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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Eduarda Montesinos Bedoya
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Eduarda Montesinos Bedoya
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Dom 9 Ago 2020 - 23:51
Não existe amor em SP? é uma RP FECHADA entre EDUARDA MONTESINOS BEDOYA e TIMOTHÉE SØREN. HELLSTRÖM, ambientada no interior do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
AGOSTO | PARQUE IBIRAPUERA | 15:00

não existe amor em sp?




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Eduarda Montesinos Bedoya
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Eduarda Montesinos Bedoya
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Seg 10 Ago 2020 - 0:56
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Cinco minutos. Faltavam somente cinco minutos para que seu turno acabasse, e a garota encarava o relógio fixo na parede com atenção, observando o ponteiro dos segundos se movendo, vagaroso — tic, tac, tic, tac. Tentava ignorar o fato de ser o seu aniversário; há muito tempo comemorar aniversários havia perdido o sentido. Inspirou profundamente, tentando manter-se calma. Havia sido um dia longo de trabalho, como a maior parte das sextas-feiras para quem trabalha com comércio, principalmente naquela área da 25 de março. Além do cansaço físico, a exaustão emocional jazia nítida no semblante distante e soturno da jovem a qual empilhava cuidadosamente — equilibrando-se na escada de madeira como uma artista de circo — os cadernos novos provenientes do carregamento mensal do estoque.

Gostava de trabalhar naquele lugar; o aroma agradável das folhas de pergaminho que se mesclava à fragrância terrosa do nanquim a trazia boas memórias de sua infância em Castelobruxo. Era uma verdadeira peste — aprontava todas e sempre estava metida em alguma travessura ou enrascada, fossem acidentais ou propositais. Talvez estivesse tentando externar o desespero e a tristeza reprimida que escondia por trás da persona de garotinha serelepe; a morte dos seus pais a assombra até os dias atuais. Questionava o motivo daquilo ter ocorrido consigo e não com qualquer outra criança, mas estes tipos de questionamentos só a levavam a mais dúvidas e razões para chorar, escondida, encostada na janela do banheiro feminino, a observar a copa das árvores guardadas pelas caiporas.

Meneou a cabeça, tentando espantar tais pensamentos, descendo da escada com cuidado. Um minuto, apenas. Sentiu uma pequena chama de empolgação acender-se em seu peito. Decidiu visitar o parque naquela sexta, somente para focar em algo a divergir-se de suas angústias. Uma casquinha de sorvete seria a cereja do bolo.

Bateu seu ponto no estabelecimento "Borrão de Tinta", nas galerias da 25 de março, e, após um almoço rápido — que consistiu num croissant e numa caixinha de suco de laranja — rumou até o ponto de ônibus, fazendo uma viagem de aproximadamente meia hora até a Av. Pedro Álvares Cabral. Caminhou por mais cinco minutos até finalmente deparar-se com seu destino. Ao avistar pipoqueiros e vendedores de algodão doce circulando pelos arredores do local, decidiu que merecia, sim, um dia feliz regado por açúcar e corante alimentício. Comprou um saco pequeno de pipoca salgada e um algodão doce cor-de-rosa — as melhores aquisições que havia feito num bom tempo — e desvencilhou-se por entre as entranhas do parque, a saborear sua grande refeição. Decidiu sentar-se na grama, encostando-se numa árvore parruda próxima às margens do lago que cortava o parque e descansar um pouco, apreciando a vista e os quitutes que tinha em mãos. Tentou não pensar sobre seus problemas, que inevitavelmente a perturbariam naquele momento silencioso. Manteve o foco na superfície refletiva do lago, esperando a chegada de uma gangue de patinhos com quem dividiria sua pipoca.
 
com: timothée






Última edição por Eduarda Montesinos Bedoya em Dom 18 Out 2020 - 22:10, editado 2 vez(es)


cherrybomb
Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Seg 10 Ago 2020 - 1:32
do not wait;
i’ll be there...
"O que poderia dar errado?" - era o que eu pensava momentos antes de levar minha varinha até a cabeça além de pensar se poderia haver uma alternativa mais viável do que aquela. Mas do que eu falava exatamente? Bom, digamos que os últimos meses foram extremos em diversos pontos. Eu fui da ascenção a queda e depois reergui tudo das cinzas que haviam ficado, a empatia guardava sequelas e eu precisava me livrar delas e consequentemente, parte da minha subida seria sacrificada. Com a ponta da varinha na minha cabeça, procurei diversas memórias dentro dela, fazendo uma grande procura sobre tudo o que havia acontecido. Sendo direto, além da parte ruim, a oposta, relacionada a Matteo e até mesmo outras pessoas seriam arrancadas. Com magia, puxei essas memórias que pareciam um pano fantasmagórico brilhante na ponta da varinha, estava tudo ali. - Incendio. - Disse após afastar a varinha da cabeça e então fazendo as lembranças pegarem fogo e virarem cinzas, além de me fazer esquecer tudo aquilo. A dor viria mais cedo ou mais tarde se eu me lembrasse do que havia feito, a dor de cabeça estava apenas esperando a hora mais oportuna de surgir.

São Paulo era de longe um dos lugares mais impressionantes que eu havia visto com meus próprios olhos. O cenário caótico do trânsito era algo que me deixava mais vivo e contente. Locais memoráveis dessa mesma cidade provocavam uma série de boas reações. O Iberapuera era constantemente frequentado por mim, amava sentar sobre os bancos espalhados pelo local, e por sinal, estava sentado em um deles momentos antes de levantar levemente perdido após o que havia feito. Embora a ausência do que havia incinerado me deixasse duvidoso, eu tinha certeza que havia feito aquilo por algum motivo e não ficava rebatendo ideias na cabeça sobre o que poderia ter feito.

"Não faria algo ruim pra mim mesmo, não?" - a resposta era fácil e acabava enterrando a minha vontade de tentar lembrar o que havia sido, não era necessário remoer a ferida que agora simplesmente não existia mais. A varinha estava então guardada em algum canto da roupa e assim eu dei sequência a a caminhada, observando todos os cantos, lados, cores.

Estava no mínimo relaxado, tranquilo e sem nenhum resquício do que viera a ser um problema. Era libertador poder ver o lago e algumas pessoas ao seu redor. Rostos novos eram bem-vindos. Aproximei-me da grama onde haviam poucas pessoas, a maioria dedicava-se apenas a caminhada e esportes de pouco esforço físico. A aproxmação se dera próxima a uma moça que estava por ali com pipoca, o cheiro sinalizava que elas eram recentes e que a garota estava ali por pouco tempo. O lago refletia o céu azul com poucas nuvens. - Assistir a natureza sempre é melhor do que ver filmes, não? - Direcionei meu olhar para o dela, havia ao menos feito uma pergunta possivelmente retórica que desse apenas um pequeno sorriso como "resposta". - As vezes me vejo perdido ao olhar pra esse lago, ele me lembra de tantas coisas. Talvez eu e
e ele tenhamos similaridades
- Era ali que passava o tempo majotitariamente desde a minha mudança. A maior perdição era notar que meus olhos eram tão azuis como o céu e eu não sabia se persistia olhando tentando procurar defeitos ou no mínimo tentando ser mais amigável e permissivo comigo mesmo, ver as as coisas com positivismo era essencial para alguém que sentia-se essencialmente sozinho em meio a uma mudança.


◥ TIMOTHÉE SØRENSEN HELLSTRÖM ◣
BÄTTRE SENT ÄN ALDRIG
Eduarda Montesinos Bedoya
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Qua 12 Ago 2020 - 12:48
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

A brisa passageira atravessava o parque com pressa, fazendo as folhas das árvores farfalharem. Felizmente os patinhos decidiram aproximar-se, uma pequena família — uma mamãe pata a ostentar sua penugem alva e lustrosa e cinco filhotes felpudos. Arremessou um pouco da pipoca amanteigada em sua direção, abrindo um sorriso enquanto os assistia se deliciarem com seu lanche da tarde. Talvez estivesse tão perdida em seus pensamentos que só foi perceber que aquele rapaz alto e esguio — o qual imaginava estar falando com outrem — dirigia suas palavras a si quando percebeu seus estreitos olhos azuis firmados em sua direção. Sua reação foi quase instantânea; era distraída demais, e estava acostumada a receber clientes súbitos. Abriu um sorriso amigável como sempre fazia ao recepcionar mais um cliente na papelaria.

“Oh. Boa tarde!”
, disse com naturalidade, levando algumas pipocas aos lábios. Pensou em oferecê-las, mas temeu que fosse muito cedo para isso. “Sim...”, assentiu, tentando ser coerente com as pequenas porções de informação que havia captado em seus poucos momentos de lucidez. Voltou a atenção para os patos, que grasnavam na espera de mais comida. Arremessou o restante das pipocas, dobrando o saquinho e o guardando no bolso da calça. Logo abriu o saquinho do algodão-doce, oferecendo este ao rapaz antes de beliscar um tufo e levá-lo aos lábios, sentindo o açúcar derreter em sua língua. O garoto parecia solitário e confuso, e embora seu lado racional (e acostumado com o caos daquela cidade) o considerasse um maníaco do parque em potencial, a jovem deixou-se levar por sua compassividade e o convidou para sentar-se ali perto.

Imaginou que pudesse ser um estrangeiro, ou alguém de outro estado pela forma como se comportava. Ninguém naquela cidade puxa assunto com ninguém; estão todos sempre atarefados, atrasados e estressados, ora com o trânsito sem fluxo, ora devido à imprudência alheia. Mas não aquele rapaz — ele tinha um ar pacato. Pacato demais. “Você é daqui mesmo?”, indagou, tentando rosquear a tampa da garrafa d’água que havia comprado, sem muito êxito.
 
com: timothée






Última edição por Eduarda Montesinos Bedoya em Sex 14 Ago 2020 - 17:32, editado 2 vez(es)


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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Qua 12 Ago 2020 - 19:22
do not wait;
i’ll be there...
Ser sociável era no mínimo a melhor coisa que existia em mim. De alguma forma ou de outra, conseguia ser bastante eficiente em tentar uma conversa. A garota parecia um pouco tímida para além de distraída ao perceber que eu havia falado com ela, natural, a rotina de todos daquela cidade era bem rígida e forçava as pessoas até o seu limite de cansaço num pequeno espaço de tempo no trabalho. Ela alimentava os patos com pipoca e então guardava o saco em seu bolso de maneira consciente. Gentilmente aceitei o algodão doce o pegando em pequenas quantidades para que não soasse muito invasivo. Talvez estivesse sendo julgado como uma pessoa extremamente diferente por conta da tentativa de aproximação e esperava que ela não tivesse ido muito além nos pensamentos, existem mais loucos no mundo do que pessoas lúcidas.

