será que vai?

A loira arfava de tanto cansaço, seu namorado havia terminado a reforma com ela e resolveu sair para comprar uns Donuts e Milkshakes.

-Meu Deus! Eu não sabia que ser dona de loja seria tão difícil! Cansei!-

Amélia então resolveu se sentar para descansar um pouco. Ela viu que coincidentemente seu notebook estava em cima da mesa à sua frente, ela então resolveu checar seu anúncio que havia postado mais cedo.

-Por favor, preciso muito de ajuda, meu Jesus Cristinho que tenha pelo menos um currículo, seja quem for, pode ser um mendigo ou um pai de família de 10 filhos, não importa, só me manda aju… oh!?-

Ela então se surpreendeu por encontrar um pedido de entrevista com o currículo da candidata. A gordinha estava desesperada por ajuda que depois de ver a resposta para seu anúncio, tentou marcar a entrevista para o final da tarde, ela então teria tempo o suficiente para se recompor e comer seu lanchinho com o amor da sua vida.

"Querido Guido,

Primeiramente, estou bem. Encontrei com o meu irmão mais velho, Ares, tivemos uma longa conversa sobre tudo. Ele não me rejeitou, mas vai precisar de um certo tempo para se acostumar com tudo. Eu não posso julgá-lo, eu sabia que não seria fácil para ninguém, muito menos para ele e meus pais. Ainda não tive coragem de encarar meus progenitores, isso será bem mais difícil do que eu pensei que seria. Estou ficando num hotel, por enquanto. Decidi que seria melhor assim. Já estou sentindo sua falta, falta dos nossos drinks no L'amour. Vou levar um tempo para me acostumar novamente com a vida por aqui. De qualquer forma, tenho uma notícia boa, uma que eu sei que vai gostar. Consegui uma entrevista de emprego numa conceituada grife daqui. Estou te mandando essa mensagem para que me deseje sorte. Não esquece de mim, prometo não te esquecer. Aliás, nem a Jhessy. Mande beijos para ela. Vocês foram incríveis para mim, jamais poderei pagar isso. Um beijo cheio de saudades para vocês."

Aphrodite enviou a mensagem para o whatsapp do velho amigo parisiense, dele só guardava boas lembranças. Ele e sua namorada, Jhessy, haviam sido pessoas fundamentais em seu processo de transição. Sem que a família soubesse de nada, eles foram os únicos a estar ao seu lado no dia de sua cirurgia. Recordava-se de Guido e Jhessy segurando suas mãos quando acordou. Aquilo era algo que o dinheiro não podia pagar, a consideração, o afeto, a compreensão e aceitação de sua condição. Sentiria saudades por muito tempo, tempo que demoraria a passar longe de Paris. A loirinha colocou um vestido rodado de cor verde e um par de saltos dourados, terminado por finalizar com um lacinho delicado em seus cabelos. Pegou uma bolsa de ombros da mala, seria suficiente para levar todos os documentos necessários, não sabia se seria contra a ou não. Era melhor prevenir.

Fazia anos que não ia até as Galerias da 25, a última vez foi no início de seu sétimo ano em Castelobruxo. A loja era um pouco antiga, ela ainda lembrava onde ficava, apesar de desconfiar que a administração havia mudado. Aphrodite guardou a varinha na bolsa, selou os lábios com um batom claro. Estava pronta para partir. Deu uma última olhada no reflexo do espelho, gostou daquilo que via. Desaparatou do lugar. Ao surgir nas ruas movimentadas das galerias, Aphrodite olhou ao redor. Um misto de emoções do seu seu peito. Nostalgia, tristeza, alegria, tantas coisas que ela não sabia como administrar bem. As recordações de caminhar com Ares por aquelas ruas, pois seus pais estavam sempre muito ocupados com seus respectivos ofícios. Era difícil controlar as vontades de usar os muitos vestidos da Túnicas Esmeralda, principalmente em frente ao irmão mais velho. Ajeitou sua postura e passou a descer pela rua principal, seu caminhar era delicado e calmo. Haviam tantas incertezas em seu coração, principalmente no que se referia aquele emprego. Não podia depender dos pais, apesar de já não o fazer desde que conseguira o estágio na Vogue. Não era capaz de imaginar a reação deles quando a vissem, quem diria imaginar eles lhe dando dinheiro?

