Acordei suando debaixo das cobertas finas que usava para dormir, de forma alguma eu conseguia dormir sem estar coberto de modo que então eu sempre me cobria com um lençol fino mesmo que estivesse calor, mas nessa noite não estava tão quente assim. Sentei na cama meio sem entender o que estava acontecendo. Ainda estava naquele momento estranho entresono em que não sabemos se estamos dormindo ou acordados, as imagens do sonho passavam ainda na minha cabeça e eu tentava memorizar o maximo que eu podia para poder me lembrar talvez contar aos meus amigos quando fosse de manhã. Ainda era de madrugada aparentemente, estava escuro e minha visão estava começando a se acostumar com o escuro. Eu adorava contar meus sonhos para meus amigos, eram sempre tão aleatórios, mas muitas vezes eu os esquecia facilmente.

Como estava todo suado resolvi me levantar e ir ao banheiro para jogar uma água na nuca e relaxar um pouco antes de voltar a dormir. Quando me olhei no espelho e joguei um pouco de água no rosto eu despertei e fixei em minha memória o que havia acontecido no sonho. Eu já tinha esqeucido boa parte de tudo o que aconteceu, droga, mas ainda me lembrava de um simbolo estranho, parecido com o simbolo de kuarahy, eu já havia visitado o lugar anos antes para o festival anual das caiporas mas não tinha certeza se o simbolo era realmente o mesmo.

De qualquer força o demoniozinho curioso dentro de mim já estava gritando no meu ouvido para investigar, mas eu não poderia sair de ybirá assim de madrugada podia? Bom horário ou regras nunca foram impedimento para mim, mas o fato é que eu ainda estava decidindo se valia a pena ou não sair por aí apenas por causa de um sonho. Olhei pela janela e lá estava a luz da lua batendo tão forte que fazia sombra no chão. Eu amava quando a lua estava assim, gostava de ficar dentro da luz dela e sentir a energia que ela tinha.

Então desci as escadas de Ybirá e fui lá pra fora, realmente, aquela era uma noite de lua cheia, tão bonita estava no céu brilhando que me permiti ficar alguns segundos observando-a, talvez eu desistisse da ideia maluca de sair andando por ai de madrugada, ainda existia o risco de ser atacado por algum daqueles chupa cus que o digníssimo presidente colocou na escola para nossa, entre aspas, proteção.

O reflexo da lua se fazia presente em todas as superficies o que fazia aquele cenário noturno ser lindo, quando eu me dei conta eu já havia andado alguns passos e já estava bem na entrada de ybirá pronto para sair. Estava prestes a dar meia volta e voltar a dormir quando de repente algo brilhoso chama a minha atenção no chão. Caminhei mais próximo do objeto e o peguei, era uma moeda com, pasme, o mesmo simbolo do qual eu tinha sonhado alguns minutos antes. Se eu estava com o diabinho gritando para se aventurar noite adentro agora ele estava mesmo era urrando para que eu fosse descobrir algo e muito provavelmente próximo da aldeia que ficava próxima a escola, eu precisava ir até lá agora mesmo, deveria existir alguma razão para eu ter sonhado com esse simbolo, ter acordado de madrugada e encontrado essa moeda justamente sob a luz forte dessa lua, eu não poderia esperar até de manhã. Precisava ser agora.

Fui andando devagar pelos terrenos da escola a caminha de sua saída com muita cautela e calma para não atrair nenhum chupa cabra, eu não tinha visto nenhum desde que eles foram colocados aqui mas eu não queria ter essa sorte tão cedo. Depois de alguns minutos andando minha visão já tinha se acostumado com aquela luz soturna que vinha da lua, realmente era uma paisagem muito bela, com certeza se eu tentasse tirar uma foto com meu celular ele não conseguiria captar nada dessa beleza e tudo ficaria escuro.

Ao finalmente me aproximar da entrada da aldeia de kuarahy eu vejo o simbolo e fico quase atônito, não fazia sentido ainda o motivo de eu estra ali, será que era um erro estar andando por sí a essa hora da noite? Ainda mais depois de uma mulher ter sido morta dentro das adjacências da escola? O medo começa a percorrer meu corpo mais do que jamais percorreu antes, eu sinto meus pêlos se arrepiarem e então sinto vontade de correr de volta, sinto que cometi um erro ao vir até aqui e dou meia volta para sair dali o quanto antes, mas nesse meio tempo vejo de canto de olho uma sombra. Eu estremeço e olho naquela direção. A silhueta tomou a forma de um homem mais velho, provavelmente da idade dos meus professores... Mas aquele homem na certa não era ninguém conhecido, será que era ele o responsável pela morte?