Aproveitei que havia conseguido uma deixa para me sentar e então o fiz, ficando ali um pouco mais espalhado com as pernas estendidas sobre a grama. O clima dali era ótimo e o visual era bastante agradável para quem via a parte da cidade grande o tempo todo, no mínimo era um alívio extremo. – Não… Não nasci aqui… Eu nasci na Suécia e morei por um tempo por lá e na Alemanha… Agora estou aqui para construir a minha vida sem interferência dos meus pais. – Dei um sorriso gentil enquanto olhava nos olhos dela e então desviava o foco para os patos, pareciam bem dóceis. O fato de ter mudado para o Brasil sobre a família era verdadeiro embora gostasse de ter ao menos um parente por perto para que pudesse me abrir mais frequentemente, mas não conseguia enxergar nenhuma pessoa gentil e empática o suficiente para que pudesse fazer o mesmo.

– E você? É daqui mesmo? – Acabei perguntando na intenção de continuar a puxar assunto, aquilo poderia ser proveitoso para alguém que tinha acabado de apagar mais da metade das memórias com os amigos recentes, certamente teria problemas com aquilo mas na situação em si, eu nem me lembrava mais… Mas meu celular tocaria algum momento com mensagem de alguma pessoa que eu tivesse esquecido parcialmente, apenas as amizades recentes sofreram o impacto. – Eu gosto daqui… As pessoas são mais receptivas do que na Europa. Lá é muito comum que as pessoas não deem atenção aos turistas, todo mundo parece focado demais em enxergar só a frente e os lados que não focalizam os novatos. – Suspirei de maneira profunda, era um pequeno desabafo. Agora só precisaria entender melhor como conseguiria sair da mesmice na arte de “puxação de papo”.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Sex 14 Ago 2020 - 20:48
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

O garoto tinha um olhar ingênuo, diferente da maioria dos rapazes que já havia conhecido em sua breve vida. A inocência presente em seu olhar a transmitia uma tranquilidade inegável — talvez por isso decidiu não se afastar no momento em que o mesmo se lançou à grama, ao seu lado. Analisando um caso como aquele, seu destino parecia se dividir em dois caminhos: assalto simples ou sequestro relâmpago. Todavia, de certo modo, tinha consciência de que o jovem não seria capaz de realizar feitos sórdidos como os citados previamente. Havia algo de diferente naquele garoto. Ele tinha um brilho inocente no olhar; um semblante pacato, inofensivo; cativante, até.

O açúcar cristalizado do algodão-doce derretia em sua boca por inteiro, a relembrando do sabor agradável de uma infância tranquila, coisa que não teve a oportunidade de vivenciar. Sentiu-se enrubescer, de súbito, ao perceber que o olhar do rapaz fixo em seus olhos. Passou a mão pelos cabelos, transpassando uma mecha para trás de sua orelha direita.

"Não", respondeu, hesitante, à sua pergunta. "Nasci na Espanha", inseriu o palito dentro do plástico que envolvia o algodão doce, agora findado. Deveria revelar assim, de supetão, que era órfã? Não, melhor não. Mal o conhecia, além de que mencionar tal fato iria deixar a conversa mais embaraçosa ainda.

Eduarda não era de falar muito. Não desde o incidente. Seu comportamento havia mudado muito. Não a personalidade, somente a maneira de se portar para com os outros. O que antes era uma garota extrovertida e enérgica transformou-se em alguém quieta e introspectiva. Não obstante, uma observadora, atenta a quase tudo a todo o tempo. Sentiu o celular vibrar no bolso da calça, o alcançando somente para se deparar com o símbolo de bateria fraca. Agora, sim, estava em meio a uma fusão perfeita de circunstâncias preocupantes. Sozinha, sem meios de comunicação, perdida nas entranhas do Ibirapuera e, para completar, ao lado de um estranho o qual nunca havia visto antes na vida. Pelo menos tinha um palito para se defender, pensou, abrindo um pequeno sorriso involuntariamente.

Assentiu para suas afirmações. Não conseguia desviar a atenção de seus olhos, ingênuos, estreitos e muito, muito azuis. Por que ele teria escolhido sentar-se justamente ao seu lado, dentre tantas outras pessoas presentes ali? Ele até que era bonitinho. Sua voz era agradável, não se importaria de ficar o encarando e assentindo para qualquer coisa que dissesse por mais alguns minutos. "Qual o teu nome?", o inquiriu, num momento de silêncio. "É gringo mesmo. Posso te chamar de Tim?", riu, cruzando as pernas rapidamente, inclinando o torso de maneira sutil na direção do jovem para que pudesse ouvi-lo melhor. "Eduarda", apresentou-se, sentindo suas bochechas corarem.

"O que te trouxe até aqui?", questionou, contemplativa. "Não acredito muito em acaso. Acho que tudo tem uma razão para acontecer, sabe?", confidenciou, encarando o horizonte. Vivia uma época conturbada de sua vida. Sentia-se solitária, em sua maior parte. Se via enfrentando seus demônios sozinha, e isso a entristecia. Muita coisa andava a entristecendo, na verdade. Não se importava de se abrir, assim, para um estranho. Talvez fosse até saudável, simplesmente admitir o motivo pelo qual havia vindo para o parque. Se sentia triste. E sozinha. E, poxa vida, os patinhos estavam indo embora. Suspirou, melancólica. "Viver é esquisito, né? Muito esquisito", tentou mascarar a voz chorosa, enxugando os olhos marejados.
 
com: timothée






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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Sex 14 Ago 2020 - 21:21
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Eu sentia o ar misterioso intensamente ao conversar com a garota. Todos tinham uma boa história consigo que poderia ser contada mesmo que fosse simples. A minha aproximação era bem tímida já que eu não sentia uma grande liberdade com mulheres, com os rapazes era bem mais comum e eu soava ainda mais espontâneo do que já era. Ela segurava algodão doce e o comia lentamente e eu terminava a parte que havia pego para que acompanhasse ela no mesmo ritmo. – Espanha? Um lugar muito interessante… Legal de se visitar… Aqui os brasileiros parecem ter raiva do mundo por conta que acham que o idioma daqui é o espanhol, devem até ter um pouquinho de raiva da Espanha. – Dei um sorriso e soltei um riso estreitamente tímido. Situações de contato sociais eram sempre novidade para quem vivia fechado no próprio mundinho da lua, agora tinha que dar um jeito de sair da minha zona de conforto.

Nos últimos anos eu havia me tornado uma pessoa muito diferente da que havia sido desde a adolescência inteira, a fase adulta, que era recente, trazia consigo muitas novidades, coisas diferentes e até mesmo complexas. Apenas agradecia o fato de estar empregado e poder me manter naquele país, não tinha vontade alguma de o abandonar, todos pareciam gentis demais e aquilo era extremamente agradável. Esperei algum tempo para que deixasse com que Eduarda, como ela se apresentou depois, falasse mais, era ali que tinha a afirmação que poderia continuar conversando sem soar estranho. Mas, infelizmente, não conseguia ver o que ela sentia no momento e tampouco verificar o que ela estava pensando. O comportamento poderia ser suspeito mas não era nem um pouco forçado, era natural e tinha uma leve serenidade que me acompanhava até hoje. – Timothée... – Disse baixinho olhando cabisbaixo em direção a grama enquanto mexia com os dedos na porção verde do chão. – Pode sim. – Confortável com o apelido, aceitei na mesma hora a proposição de ser chamado por tal e então ouvi o nome citado anteriormente, um nome comum no país.

– Pro Brasil? Ah, acho que aqui é um lugar mais legal do que lá fora… O clima é agradável pra quem vivia frio e calores intensos o ano inteiro. Aqui é super diferente, todo dia uma definição de clima diferente. – Procurava então subir o olhar para o dela enquanto via a oportunidade de soltar um sorriso em ouvir ela falar sobre acaso. O que eu poderia dizer? Era a prova viva de que as coisas aconteciam por algum motivo que eu nunca iria compreender, cada situação parecia propícia para as coisas boas ao pensar em quantos momentos bonitos havia vivido durante Hogwarts. Meu olhar dirigiu-se ao lago, aos patinhos que agora pareciam ir em direção contrária a que estávamos, talvez estivessem cheios de pipoca e estariam indo para algum lugar descansar.

– Viver é ótimo. As vezes passamos por pequenas coisas ruins mas são apenas momentos, nós construímos a nossa própria vida em meio a felicidade. – Cruzei os braços. – Tudo acontece por um motivo. E nem sempre ele é explicado. Cabe a nós tentar interpretar... – Inspirei o ar de maneira profunda, Eduarda parecia estar com problemas e eu adoraria poder ajudar mas não tinha ideia de como poderia agir. Era todo confuso e cheio de pensamentos duvidosos, nunca sabia ao certo como agir. No fim, eu acabava sempre agindo por impulso tentando melhorar a percepção das outras pessoas, até mesmo soando invasivo, só queria ver um sorriso plantado no rosto das outras pessoas mesmo que custasse a minha própria felicidade, eu não importava muito, era muito sobre os outros e pouco sobre mim. – Mas pensar assim não ajuda. Falar é a solução para quase todos os problemas, o diálogo em si. Sempre gostei de ser mediador de qualquer assunto que surgisse... Eu sempre fui o membro da Lufa-Lufa mais justo que todos poderiam conhecer, vejo a justiça muito acima de pessoas... – Fechei os olhos por alguns instantes enquanto alisava meus antebraços com as mãos geladas.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Eduarda Montesinos Bedoya
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Sex 14 Ago 2020 - 23:26
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Uma ventania gélida pôs-se a soprar pelo ambiente, fazendo as folhas das árvores farfalharem sobre suas cabeças. Eduarda enxugou os olhos marejados com o dorso das mãos. "Não, eu quis dizer...", mordeu o lábio inferior, soltando-o num sorriso sem jeito. "Aqui, ao meu lado", olhou para baixo, pensativa, recolhendo um punhado de grama do solo com a mão direita, somente para observar seus pedaços desvencilharem-se de seus dedos, pairando no ar por poucos segundos pelo breve trajeto de sua mão até o chão. A tarde caía aos poucos, e o céu, antes tinto num azul celeste, dava lugar ao laranja característico do crepúsculo.

