueles olhares já eram normais para mim, então apenas os ignorei.
big girls dont cry
Lorena estava imersa em sua cantoria e dança de forma que não percebeu a presença da gêmea até que esta começasse a cantar junto a ela. Das poucas coisas que tinham em comum, o gosto musical era uma delas. Sorriu ao ver a irmã se aconchegando e se posicionando como se fosse meditar, mais uma coisa que costumavam fazer juntas. — Fico feliz que tenha vindo. — Não era uma surpresa. Depois da conversa que tiveram naquela manhã, sabia que ela seria mais participativa no grupo de primos e isso a confortava. Gêmeas idênticas não deveriam ficar tão distantes uma da outra. — Mas não, nada de spoiler, precisamos esperar pelo bonde dos atrasados. — Informou a irmã que demonstrou insatisfação, mas não abriria exceções. Não começaria tudo de novo toda vez que alguém chegasse. Inclusive fizera bem, pois tão logo que terminara de deixar a irmã irritada, Matteo se unira a elas. Lorena deu um sorriso feliz ao vê-lo, mesmo sabendo que após a revelação ele riria da cara dela e diria que havia avisado. Ainda assim, era o primo com quem ela possuía uma maior similaridade no que se refere a personalidade. Era gêmea idêntica de Cecília, alma gêmea de Mavis, mas sua personalidade forte, o ânimo para barraco, confusão, o pé sempre dentro de qualquer encrenca que pudesse surgir, nesse aspecto era a dupla do garoto. De longe o primo que ela adoraria ser mais próxima se não tivesse tido o azar de acabar despertando nele uma paixão que o acompanhou por muito tempo e que agora talvez estivesse adormecida, mas ela não tinha certeza. Esperava que sim, pois vê-lo sofrer por ela na fase em que Lora estava não seria bom para ela também. — É agora que começa o ménage dos lobinhos? — Brincou ela, se unindo a eles na rodinha de meditação que estava se formando. Só que no lugar de buscarem o nirvana, buscariam verdades que poderiam soar difíceis.
Um clima tenso começava a se instaurar quando Mavis e Polo chegaram ao local, a primeira toda animada e sorridente, e o segundo com cara de velório. Lorena imediatamente percebeu que talvez ele achasse que poderia ter relação com seu pai, ou que havia algum grande problema na família, e tratou logo de acalmar os ânimos. — Que bom saber que somos dignos das vossas presenças! — Disse em puro tom de deboche. Sabia que embora a prima fosse pontual, não era de se atrasar. Polo era, bem, Polo. Seu atraso era compreensível pois ele era o paparicado dos primos, ninguém o cobraria qualquer coisa. — A reunião não é sobre a morte de alguém. Na verdade, vocês podem ficar calmos. Só vamos expor alguns podres e tratar de reestabelecer os laços entre a família. — Seu tom de voz era sério, mas o rosto exibia um sorriso debochado. Haveria sim uma morte naquela conversa, mas não física, e não uma que fosse magoar mais do que ela e a única outra pessoa no local que sabia de quem que se tratava. — Primeiro de tudo, é bom termos Cecília e Polo aqui. Obrigada por terem vindo. Uma pena a ausência das meninas, mas eu passo o recado a elas futuramente. — Seu tom de voz era similar ao de um narrador de algum evento grandioso, como se falasse com e sobre estrelas mundiais. Era uma pena a ausência das outras, mas o que poderia fazer? Ninguém era obrigado a comparecer aos eventos super importantes que Lorena organizava quando sentia que as coisas estavam fugindo dos planos que tinham enquanto família.
Pegou uma almofada, a depositando em seu colo depois de exibi-la para os presentes. — Essa almofada será o microfone da conversa. Quem estiver com ela está com o poder de fala e deve abrir o jogo sobre o que tem se passado em sua vida. Bem transparentes, pois somos uma família. Julgamentos são bem vindos, mas podem ficar só nas mentes maldosas, não precisam ser ditos. Não vou censurar comentários, especialmente sabendo a repercussão do que eu vou contar acerca de mim, mas enfim, fica o memorando. — Soltou um suspiro, observando a cara confusa de quase todos os presentes. Mavis estava com aquele olhar de quem já sabia o que viria. Pegou a varinha em mãos e lançou: — Abaffiato! — Uma garantia de que os assuntos familiares seriam restritos a exatamente estes. Fofoqueiros de plantão não eram bem vindos. — Pra começo de conversa, a professora Bianca me convidou para ser estagiária de Castelobruxo. Além disso, eu transei com o Arón no ano passado, e bom, não só nessa situação. — Disse pensativa, tentando pensar em número de vezes e não do toque, das sensações. — Ah, e ele fugiu ontem. Deixou uma carta dizendo que precisava resolver uma situação e que precisava fazer isso sozinho. Acredito que não vá voltar, então você está livre, Matteo. Dele, e para dizer que me avisou sobre. — Deu um sorriso forçado, mas mesmo com vontade de chorar, não o fez. Ainda tinha o fato de terem invadido um cena de crime, mas essa informação e a da fantasma ela não poderia contar na presença de Polo e Cecí sem os envolver diretamente naquela bagunça. Então passou a almofada diretamente para Matteo, como balançando os ombros como quem diz “estou pronta, me apedreje logo”. — Sua vez e suas verdades, gatinho. — Piscou, respirando fundo ao vê-lo pegar a almofada da fala. Lá viriam pedras acumuladas desde que entraram em Castelobruxo.
she remembered who she was and the game changed.