Meu coração começa a bater desesperadamente e eu não sei o que fazer, o homem se aproxima de mim, a luz da lua iluminando seu corpo, eu definitivamente não o conhecia, no entanto havia algo em sua mão que brilhava tal qual a moeda que eu encontrei mais cedo. Um frasco com um liquido dentro, o que seria aquilo? Um milhão de pensamentos começam a correr em minha mente naquele momento, era ele o responsável pela morte daquela jornalista? Aquilo era uma poção ou simplesmente um liquido aleatório? Quem era ele? Alguém da aldeia? O que ele fazia ali naquela hora da noite e com aquele sorriso brincalhão se aproximando? E mais ainda por que eu sonhei com esse simbolo e me senti atraído até aqui?

- Boa noite senhor... er... e-eu estou de s-saida, desculpe incomodar eu só estava apreciando a lua e... - Eu não sabia o que fazer, o homem não respondia não falava... Apenas ficava me olhando com aquele sorriso como se me conhecesse e como se quiser fazer algo comigo. O desespero começa a tomar lugar em meus pensamentos. - Quem é você?

O cara simplesmente se recusava a falar qualquer coisa, eu comecei a ficar com medo daquele sorriso. Olha ele não estava fazendo nada demais, simplesmente sorria, e se fossem outras circunstâncias eu diria que era té um sorrisso bonito, um sorrisso brincalhão. Mas naquela madrugada, depois de uma conscidência maluca de sonho com aquela moeda, mais ainda o fato de toda aquela vegetação ao redor escura e sinistra, com a sublime luz da lua iluminando seu rosto fazendo sombras esguias atrás dele além do fato de ele estar se aproximando cada vez mais em silêncio, eu só podia ficar cada vez mais apavorado com a presença dele, eu precisava fugir dali, IMEDIATAMENTE.

Eu já vinha dando passos para trás conforme ele se aproximava, e dado momento eu bati com as costas em uma árvore. Eu precisava fazer algo, criar algum tipo de distração. - Desculpe perguntar assim quem você é de repente, ou ter vindo aqui a essa hora da noite... Mas eu já estou de saída e eu imaginei que talvez você pudesse estra apenas vagando assim como eu... A lua está bonita hoje concorda? - Apontei para a lua, de fato eu só podia enxergar o ambiente a minha volta por causa de sua luz prateada, não fosse isso talvez essa parte da trilha estivesse totalmente no breu. O cara se distraiu momentaneamente com a minha menção a lua, talvez ele realmente estivesse apenas vagando por ai e percebeu que tinha um frasco de poção no bolso que ele esqueceu de guardar quando chegou em casa de alguma compra no mercado não sei...

Talvez ele apenas tenha saído para apreciar a lua depois de um pesadelo e acabou esbarrando comigo aqui, ele poderia ter a melhor das intenções mas eu não iria ficar aqui para descobrir - Fumus - Falei baixinho, enquanto a fumaça saia da ponta da minha varinha tentei fazer o que os mágicos não maj faziam nos seus shows nas praças quando era criança, ou como os ninjas faziam nos programas que via quando era criança. A fumaça distríria o homem enquanto eu fugiria e me esconderia atrás de uma arvore, quando ele se cançasse de me procurar era só fugir de volta pra escola. Assim que saiu fumaça o suficiente da varinha pus meu plano em ação.

Ação:

O feitiço funcionou, não tão bem quanto eu esperava mas o suficiente para eu correr para trás da árvore mais próxima? será que esse truque barato seria suficiente para enganar o homem sinistro com aquele frasquinho de poção? Será que aquela poção era uma "arremessável" Tudo poderia acontecer e até o momento o cara ainda não tinha dado indício nenhum se ele era uma pessoa do bem ou do mal, se alguém que estava ali por acaso ou se esperava a minha ilustre presença. De qualquer forma eu tinha medo de descobrir. Muitas das vezes quando meus amigos ficavam sabendo das merdas que eu fazia eles me perguntavam se eu não tinha medo de aprontar, a verdade é que sempre que as coisas apertam eu sentia medo sim, mas eu sempre acima do medo tinha a mania de querer descobrir o porque das coisas e quando o medo avisava que eu corria perigo já era tarde demais.