Seguiu perdida em divagações. Por qual motivo, se quiçá houvesse algum, teria ocorrido a morte de seus pais? Qual seria a finalidade de privar uma jovem garota da companhia de seus progenitores? Deveria se contentar com a opção de aceitar sua morte, justificada por uma frase de efeito que soa bonito? Rosqueou a tampa da garrafa plástica, logo a levando aos lábios para matar a sede ou simplesmente preencher o silêncio que se manteve até decidir se pronunciar novamente. "Ei —", chamou a atenção do rapaz.

Chega. Não aguentava mais guardar todo aquele martírio dentro de si. Não aguentava mais ter de conversar com os mesmos terapeutas sobre a mesma coisa. O que havia ocorrido era uma fatalidade, uma a qual somente o tempo iria amenizar. Ela só queria sentir o vento batendo em seu rosto sem ter de aturar o peso da culpa que carregava por estar viva. Queria abrir um sorriso de verdade, igual àqueles dos comerciais de pasta de dente que via na tevê. Tinha se resguardado por tempo suficiente, e a dor que se enraizava no seu peito só iria aumentar se nada fizesse em relação à ela, o que já tinha experimentado fazer, sem êxito.

A garota o lançou um olhar intenso, enigmático, os olhos verde jade assemelhavam-se aos de um puma oriental a observar sua presa, sempre dotado de uma tranquilidade frígida. Não tinha mais pelo que se resguardar; se continuasse daquele jeito, acabaria como aquela velhinha do sétimo andar do prédio onde morava: Sozinha, amargurada e com nove gatos para criar dentro de um apartamento de 70m². Pobre dona Henriqueta.

Suspirou, levantando-se num salto. "Quer fazer uma loucura?", estendeu-lhe a mão, o olhar felino, instigante. Ora, vamos Timóteo. Aceite acompanhar uma garotinha órfã numa tarde de aventuras. Seria difícil reviver todo o tempo que perdeu neste entremeio em uma tarde só. A não ser que a aventura se prolongasse, quem sabe? De qualquer jeito, só havia o perguntado para fazer troça com o destino, o mesmo destino que lhe tirou sua mãe e seu pai. É claro que ele negaria, era o que uma pessoa normal faria, não? Mal a conhecia, provavelmente giraria nos calcanhares e correria para longe. Só queria demonstrar que não estava mais nem aí para nada nessa vida.
 
com: timothée






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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Dom 16 Ago 2020 - 18:08
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– Ah, sim… Entendi... – Tímido, olhei para baixo enquanto procurava uma resposta convincente para a pergunta dela. Mas, não necessariamente a resposta deveria existir então fiquei calado por alguns instantes. O tempo passava mais rapidamente naquela circunstância. Eu esperava que nos próximos dias tivesse uma grande evolução no quesito de ser artista iniciante. Precisaria de inspiração e o cenário era propício para que algumas ideias surgissem na minha mente. Seria apenas necessário que eu pensasse numa maneira mais sincera de falar o que sentia por meio de palavras e expressões refletivas. Observar os gestos da garota me deixavam no mínimo um pouquinho mais tenso que o comum. O cenário da tarde era bonito e diversas pessoas caminhavam pelo local nas mais diversas situações.

– Oi? – Minha expressão de dúvida era grande naquele momento, ela pareca tentar chamar a minha atenção e tudo o que eu poderia fazer era tentar ser recíproco. – Uma loucura? O que seria? Não vai me meter em confusão, não? – Curioso e no mínimo tenso, esperava que não fosse nada demais. Eduarda havia passado algum tempo pensando e poderia ter tido uma ideia inesperada. O que poderia fazer? Manter a curiosidades acima da vontade de fazer a possível loucura era o mais provável naquela hora. Existia um grande mistério por trás dela que eu não era capaz de desvendar tão fácil. Mulheres sempre foram repletas de atitudes e boas ações mas não era acostumado com aquilo, o que poderia acontecer se contrariasse?

Eduarda havia se levantado rapidamente e meu olhar subiu para que eu pudesse retribuir o mesmo. – Eu posso até topar… Mas preciso saber primeiro no que estou me metendo... – Respirei fundo e então me levantei lentamente com uma leve dor nas pernas. O convite vindo de uma desconhecida era tentador para a minha curiosidade em saber o que poderia ser. Tentando me acalmar e pensando diversas coisas comigo mesmo, eu esperava poder saber o mais rápido possível o que ela queria fazer. Garotas sempre nos metem em confusão, não?


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Eduarda Montesinos Bedoya
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Seg 17 Ago 2020 - 3:49
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

O súbito e insólito irrequieto estado de espírito que a sobreveio em decorrência de suas divagações e da exaustão emocional — a qual a incentivou a pôr em prática a ideia de fuga e forclusão de suas questões — proporcionava um sentimento que fervilhava em seu sangue. Não que aquilo tivesse caráter mágico, de forma alguma; é apenas a maneira com que nossos cérebros lidam com situações de estresse e repressão (esta causada em grande parte pelo próprio indivíduo num modo de lidar com o sentimento de culpa). Não era algo repentino, visto que já havia fermentado ideias parecidas em sua mente há bastante tempo atrás. Queria fugir: fugir de tudo o que a assombrava, nem que fosse por um dia só. E sabia exatamente para onde deveria ir.

Tudo começou quando encontrou aquele maldito bilhete, largado dentro de um livro velho, amarelado e carcomido por traças que achou, convencionalmente posicionado num galho roliço de um ipê roxo, em sua última visita ao parque. Achou curioso encontrar algo como aquilo naquele dia — estava tão deprimida que cogitou, em um momento de desespero, tirar sua própria vida quando chegasse em casa; o que tornaria aquele o seu último passeio pelo seu lugar favorito. À medida em que folheava o livro — curiosamente, um exemplar de "O Eu profundo e os outros Eus", de Fernando Pessoa, pôde jurar que o já havia visto em um canto qualquer no escritório de seu pai. Seria aquilo intermédio divino ou uma mera coincidência? Não. Não há coisas como coincidências nesse mundo. Chorou baldes naquela noite, debruçada sobre sua cama, folheando o livro à procura de mais possíveis mensagens. Nada, nadinha — apenas algumas palavras sublinhadas a lápis as quais, caso formassem algum tipo de mensagem codificada, a garota não foi capaz de decifrar.

Naquele dia, pensou em seu pai. Pensou no que não tinha. Pensou no vazio existencial que cavucava um buraco em seu coração. Chorou, bastante. Pensou e repensou sobre o que estava prestes a fazer com a varinha encostada no pescoço, a ponta afundada sobre a laringe, as bochechas vermelhas de tanto chorar. Fechou os olhos e contou até dez. Um... dois... três... miau... quatro... miau!!! — abriu os olhos lentamente. Um gato preto, provavelmente um entre os outros oito de sua vizinha (a louca dos gatos) a observava, sentado no batente da janela aberta. Seu semblante demonstrava preocupação para com a jovem, podia jurar ter visto os olhos amarelados do animal adquirirem um caráter piedoso. Nunca foi muito fã de gatos, curiosamente. Suspirou, se aproximando lentamente do bichano, que a permitiu afagar-lhe o pelo negro. O gato saltou para dentro de seu quarto e se aconchegou aos pés da cama, a encarando até que se juntasse ao mesmo. Hora de dormir, mocinha; dizia seu olhar. Eduarda o obedeceu, embarcando numa noite de sonhos nostálgicos. Quando acordou no dia seguinte, ele não estava mais lá. E foi naquele momento que captou a mensagem: não estava sozinha, ao contrário do que achava.

Precisava se dar a chance de encarar a vida por outras lentes. Não era justo o que estava fazendo consigo mesma, embarcando naquele navio de melancolia. Decidiu tentar virar o jogo, se permitir voltar a ser como era antes, viva, serelepe e falante. A apatia e a impassibilidade que a dominaram nesses últimos meses eram como uma nuvem cinza sobre sua cabeça. Queria voltar a ser como era, apesar do desânimo que sentia a todo momento. Queria voltar a falar. Não simplesmente falar, e sim falar, assim, pelos cotovelos. Nunca foi muito quieta, verdade seja dita. A personalidade enérgica não poderia ser abafada por tanto tempo. Além do mais, como estava entediante! Sem expressão, bucólica, melindrosa. Aquilo tinha que mudar, fosse agora ou nunca.

O sorriso em seus lábios fora provocado pelos questionamentos pueris do jovem garoto — que fofura! Pobre rapaz, não saberia nunca no que estava se metendo. Talvez estivesse no lugar errado, na hora errada — ou no lugar certo, na hora certa. Nada é por acaso, como fora salientado pelos dois há pouco. "Ah... aí a gente só vai saber se fizer", arqueou as sobrancelhas, e, sem pensar muito, tomou o rapaz pela mão esquerda, correndo pelas entranhas do parque, tentando driblar as outras pessoas que entravam em seu caminho. Saindo pelo portão de número sete, que dava na Av. República do Líbano, pôs em prática sua epifania. Agarrada no braço do garoto — , empunhou seu celular e abriu o aplicativo de aluguel de bicicletas.

"Sabe andar de bicicleta?", o lançou um olhar açulador. Abriu sua bolsa, desamassando o bilhete misterioso e o entregando para que lesse. "Eu achei isso num livro velho — é uma longa história. Eu não tenho o que fazer, nem você, então, win win", explicou, logo apontando para o terceiro item da lista. "'Simbora pra Paulista?", abriu um sorriso de empolgação, destravando a bicicleta e a entregando nas mãos de Timothée. "A gente aproveita e vai na Méqui. Eu te pago uma casquinha!", deu uma piscadela, arqueando as sobrancelhas por seguidas vezes, jocosa. Eduarda Bedoya, a primeira de seu nome, está de volta em carne, osso e descaração.