Polo apareceu com seu ar de superioridade e foi então que eu me toquei que aquela reunião não seria nem um pouco tranquila. — Polo vindo, e chegando atrasado? Essa é nova... — Quis implicar com meu primo predileto, mas ele não cedeu e eu sentei no cobertor procurando entender o real motivo daquela reunião. Polo tinha dito algo sobre morte, mas creio que não tenha sido isso, já estávamos de boas em relação a esse assunto. Já sabemos que ninguém da família sabe lidar muito bem quando o tópico é luto, tanto que desde a morte dos nossos tios todos têm fingido demência maravilhosamente bem. Eu sequer consegui tocar muito nesse assunto com Liebe e Polo, no entanto, prestei toda assistência que podia, bom, pelo menos ao Polito, que era com quem eu tinha mais contato. — Não é você quem dita as regras, Polo, você acabou de chegar. — Estreitei os olhos e dei um sorriso forçado ao meu primo ao ouvi-lo falar sobre várias coisas aleatórias simultaneamente e sobre querer esperar Liebe. Eu não queria ter que esperar mais ninguém e minha ansiedade já estava querendo atacar com força. Não queria que todos perdessem o foco do principal motivo de estarmos aqui, seja ele qual for. Olhei para Lorena e aguardei que ela explicasse finalmente o que estava havendo naquele quarto, afinal, a ideia de juntar a todos foi inteiramente dela.
Então era isso? Uma terapia familiar? Não sei de onde tiraram que isso seria uma boa ideia nesse exato momento onde todos parecem estar emocionalmente abalados. Eu conseguia sentir os sentimentos de cada um que estava ali presente e isso me deixava ainda mais agoniado, para variar. Arrumei minha postura e prestei atenção em Lorena, tentando tirar o foco de todos aqueles sentimentos que não eram meus, quero dizer, em partes. A almofada, segundo minha prima, seria um tipo de totem, quem estivesse com ela estaria com a fala. Achei a ideia um tanto exagerada, mas não estava na vibe para discutir sobre absolutamente nada, então deixei que ela prosseguisse com seu discurso enquanto prestava a atenção nos demais presentes. O feitiço lançado para abafar o som só me deixava ainda mais tenso, para minha infelicidade minha família não estava nem aí para minha ansiedade, pois todo aquele cenário que fora construído só fazia com que ela piorasse a cada segundo. Eu já estava começando a ficar inquieto e iria explodir em gritaria (embora estivesse me controlando, e muito), quando Lorena começou a falar. Minha prima havia soltado todas as informações seguidas e de forma muito rápida, eu sequer pude assimilar muito bem tudo que aconteceu. Eu havia ouvido certo? Arón havia partido sem dar uma mínima explicação sequer? Eu era o amigo de infância dele e ele simplesmente foi embora sem nem me dizer nada. Nós sequer pudemos nos acertar depois daquela briga idiota do trem, e agora, ele havia partido. Senti-me mal com a notícia e sequer tripudiei da dor de Lorena, a vontade de dizer um "eu avisei" era grande, mas a dor de perder alguém que era praticamente da família era muito maior. Apenas limitei-me a sorrir e peguei a almofada que me fora cedida. — Bem, antes de tudo, eu sinto muito prima. — Disse de forma sincera. Devido a habilidade, eu conseguia sentir o quão doloroso estava sendo para ela a ida de Arón, e talvez para mim também fosse um pouco e ambos os sentimentos estavam se chocando e intensificando-se. Apertei a almofada tentando não cair em prantos na frente da maioria dos meus primos e respirei fundo. — Hum... é, eu também consegui um estágio esse ano, como todos bem sabem. Eu estou no Globo de Cristal agora, pretendo ser jornalista quando me formar. — Confessei olhando para a almofada tentando dar uma notícia boa primeiro antes de chegar nas mais espinhosas e difíceis. Era a primeira vez que eu iria me expor para meus primos daquela forma, então eu estava um pouco sem jeito de falar as coisas, mesmo eles sendo figuras as quais eu convivo desde a infância. — Eu comecei um namoro com o meio irmão do Arón, o Timothée, também não é novidade para ninguém. A novidade mesmo é que nós terminamos recentemente... Fui eu quem terminei na verdade, e eu estou bem antes que perguntem. — Eu ainda não sabia lidar muito bem com o término com Timo, mas sabia que aquela era a melhor alternativa para nós dois. Dois empatas que não sabem controlar muito bem seus poderes só fariam mal um ao outro. Eu me dispus para continuar ajudando como amigos, mas, creio eu, que ele não irá querer olhar em minha cara nunca mais. Uma pena, pois eu ainda nutro sentimentos muito bons por ele, só