Perpétua levantou em um pulo, vestiu as roupas leves que permitiam uma movimentação livre e seguiu para fora da sua cabana, o céu ainda estava manchado pelos raios solares do astro que já havia desaparecido, a leste, a lua se projetava sobre os morros distantes. Lua cheia... A criatura conhecia os efeitos que essa lunação tinha sobre os seres que se escondiam nos cantos mais obscuros da mata, os lobisomens abandonavam as cidades dos homens e vinham procurar refúgio por aquelas bandas para que completassem as suas maldições sem o risco da exposição, outros como como as mortalhas e o capelobos farejavam o rastro dos humanos e davam início a caçada. Perpétua não simpatizava com as principais vítimas dos monstros folclóricos, um homem a menos só podia representar coisas positivas para ela e as suas irmãs, por isso ela sempre se mantinha longe da carnificina, decidida a proteger a sua aldeia e ninguém mais.
- Boa noite, Ayrá, que Maia abençoe você. Perpétua cumprimentou a colega de turno e a dispensou para poder ocupar o seu lugar, havia repousado durante a tarde para vigiar durante a noite. O seu posto cobria os fundos da vila, a criatura inspirou profundamente enquanto pedia proteção a sua deusa mãe. Realizou alguns alongamentos, testou os próprios reflexos e assumiu uma postura vigilante. As horas passaram e Perpétua estava atenta a movimentação que acontecia na mata que se estendia a sua frente, conseguia ouvir tudo, desde o bater das asas do uirapuru ao rastejar da cauda de alguma cuca solitária. A maioria das criaturas mágicas evitava a região da vila, sabiam que as guerreiras de ouro residiam ali, as mães d'oro costumavam erguer fogueiras gigantescas para honrar a deusa Maia e avisar todos aqueles que não tivessem boas intenções - não toleravam ameaças.

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