 
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Seg 17 Ago 2020 - 16:25
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Era assustador sair do que era rotineiro, pelo menos para mim. Eu tinha grande dificuldade em fazer coisas diferentes e era bastante metódico. E parecia que eu havia encontrado alguém que fosse completamente da linha oposta a que eu seguia. Já era tarde demais para negar depois que ela me puxou por longos metros até perguntar a respeito de uma bicicleta. – Sei... – Olhava pra ela com um pouco de surpresa, afinal aquilo já estava saindo completamente da zona de conforto que eu gostava em viver. Estendi a mão para pegar o bilhete mesmo ficando imóvel por alguns instantes. – Certo... – Peguei a bicicleta e então fiquei na posição de quem a conduzia e comecei a ir para frente, em direção a Paulista onde ela havia mencionado que deveríamos ir.

Um mix de sentimentos acontecia e aquilo era bom, era como se estivesse experimentando a parte proibida do mundo. Pedalava com pouca pressa até porque não sabia o que iria acontecer quando chegássemos ao local de destino. Respirava fundo pois sabia que não tinha nenhuma maneira de como prever o que aconteceria, apenas torcia para que fosse algo divertido e que não quebrasse muitas regras. Para um membro da Lufa-Lufa, quebrar regras não era nada bom para nossa imagem. Ao que parecia ser, eu teria me metido em uma grande confusão da qual não poderia sair com muita facilidade e nem mesmo eu saberia dizer se queria sair, parecia uma ótima atividade andar de bicicleta até a avenida principal da cidade com várias pessoas transitando diariamente. E, pelo menos, havia uma pessoa interessante como companhia e não faria tudo sozinho como estava pretendendo, estar acompanhado no meio de tantas pessoas era ótimo.

Assim que chegamos na avenida eu parei um pouco e olhei para trás. – É aqui? – Disse esperando uma resposta extremamente óbvia. Dei de ombros e semicerrei os olhos devido ao sol da tarde, ter olhos claros nem sempre é sinônimo de uma boa visão. – Devo dizer que tem mais de 10 anos que não pego numa bicicleta… Me surpreende ver que eu ainda sabia… “dirigir”? – Ri um pouco e então segurei a mesma, esperando a próxima ação da garota.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Ter 18 Ago 2020 - 3:54
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Era divertido observar o garoto saindo, aos poucos, de sua zona de conforto. Não iria negar o fato de que se encontrava numa situação parecida — com o falecimento de seus pais, resolveu defender-se de quaisquer tipo de frustrações que cruzassem o seu caminho. Para isso, encarnava uma persona calada e impassível, disposta a fugir de toda e qualquer quebra de expectativa como alguém que desvia avidamente das poças de água ao atravessar a calçada após um dia de chuva. Isso demandava um esforço exaustivo de sua parte, além do fato de ter de driblar estritamente qualquer espécie de situação que pudesse levá-la a possíveis decepções, e isso inclui absolutamente qualquer tipo de atividade interessante ou de seu gosto.

Eduarda, por sua vez, é dona de uma personalidade vigorosa e intensa — não conseguiria conter-se por tanto tempo. Só não contava com a rapidez com que isso ocorreria — de repente, puf, estava ligada no 220V, como era normalmente. Pode-se considerar o bilhete como um gatilho importante. Sua mente empilhava suposições, uma em cima da outra: teria sido escrito por seu pai numa tentativa de fazê-la sair daquele molde catatônico? Se sim, antes ou depois de sua morte? E, o mais importante: qual seria a razão de tê-lo encontrado, se é que houvesse alguma?

Resolveu deixar os pensamentos de lado por um momento, voltando sua atenção para o presente. Sorriu, serelepe, firmando-se no bagageiro da bicicleta, atrás do garoto. Apertou com força as mãos em volta dos aros metálicos que formavam a superfície onde estava sentada, assim não precisaria se apoiar em Timothée, que parecia estar mais perdido que um cego num tiroteio. O guiou até o local, indicando para quais lados deveria cruzar a fim de chegar lá. O aroma de pipoca doce emanava pelas ruas; o vento gélido os atravessando à medida com que voavam cada vez pais rápido por entre os carros à sua volta. Eduarda gostava de sentir o vento soprar em seu rosto.

O trajeto seguiu tranquilo, e, por sorte, chegaram com vida à Paulista. Assentiu para sua pergunta, saltando com rapidez do veículo. "A gente nunca esquece", afirmou. "Minha vez, gringo", a garota se apossou da bicicleta. Adorava andar de bicicleta por aí; a atividade a proporcionava uma agradável sensação de liberdade. "Vai subir ou tem medo?", inquiriu num tom ligeiramente provocativo. "Decide logo que tem uma galera vindo aí", apontou com o queixo para dois rapazes prestes a cruzar a ciclovia.

Pobre Timothée. Reservarei mais palavras piedosas para o futuro, todavia. O garoto, como de costume, compactuou com as ideias da recém-conhecida, encaixando-se na parte de trás do veículo. Eduarda seguiu pedalando com um pouco de dificuldade devido ao peso extra. Atravessavam a ciclovia em alta velocidade; o vento fazia os cabelos da jovem esvoaçarem à medida que cruzavam as faixas. "Vou te ensinar a raspar pneu", mordeu o lábio inferior, diminuindo a velocidade a fim de encostar o seu pneu dianteiro no pneu traseiro da bicicleta à sua frente, gerando fricção. O homem a conduzindo olhou para trás, confuso. "Opa. Desculpa aí, tio", a menina conteve o riso, esperando o desconhecido se distanciar somente para frear abruptamente ao se deparar com um cão vira-lata que cruzava a ciclovia, fazendo o rapaz atrás de si perder o equilíbrio, o que o fez, involuntariamente, ter de se segurar na garota, que foi puxada para o lado, perdendo o controle do veículo.

Caíram. Feio. No meio da pista. Um em cima do outro. A bicicleta de aluguel largada num canto, os pneus ainda rodando em desespero. Eduarda caiu em gargalhadas, deitada no chão gelado. Pela primeira vez em mais de dez meses, se sentiu, de fato, viva. Levantou-se, logo ajudando o rapaz a fazer o mesmo, e ergueu a pobre bicicleta. "Completamos um item. Com graciosidade", atreveu-se a dizer. Devolveu a falecida bicicleta para a estação, caminhando até a calçada rodeada de pessoas, surpreendendo-se ao ver o garoto ainda ao seu lado. Imaginou que estivesse se sentindo desconfortável com a decorrência do passeio. Não sabia ao certo o que ele sentia; Timothée era difícil de decifrar.

Suspirou. O tom alaranjado do crepúsculo banhava os céus acima. "Ok, isso foi só o test-drive. Você tem exatos —", olhou para os ponteiros do relógio em seu pulso. "— cinco segundos pra sair correndo se quiser pular fora e nunca mais me ver na vida", afirmou, um sorriso travesso marcava seus lábios rosados. "Mas aí eu não te compro a casquinha...", enfiou as mãos nos bolsos, esperando uma resposta, o olhar instigante fixo nos olhos azuis do rapaz. Não queria que ele fosse embora, mas tentou não demonstrar o sentimento. Continuaria ao seu lado depois de tudo o que havia aprontado? Ele deve ter ficado envergonhado — nem todos tem a cara de pau da Bedoya, disso ela sabia. De qualquer jeito, sentia-se feliz por ter saído de sua própria zona de conforto, e imaginou que Timothée sentisse o mesmo pelo brilho em seus olhos.

 
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Ter 18 Ago 2020 - 19:06
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Não saber o que poderia acontecer gerava sentimentos muito intensos dentro de mim. Era a primeira vez que estava tão incerto a respeito das coisas que poderiam acontecer e aquilo tinha uma graça única. Acostumado a ser calculista, eu tentava ao menos prever o que poderia acontecer na bicicleta. Paramos na Paulista e ela levantou-se dizendo que era sua vez. Agora sim as coisas sairiam do controle já que estariam completamente nas mãos dela. Mas, não estava em posição de negar qualquer coisa visto que me divertia mais do que o comum. – Eu vou... – Disse retomando a sentar na bicicleta e então deixei que ela conduzisse. A velocidade era tanta que eu sentia palpitações e um leve medo de cair daquela coisa sobre rodas.

– Raspar o que? – Questionei com surpresa, o que aquilo poderia significar? Não tinha menor ideia do que poderia ser até que passasse pela situação que viesse a seguir. Os pneus entraram em contato um com os outros e eu tive que me segurar para que não caísse, o que certamente seria um mico enorme perante várias pessoas que frequentavam aquele local. A ciclovia parecia ser o lugar mais tranquilo. Andar de bicicleta nunca havia sido tão interessante, talvez a pessoa com quem estava soubesse sim viver independente de tudo. Admirava aquilo nas pessoas e esperava que pudesse contribuir de alguma forma. Não iria abandoná-la tão cedo, parecia errado. Eu esperava no mínimo que completássemos o circuito sem termos uma queda levemente vergonhosa que aconteceu logo depois. Caímos um em cima do outro e então ouvi uma risada que me deixou com um sorriso e meio constrangido. – Graciosidade? Isso foi uma loucura. – Exclamei enquanto batia nas pernas afim de tirar qualquer sujeira que estivesse na ciclovia. Eduarda devolveu a bicicleta na estação e então olhei nos olhos dela.

– Tá… Ok… Mas porque eu cairia fora? Acho que o pior já passou. – Disse com um certo tom cômico, afinal aquilo havia sido uma das melhores experiências com garotas. Eu era bem limitado com o sexo oposto e quase nunca sabia me relacionar ou me expor amistosamente, mas naqueles olhos eu sentia um leve e estranho conforto. – A casquinha é um prêmio pela minha insistência? – Voltei a rir e então observei a moça com as mãos no bolso e estendi uma das minhas em direção a ela. – Para onde? – Esperei a resposta, Eduarda era imprevisível e aquilo era viciante. O que de mais constrangedor poderia acontecer em seguida? Uma coisa era fato, a cena da bicicleta ficaria para sempre em sua mente. A velocidade e o jeito que eu me senti me fez sentir mais vivo e com medo do que viesse a seguir. Mas, por fim, se algo errado fosse acontecer, já teria, não? Qual seria a graça se soubéssemos o que estava por vir?