espero mesmo que ele não se perca no turbilhão que ele mesmo criou. Queria dizer sobre Bianca, caixa, clube dos doze e tudo o mais, contudo haviam Polo e Cecília ali que não poderiam de maneira alguma envolver-se em assuntos desse acontecimento, seria melhor para eles. Por isso, decidi pular para o meu último tópico, meu dom. — E por último, queria dizer que meu pai me mandou uma carta. De acordo com ele eu herdei um dom que vem de sua família. Eu sou empata, e agora eu não sei o que fazer muito bem com esse dom, pois sempre vivi a vida inteira com as emoções a flor da pele, mas não sabia que havia um dom por trás disso tudo, eu achava que era coisa da minha personalidade mesmo. — Disse dando de ombros e aguardando a reação dos demais membros da família e ouvindo-os atentamente. Polo indagou-me sobre o meu dom e eu torci a boca sem saber muito bem como explicar, tudo aquilo era novo demais para mim também, eu não sabia muito a respeito. — Eu não sei muito bem, pelo o que meu pai disse eu consigo sentir os sentimentos alheios e até controlá-los às vezes, mas como eu não controlo o meu dom, é tudo involuntariamente. Talvez tenha sido por isso que Arón meteu um soco na minha cara no trem, e com certeza é por isso que eu vivo numa montanha russa de humores. — Tentei explicar da maneira que podia e evitando olhar para eles novamente eu entreguei a almofada para Mavis. —Chega de falar de mim, vamos para o próximo. — Realmente, eu não queria ser o centro das atenções no momento, mas o que me deixava com medo mesmo era que meus familiares pensassem que eu poderia invadir suas mentes ou vasculhar seus sentimentos de uma hora para outra, assim como Timothée achou que eu faria com ele. E eu realmente fiz, mas a experiência não foi muito boa. Não sei se estaria à fim de repetir.
And it's the thousandth time and it's even bolder, don't be surprised when you get bent over, they told you, but you were dying for it |
Foi quando a almofada foi passada para o irmão que ela começou de fato a prestar atenção. Pois não precisava de muito mais para saber que ele estava guardando segredos. Deveria ficar magoada? Sim, mas na verdade não estava. De certa forma respeitava o tempo e a vontade do irmão de expor seus problemas quando se sentisse confortável para tal coisa. Sobre o estágio ela já sabia, ok. Os sonhos do irmão para o futuro, também. Namoro com o meio irmão do Arón, fofoca mais que velha. Mas que haviam terminado? Quê? Os olhos da garota procuraram os do irmão, tentando retirar dele os motivos que o levaram a acabar com o namoro. Se lembrava bem de como ele tinha falado desse homem que tinha conhecido quando as coisas entre ele e a família não estavam lá nos melhores momentos. Só que tudo pareceu perder a importância quando ouviu o gêmeo trazer o pai a tona. De primeira não soube bem o que sentir quando Matteo revelou que carregava o dom da família paterna. Não era novidade para ninguém a mágoa que ela carregava para com aquele que ela chamava de pai. E talvez fosse por esse mesmo motivo é que não ficou triste ou com inveja do irmão por não ter sido presenciada com o mesmo dom. Mavis tinha adquirido o poder de repudiar tudo o que advinha do progenitor. Se manteve quieta, pois não sabia o que dizer ao gêmeo ou ao que perguntar. O cérebro parecia ter escolhido o momento errado para processar as informações da forma mais lenta possível. A sorte dela - ou azar - era que Matteo logo se retirou do foco, mas escolheu voltar os holofotes justamente para ela.
Pegou a almofada e sentiu vontade de rir de nervoso. — Eu transei com o Aleph. — Falou de uma vez, achou que seria melhor arrancar o band aid de forma rápida. — Sim, o mesmo que gostava de provocar a Lorena e etc. etc. Foi só uma vez e já acabou. — Deu de ombros, como se não fosse algo realmente importante. Deixaria de fora a parte em que tinha acabado magoando o outro e a si mesma. Porque ela tinha sequelas dentro dela que nenhum outro ser humano parecia capaz de entender. Parecia um karma os outros acharem que ela estava brincando quando dizia que não se apaixonava e muito menos namorava. Não ser levada a sério quando estava falando sério a irritava em níveis que nem podia explicar. Passou a almofada para Polo enquanto recebia as diferentes reações dos outros. Não exporia outros problemas porque não eram fatos e sim sentimentos que a incomodavam diariamente. Era assim, sempre ouvia e ajudava a todos, mas quando se tratava dela precisaria levar alguns apertões mais severos para que soltasse o que tinha dentro dela.
|
|