Além do mais, Aphrodite queria trabalhar, ser independente. Mesmo que não tivesse que provar nada para ninguém, gostaria de ter o que desejava para pessoas trans como ela, emancipação e uma carreira de sucesso. Podia parecer que um mero emprego numa boutique era algo pequeno diante da Vogue, todavia, ela enxergava aquilo como um novo começo. Ninguém começava de cima, não seria ela uma exceção. Avistou a fachada da Túnicas Esmeralda, não estava muito longe do local ao qual tinha desaparatado. Caminhou até a entrada e fez uma prece:

- Que seja eu, que eu consiga… - Respirou fundo.

A jovem Rayleigh abriu a porta da loja, adentrando no espaço totalmente diferente do que ela conhecera no passado. Não somente a entrada, como também o interior, tudo possuía uma nova cara. Alguns clientes aqui, outros ali, a loja ainda parecia bem movimentada. Avistou uma mulher não muito mais velha que ela, a mesma atendia um casal. Ela deveria ser Amélia, a nova dona do estabelecimento. Quando viu a loirinha, Amélia fez um aceno para que esperasse. Aphrodite ficou a olhar as confecções da loja, algumas bem chamativas e bonitas. Todo aquele lugar me fez lembrar do meu filme preferido: O diabo veste Prada. E com esta lembrança, logo me veio uma citação em mente. "Se quiser viver essa vida, escolhas são necessárias." - A frase de Miranda Priestly reverberou em sua cabeça, mesmo que aquela moça não parecesse ser tão dura quanto a protagonista da obra.

Aphrodite aguardou a proprietária terminar de atender a clientela, estava paciente em seu cantinho. Não muito depois de embalar algumas comprar, Amélia aproximou-se da jovem Rayleigh. Tendo se apresentado, estendeu a mão. Aphrodite apertou a mão da outra loira, dizendo com sua voz delicada e doce:

-Muito prazer, sou Aphrodite Rayleigh. - Sabia que quando dissesse o sobrenome seria reconhecida pela fama de sua família, mas não podia evitar. - Muito obrigado por ter tempo para me entrevistar. Aqui está o meu currículo. - A loirinha pegou uma pasta da bolsa e estendeu para Amélia.

Nutria esperanças de que ela se surpreendesse com sua experiência e escolaridade, que visse nela algo especial. Aphrodite necessitava muito daquele emprego.

Jesus, me ajuda

-"Claro, claro, sim senhor e senhora da Fonte, eu vou terminar de empacotar isso para vocês, já coloquei também no sistema o seu pedido para...."- A loira percebeu a outra loira entrando na loja, se animando assim para a entrevista. -"Ah sim, o vestido de praia, não se preocupa que até o verão tá pronto"- Gargalhou de leve se despedindo dos clientes.

Amélia se dirigiu até a moça que aguardava pacientemente pela sua atenção, respondendo então o gesto de cumprimento.

-"Ah, a anja que veio para a entrevista chegou, muito prazer, me chamo Amélia Brandão, mas pode me chamar de "Tia das túnicas esmeralda" ou até mesmo "Amy a gorda", apelidos são que nem gliter, quando pega uma vez, não sai mais de você, mesmo se você tentar tirar, não é mesmo?"- Amélia falava tudo com um tom descontraído, como se isso não fosse nada.

-"É um prazer recebe-la aqui. Vem aqui no cantinho de experimentar roupas, temos duas cadeiras lá e eu posso ficar de olho se alguém chegar ou tentar roubar algo"- Falava em tom de brincadeira acompanhando a moça até as cadeiras na frente do provador.

Ao chegar no destino pediu para ela se sentar, se sentando logo quando ela o fez. Depois disso, começou a analisar o currículo.

-" Então senhora... ou devo dizer senhorita? Não sei se é casada e não quero lhe desrespeitar, eu mesma estou confiante que logo mais vou me casar e..."- Ela então limpou a garganta -"Perdão as vezes eu falo demais, é um costume que é difícil de desacostumar e eu tenho que me manter profissional aqui"- Desculpou-se tentando descontrair com a situação, logo ficando nervosa, pois queria causar uma boa impressão e conseguir a ajuda da garota.

Seu rosto começou a ficar mais pálido por causa do nervosismo, podendo-se notar algumas gotinhas de suor descendo pela lateral do mesmo.