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Ter 18 Ago 2020 - 22:30
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Decerto a resposta do garoto a surpreendeu. Não negaria que ficou um pouco aflita imaginando um cenário onde não tivesse sua companhia, apesar de tê-lo conhecido há pouco tempo atrás. Fofinho, pensava, um sorriso tímido marcava seus lábios. Alegrou-se por conseguir fazer com que ele se sentisse confortável o suficiente com seu jeito fora da curva para se libertar dos grilhões rígidos de sua controladora personalidade sistemática.

"Hm...", o encarou, uma expressão travessa tomava conta de sua face. Certamente cair da bicicleta e se esparramar no chão no meio da Paulista soava desagradável, mas não seria o pior, nem de longe. Eduarda alcançou o bilhete no interior de sua mochila, retirando também de lá uma caneta azul, cuja tampa foi parar entre seus dentes enquanto marcava o item três como concluído. Deveriam escolher aonde teriam de ir agora, mas não antes sem um lanchinho.

"Sim, senhor", respondeu ao rapaz. Abriu um sorriso tímido, impressionada com a mudança repentina de comportamento ocorrida no mesmo. Guardou os itens de volta em sua bolsa, permitindo-se segurar a mão do garoto por alguns segundos antes de limitar-se a caminhar de braços cruzados com o mesmo. Seguiram então até a McDonalds da Av. Paulista, situada no interior de um enorme prédio antigo e pomposo numa forma de comemorar o fato do estabelecimento ser a milésima franquia da rede de restaurantes em solo brasileiro. No letreiro fixado ao topo do edifício lê-se "Méqui 1000".

Eduarda escavou o interior da mochila à procura de sua carteira, a fim de pescar duas notas de dois reais. "Eu volto já. Baunilha, chocolate ou os dois?", indagou antes de caminhar até o interior da lanchonete. Esperou por volta de três minutos na fila de sobremesas até pagar por duas casquinhas e uma garrafa d'água (a qual guardou na bolsa para que pudesse segurar os cones com as duas mãos), logo retornando para a companhia de Timothée — o qual privou de acompanhá-la para que não tentasse pagar pela sobremesa, o que supôs que faria devido às suas tendências certinhas demais — e o entregando seu sorvete.

Seguiram caminhando pela calçada. "Eu adoro essa música", exclamou enquanto passavam por um artista de rua em meio a um acústico de "Não existe amor em SP", do cantor e compositor Criolo. Eduarda mordeu sua casquinha esboçando um sorriso — há tempos não sorria tanto assim —, e devorou o último pedacinho, espanando as mãos uma na outra para expulsar os farelos. "Quer água? Deve estar morrendo de sede", apertou o braço de Timothée para chamar a sua atenção, retirando a garrafa d'água de dentro da mochila e o entregando. "Agora você escolhe pra onde a gente vai", o entregou o bilhete.




 
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Qua 19 Ago 2020 - 16:12
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Assim que ela segurou minha mão, fomos em direção ao McDonalds que ela havia dito antes. O local estava bem frequentado por pessoas e parecia imenso em comparação aos outros restaurantes. Tudo o que tinha em São Paulo era completamente escancarado e enorme, assim como os parques e os demais locais de lazer. Estava contente em permanecer com uma pessoa imprevisível, era legal e assustador depender de outra pessoa que havia conhecido em um curto período de tempo. Mas, em virtude disso, nada de ruim aconteceria no processo, ou se não já teria ocorrido. Dei de ombros e permaneci olhando pra ela que mexia em sua bolsa.

– Os dois. – Respondi para ela e assim que fui dar o dinheiro, ela virou-se e foi em direção a fila para pegar ambos. Certamente faria alguma coisa para que a minha parte fosse paga da maneira correta. De longe observava a fila aos poucos caindo e Eduarda chegando na primeira posição para pedir as duas casquinhas e uma garrafa de água. Assim que ela chegou, dei um sorriso para ela ao receber a casquinha e sequer mencionei que devolveria o dinheiro para ela de um jeito ou de outro. Ao fim, fomos para fora retomar nossa pequena caminhada pela Paulista.

Meus ouvidos eram acertados em cheio por uma música que parecia estranha mas legal ao mesmo tempo. Músicas daquele gênero e assunto me deixavam um pouco constrangido quando eu estava na companhia de alguém. Tentando mudar um pouco meu foco de atenção, eu comecei a focar na casquinha tirando alguns pedaços enquanto observava o movimento e Eduarda, não queria me perder ali tão cedo. O doce caía completamente bem para quem era acostumado a comer de duas em duas horas e já fazia tempo que estava nos arredores de São Paulo sem comer qualquer coisinha que reanimasse os ânimos. Meu braço fora apertado e então olhei pra ela com um sorriso meio tímido. – Acho que vai bem... – A garrafa de água abriu-se e então tomei uma pequena parte do líquido e então devolvi para ela. Agora com um bilhete na mão, era a minha vez de escolher algum lugar.

– Eu não sei. – Disse com os braços cruzados enquanto seguia o caminho a frente. Eram tantas opções e grande parte delas pareciam um pouco esquisitas para nós. O museu poderia ser legal e entediante ao mesmo tempo e ela poderia não gostar muito daquilo, então optei por ficar calado. – Alguma praça por perto? Um prédio para ver o pôr do sol, um restaurante mais tarde para a janta… Não sei, são tantas possibilidades. – Concluí, esperando que Eduarda desse uma luz aonde estava escuro e incerto.


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Qui 20 Ago 2020 - 4:53
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Talvez não quisesse admitir para si mesma, mas a verdade é que seu coraçãozinho pulsava ligeiramente mais veloz quando chegava perto do rapaz. Apesar do pouco tempo de convívio que tiveram, sentia-se segura estando ao lado de alguém dono de uma índole tão afável. Deram-se os braços novamente enquanto seguiam pela calçada. "É bom a gente sair logo daqui antes que escureça. Vamos ver se dá pra pegar o pôr do sol na praça", sinalizou, erguendo o braço direito em função de chamar a atenção de um taxista. Desajeitadamente, Eduarda retirou a carteira da mochila para contar o dinheiro que tinha consigo. Dez, vinte... vinte e sete, vinte e sete reais. Impossível ir da Paulista até Pinheiros só com essa quantia. Mas para tudo se dá um jeito: poderiam parar num ponto não tão longe e percorrer o resto do caminho a pé.

De súbito, foram abordados por duas crianças pequenas, para sua surpresa. "Boa noite tia, a senhora pode comprar um paninho?", indagou a mais velha; sua voz era doce e tranquila. Seu coração apertou; o táxi já os aguardava. "A gente tá fazendo cinco por dez, ele é bem fofinho, olha", Eduarda abriu um sorriso carinhoso, afagando os cabelos dos pequenos enquanto pensava no que iria fazer. Foi então que ouviu a janela do táxi abrir, somente para revelar um homem suado e corpulento, o rosto colérico vermelho de raiva:

"PSIU! Cai fora daqui, ô pivete! Fora!"
, bradou de maneira agressiva. A jovem lançou um olhar sério para Timothée. "Vai falando pra ele que a gente vai pra Praça do Pôr do Sol", gesticulou com o queixo em direção ao carro antes de se ajoelhar perante as crianças. Empunhou a carteira, contando as poucas notas que lá jaziam. "Eu quero cinco paninhos", mostrou uma nota de dez reais. "E isso aqui é pra vocês comprarem um doce, tá certo?", as entregou duas notas de dez, satisfeita por tê-las deixado com um sorriso no rosto. Despediu-se das crianças e se enfiou no táxi, ao lado do amigo. Suspirou, deitando a cabeça no ombro do rapaz enquanto analisava sua carteira: sete reais. Se brincar, esse já deveria ser o preço da bandeira. Fechou os olhos, sem muito interesse na conversa que Timothée estava tendo com o brutamontes no volante.

Após alguns momentos de silêncio absoluto de sua parte, Eduarda levantou a cabeça aos poucos, deparando-se com a visão que tinha de sua janela. Espera... aquilo não é o Shopping Iguatemi, é? "Filho da p...", sussurrou, apertando a coxa do garoto para chamar a sua atenção. Chafurdou as mãos em sua mochila à procura de um pedaço de papel e lápis, logo escrevendo com rapidez e o mínimo possível de abreviações que conseguiu:

"O cara viu que vc era gringo e tá pegando uma rota + longa, bocó!!!"

Dizia o pedaço de papel rasgado, o qual a menina fez questão de amassar e enfiar de volta na mochila. "Moço! O senhor para aqui no shopping por favor, rapidinho?", pediu, gesticulando para que Timothée a esperasse dentro do carro. Alguns minutos depois, retornou com uma sacola embrulhada para presente nas mãos, seguindo viagem.

"E — cof, cof — vocês são da onde, hm?", questionou o motorista abrindo um sorriso nauseante, encarando a menina pelo retrovisor com um olhar sugestivo. "Floria... Florianópolis!", respondeu Eduarda, fuzilando Timothée com o olhar antes que ele dissesse qualquer coisa. "Ah... cidade legal, legal. Vieram em lua de mel?", pôde jurar que o viu a encarando pelo retrovisor mais uma vez. "A—aham", concordou a garota, contendo o riso. Lua de mel! Os dois se entreolharam, as bochechas coradas. "Vocês são bem jovens, hm? Posso indicar uns lugares legais pra ir. O pessoal jovem gosta muito do hotel Lush, mas eu—", a jovem — cujas bochechas nunca estiveram tão vermelhas, fosse de vergonha ou desespero — o interrompeu: "O senhor para aqui nessa galeria, por favor?", esboçou um sorriso forçado. "Eu vou até deixar essa sacola aqui, é rapidinho!", chamou o Timothée na ponta dos dedos, seguindo com ele ao seu lado até o interior da galeria. "Ok, daqui ele não enxerga mais a gente. Corre e não olha pra trás!", ordenou, disparando em direção à outra saída da galeria.

Pararam de correr após uns dois quarteirões. O sol já se punha no horizonte — teriam de completar aquele item da lista noutro dia. "Espero que ele goste do presente", debochou. A alguns quilômetros dali, no banco de trás do sedan do taxista repulsivo, jazia uma embalagem de presente chiquérrima. Seu conteúdo? O que Eduarda deduziu que o mesmo merecesse.

