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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Theodoro Serafim
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Theodoro Serafim
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Qua 27 maio 2020 - 23:22



O homem-planta  









   
RP fechada entre Ágape e Theodoro Serafim. É 15 de abril, por volta das 10h. O sol brilhava forte no céu enquanto  Theodoro tentava ter sucesso numa tarefa que, a principio, parecia corriqueira- descobrir qual a criatura que vinha tirando a paz dos campistas da região.

Se passa na Chapada dos Veadeiros- GO











Serafim
Theodoro Serafim
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Theodoro Serafim
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Qua 27 maio 2020 - 23:24
O homem-planta
Desde muito pequeno, eu costumava ouvir das mais diversas fontes que minha curiosidade seria meu mal. Apropriavam-se do dito popular que dizia que “a curiosidade matou o gato” para apaziguar minha bisbilhotice, mas os efeitos nunca foram convincentes o bastante para frear este aspecto do meu espírito. Tanto que esta inquietude me fez trilhar um caminho muito sólido pela magizoologia.
De certo modo, quando me ponho a listar todas as situações atípicas que me vi imerso graças a esta carreira, percebo que estive na iminência da morte pelo menos três ou quatro vezes e, que o fato de permanecer vivo se devia em grande parte às minhas peculiares habilidades de fuga.
Mas, mesmo com todo risco e adversidade, todas as tarefas eram interessantes a seu modo.  Naquela manhã quente de abril, fui chamado a campo sob alegações de risco à integridade do sigilo mágico”. Aparentemente, havia magia envolvida nas balbúrdias relatadas numa área onde a comunidade aventureira costumava fixar seus trailers e barracas.
O escopo da tarefa era vago e impreciso, e a listagem dos acontecimentos parecia ter sido extraída de falatórios inconclusivos, de modo que não era específica o bastante para que eu tivesse meios de executar uma tipificação sem estar em campo. Aos olhos dos não-maj, os problemas certamente vinham sendo causados por garotos arruaceiros, que tinham tempo livre demais e estavam dispostos a perturbar os viajantes que buscavam na área de camping um lugar tranquilo para descansar.
A princípio, o problema com os não-maj já havia sido contido pelos obliviadores, que habilmente implantaram histórias nada fantasiosas e totalmente ordinárias em suas mentes limitadas. Sempre me interessou o fato de que, mesmo diante de situações bastante esquisitas, aqueles que não eram dotados de mágica tendiam sempre a preferir as explicações mais banais, ao invés de se arriscar em teorias ousadas.
O espaço destinado aos trailers e barracas estava vazio, mesmo que o dia estivesse ensolarado e propício para atividades ao ar livre. Apesar disso, os vestígios de presença humana estavam por toda parte; os resquícios da passagem de uma criatura mágica, em contrapartida, eram nulos.
Quando li no memorando que itens estavam sendo furtados, me ocorreu que talvez estivesse lidando com pelúcios. Não eram comuns em áreas de clima quente, é verdade, mas o comércio ilegal de criaturas era uma pedra no sapato de qualquer magizoologista há muito tempo. O setor de realocação de espécies estava sempre cheio de criaturas em trânsito, trazidas à América do Sul por energúmenos que não entendiam absolutamente nada sobre ecossistemas.
Bastou, entretanto, uma breve olhada nos terrenos para notar que não havia sinais de tocas subterrâneas, me fazendo descartar a hipótese dos pelúcios.
Depois de procurar por vestígios na área aberta, caminhei até a borda da mata que circundava o acampamento. Embrenhando-me entra as árvores, notei que a trilha pisoteada estreitava-se a cada metro, até desaparecer por completo, me deixando na mata fechada. Ali, o clima era notavelmente mais agradável, embora a luz tenha sido reduzida graças às densas copas das árvores que se encontravam no topo.
De varinha empunhada, meus passos eram cautelosos e silenciosos mata à dentro, enquanto buscava atento por vestígios de qualquer criatura mágica. Apesar da região ser frequentemente visitada, não havia grandes sinais de influencias, humanas ou não: a flora parecia em seu ápice de vida, como se não viesse sendo afetada pelas condições climáticas mutáveis. Não havia, tampouco, sinais de que a vegetação havia sido pisoteada por animais grandes, não identifiquei ninhos de aves fantásticas, excrementos considerados diferentes e, se não fosse pelo vislumbre de um movimento que captei com o canto dos olhos momentos depois, eu diria que não havia qualquer criatura fantástica naquele trecho da floresta.
Girei lentamente na direção do movimento, mas não distingui nada além de galhos, vegetação e flores coloridas. Meu cenho franziu-se ao mesmo tempo que um instinto me avisava para permanecer alerta.