-"Ai meu deus, me desculpa! Eu nem ofereci nada para beber! Quer uma água, um suco ou um refrigerante? Eu prefiro milkshake, sabe?"- Disse ela ao perceber que as duas estavam visivelmente nervosas. Logo pedindo licença, se levantou  foi buscar as bebidas para as duas.

-"Eu sou meio atrapalhada, não queria ser rude. Por favor me conte mais sobre você .Por que você escolheu nossa loja?"- Perguntou Amélia tomando um pouco do milkshake.

Uma vez no provador ao qual haviam duas cadeiras, Aphrodite retirou a bolsa dos ombros e colocou no chão. A loirinha ainda não tinha absorvido os apelidos usados por Amélia e, mesmo que ela tivesse se apelidado de "Amy Gorda" parecia um grande influência de como as pessoas a tratavam. Isso era, de fato, lamentável. A jovem Rayleigh logo percebeu uma conexão com a proprietária da loja, ambas fugiam do estereótipo do que a sociedade julgavam adequado e normal. Aphrodite se acomodou na cadeira, dizendo em resposta ao que Amélia havia dito acerca de seu nome e apelido:

-Bom, se me permitir, a chamarei de Miss Brandão ou MEL. Isso parece mais adequado para mim. Eu também já tive de lidar com alguns apelidos, não gosto de me recordar disso. Sobre o "Senhora" ou "Senhorita", pode chamar de senhorita, ou somente Aphrodite. Não possuo marido.

Ela gostaria de fugir do modo explicado e sempre sério da família, no entanto, era mais difícil do que parecia. A essência política e jurídica se fazia presente nela. Procurou sua bolsa e puxou mais algumas coisas de lá, seu Trabalho de Conclusão de Curso e um pen drive que continha o seu vídeo fashionista para Vogue, de Madonna. Aliás, foi essa última que inspirou a sua vida e a sua carreira na moda. Aphrodite tentou não focar na lembrança de Leonard que passou pela sua mente, ouvir sobre matrimônio e relacionamentos a fazia desabar por dentro. A loirinha estendeu o material para Amélia:

- Acho que uma água estaria de bom tamanho, obrigada. - Fez uma pausa breve. - Aqui está mais do meu material. Esse é meu trabalho de conclusão de curso, e aqui temos o meu vídeo reconstruindo VOGUE, da Madonna. Ah, antes que eu me esqueça.

Aphrodite se mexeu em sua bolsa outra vez, retirou uma pasta com diversas de suas criações, boa parte delas eram roupas para todos os gêneros. Entregou o resto do material para a dona da loja. Apesar de confiante e sistemática, a jovem Rayleigh ainda tinha suas incertezas gritando no fundo de sua mente. A loirinha processou sua resposta para a pergunta de Amélia, dizendo com sua voz aveludada e simpática:

- Eu me chamo Aphrodite Von Goethe Rayleigh e, antes que pergunte, sim, sou irmã mais nova do Ares Rayleigh. Bom, eu sei que vivemos numa era de internet e onde fofocas maldosas se espalham rapidamente, então quero dizer algo por mim mesma. Eu sou trans. - Aphrodite disse aquilo com orgulho, de alguma forma imaginava que a outra não teria problema com aquilo. - Ou seja, antes que façam algum comentário sobre isso, estou deixando isso claro para vós. De coração, espero que isso não seja uma barreira. Eu estudei na Sorbonne Nouvelle, como pode ver em meu currículo e no trabalho do curso de moda. Conclui, passei para ser estagiária na Vogue.com, porém, uma virada do destino me trouxe de volta para o solo brasileiro. Eu vi a vaga disponível na internet, decidi tentar. Acho que posso fazer um pouco de diferença aqui. - Um sorriso entusiasmado tomou conta do rosto da loirinha. - Meu sonho é criar minha própria marca, uma marca fashion para todos os tipos de pessoas e gêneros. Eu acredito numa moda independente do gênero. A moda é um ato político, um ato de expressão.

Aphrodite havia soado como seu pai e Ares, alguém totalmente politizada. Embora não parecesse, ela sabia como cuidar de assuntos políticos, mas isso era algo para um outro momento. Um momento que chegaria em sua hora certa. Continuou sorrindo em direção à Amélia, um sorriso genuíno e solar.

- Acho que é isso, falei as coisas mais importantes. Agora é com a senhorita, espero que possa me dar uma chance de mostrar o quanto eu e a moda somos uma equação bela. - Aphrodite jogou parte dos cabelos para trás.

