— Bom tarde, pessoal! — Sorriu aos colegas assim que passou pela porta do Laboratório. Seu expediente tinha começado um pouco mais tarde naquele dia e diferente do costume, tinha tomado o cuidado de passar em algumas alas para ver quais poções estavam em falta. Não que ela precisasse fazê-lo já que outros funcionários se encarregavam daquele trabalho, levando os relatórios até a Poçologista. Mas às vezes ela gostava de ao menos ajudar aqueles que estavam sobrecarregados demais. — Es tan mágico cómo todo pasó, en nuestro amor. Nuestro amor. Nuestro dulce amor. — Capitu cantarolou baixinho enquanto ocupava uma das bancadas livres do Laboratório logo após vestir seu jaleco. Depositou a bolsa ao lado e resgatou os papéis que se encontravam dentro dela. Assim como uma caneta. — Hmm, vamos ver… Poções Limpa-Feridas, Poções do Cessar, Pasta para Queimaduras, Poção Esquelesce. — Foi sublinhando as poções que precisavam ser repostas com urgência, pois era por aquelas que deveria começar. Optou começar pela Poção Esquelesce, pois aquela constava como uma das mais necessárias. Tinha a função de fazer os ossos crescerem, sendo muito útil em várias das Alas do Hospital. — Es tan fácil que ya nada me sorprende en nuestro amor. en nuestro amor. Este increíble amor. — Continuou cantando baixinho enquanto se levantava do banco e ia atrás do que precisaria para realizar as primeiras poções. Pegou o caldeirão e o depositou sob o fogareiro na bancada. Depois foi atrás dos ingredientes: ossos de dragão, birita em pó, visgos fumegantes das Montanhas de Fogo, sangue prateado de unicórnio, 1 Pedra da Restauração, 2 folhas de duas figueiras cáusticas de abissínia, 10 lágrimas de uma fênix adulta e 1 pena de falcão.

Com os ingredientes sobre a bancada, resgatou a varinha para dentro do caldeirão. — Aguamenti! — Preencheu o caldeirão com água e foi intercalando com azeite até a metade. Logo após apontou a varinha para o fogareiro abaixo do caldeirão. — Larcarnum Inflamarae — Recitou o feitiço, fazendo com que uma chama fina saísse da varinha para que o fogareiro se acendesse. — Agora… Ferver. — Enquanto esperava deu uma olhadela nos ingredientes que precisaria para fazer a Pasta para Queimaduras. Ao fazer isso, pegou as 11 folhas de menta e a bile de tatu. Com o gelo seco para depois, já que podia derreter, deixou os ingredientes separados dos que estava usando no momento em cima da bancada. E então constatou que a mistura no caldeirão já estava fervendo. Acrescentou os ossos de dragão, a birita em pó, os visgos fumegantes das montanhas de fogo, o sangue prateado de unicórnio, o pó de chifre de rinoceronte, a pedra da restauração, as folhas de figueiras cáusticas de abissínia, usou um conta gotas para depositar as 10 lágrimas de fênix e por último colocou a pena de falcão. Exatamente nessa ordem. Deixando o fogo no alto, com o auxílio de uma colher começou a mexer na mistura de forma lenta e com precisão, tomando o cuidado para não perder o ritmo. — Todo fue como en un sueño en nuestro amor, todo va sucediendo. — Cantarolava ao realizar a tarefa, deixando que um sorriso ligeiro tomasse os lábios. Adorava aquele trabalho, não havia nada mais encantador que aquele tipo de trabalho. Continuou mexendo até que a substância ficasse homogênia, espumante e com uma coloração vinho e apagou o fogo. Soube que a poção estava pronta, pois a mesma produzia fumaça.