"Uma banana. Eu comprei uma banana no supermercado caríssimo daquele shopping só pra fazer isso", riu, de braços dados com o garoto. "Peguei a embalagem com uma amiga que trabalha numa loja chique. Aquele cara era nojento, ele mereceu. Ele tava sugerindo levar a gente pra— depois você pesquisa aí o que é Lush", completou, caindo em gargalhadas. Sua risada era tão cativante quanto a própria. Quem os observava andando pela calçada nunca imaginaria que só haviam se conhecido há poucas horas atrás. "Então... Eu ainda tenho uns seis reais depois da banana. Dá pra gente dividir um salgado, num dá, maridão?", arqueou as sobrancelhas. "Lua de mel... Nem anel meu marido me deu", brincou, fingindo tristeza.
 
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Última edição por Eduarda Montesinos Bedoya em Qui 20 Ago 2020 - 17:01, editado 1 vez(es)


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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Qui 20 Ago 2020 - 16:28
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Comparado ao que era socialmente com outros colegas, a nova experiência com Eduarda era legal e divertida, era o que conseguia dizer na hora sem atropelar as diversas palavras que surgiam em minha mente. Apenas respirava fundo para seguir o caminho com ela. Eduarda chamou por um táxi e meus olhos ficaram meio fechados. Para onde iríamos essa vez? Haviam surgido duas crianças que vendiam panos e eu fiquei levemente perdido ali, aquilo era comum? Crianças trabalhando nas ruas? Mesmo que fosse questionar não me fora dado tempo assim que Eduarda pediu para que eu falasse com o homem do táxi depois de ser comido pelos olhos pelas crianças.

Dentro do carro, eu me sentia novamente perdido, estava passando por partes da cidade que jamais tinha conhecido. Mas, esperando que Eduarda tivesse noção de onde estávamos, optei por ficar calado e cruzei os braços no fundo do carro na esperança de que conseguisse um pouquinho de descanso após algum tempo em pé. A menina estava com alguns panos por conta das crianças e mesmo assim, parecia que ela tinha mais alguma coisa em mente. Minha perna foi apertada de maneira brusca e eu abri os olhos na mesma hora, assustado. Ela caçou um papel a todo custo e começou a escrever e só depois eu fui entender. O que eu poderia fazer? Já era tímido o suficiente para não dizer uma simples palavra em todo o período que estava ali.

A conversa constrangedora de Eduarda e o rapaz do táxi estava deixando um clima bem estranho no ar. Cobri meus olhos com as mãos tentando fingir que não estava ouvindo ou vendo aquilo, bem inútil na verdade. A pior parte era com a moça respondia as perguntas do rapaz mais velho ali. A parada era num local diferente e até mesmo suspeito, uma galeria. Tudo indicava que fugiríamos do táxi sem pagar. Com um pouco de paciência e calma, momentos antes de ser arrastado pro carro, peguei a varinha e fiz a quantia de dinheiro aparecer no colo dele, o suficiente para que não fossemos presos num futuro não tão distante. Enfim, havíamos saído do carro e andando pela galeria e saindo pela outra porta. – Existe mais alguma loucura que eu precisa saber dessa listinha de coisas? – Perguntei rindo daquilo, poderia estar pior.

– Vou conter a minha curiosidade em procurar o que é isso… Mesmo que pareça que é muito óbvio... – Voltei a ficar constrangido com a fala dela, esperava que no mínimo aquilo passasse o mais rápido possível, não aguentava mais ficar com o rosto rosado e ardendo em chamas. Pelo menos, não seria preso, o dinheiro havia sido dado e estar envergonhado era o menor dos problemas. Me restava apenas rir após interpretar o que Eduarda havia feito, ela era estranha e engraçada ao mesmo tempo, poderia passar o resto da noite com ela e com aquelas loucuras, desde que não fossem ilegais. – Eu não tenho dinheiro físico mas tenho cartão… Deve dar pra fazer bastante coisa. – Envermelhado nas bochechas, ouvir a expressão maridão já deixava um pouco de clima no ar. Questionado sobre um anel, apenas respirei fundo de maneira bem audível e soltei o ar, o que poderia responder? – Pro shopping? – Sugeri, a noite estava prestes a começar visto que o pôr do sol estava bem próximo de ocorrer.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Sáb 22 Ago 2020 - 3:16
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

"Não, não precisa gastar o seu dinheiro. Eu que te meti nisso!", afirmou em meio a uma expressão preocupada. E foi então que caiu em si: havia arrastado um completo estranho para acompanhá-la em suas desventuras em série que, em sua maioria, terminavam de maneira ilícita ou constrangedora. A mesma impulsividade que a tornava espontânea e interessante poderia muito bem ser interpretada por muitos como imprudência, como muitas vezes já foi. Suspirou, cada vez mais acanhada, enquanto atravessavam a faixa em direção ao Shopping Iguatemi. Soltou o braço do garoto e enfiou as mãos nos bolsos, o olhar fixo nos próprios pés à medida que adentravam o local. Era enorme.

Logo na entrada se depararam com as vitrines cintilantes da joalheria Tiffany & Co — Eduarda estava louca para fazer uma brincadeira sobre seu anel de compromisso com Timothée e assistir suas bochechas enrubescerem, mas achou melhor ficar calada e seguir andando. Lembrou-se de ter trazido seu cartão de débito, ligado a uma conta de poupança que dividia com seu irmão. Como pôde se esquecer de um detalhe tão importante? Malditas noites mal dormidas.  "Timothée, eu vou ali no caixa, rapidinho. Quer dar uma olhada na praça de alimentação, ver se interessa por algum restaurante?", sugeriu, à procura da carteira no interior de sua mochila. O orientou em relação ao caminho que deveria percorrer para chegar ao local e se despediu por um momento, caminhando rapidamente em direção aos caixas eletrônicos que residiam nos fundos do shopping.

Dirigiu-se a um dos caixas vagos e deu início ao processo de saque. Ponderava sobre a situação em que se encontrava enquanto preenchia as senhas típicas de protocolos trouxas, tentando se lembrar de como tudo aquilo começou. Talvez coincidências realmente escondessem um fundo de razão por trás da cortina do acaso. Precisava de alguém naquele momento de sua vida, alguém tão meigo e disposto a passar mais de duas horas em pé cruzando os quatro cantos de São Paulo somente pelo interesse em sua companhia quanto Timothée. Abriu um sorriso involuntário, guardando os sessenta reais retirados dentro da carteira e girando nos calcanhares, partindo em direção à praça de alimentação.

O ambiente interno do shopping era suntuoso, desde o piso de mármore até seu enorme pé direito. As flores presentes na decoração pareciam estar frescas, sugerindo que fossem trocadas todos os dias. Seguranças de terno e gravata permaneciam impassíveis em cada vértice do espaço. Era um lugar agradável, apesar da sutil nuvem de arrogância que pairava sobre a aura do local. Logo iniciou sua busca pelo garoto, procurando pelos seus doces olhos azuis em meio aos outros — ele provavelmente estaria sentado em alguma das mesas ali espalhadas, quieto e paciente, tamborilando os dedos no tampo da mesa à sua espera. Mas houve um momento em que seu coração apertou — e se ele tivesse ido embora? Seria provável, afinal, o havia feito de gato e sapato por aquela cidade. Todavia, para o seu alívio, lá estava o rapaz, para quem sorriu quando este a avistou, acenando à distância. Dirigiu-se até sua mesa, passando pelo pátio lotado; foi quando sentiu alguém puxá-la para trás, para seu espanto. Virou-se, em confusão, deparando-se com um grupo de jovens de sua idade, talvez um pouco mais novos. "Ei, aquele menino tá pedindo seu número", disse um deles, risonho, apontando para um dos amigos, que a observava, calado. Arqueou as sobrancelhas, surpresa, logo correndo os olhos para Timothée. Não sabia se deveria rir, chorar, ou fingir que nada havia acontecido. Lançou-o um olhar piedoso, como se perguntasse o que deveria fazer naquela situação.

 
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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Sáb 22 Ago 2020 - 18:38
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Seria natural eu achar que estava apenas respondendo ao que Eduarda fazia? A impressão que eu tinha era que apenas respondia às ações dela e pouco fazia, sem inventar novas coisas, novas ideias ou qualquer outra coisa que pudesse surgir e fosse interessante. Talvez não estava merecendo a atenção que estava recebendo e isso me tornava um pouco inseguro. Caminhava com ela pelo shopping na esperança de pensar em alguma coisa para que ambos fizessem sem que eu ficasse com o peso na consciência de ser tão tímido. Naturalmente, eu gostava de tomar a dianteira de muitas coisas, mas estava numa situação completamente diferente da que estava acostumada, e com uma garota, o que era novidade. O que elas poderiam gostar? Homens eram mais simples e discretos.

Concordei com a proposição dela de procurar algum restaurante na praça de alimentação e então fui, olhando algumas vezes para trás com receio de que seria abandonado de um momento pra outro. Dei de ombros e então fui a praça de alimentação, de uma forma ou de outra, precisaria comer para voltar para casa sem ter que mexer na cozinha. A praça era enorme e as opções também encontravam-se em grande número. Eu mesmo preferia algo mais simples como um Burger King ou um McDonalds, mas já havíamos pego a casquinha antes. Deixaria que a escolha fosse feita assim que ela aparecesse na praça de alimentação. O período em que estávamos já concentrava uma grande parte das pessoas naquela região esperando o prato ficar pronto e a outra parte esperando para fazerem seus pedidos. Olhei ao meu redor e procurei uma mesa com dois lugares ou um daqueles bancos parecidos com sofá para sentar, era mais confortável e me sentia melhor.

O que poderia estar fazendo de errado? Seria culpa minha ficar completamente calado por simplesmente não saber como agir? A situação era novidade e faltavam memórias para salientar o que eu fazia momentos antes de passar por Eduarda. De qualquer forma, as coisas haviam evoluído rapidamente de uma hora para outra, Iberapuera, Paulista, McDonalds e depois um táxi que nos deixou próximo do shopping. Meu olhar estava baixo e eu quase deitava a cabeça sobre o banco para descansar um pouco, afinal tinha feito muita coisa em um curto período de tempo. Ainda me sentia estranho, inseguro e um pouquinho abatido, mas aquilo passaria em alguma hora. Subi os olhos para a linha do horizonte e vi Eduarda sendo abordada por um grupo de meninos, muitas pessoas, já não passavam boas ideias na minha cabeça e quando vi o olhar dela, sabia que tinha que intervir. Levantei-me de forma discreta e fui por trás até chegar na aglomeração ali.