Vamos lá!

Amélia arregalou os olhos e abriu a boca espantada com o que a entrevistada havia confessado.

-P-P-Pera! Você estudou na França? Eu sempre quis ir para a França fazer moda para modelos Plus size! - Comentou Amélia entusiasmada.

-Hã? Ah, não eu não ligo sobre você ser trans, não se preocupe com isso.- comentou ela. - Nos meus tempos escolares eu sofria bullying, eu não tenho motivo algum para praticar aquilo que faziam comigo. Mesmo depois da escola, quando comecei a trabalhar em uma certa empresa que prefiro esquecer que trabalhei lá, eu tinha que ser submissa à minha chefe. Mesmo sendo uma companhia de moda para pessoas Plus Size, a minha chefe era gordofobica demais, mas como precisava de um bom capital para começar com meu próprio negócio, eu não podia simplesmente me demitir. Então cá estou, na posição da minha antiga chefe, te prometendo que não vou ser como ela, nem como aqueles que nos trataram mal! - Amélia falou aquilo com um brilho imenso nos olhos enquanto mostrava confiança perante Aphrodite.

-Enfim, eu não tenho motivo nenhum para não contratar essa garota maravilhosa e talentosa! Eu vou adorar trabalhar contigo! - Disse a gordinha se levantando do seu assento indo a direção de Aphrodite, logo abraçando-a um pouco mais forte que devia, por causa de sua animação.

-Aliás, a senhorita pode começar quando quiser. De preferência o mais rápido o possível... Cuidar de uma loja dessas é trabalho demais para uma pessoa só... Acredita que eu vou dormir todos os dias mais ou menos uma da manhã e acordo as seis? Ah eu tenho que te mostrar a loja toda! Vamos! Vamos! - Disse ela completamente ansiosa com sua nova colega de trabalho.

Amélia fez um tour com Aphrodite pela loja, mostrando todos os menores detalhes, agora mais descontraída, despreocupada e agora com um leve rubor no rosto, que antes estava quase sem cor por causa do seu nervosismo.

Por fim, elas chegaram até o ateliê da loja, ele estava um pouco desarrumado por conta da preguiça e dos longos tempos de trabalho.
-Então, essa aqui é a sala onde a "mágica" acontece. - Disse Amélia apontando para a máquina de costura velha sobre a mesa com alguns tecidos e desenhos.

-Esta máquina de costura foi dada pra mim pela minha avó quando eu era pequena, foi fazendo roupas para mim que comecei a amar costurar. - Falou ela com um ar de nostalgia.

-Senhorita Aphrodite, vamos juntas alcançar nossos sonhos! Vamos fazer roupas maravilhosas que todos vão amar! Bruxas e No-Maji! Pessoas de todas as cores e tamanhos! Vamos chegar ao topo! - O entusiasmo de Amélia ecoava pela pequena sala.

Então Amélia havia gostado dela, isso era mais do que metade do caminho andado. Aphrodite ficou em silêncio e deixou que a outra loira disse tudo que tinha para falar. Como boa ouvinte que era, Rayleigh manteve-se atenta ao dizeres da sua provável futura chefe. Num país com tantos preconceitos diversos, não era difícil imaginar que Amélia não tivesse sido mais uma a sofrer daquele mal secular. Aphrodite tinha certo receio por demonstrações afetivas, tanto que estremeceu um pouco Com o abraço da outra. Ainda assim, correspondeu o gesto, sendo simpática e empática para com a moça. Uma parte do seu coração se alegrou com o comportamento acolhedor da dona da Túnicas Esmeralda, algo que era muito difícil para a estilista. Havia algo na outra loira que a fazia sentir-se bem em estar em sua presença.

Aphrodite foi guiada por Amélia para conhecer a loja. Pelo horário, o movimento de clientes estava bem reduzido. Aquilo proporcionou que a jovem Rayleigh pudesse ver cada canto da loja com a mais pura tranquilidade. A compreensão de Amélia acerca do início de suas atividades a deixou mais aliviada, pois iria até Altstadt no dia seguinte. Deveria encontrar Marise e Ludwig para terem a conversa evitada por anos. Pontuando ainda mais a questão, Aphrodite disse para Amélia:

- Seria ótimo se eu pudesse começar depois de amanhã. Vou encontrar meus pais, devemos ter uma conversa que está sendo adiada há muitos anos. Porém, independente disso, estarei pontualmente aqui para começar o ofício depois de amanhã. - A loira ajeitou os cabelos atrás das orelhas. Seu rosto coberto por um misto de sentimentos.

