Uma coisa que aprendi com a experiência, foi que nós obstetras e até mesmo as mães eram apenas serviçaos do bebê a caminho, principalmente no dia de seu nascimento. Era ele ou ela quem decidiam a hora e momento de vir ao mundo independente de nossos esforços para acelerar o processo, a menos é claro que fosse uma emergência. Naquela tarde acompanhava uma de minhas pacientes naquele que seria um dos momentos mais lindos e importantes da sua vida, que era o nascimento de seu primeiro filho. Havia sentido as dores iniciais na tarde do dia anterior, sua bolsa havia se rompido a tempos, e mesmo assim a criança insistia em permanecer no útero - Ele deve estar tímido. - Comento para a mãe de primeira viagem com um sorriso na face, mas já me sentia impaciente. Pelos protocolos ainda não poderia forçar o nascimento pois a fase ativa mal havia começado e a mãe se recusara de todas as formas a realizar uma cesariana, mas ouvindo as minhas preces logo o clima do lugar é alterado, a calmaria dá lugar a movimentação das enfermeiras e todos ficam a postos depois que os dez centímetros finalmente são atingidos.
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Partos naturais tanto bruxos quando não mágicos eram muito semelhantes, já que a natureza se encarregava de todo o processo. É claro que tínhamos vantagens com as poções e feitiços para dores, complicações e exaustão, mas o esforço continuava sendo quase todo da parturiente, e no caso daquela sua tortura logo chegaria ao fim - Vamos lá, mais uma vez Maria... Quando sentir a contração.... Empurre! - Meu trabalho ali era mais assistir e garantir que tanto bebê quanto placenta seguiam o script normalmente, e mantenho-me aliviada quando tudo parecia certo - Ele já está saindo. Empurre com força agora, está bem? - Maria havia optado por ter apenas a equipe médica ao seu lado naquele momento, e assim como uma das enfermeiras segurava suas mãos, mantinha as minhas prontas para o serviço que viria a seguir. A cabeça da criança havia surgido tão logo dera espaço para os ombos numa posição correta, de forma que pude apoiá-la com tranquilidade. Segundos se passam daquele momento até o que eu seguro a criança totalmente fora do ventre da mãe em mãos, habilmente colocando a criança sob o colo da mãe até que seu cordão umbilical pare de sangrar. Uma das enfermeiras dá início ao processo de aquecer o bebê enquanto a outra me auxilia no processo de retirada da placenta e corte do cordão, toda a sala banhada ao som de choro do recém nascido. O pediatra também se fazia presente, realizando uma breve checagem logo são ditos números satisfatórios, que em termos médicos sinalizavam o estado de vida da criança, no que trato de traduzir para a paciente - É um menino muito saudável, parabéns! - Seus olhos estavam marejados de felicidade, totalmente distraída com sua prole enquanto finalizava os processos de limpeza para que a mulher fosse liberada para o quarto. Exatas vinte e uma horas após a entrada no hospital Maria ia para o quarto com seu filho, e a preocupação da equipe com problemas posteriores fora descartada. Sigo direto para a antesala de preparação, tiro a roupa médica utilizada para o procedimento e não perco tempo em pegar novamente a prancheta da paciente, já que em minutos teria que fazer a primeira avaliação do puerpério.