– Ah, você está aqui. – Apoiei minhas mãos no ombro dela e então a direcionei para a mesa em que estávamos. – Licença, rapazes… Ela adora se perder. – Ri de maneira levemente forçada e segui o caminho até onde estava sentado anteriormente. – O que eles queriam? – Perguntei para ela, afinal sua expressão não havia sido uma das melhores. – Eu optei por não escolher nenhum restaurante enquanto você não aparecesse, então… Podemos fazer isso agora. – Aguardei calmamente a resposta, não esperando que ela pudesse ter alguma dificuldade em escolher um local ou até mesmo falar sobre o ocorrido.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Sáb 22 Ago 2020 - 22:22
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Sentiu as mãos firmes do rapaz envolverem seus ombros com uma firmeza incerta, o que gerou um certo desconforto nos demais garotos, que pareceram perder o interesse no que estavam fazendo. Deixou-se ser levada pelo mesmo até a mesa em que se encontrava, sentando-se à sua frente num meio sorriso. Desvinculou-se da mochila, a qual repousou no assento ao lado. "Meu número", meneou a cabeça para os lados, achando graça na situação. Achou bonitinho Timothée ter ido até lá só para resgatá-la. Talvez até mais do que isso. "Obrigada por me salvar das garras dos sub-17", brincou, um sorriso faceiro tomava conta de seus lábios.

Eduarda fez um breve mapeamento mental da área onde estavam, tentando lembrar-se das localizações específicas dos restaurantes que já havia visitado. Não frequentava muito aquele shopping, portanto o seu conhecimento sobre os estabelecimentos não era tão vasto. "Acho que vou de Méqui. Quer vir comigo?", indagou, tamborilando os dedos sobre o tampo da mesa numa onda de empolgação, levantando-se rapidamente da mesa e trazendo sua mochila consigo. Seguiu em direção à lanchonete na companhia do amigo, como de costume, e pôs-se a analisar as promoções do dia enquanto esperava por sua vez na fila.

Pediu um McLanche feliz (sem picles) — somente para poder pôr as mãos no bonequinho do Charlie Brown que ilustrava os anúncios — e um milkshake. Pagou rapidamente e esperou o garoto fazer o seu pedido. Recolheram suas bandejas e voltaram para a mesa onde estavam sentados. Eduarda abriu a caixinha vermelha com entusiasmo, retirando de dentro o bonequinho do personagem dos quadrinhos. Rasgou o invólucro de plástico onde este se encontrava e o mostrou ao amigo. "Parece com você", sorriu, posicionando o bonequinho de pé sobre a mesa, ao seu lado.

Finalmente um pouco de calma; talvez aquele tivesse sido o momento mais pacífico compartilhado pelos dois desde o momento em que se conheceram. Conversaram um pouco enquanto devoravam seus lanches, sobre tópicos variados. "A gente podia assistir um filme depois", sugeriu, tomando o danoninho que vinha junto com os outros itens do cardápio infantil. Fitava o garoto com inocência, mais tímida do que o usual.
 
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Timothée Søren. Hellström
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Sáb 22 Ago 2020 - 23:34
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– Ah… Isso é bem comum por aqui, eu acho. – Tentei aliviar a questão ocorrida há pouco de maneira que podia, mas não era tão bom naquilo quanto ser tímido e levemente recluso comigo mesmo. – Não precisa agradecer… Eu só vi que seu olhar tava meio estranho e então decidi fazer alguma coisa… Acho que qualquer um faria o mesmo. – Dei de ombros olhei nos olhos dela rapidamente enquanto esperava algum tempo para continuar a conversa. Ainda faltava decidir o local que iríamos comer e então, poderíamos abstrair do que tinha acontecido se fosse tão ruim assim. Esperar a decisão de Eduarda era a melhor opção no momento.

– Pode ser. – Levantei rapidamente e então a segui para a fila do restaurante que ela havia escolhido onde poderíamos fazer nossos pedidos. No momento  a única coisa que conseguia pensar era numa maneira improvável de tentar mudar o clima que rolava de maneira implícita, o que era um pouco difícil já que minha cabeça era bem restrita com garotas, o que mais poderia dizer que importasse? Assim que nossa vez chegou eu tratei de fazer o pedido momentos depois do dela e então voltamos a mesa onde ela abriu a caixinha do seu pedido onde um brinquedo surgia, era o que mais gostava daquele restaurante pelo fato de ser consumidor assíduo de brinquedos do McDonalds. – Nah… Acho que não… Eu ainda tenho muito cabelo e olhos muito bonitos, por sinal. – Brinquei rindo enquanto movia as pernas lentamente de trás para a frente, chutando o ar ou o chão quando os pés de aproximavam do mesmo. O clima de paz que surgira era uma novidade em meio a tantas coisas que ocorreram nas últimas horas, no mínimo um pequeno descanso.

– Tem certeza? Eu acho que estou sendo tão chato… No mínimo tudo o que aconteceu até aqui teve uma atitude sua, não? – Insisti no gesto de nervosismo com os pés até sentir algo sólido parar os mesmos e fazer barulho. No que havia pisado? Discretamente e sem desfazer de comer o lanche, fui trazendo levemente a peça desconhecida para minha proximidade. – Acho que perdi uma moeda. – De fato não havia perdido, era apenas uma mentira para que tivesse a permissão de checar o chão momentos depois de terminar o lanche. Então, olhei para baixo e avistei uma peça redonda de plástico, talvez a peça de alguma coisa ou algo descartável. Obviamente sem óculos não enxergava tão bem.

Cerrei a vista até o ponto em que consegui enxergar com clareza a peça e então descobri que se tratava de um anel rosa de plástico. “Céus, isso é algum tipo de karma pelo que Eduarda disse?” - Era a única coisa que pensava e então, curvei meu corpo e peguei o objeto e imediatamente deixei na altura da minha cintura e então tratei de limpar com a minha própria roupa aquele anel e então, só assim, levantei o mesmo para o campo de visão dela e o mostrei. – Acho que está aqui o que você queria… Creio que pague minhas dívidas. – E entreguei para ela de uma maneira bem tímida esperando que ela pegasse. Assim que ela o fez, coloquei a mão na frente da boca para reprimir expressões e aguardei qualquer manifestação de Eduarda. Estava sendo terrivelmente horroroso ou “fofo”, como costumam dizer? Aquilo me deixava envergonhado e inseguro, algo que nunca havia sentido antes.


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Dom 23 Ago 2020 - 1:52
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

Eduarda, distante e concentrada em suas divagações, surpreendeu-se de fato com o objeto que jazia na mão do garoto. Um anel de plástico, daqueles que vem em lembrancinhas de festa. Alguma criança deveria tê-lo perdido pelo shopping, por acaso no mesmo lugar onde resolveram sentar. O observou de longe, esboçando um sorriso tímido até demais para sua personalidade extrovertida. O recebeu em suas mãos, pensando em alguma maneira interessante de respondê-lo enquanto o encaixava no dedo anelar sem muita dificuldade.

"Fofinho...", um sorriso sincero tomou conta de seus lábios rosados enquanto erguia a mão na altura de seus olhos para que pudesse admirá-lo, envolto em seu dedo. Não sabia ao certo o que estava sentindo no momento e muito menos a
maneira apropriada com a qual deveria agir naquela situação. Ao que parecia, sua cara de pau costumeira não estava mais presente. "Obrigada", o fitou com serenidade. Gostaria de poder agradecê-lo com um abraço, mas se conteve em função de evitar maiores constrangimentos, esperando que um sorriso genuíno fosse o suficiente.

"Cinema?", pendeu somente uma das alças da mochila por sobre o ombro direito e esperou o garoto se levantar da mesa. Seguiram pelo shopping, passando pelas inúmeras vitrines das mais famosas grifes. Por mais que sua família fosse de fato abastada antes de tudo o que lhes ocorreu, Eduarda nunca fora muito ligada nesse tipo de coisa. Suas preocupações foram sempre mais orgânicas do que materiais, se é que isso faz sentido. Suspirou, voltando a olhar para o anel de plástico que enfeitava sua mão esquerda. "Eu não sei por que você aceitou passar o dia comigo", enfiou as mãos nos bolsos, o olhar fixo nos próprios pés. "Mas esse foi o melhor dia que eu tive em muito, muito tempo", abriu um sorriso recatado. "Obrigada", o abraçou de repente, afastando-se após alguns segundos e se deparando com a face enrubescida do rapaz.

"Você é o menino mais doce... que eu já conheci", disse enquanto segurava as mãos do mesmo e as apertava com delicadeza. Seu sorriso se alargou, e pôde-se notar um certo rubor em suas próprias bochechas — algo não tão comum. Não sabia se se arrependeria de ter feito aquilo, mas apenas externou o que sentia em realidade. Sua vida tinha estado tão deprimente nos últimos meses, e aquele dia estava sendo uma lufada de ar fresco em seu rosto. Estava sorrindo — estava rindo! Grandes conquistas para alguém no estado em que se encontrava. Tudo bem que a iniciativa da reviravolta foi sua, mas Timothée era uma das peças mais importantes. Agradecê-lo era o mínimo que pôde fazer.


Seguiram até o cinema, e pôde-se notar uma certa nuvem de timidez pairar sobre os dois. Eduarda olhou para o seu relógio de pulso, conferindo os horários dos filmes nos visores acima das bilheterias. Já eram quase dez para as oito — o tempo passa rápido quando estamos nos divertindo, não? Dentre as diversas sessões disponíveis, a garota tinha preferência pelos thrillers, por piores que fossem. " 'Possessão' ou 'Enquanto — cof — enquanto estivermos juntos?', escolhe aí que eu vou comprar a pipoca ", disse, o entregando sua parte do dinheiro (uma meia entrada) e a carteira de estudante para a validação da vantagem, se dirigindo até o balcão de serviços do cinema. Tinha que parar de agir daquele jeito; por que tudo o que falava parecia um flerte? Suspirou, comprando alguns doces na esperança de atingir um estado sugar high. Supôs que o rapaz iria escolher o filme de terror — apostava que ele não aguentava mais ficar de bochechas vermelhas e não queria deixá-lo desconfortável. Recebeu o balde de pipoca e os doces e retornou ao seu lado, levando algumas aos lábios. "E aí, gringo?", inquiriu, o encarando com um olhar ingênuo.
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Ter 25 Ago 2020 - 20:26
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– Cinema? – Perguntei surpreso com a proposição de Eduarda. Não estava sendo muito chato ficar comigo aquele tempo todo apenas respondendo às ações dela? Talvez houvesse alguma coisa implícita ali já que não conseguir ver e ouvir com clareza alguns sinais que eram passados. – Não precisa me agradecer… Na verdade, nem era pra agradecer, eu só fico topando as coisas que você faz, nada até aqui foi sugestão minha, não? – Voltei a questionar enquanto olhava para os lados Ouvir elogios também era uma parte muito difícil, não conseguia lidar com eles sem ficar levemente vermelho ou envergonhado. Há tempos que não passava por aquele tipo de situação e no mínimo me sentia bem com aquilo, além de todas as horas anteriores passando por várias coisas inusitadas por São Paulo.