Então naquele momento que eu estava atrás daquela árvore, eu sentia meu sangue ser bombeado para cada membro e órgão do meu corpo. Eu sentia o meu coração bater forte e tinha prendido a respiração. Os ouvidos atentos a qualquer som que os passos do cara pudessem fazer para ter alguma ideia de onde ele estava, se estava se aproximando ou se afastando mas eu não conseguia ouvir nada, as batidas de meu coração estavam tão fortes que eu desejava que ele parasse por pelo menos um segundo para eu conseguir me concentrar. Será que o homem misterioso podia ouvi-las também? Fechei os olhos e tentei concentrar toda minha energia nos meus ouvidos para tentar descobrir o máximo de informação possível, na hora certa era só correr. Mas estranho... Quando eu parei para prestar atenção com toda minha força a unica coisa que existia era o mais absoluto silêncio, claro, alguns sons de folhas balançando com a brisa e de alguns animais noturnos mas nada num raio de 5 metros onde estava o estranho. Nada.

Meu coração batia tão rapido que eu sentia medo que o homem pudesse ouvi-lo e me encontrar mas com a respiração presa tentei me acalmcar, mas logo ficaria sem ar e seria pior, então tentei respirar com mais calma, bem fundo, fechei os olhos e apertei-os com força tentando focar toda a minha atenção nos sons ao meu redor, mas eu não conseguia ouvir nada além dos barulhos da floresta. Por uma pequena fração de segundo pensei ter ouvido algum barulho do meu lado, um simples passo, um pé quebrando uma folha seca, poderia ter sido apenas a minha imaginação mas antes que eu pudesse avaliar as variáveis senti uma pacada nas minhas costas, enquanto eu caia parecia que tudo acontecia em camera lenta.

Enquanto caia imaginava o que poderia estar acontecendo, eu poderia ser a mais nova noticia do OGDC, aluno morto nas florestas de castelobruxo após sair por aí de madrugada hipnotizado pro um sonho estranho, não, na real ninguém saberia dessa parte porque eu não estaria vivo para contar... Seria esse o fim de Thiago? O grande aventureiro finalmente encontraria a morte num de seus descuidos por tanto querer sentir a adrenalina de não poder controlar a situação e de conhecer e encontrar histórias novas? Naquele momento em que eu caía tudo passava ao mesmo tempo pela minha cabeça, inclusive de relance a imagem do homem que agora estava do meu lado, o frasco de poção brilhando na mão direita. Ele se aproxima e enfia o conteudo do frasco na minha boca, eu tento lutar mas meu corpo parece não responder, a pancada que eu havia recebido tinha me desestabilizado completamente. Depois disso fechei os olhos tonto, já me preparando para não abri-los mais.


Abri os olhos devagar me sentindo pesado. O colchão em baixo de mim parecia áspero e seco como se eu estivesse deitado no chão de terra de uma das trilhas da aula de Bianca. Eu havi tido um sonho estranho onde eu estava numa floresta com um velho esquisito que me fazia beber um troço brilhante estranho e... Minha cabeça começa a doer um pouco e ajusto a minha visão para o escuro, o sol ainda não tinha nascido, havia sido um pesadelo, eu tinha acordado no meio da noite. Tento me sentar na cama e em seguida ir no banheiro para jogar uma água no rosto para voltar a dormir mas é então, sentado no chão, que percebo: Não era um sonho. Aquilo tudo tinha acontecido. Eu bebi de uma poção desconhecida, dada por um homem desconhecido. Eu ainda estava na floresta e ainda era aquela mesma noite.

Me levantei em alerta, precisava sair dali, talvez ir na enfermaria, sei lá, fazer alguma coisa para me desintoxicar... Será que eu bebi veneno? Comecei a cuspir compulsoriamente na tentativa falha de tentar tirar de dentro de mim o que quer que eu tenha bebido contra minha vontadde. Sou interronpido por um uivo, apenas um unico uivo forte e próximo de um lobo. E em seguida ele é acompanhado por outro, e então mais outro. Lobos estavam se reunindo próximo de mim e se não bastasse o homem estranho que agora parecia ter desaparecido completamente agora eu precisava lidar com lobos. A minha unica saída era fugir, eu não podia enfrentar uma alcateia inteira sozinho. Pus me a correr na direção contrária do som e tentei ficar atento mais uma vez a todo e qualquer barulho mas como da primeira vez, minha audição me traiu me levando para justamente o lugar em que eu estava tentando me afastar.