Serafim
Ágape
TLC » Criatura Mágica
Ágape
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Qui 28 maio 2020 - 17:42



quero saber sobre os

estranhos como eu



Já não sabia ao certo quanto tempo ficara tão longe de um de seus semelhantes, até conseguia vasculhar em sua memória lembranças vagas de uma noite tempestuosa que o afastara de seu grupo, nômade, esta memória lhe dava um nome “Ágape”, mas o timbre de quem soou tal alcunha já havia se perdido em seus pensamentos.  Repetia consigo, vez ou outra, para não esquecer-se. Mesmo que ainda fosse filhote e de índole tão pueril, havia sido obrigado a sobreviver na mata, não que isto lhe fosse um desafio, afinal era um maire-monan só não sabia disso. Contudo, a solidão lhe doía muito e durante as noites encarava as estrelas, soluçando, na esperança de finalmente encontrar alguém. Em um mundo tão grande justo ele deveria ser sozinho? - E não importava se revestisse seu corpo com plantas, adornasse a cabeça com chifres e máscara de madeira, ainda era diferente demais, mas ao menos a fantasia lhe protegia dos predadores.

Felizmente o cenário começou a mudar quando há algumas semanas -depois dos longos anos- um grupo de campista trouxas resolveu desbravar seu habitat e Ágape conduzido por sua curiosidade aguçada passou a furtar pequenos objetos, mesmo que sem valor, para poder imitar os comportamentos peculiares daquela gente tão estranha como ele. E agora, no presente, lá estava ele seguindo da copa das árvores mais um daqueles estranhos peculiares, que entrara de tão bom grado em sua mata. Seus olhos curiosos tentavam capturar cada movimento como as lentes de uma câmera, até reparar algo que os outros não tinham, era comprido, bonito e parecia emanar uma energia vibrante que lhe confortava, como se pertencessem ao mesmo mundo.

De ponta cabeça, a criatura esticou o braço e um cipó fino, verde e flexível estendeu-se do seu membro alcançando a varinha que apontava para fora do bolso do magizoologista, enroscando-se nela e puxando o pertence para si. O objeto afanado roçou no dorso do bruxo fazendo com que ele percebesse, não só que estava sendo roubado, como também a criatura verdejante responsável pelo ato. Através dos buracos mal feitos de sua máscara, Ágape arregalou os olhos, pulou em direção ao chão e começou a correr em um efeito persecutório, até chegar em uma grande árvore morta, com um tronco oco lotado de roupas, relógios, garrafas térmicas, cachecóis e lampiões.

Vendo que já não havia para onde fugir, fez as plantas em seu corpo crescerem dando-lhe uma aparência mais robusta que triplicava-lhe o tamanho. De suas costas, cipós grossos cobertos por de espinhos agitavam-se no ar como tentáculos monstruosos prestes atacar.


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Theodoro Serafim
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Theodoro Serafim
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Sex 29 maio 2020 - 15:09
O homem-planta

