Já era fim do mês de junho, tanta coisa havia acontecido na escola até ali, e tanta coisa ainda permanecia sem uma explicação ou entendimento. Era clareira interditada, ao mesmo tempo que era usava vez outra para aulas mais... “desafiadoras”. Eram criaturas postas ao redor dos terrenos para proteger os limites do castelo e seus moradores, ao mesmo tempo em que tais criaturas podiam acabar por avançar nos alunos, de forma que os alunos precisavam aprender a se defender de tais criaturas, e para isso mais uma vez a clareira de magizoologia era usada. Surtada, era assim que estava a cabeça de Miguel, não conseguia mais acompanhar ou compreender o rumo que as coisas estavam tomando em Castelobruxo, muito menos no restante de todo o mundo mágico brasileiro ou latino-americano.

Desde a morte da antiga diretora, Guel havia percebido as coisas tomando rumos completamente inusitados, mas foi mais do início de 2020 para cá – principalmente para ele mesmo depois da inesquecível festa de ano novo – que tudo começou a ficar inacreditável. O acontecimento de 3 de maio foi o auge de todas as notícias, e mesmo assim, já era fim de junho e a vida continuava a “mesma”. Assim como tudo se mantinha aparentemente intocável e perfeito, o Assis também tinha seus afazeres para cumprir, e um deles lhe preocupava muito, que era ajudar a desenvolver a vivência das criaturas mágicas no castelo para uma experiência boa para todos – fosse boto, homem de jade, mãe d’ouro ou mesmo bruxo.

No início do ano, para alegria do docente magizoologista, a lei que decretava possível a participação de criaturas mágicas na escola de magia para aprender magia assim como bruxos humanos havia finalmente entrado em uso, mas agora, para seu desgosto, precisava auxiliar os bichinhos lindos de seu coração a viverem em sociedade bruxa. Brincadeira, ele amava fazer aquilo, por vezes, acabava aprendendo mais sobre as criaturas e com as criaturas que precisava ajudar, e com Luna nunca era diferente.

Apesar das dificuldades de controlar suas chamas no início, quando ficava surpresa ou assustada com algo – o que era comum para uma mãe d’oro que nunca havia estado entre tantos bruxos com hormônios à flor da pele –, a Flores mostrava-se disposta a continuar, se desenvolver e melhorar sua vivência dentro da escola. Para surpresa de Guel, até para um dos times de quadribol a menina havia entrado. ”Deve ser uma dificuldade imensa ter a capacidade de voar livremente, mas mesmo assim se conter em subir em uma vassoura para disputar em voo com os demais.”, a admiração do Barni pela loira era tremenda.

Quando a aluna chegou em sua sala, Miguel nem tentou esconder o sorriso, indicando a cadeira para que a mesma se sentasse, mantendo a porta da sala aberta. – E então, Flores, algo diferente vem acontecendo do último mês para cá? Como foi a experiência com o quadribol? As férias estão chegando, o festival das Caiporas também, acha que dessa vez teremos a honra de sua presença entre nós? – com um sorriso no rosto, ia perguntando conforme a menina ia respondendo, em seu tempo e à sua vontade.