O olhar de oito lobos cinzentos estavam me fitando sob a luz ainda forte da lua cheia, todos com as cabeças na altura do corpo, com as presas a mostra. Tentei relembrar tudo o que eu sabia sobre esses lobos. Uma vez quando era mais novo e estava na escola não maj antes de começar a estudar bruxaria, a professora de ciências nos pediu para fazer um bixonário com os nomes dos animais, seus nomes científicos e outras informações, mas a unica coisa que eu me lembrava sobre os lobos era de que era melhor não correr e que era melhor não os olhar nos olhos. Okay mas e quando você está prestes a ser atacado por um grupo inteiro?

Tentei identificar quais daqueles ali eram o casal alfa mas eu não fazia ideia, a unica coisa de que tinha noção é de que deveria agir rápido se quisesse sair dali com vida. Mas o que eu podia fazer? O brilho que fazia os pelos dos lobos parecerem fluorescentes na luz da noite provida apenas pela Lua realçava a beleza assustadora das criaturas. Então perccebo... A Lua. A todo momento ela esteve presente nessa noite, desde o sonho, até o momento em que hipnotizado pro sua luz e beleza fui guiado até a parte de fora de Ybirá encontrando a moeda que me fez viz até aqui, o homem que segurava um frasco com um liquido branco brilhante, e todas essas coisas sendo iluminada pela luz da Lua trazendo um ar sublime para todos os cenários que caminhei hoje. Algo estava acontecendo comigo, algum chamado eu havia recebido e esse só poderia ter sido feito pela grande Jaci, que no momento aparecia na forma de Jaci Icaua. Era fato que eu sempre tive uma afinidade muito grande pela Lua e por toda sua história, mas eu nunca havia observado ela com alguém que pudesse trazer mudanças na minha vida, ou até mesmo me fazer aprender com ela.

Jaci a grande deusa da noite havia me trazido até aqui, então era provavel que algo ela gostaria de me ensinar, sentindo-me completamente privilegiado por ter sido agraciado com sua atenção me senti mais forte para poder enfrentar meus inimigos, mas o que mais me deixava intrigado era que eu não sabia como... Eu até possuia minha varinha, mas sei que Jaci não aprovaria guerras e confrontos de modo que sem saber mais o que fazer, com medo e desesperado para sair logo da presença daqueles lobos, me entreguei totalmente ao poder que emanava da lua cheia, de Jaci Icaua, olhei diretamente pra a lua me deixando momentaneamente vulnerável para os lobos e deixei que a energia viesse até mim. Senti um poder dentro de mim que eu antes nunca havia esperienciado, eu sentia como se Jaci estivesse me ensinando algo novo, não sei explicar como eu sabia o que deveria fazer mas sabia. Apenas senti que deveria fazer os proximos passos e dessa forma me deixei levar inteiramente esticando meus braços para a frente, imaginei algo que pudesse afugentar os lobos, algo que os deixasse assustados e os fizesse recuar, eles não colocariam a vida de seu grupo em risco apenas por causa de uma pequena presa magrela chamada Thiago.

Quando estendi meus braços para a frente, minhas pupilas estavam branco peroladas, e meu semblante se encontrava calmo. Eu havia estado sob a luz da lua todo esse tempo, e sabe-se lá o que o homem me fez beber, o fato é que sentia o poder de Jaci em mim. Então raios lunares foram emanados de meu corpo cada um assumindo uma posição ao meu redor, os lobos pareciam confusos com o que estava acontecendo. Os raios lunares começaram a criar formas desconexas até que finalmente pararam tomando o formato de onças pintadas. Ao todo, se formaram oito onças ao meu redor como que formando um escudo me deixando atrás delas. Todas mostravam-se ameaçadoras para os lobos, cada uma virada para um lobo diferente, as suas posições de ataque já eram ameaçadoras em si, mas o fato de elas todas terem uma coloração branco-perolada as fazia ficar ainda mais sublimes.