Continuaram sua pequena viagem pelo interior do estabelecimento. A Túnicas Esmeralda não era como as lojas extremamente luxuosas de Paris, mas era dotada de um charme e sofisticação natural. Aphrodite não tocou em nada, o medo de derrubar ou danificar era grande o suficiente para fazê-la se conter diante da iminente curiosidade que sempre esteve presente em sua para o personalidade. A loirinha admirou o ateliê que estava localizado ao fundos da loja, bem como a antiga máquina mostrada por Amélia. Sua avó, mãe de sua mãe, era detentora de um modelo semelhante aquele. Uma leve nostalgia percorreu todo seu ser naquele momento.

- Minha avó, a qual não está mais aqui, era dona de uma máquina igual a essa. Ela ainda parece em perfeito funcionamento, me lembro que a costura é bem leve e bem feita. Fiz meu primeiro casaco na máquina dela. - Aphrodite tocou delicadamente no objeto, foi como se avó estivesse ali outra vez.

O entusiasmos de Amélia continuou o mesmo, mas a frase dita por ela, aquela carregada de positividade, foi o escape perfeito para que Aphrodite percebesse que deveria confiar mais em seu potencial e no que tinha para oferecer ao mundo da moda. A loirinha olhou para a outra, permitiu que suas mãos se fechassem em torno das mãos de Amélia:

- Eu vim aqui desacreditada, mas suas palavras me provaram que eu estava errada. Vamos realizar nossos sonhos, eu creio nisso. - A loirinha sorriu, teve de conter uns pequenos saltinhos que seu corpo desejava dar naquele momento.

Espero que para sempre

Amélia finalizou a tour da loja, ela havia mostrado tudo que Aphrodite precisava ver.

As duas seguiram até o caixa da loja, que foi onde as duas sentaram na frente do computador e fizeram um contrato onde ambas as partes estavam satisfeitas com os termos.

No contrato constavam todas as tarefas da jovem na loja e o número de horas semanais que ela poderia trabalhar sem precisar se cansar ou se preocupar com o bem estar de Amélia, que passava mais tempo na loja que em casa.

Logo em seguida, Amélia pegou seu tablet e abriu o calendário, já reservando as férias da moça, para que ela não precisasse se preocupar com isso depois. É muito importante planejar isso para evitar conflitos entre as férias de ambas as partes.

Ao final disso tudo, Amélia assinou a carteira de trabalho de Aphrodite utilizando a sua caligrafia mais bonita, que acompanhava de um carimbo personalizado da loja que seu noivo Petrus havia lhe presenteado na inauguração.

-"Pronto, agora você é oficialmente funcionária da loja! Vamos comemorar! Eu vou pedir donuts e milkshakes para nós duas!"- Disse ela batendo palminhas antes de pegar o celular para pedir o "jantar comemorativo". Ela presumiu que Aphrodite não comeria tanto, por isso ela pediu apenas alguns a mais que o de costume.

Naquela tarde então, elas comemoraram, tanto o contrato, quanto o início de uma nova amizade. Amélia sabia que um dia Aphrodite iria sair da loja para criar sua própria marca, aquilo deixava ela feliz, pois ela sabia que a jovem tinha um futuro brilhante pela frente. Ela iria se lembrar de tudo que elas passaram juntas, os bons e os maus momentos.

Esse é o problema em ser dona de loja, um dia, seus funcionários vão sair da loja para seguir os sonhos deles, assim como ela seguiu o dela.

Ao se despedirem, Amélia olhava para a bela moça sair da loja. -"Eu nem acredito que tá dando tudo certo. Queria poder ter o contato de todos que tiraram onda de mim nos tempos de escola, eu iria esfregar na cara deles que eu fui muito mais longe do que eles jamais imaginariam que eu iria."- Comentou Amélia para si mesma, logo pegando seu corpo de milkshake e tentando dar um gole, ela percebeu então que o mesmo estava vazio.

Um olhar de tristeza e frustração tomou conta do seu rosto. -"DESCULPA KARMA, EU VOU TER PENSAMENTOS BONS DA PROXIMA VEZ. NADA DE VINGANÇA "- Falou ela alto para si mesma irritada ao jogar o copo no lixo.