Contemplei a criatura por um átimo de segundo, absorvendo rapidamente as características mais marcantes de sua aparência. O corpo estava coberto de vegetação- um verde aceso, como se o organismo provesse nutrientes o bastante para manter a folhagem viva. Galhos despontavam de sua cabeça, como chifres, mas a julgar pelo movimento que haviam feito quando a criatura pousou no chão, assumi que haviam sido postos ali. Como o que estava lidando? Apesar de tudo- do medo, de estar em posição vulnerável sem minha varinha e embrenhado na mata, que parecia ser uma extensão daquele ser, eu o olhava com mais fascínio que estranhamento. Não podia ver seu rosto que estava coberto por uma espessa casca de árvore mas, através de buracos irregulares na madeira, seus olhos brilhavam como contas escuras fitando os meus.
Meus lábios se abriram e, ao menor sinal de movimento ele correu, levando consigo minha varinha.
_Não, não, não...- Balbuciei, assimilando a situação em que acabara de me meter.  Não tinha outra escolha a não ser persegui-lo pela mata, apesar de saber que a situação o colocaria em alerta e certamente o voltaria contra mim. Seus movimentos eram incrivelmente rápidos e, apesar de parecer muito simples nos livros infantis, correr pela mata era uma tarefa árdua para um humano. Era preciso paciência, agilidade e resiliência para não amaldiçoar os galhos secos que espetavam no percurso. Assim, a criatura tinha uma boa vantagem de distância, mas cravei meus olhos sobre ela certo de que seria praticamente impossível distingui-la da paisagem novamente, caso a perdesse de vista.
Finalmente parou, pondo-se sobre um tronco caído de árvore. Do interior oco da árvore morta, despontavam os objetos corriqueiros que haviam sido roubados dos campistas. Não pude ver à distância todo o seu conteúdo, mas as cores vibrantes de um tecido se destacavam na paleta de cores terrosas e o brilho do sol refletia na superfície de uma das garrafas térmicas de alumínio.
Tentei me aproximar, pé ante pé, mas a reação da criatura fora imediata- grandes chicotes de cipó espinhoso cresceram em minha direção, agitando-se no ar ameaçadoramente, enquanto a folhagem que cobria seu corpo pareceu se multiplicar. Recuei tão sorrateiramente quanto pude, evitando olhá-lo diretamente nos olhos escuros. Ainda sentia meu corpo formigar sob o seu olhar, mas não arriscaria confundir minha aproximação com um desafio.  Então, engoli em seco o grande nó que teimava em se formar em minha garganta e, novamente me movi, desta vez na direção do solo. Pus-me em cócoras, fitando aquilo que eu acreditava serem seus pés- estavam cobertos como o restante do corpo e mesclavam-se ao tronco, como se fossem partes de uma mesma coisa. Colocar-me numa posição inferior certamente soava como insanidade- meu coração batia acelerado confirmando meus pensamentos- mas costumava ser demonstração de respeito entre grande parte das criaturas.
Eu costumava dizer que minha mente era como uma floresta repleta de informações e tagarelices assombrosas, e bastava vasculhar em seus cantos mais obscuros para que encontrasse as palavras que elucidavam minhas próprias dúvidas. Analisando o que tinha diante dos olhos, me surpreendia que eu ainda não tivesse ligado os fatos a tudo que já havia estudado.  Suposições começaram a ganhar força em minha mente. Havia lendas e rumores acerca de criaturas que habitavam as florestas brasileiras e detinham plenos poderes sobre a flora, mas até o presente momento, eu não estava certo de que alguém havia confirmado sua existência.  Se eu, de fato, estivesse frente a frente com um Maire-Monan, não poderia me descrever como outra coisa a não ser “maravilhado”.
_Eu não quero te fazer mal. - Disse cuidadoso, internamente invejando o dom concebido a alguns bruxos de compreender e falar todas as línguas. Não esperava que ele entendesse minhas palavras, então pronunciei-as com o tom de voz suave, como se pudesse imitar o timbre de uma brisa de verão. Apontei para mim mesmo e em seguida apontei em sua direção, falando pausadamente.  – Eu quero ser seu amigo.
E minha varinha de volta, mas uma coisa de cada vez.