— Capitu! Estamos precisando de Poções Esquelesce na Ala de Danos Causados Por Magia. — Os olhos da mulher se voltaram para a porta, de onde vinha a voz que tinha a chamado. Não era a única naquele laboratório, mas provavelmente os outros estavam mais concentrados em suas próprias pesquisas enquanto que Capitu se concentrava em fazer o trabalho referente ao hospital primeiramente. — Chegou em um bom momento, acabei de fazer uma. Só um minuto que eu preciso colocar nos frascos. — Sorriu para a mulher e resgatou alguns frascos. A Poção fora o suficiente para preencher cinco deles. Também tomou o cuidado de etiquetar os vidrinhos para que não fossem confundidos com outros. — Eu soube que a Ala de Ferimentos Causados por Criaturas está precisando de Pasta Queimaduras. — A outra apontou enquanto Capitu depositava os frascos em uma caixinha. Entregou-a nas mãos da enfermeira e sorriu. — Eu estou sabendo, passei lá mais cedo! Se for para lá, diga que estou produzindo. Mas se tiverem precisando com urgência, a Ala de Acidentes com Artefatos Mágicos ainda tem algumas no estoque. — Falou rapidamente, se voltando para sua bancada. — Tergeo! — Usou o feitiço para limpar o caldeirão. — Quer ajuda, Capitu? — Ergueu os olhos e sorriu para uma das meninas do laboratório. — Ah! Seria bom. Poderia confeccionar algumas Poções Limpa-Feridas? — Perguntou e sorriu quando a outra assentiu e se moveu para começar a ajudar.

Pegou um copo graduado e o preencheu com 400 mililitros de água salgada. Despejou a água no Caldeirão e acendeu o fogo mais uma vez. Pegou uma tábua e depositou as folhas de menta em cima dela, com o auxílio de uma faca passou a picotar as folhas enquanto esperava que a água se aquecesse. Ficava monitorando até que ela chegasse ao ponto certo. Sendo esse aproximadamente 70ºC. Feito isso e com as folhas devidamente picadas em pedacinhos mínimos, as despejou no fundo do caldeirão. Enquanto esperava que as folhas dissolvessem, pegou o pilão e o deixou em cima da bancada. Precisaria para preparar o gelo seco. Após aproximadamente 10 minutos, não havia mais resquícios da folha e Capitu abaixou o fogo ao constatar isso. Foi para o próximo passo então: acrescentou a bile de tatu inteira e começou a mexer a colher em movimentos firmes em sentido anti-horário até que a bile se dissolvesse assim como as folhas e produzisse uma substância pastosa. Com o passo feito, pegou cinco cubos de gelo seco e os jogou dentro do pilão. Para essa instrução precisava de agilidade ou a poção toda daria errado, então passou a triturá-los rapidamente antes que derretessem. Apagou o fogo logo após terminar e acrescentou os cubos de gelo triturados a mistura. Então voltou a mexer com a colher novamente em movimentos firmes, mas dessa vez em sentido horário. Observou enquanto a substância concentrada e de uma coloração vermelho-clara, indicando que já estava pronta ao chegar a esse ponto. E deixou ali esfriando por alguns minutos.

— Como está indo aí? — Se aproximou da outra funcionária que tinha se disponibilizado a ajudar. O caldeirão estava fechado naquele momento. — Tudo certo, você sabe. Está em processo de infusão por agora. — A outra mulher disse, fazendo com que Capitu sorrisse. — Ótimo, não deixe passar dos 15 minutos. — Pediu de modo gentil, qualquer minuto era sagrado naquele momento. E então voltou para onde estava. Enquanto esperava que a pasta esfriasse arrumou quatro recipientes e os etiquetou com o nome da Pasta para Queimaduras. E assim que esta estava fria o bastante, colocou o conteúdo nos recipientes. (...)

Já eram mais de 22h quando Capitu decidiu que era hora de dar uma pausa. Tinha passado o resto da tarde e parte da noite só confeccionando poções. Tantas que sua bunda estava doendo de ficar sentada por várias horas. Bem como as pernas doíam, porque mesmo que tivesse ficado sentada por bastante tempo, também tinha passado boas horas indo para lá e para cá só na busca por ingredientes, entrega de poções, organização das prateleiras e afins. — Alguém precisa de alguma coisa com urgência? — Questionou aos outros colegas e ao receber uma negativa, se levantou da mesa e saiu do Laboratório. Precisava de uma boa dose de café e alimentar o estômago que aquela altura já estava mais do que reclamando de fome.