Sem ter muito tempo de resposta, direcionei-me ao cinema junto com Eduarda. O tempo havia passado bastante e quase era hora de ir para cama mas, poderia abrir uma exceção para aquela situação extraordinária. – Eu acho que prefiro um filme mais romântico e clichê do que um de terror. – Disse constrangido e sozinho visto que Eduarda havia ido comprar as pipocas e demais coisas, a proposição surgia em total oposição ao que poderia ter dito em relação ao filme assustador em questão. Dei de ombros e comprei os ingressos e então aguardei o seu retorno para que juntos, pudéssemos entrar na sala em questão. Até lá, ela não sabia qual filme havia sido escolhido. – Já voltou? – Disse com um sorriso e então continuei ocultado os ingressos na mão enquanto aguardava a fila andar para que fossemos para a sala.

– É aquela ali. – Apontei em direção a sala e então caminhei juntamente com ela tentando fazer uma surpresa. Era muito comum as pessoas optarem por filmes de terror visto que eles traziam sensações e emoções mais intensas e em pouco tempo do que os demais gêneros. – Eu não te contei o filme… Mas já já vai descobrir. – Comentei enquanto procurava a fileira e os assentos que havia escolhido lá para cima da sala, bem próxima de onde surgia o filme que parava sobre a tela branca. – Eu tinha que fazer alguma coisa. – Esperei para que os trailers começassem e naquela situação, já ficava envergonhado por ter escolhido um filme de romance ao invés de um de terror. O que poderia acontecer quando ela descobrisse?


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Eduarda Montesinos Bedoya
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Qua 26 Ago 2020 - 20:23
Aqui ninguém vai pro céu IBIRAPUERA | AGOSTO | 15:00

A pipoca quentinha e amanteigada acalantava o seu coraçãozinho irrequieto. Talvez soubesse a razão pela qual se sentia assim, tão nervosa, mas preferiu espantar os pensamentos e seguir com a realidade. Ofereceu o balde de pipoca ao rapaz instintivamente enquanto vagavam pelos corredores do cinema à procura de sua respectiva sala. Abriu um sorriso travesso como resposta ao garoto, o cutucando no ombro de maneira buliçosa. "Trocamos de papéis, hm?", brincou, referindo-se ao fato de que, costumeiramente, era ela quem propunha as situações imprevisíveis onde se metiam.

Seguiram pela fileira, guiados pela lanterna do celular de Timothée, até encontrarem seus assentos, estes bastante próximos da tela. Como uma criança, Eduarda abriu os saquinhos de doces, preparando-se para a sua terapia açucarada. Ofereceu-os ao rapaz num ato de cortesia, exibindo as dentaduras, os marshmallows e as cobrinhas azedas revestidas por camadas espessas de açúcar cristalizado — a alta classe perante os demais doces, em sua opinião.

Recostou-se na cadeira a fim de assistir os trailers. Inquieta, observava o restante do público que, pouco a pouco, ia enchendo a sala. Tentava decifrar qual seria o filme escolhido pelo amigo, supondo que havia optado por uma opção que o permitisse desfrutar de minutos raríssimos de tranquilidade. Seria sua presença tão cansativa, assim? Suspirou, lançando uma pipoca pra o alto, tentando abocanhá-la de uma vez só.

Já estava propriamente acomodada quando os trailers acabaram, dando início ao filme. O estilo clichê e ensolarado do longa metragem revelou a resposta para as suas dúvidas: sim, ele escolheu o romance. Que sem graça! Queria sair daquela sala com a adrenalina evaporando de seu corpo. Pior: era um romance musical! O que havia feito para merecer aquilo? Suspirou, umedecendo os lábios. Tinha que embarcar na vibe paz e luz de Timothée antes que ele explodisse como uma piñata de cortisol.

"Esse não é o pivete daquela série?", questionou, referindo-se ao personagem principal. Alternava entre a pipoca e os doces, tentando se concentrar na história projetada na tela à sua frente, mas a trama dramático-musical não a impressionou. Arremessou outra pipoca para cima, desta vez a abocanhando de primeira, cutucando Timothée para que noticiasse aquele momento digno de um artigo no Guinness.

Não queria dizer que estava achando o filme chato na cara dele, seria indelicadeza. Decidiu, pela primeira vez, fazer o oposto do que queria fazer, permanecendo sentada e calada em seu assento como uma garotinha comportada. Na tela, beijos, beijos, muitos beijos. Olhou em volta, deparando-se com diversos casais mimicando o ato em realidade. Vish. Bocejou, deitando a cabeça sobre o ombro do rapaz de maneira ingênua (e talvez esperando alguma resposta de sua parte, mas não queria admitir). Eram amigos, sim? Amigos podem fazer essas coisas. Não?

Boom. A menina do filme morre. Franzia o cenho, encarando a tela em choque e revolta. Como é possível? Tinha pago uma meia-entrada daquela porcaria pra pelo menos dar uma risada e ela MORRE? Absurdo. Enfiou todos os saquinhos de doces que sobraram dentro da bolsa e bebeu boa parte da água que restava na garrafa. "Que filme triste, misericórdia", proclamou em voz chorosa por trás de seu nariz vermleho, enxugando algumas lágrimas antes que corressem por suas bochechas. Pelo menos se comportou direitinho.

Enquanto os créditos rolavam, tomou um tempo para organizar a bagunça que havia feito, enfiando todos os sacos no balde de pipoca. Retiraram-se da sala com rapidez, livrando-se dos itens descartáveis e seguindo para fora daquele ambiente. E agora, o que fariam? Já eram oito horas da noite, mas não queria se separar do rapaz; sua companhia era cativante. E adorável. E ele tem cheirinho de nenê.

"Você tá num hotel aqui?", indagou, se apoiando em seu braço enquanto caminhavam.
com: timothée






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Timothée Søren. Hellström
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Timothée Søren. Hellström
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Sáb 17 Out 2020 - 17:54
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- Acho que trocamos um pouquinho... As vezes é bom fazer as coisas de um jeito diferente. - Falar aquilo me deixava tímido mas ao menos estava sendo verdadeiro. Fazer coisas de diversos jeitos era sempre melhor do que cair na mesmice. Ao menos estava feliz em fazer aquilo, sentia-me mais vivo por dentro e então conseguia sentir um pouco mais a vida em sua essência. Caminhamos até entrarmos na sessão do filme com uma luz guiando nosso caminho até o local onde devemos ficar. Estava empolgado com a ideia de ter escolhido algo diferente e então, levemente ansioso para saber como o resto do dia iria acontecer.

Eduarda tinha diversos doces em sua posse e logo os oferefia. Como poderia recusar uma proposta tão tentadora como aquela? Era realmente muito difícil. Optei por pegar alguns doces para mim e os deixei separados em um cantinho limpo. Ao menos o dia havia sido completamente produtivo, quem diria que ir ao lago me levaria ao outro lado da cidade com uma nova pessoa?

Sentado no lugar atribuído e com alguns minutos de antecedência, era possível observar as pessoas chegando com diversos baldes de pipocas, até mesmo casais que escolheram o mesmo filme. Era o clichê de todo jovem trazer a namorada para assistir um filme romântico. Teria feito a escolha errada? Torcia para que não.

- É agora que você me enche de socos por ter escolhido isso. - Dei risada afinal era a única coisa que poderia fazer naquela circunstância. A vergonha aumentaria daqui alguns minutos enquanto fossemos vendo o filme aos poucos. - Série? Vish... Eu sou horrível pra essas coisas. - Falei baixinho afinal o filme já havia começado. Eduarda brincava com a pipoca e pela primeira vez conseguia abocanhar aquela que havia sido lançada ao ar. O filme então seguia.

Os momentos de romance do filme me deixavam ao menos instáveis ao ponto de não conseguir olhar para o lado em que Eduarda estava, queria manter a imagem de Mona Lisa que tinha dela em mente. Eu permanecia parado e observando a tela do filme até mover os olhos pela sala e observar vários casais em momentos mais íntimos. Droga, havia feito besteira novamente e agora tinha que assistir aquilo até o final para que o dinheiro valesse no mínimo um pouco. Minha cabeça estava em ordem até que Eduarda deitou sua cabeça em meu ombro e eu inspirei o ar profundamente sem fazer muito barulho. Calma, está tudo bem.

O filme havia terminado, como sempre, com um tom infeliz e triste como a maioria dos filmes daquele mesmo gênero. Ouvir Eduarda comentando sobre o filme me fez ao menos sentir que havia provocado algo nela, estava mais aliviado. - Seria suspeito eu dizer que já esperava? - Brinquei e observei ela arrumar as coisas assim como eu fazia para jogá-las no lixo assim que fossemos sair da sala em questão. Jogamos as coisas e então saímos.

Olhei para o relógio e notei que ainda estava cedo, mas o que poderíamos fazer? - Estou... Mas apenas por um tempinho. - Eduarda era boa em puxar conversa e estava contente em poder manter a atenção dela por tanto tempo em mim. Era a primeira experiência extrovertida que havia tido e estava imensamente feliz por aquilo. - Agora você decide... Onde? - Feita a pergunta, restava aguardar. Ah, devo lembrar que ainda estava muito desconsertado por ter visto tantos casais na sala do filme se beijando e nós dois sendo um dos únicos pares que não haviam feito nada, que constrangedor.


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