Serafim
Ágape
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Ágape
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Sex 29 maio 2020 - 19:14



quero saber sobre os

estranhos como eu



Em sintonia, os tentáculos verdejantes da criatura recuavam no mesmo passo que o homem retrocedia, flexionou os joelhos e de cócoras tombou a cabeça analisando os movimentos daquele que se aproximara. A voz suave de certa forma o acalmava fazendo o volume das folhagens diminuírem, voltando a ficarem rentes ao seu corpo como uma pelugem macia. Uma voz falha, rouca e esganiçada emergiu de sua garganta como se tentasse imitar o mesmo timbre do outro, falhando em uma intensidade extremada exaltando as palavras ditas com maior entonação. – Quero... Mal! – através dos buracos de sua máscara um brilho de encanto tomou conta de seu olhar o fazendo piscar algumas vezes.

Curioso e empolgado, o menino-planta pôs seu novo pertence dentro da árvore morta e saltou, encurvado, para perto do estranho. – Queromal! Queromal! – gritava animado enquanto vez ou outra encostava sua máscara de madeira no corpo alheio. – Queromal! Queromal! – pôs de frente ao bruxo e então pegou a mão dele levando até o centro, na altura do externo. – Á-ga-pe. – voltou a movimentar a mão do outro dessa vez para seu dorso, sentido seu coração pulsar – Queromal! – agarrou a mão dele e o arrastou consigo até seus tesouros.

Amarrou em sua cintura um conjunto de cachecóis coloridos e atou ao seu braço inúmeros relógios de pulsos. Envolveu, em seguida, a cabeça do homem com algumas roupas fazendo delas um turbante improvisado e então manteve-se ereto caminhando, mesmo que de forma gozada na tentativa de imitar os trejeitos dos humanos. – Queromal! – gesticulou para o outro como quem pedisse para fazer o mesmo – Aah! Aah! – balbuciou impaciente e quando finalmente o outro reproduziu o que ele pediu, a criaturinha caiu no chão emitindo o som que lembrava a gargalhada humana.



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Theodoro Serafim
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Theodoro Serafim
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Sáb 30 maio 2020 - 16:10
O homem-planta


Eu ouvi uma teoria uma vez que diz que o universo é grande, vasto, complicado e ridículo. E, às vezes, muito raramente, coisas impossíveis simplesmente acontecem e nós as chamamos de milagres. E esta é a teoria. Os religiosos associam a palavra milagre aos feitos dos santos e dos deuses e dão a ela um caráter sagrado, mas, por definição, milagres são acontecimentos formidáveis, estupendos e assombrosos. Assim, eu tinha para mim que estava diante de um milagre naquela manhã e confesso que sequer sabia distinguir os sentimentos que se amontoavam dentro de mim.
As palavras que eu havia dito eram repetidas com um tom de voz estranho e instável, como se tentasse ajustá-la internamente e, quando pareceu encontrar um som agradável a seus próprios ouvidos, a criatura aproximou-se meio a brados empolgados, disposto a me avaliar. Fui pego de surpresa pelo som do meu próprio riso, que mesclava nervosismo e empolgação, enquanto era circundado e sentia o roçar da madeira que cobria seu rosto esbarrando em meu corpo.
Então ele se apresentou, entre inúmeros “0]]queromal[/i]”, disse pausadamente a palavra Ágape. Senti meus lábios se curvarem num sorriso discreto. Os gregos costumavam atribuir muitos nomes ao amor, entre eles, Ágape. Era de se esperar que uma criatura tão pura recebesse nome tão doce.
Sequer tive tempo de retribuir o cumprimento, pois fui puxado pela mão, e me vi em meio aos pertences de Ágape, que me tratava como um convidado muito bem quisto e dividia comigo os objetos que colecionava dentro do tronco morto. O toque de suas mãos cobertas de relva era, para dizer o mínimo, interessante, enroscando-se no meu cabelo enquanto me fazia um turbante desalinhado. Quando tempo ele- ou ela- passava observando os humanos? Se soubessem como somos capazes de ser medíocres, as criaturas não perderiam seu tempo.
Se era mesmo um Maire-Monan, por que não estava acompanhado de seus iguais? O pouco que se sabia a respeito da espécie, entre mitos e boatos, envolvia o fato de que estavam sempre com outros, como um clã.
Meu momento de devaneio evaporou assim que ouvi seus protestos. Entendi que ele queria que eu imitasse seu comportamento, que por sua vez era uma imitação do caminhar humano levemente afetado. Assim o fiz, agitando os cachecóis coloridos envolta da cintura e exibindo um grande sorriso no rosto quando ele caiu ao chão, libertando uma gargalhada que, assim como sua voz num primeiro momento, era deveras esquisita.
Sentei-me de pernas cruzadas à sua frente e ajeitei meu turbante, que pendia triste para a esquerda.
_Ágape- Chamei sua atenção e o som da palavra fez seus olhos se atentarem detrás da máscara, então apontei para mim mesmo. - Eu sou Theo, não quero fazer mal. – Repeti as palavras ditas anteriormente, que ele havia absorvido por algum motivo. – Não precisa se esconder, sou seu amigo.
Gesticulei com as mãos, pondo-as em frente ao rosto e, em seguida, retirando-as, como costumavam fazer em brincadeiras com bebês.




