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Estudar todas aquelas plantas de difícil cultivo faziam o batedor por a mente para funcionar, e nem se tratava de uma tentativa de compreender melhor a estrutura das espécies, ou seus usos e perigos. Daquela vez, a mente de Vicente ia um pouco mais além.
O Brasil era rico em espécies da flora e, ele bem se lembrava da professora do ano anterior sugerindo que certamente os bruxos não tinham conhecimento de todas as plantas existentes em território nacional. Mas a escola de magia fazia questão de educar seus pupilos com o maior nível de conhecimento possível, daí o capítulo de plantas que ele, muito possivelmente, nunca viesse a encontrar. Daí o foco de seu pensamento naquela manhã, enquanto os pés agitavam na água fresca do riacho dos botos.
O all-star havia ficado pra trás assim que o garoto vira a água. Se tinha que estudar, que fosse sentado ali. Dizer que nem sequer tinha tentado estudar na biblioteca seria mentira. Ele tinha tentado. Mas era tudo tão silencioso. Ali fora também não se ouvia grandes sons, mas os pássaros cantavam e a água corria, e para ele era o suficiente.
O fato é que talvez ele quisesse encontrar aquelas plantas de difícil cultivo, estuda-las, escrever sobre elas, mas para isso, precisava melhorar ainda mais seu desempenho. No ano anterior, enquanto tentava melhorar as notas pra se tornar capitão, pareceu fazer um esforço monumental. Agora, vendo que faltava tão pouco tempo para se formar, sentia que o seu esforço tinha sido irrisório, tão pequeno que de nada adiantaria. Queria mesmo seguir aquele caminho? Bem, então que focasse sua atenção nos livros, com a mesma garra que perseguia balaços no campo de quadribol.
Passou os olhos pelo capítulo um do livro de botânica. Tinha a mania de escrever suas anotações nas margens das páginas impressas, o que para Aurélia Ventura era um crime, mas que para ele era prático. Ouvia os professores nas aulas e anotava tudo ali mesmo, logo tinha as observações a fácil acesso, ativava sua memória e ainda economizava papel.
Observou sua própria anotação ao lado do tópico samambaia chorona dos alpes: “quem fez a samambaia chorar?” havia perguntado a si mesmo durante a aula. Pensando agora, e lendo novamente o conteúdo do livro, podia apostar que qualquer planta que ficasse isolada no alto dos alpes desenvolveria essa capacidade. Aliás, que alpes eram aqueles? Os suíços? Será que a altitude das Cordilheiras dos Andes era boa o bastante para cultivar aquele tipo de planta? Sabia que a altitude alterava inúmeros fatores climáticos. Por exemplo, a velocidade do vento tendia a ser maior em altitudes elevadas, e o vento, por sua vez, um grande responsável pela perda de calor e aceleração de trocas de massa nos vegetais. Mas esses, geralmente, eram fatores ruins para plantas... Plantas mágicas e suas dinâmicas obscuras.
Passou os olhos pela página até chegar nos narcisos, atraído pelo nome da planta que o levou direto à memória do mito grego. Nunca entendera o motivo de Narciso ter cativado a bondade de Afrodite o suficiente para que fosse transformado numa flor quando morto. Enquanto isso, de Eco ninguém tivera piedade, e a pobre ninfa ainda habitava as cavernas escuras, condenada por um erro e afugentada pela língua ferina de Narciso. Talvez, se Eco fosse uma planta, ela fosse uma variação da samambaia chorona, que cresceria escondida nas cavernas mais escuras e que, ao invés de chorar por si só, ecoaria o pranto dos que vagavam perdidos.
Pensando como um bruxo naturalista, conseguia ver as semelhanças entre o mito e a espécie que estudava. Na verdade, a planta representava a história muito bem. Era bela e atrativa, assim como era Narciso. Mas era traiçoeira, assim foi a maldição lançada sobre ele, que por fim, o levara a morte. E se os gritos do narciso gritante representassem a angústia do próprio Narciso, ao se dar conta que morria pelo amor cego que nutria por ele mesmo?
De uma forma ou de outra, era melhor ficar longe daquelas plantas. Decerto que muitas pessoas já haviam se ferido com um narciso gritante pensando que, na verdade, era apenas um narciso comum. Para Vicente, aquele era o maior trunfo da planta e por trunfo, quero dizer perigo. Tirou do bolso da calça um lápis e adicionou uma nova anotação às margens: “Como diferenciar apenas visualmente? Que testes tinha que fazer?" Se quisesse ser um bruxo versado em botânica, era melhor descobrir logo.
Tinha o cenho franzido, pensativo, quando viu alguém surgir entre as árvores.
Olá? |
Caminhou, meio que sem perceber, até o riacho dos botos e havia alguns alunos por ali. Só precisava pedir uma caneta ou lápis emprestado para fazer suas anotações sem precisar voltar a Ybirá, mas quem? Os olhos de Auguste pararam sobre as costas da cara dos carcarás à beira do riacho dos botos, um dos famosinhos dentro da escola, e possivelmente o único falante de francês naquele lugar. Se aproximar ou não? Lógico que sim. Ele caminhou até o garoto cujos pés balançavam dentro da água e tirou o tênis no caminho. — Ei, desculpa incomodar, você teria uma caneta para me emprestar? — perguntou, se aproximando do outro. — É rápido, juro.
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