Serafim
Ágape
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Ágape
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Sex 5 Jun 2020 - 20:54



quero saber sobre os

estranhos como eu



A voz do bruxo, chamando por seu nome, fez com que a criaturinha desajeitada e possuída por gargalhavas que lhe doíam a barriga, voltasse a prestar atenção. Pela primeira vez um outro alguém falava seu nome e de certa forma isso fez com que seus olhos marejassem e umedecessem a madeira de sua máscara com curtas lágrimas, animal ou não, o homem planta era sem dúvidas bastante sensível e parecia se emocionar muito fácil, mas obviamente a sua reação não seria outra, afinal, em seu cerne um sentimento de completude se instaurava. Ágape não estava mais sozinho.

Caminhou em direção ao homem, ignorando qualquer que fosse seu entendimento por espaço pessoal. – Theo Queromal! – tocou em seu peito com o indicador e tombou a cabeça enquanto avaliava a ação de esconder seu rosto e depois descobri-lo. Ágape não entendia as palavras proferidas por ele, nenhuma sequer, mas por um milagre ou apenas pela sintonia e paciência do outro, conseguiu capitar a mensagem. Levou as mãos até sua máscara e então puxou-a revelando a face de um jovem sorridente, com bochechas e todos o resto sujo de barro, entretanto dentes brancos e limpos, o que destoava de sua imagem e condição, afinal como conseguira manter sua higiene bucal?! Mais um mistério da natureza.

A vegetação em seus cabelos começou a dar espaço a cachos castanhos abertos, oleosos e pesados, também sujos de lama, com vestígios de insetos e gravetos. Um imenso sorriso em seus lábios somava-se aos olhos globulosos e dóceis do maire-monan, que sem cerimônias pulou sobre o magizoologista esfregando seu rosto em seu peito, como uma forma de afago ou carinho. Em seguida os dedos recobertos de verde, cederam lugar a sua pele e sem delongas agarrou o queixo do bruxo, movimentando-o enquanto gritava a palavra “Ágape” histericamente, na verdade soava como uma súplica, um pedido para que o homem falasse seu nome mais uma vez.

Sendo atendido, correu até a árvore morta catando a varinha que tinha pego e devolvendo para seu dono, segurou a sua mão e então o arrastou para longe dali, os tesouros não importavam mais, ele só queria ir embora com o novo amigo que fizera, na esperança de nunca mais ficar sozinho.



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Theodoro Serafim
TLC » Fantasma
Theodoro Serafim
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Qua 10 Jun 2020 - 23:46
O homem-planta
Durante muito tempo tive a pretensão de ser capaz de esconder dentro de mim todos os meus sentimentos. Tentava a todo custo silenciar o que doía, engarrafar os medos e as frustrações e, principalmente, reprimir as expressões de felicidade que em raros momentos me acometiam. Meu escape eram os livros e a música, que pareciam pôr em ordem o turbilhão que eu teimava em esconder. Mas devo admitir que nunca fui bom em disfarçar em meu semblante o que quer que estivesse sentindo. Eram meus olhos que me entregavam em primeiro momento.
Naquele dia não foi diferente. Meus olhos me denunciaram, embaçando-se conforme as lágrimas brotavam, trazendo à tona palavras lidas num livro quando eu ainda era um menino:

“As lágrimas são uma coisa curiosa, pois, assim como os terremotos e os camelôs, podem surgir em qualquer momento, sem nenhum aviso e sem um bom motivo”.

A diferença é que eu tinha um bom motivo para ter os olhos marejados. Um motivo lindo, devo dizer, de olhos brilhantes e um sorriso enorme, que reluzia em pureza e inocência.
Aos poucos, as folhas que formavam a cabeleira de Ágape deram lugar a cachos escuros e desalinhados, compondo sua aparência de menino. Por um momento, me questionei se aquela era sua forma real ou se, na verdade, a aparência florida que era. A esta altura, eu estava mais que certo a respeito da natureza daquela criatura. Um maire-monan. O que mais poderia ser? Aquele tipo de magia só podia pertencer ao ser fantástico que eu pouco conhecia.
Ágape, tomado pela emoção de ter ouvido seu próprio nome noutros lábios, aproximou-se abruptamente, tocando-me com o rosto num gesto afetuoso, deixando claro que agora éramos amigos. Sua aproximação me fez piscar alguma vezes, tentando me livrar do aspecto enevoado da visão e derrubando uma ou outra lágrima no processo, enquanto meus lábios exprimiam um riso fraco, nervoso e abobalhado.
Gosto de dizer que todas as minhas missões são fascinantes e capazes de me proporcionar momentos únicos e todas, de certa forma, me ensinam uma coisa ou outra. Mas o dia estava superando minhas vãs expectativas.
O toque de seus dedos em meu rosto agora proporcionava outra sensação- a vegetação havia desaparecido e dado lugar a uma pele semelhante à humana. O olhar em seus olhos de contas e o chacoalhão indelicado me diziam que queria, novamente, ser anunciado. Há quem diga que o nome nada importa, que é apenas um título. Para Ágape, seu nome parecia ser uma parte importante de sua história e eu estava radiante de poder fazer parte.
Então o chamei inúmeras vezes, em meio a um riso compartilhado entre mim e o maire-monan, esperando que o som da minha voz soasse tão agradável aos seus ouvidos quanto o som esganiçado de suas gargalhadas soava aos meus.
Quando ele se afastou, caminhando rapidamente até o tronco oco da árvore, me pus a observá-lo. O pensamento de que não poderia deixa-lo ali passou por minha mente, junto à ideia de que o expor a outros bruxos poderia ser arriscado. A raridade de sua espécie certamente despertaria a curiosidade dos pesquisadores e, embora eu compreendesse a importância das pesquisas, não cogitaria permitir que o ser fantástico que se fazia garoto fosse submetido a tais procedimentos. Além disso, a seção quatro era um ótimo lar temporário para as criaturas em transito, mas Ágape não ficaria feliz de ser deixado num espaço tão restrito.
Aparentemente, seu pensamento ia na mesma direção do meu. Trouxe minha varinha de volta e prontamente devolveu-a a mim, como se compreendesse a limitação da minha magia e a necessidade do condão. Esperei que se afastasse, mas segurou minha mão com firmeza, me fazendo compreender que seu desejo era o mesmo que o meu. Umedeci os lábios, desacreditado.
Eu esperava encontrar um pelúcio e estava voltando para casa com um maire-monan.
_Vamos pra casa. – Informei, segurando firmemente sua mão e sustentando seu olhar. Estava certo de que ele não entendia o que eu falava, mas o aperto em minha mão indicou que confiava o bastante em mim. Eu não sabia se minha casa seria o melhor lugar para Ágape, certamente não. Mas algumas pessoas encontram conforto apenas por estarem juntas e talvez isso fosse o bastante por enquanto.
Lancei um último olhar à pilha de artigos afanados antes de levá-lo comigo, desaparatando num vórtice rápido.




Serafim
Caipora
TLC » Administradores
Caipora
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2721
Dom 21 Jun 2020 - 0:39
encerrada!
seu desejo é uma ordem!

HAHAHA
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