Está é uma RP SEMI-ABERTA, onde, os Dutra e os Dias poderão interferir em qualquer momento. Acontece no dia de hoje, durante a tarde na casa de Rodrigo e Raíssa.

MonteNEVADO

Rodrigo não guardava ressentimentos e Rafael sabia disso. Ele explodia, brigava, enchia-se de problemas e depois a discórdia simplesmente desaparecia de sua mente. Naquele caso em especial, no entanto, o Kaefer estava se esforçando. Ele jamais iria perdoar o Dias e tampouco permitiria que Raíssa o perdoasse. Por isso, não importava o quanto destruísse seu coração saber que o melhor amigo estava ali do outro lado, era melhor do que aconteceria se o auror ousasse pisar dentro de sua casa outra vez. – Não vamos abrir essa porta. – afirmou, categórico para a irmã, sentada no sofá da entrada.

Era justamente o amor que nutria pelo melhor amigo – absolutamente fraternal, importante ressaltar. – que mantinha a chama do ódio queimando. A traição fora imperdoável, pior que o beijo, fora o que Raíssa revelara quando ele chegou em casa e a encontrou jogada na cama com o rosto banhado de lágrimas e a respiração descompassada pelos soluços. Toda a história. Ele tinha confiado em Rafael para levá-lo em casa quando ele próprio não estava em condições e agora aquilo tinha acontecido. Por ele, Rafael queimaria o resto dos seus dias no inferno e, movido pela culpa e própria dor ao perder um amigo, Rodrigo invariavelmente acompanharia-o.

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Raíssa tombou a cabeça, hora olhando para a porta fechada, hora para Rodrigo. Ela nunca quisera que aquilo tivesse acontecido. A amizade deles era bonita demais para tamanha desavença e, se caso fosse comentar alguma coisa, a primeira coisa seria apontar todos os erros que o irmão já havia praticado com meia dúzia de conhecidas dela. Não que estivesse do lado de Rafael, longe disso, mas Rodrigo não fizera nada de diferente com várias amigas do que acontecera com ela. Uma noite, uma paixão. Ela que foi emocionada demais.

Mordiscou um pedaço de cutícula, puxando a pele até abrir o canto da unha. Fazia o possível e o impossível para ignorar o que o irmão falava. A mera voz deste era o suficiente para embrulhar seu estômago. Uma pontada, semelhante a uma cólica, era o ódio se instaurando em seu corpo. Não respondeu-o, fingindo que sequer o ouvira. Levantou-se do sofá, foi até a cozinha e pegou um pack de budweiser, arrastando-o para o quarto consigo.

Abriu a janela, permitindo que a neve de dezembro brincasse de levar alguns flocos para a escrivaninha, onde largou o pack. Retirou uma cerveja, tocou-o com a varinha de Curupixá murmurando um encanto de resfriamento e jogou-se na cama, destampando a cerveja. Ela queria apenas morrer um pouquinho naquele dia. Enfrentaria Manu e os dias de falta outra hora, a praça pública talvez daqui cinco anos.

― monte nevado.

A comerciante abriu a boca, mas não dali não saiu palavra uma sequer. Os olhos estavam pesados de lágrimas, os lábios tremiam. Ela só queria acreditar, deixar que a sua mente cedesse para seu coração mas, desconfiada, a todo momento a memória forçava-se a recordar o momento em que voltou para o quarto – Esperançosa, mas ainda insegura; Decidida porém a lidar com a nova situação – e não o encontrara na cama. A ausência nos dias seguintes, a dor sincera a cada aperto no estômago ao se lembrar que muito provavelmente ele estava rolando na cama de outras mulheres. O ciúme, a vergonha e a perfeita explosão em seu peito quando, no início da festa, Rafael a puxou para um beijo. Sim, ela havia detestado naquele momento, quisera amaldiçoá-lo, mas, àquela altura do campeonato, ela só queria se aninhar no colo do auror e aproveitar melhor o último beijo.

Agora tudo estava confuso de novo. Na sua frente ele falava de perdão e confiança, nas suas memória ele a chamara de erro. Seu coração não aguentava tantas dúvidas. Por fim foi aquele toque macio contra sua bochecha que a afundou de vez. Ela tinha certeza que ia sofrer, ela tinha certeza que iriam julgá-la, sabe-se-lá o que viraria sua relação com o Rodrigo, mas ela tinha que pagar pra ver. Nem que fosse só um pouquinho. O importante era o agora, não era?

As lágrimas grossas enfim escaparam dos olhos da jovem, que acenou afirmativamente com a cabeça, incapaz de falar. Largou a cerveja, encostada na parede, alheia se esta corria o risco de cair com o movimento do colchão, e se jogou nos braços daquele que tinha virado suas últimas semanas – e, sem que ela soubesse, o resto da sua vida inteira. – de cabeça para baixo. Ela só precisava de um pouco de chamego.

― monte nevado.

Conforme o carinho acalentava seu coração e secava suas lágrimas abundantes, o bom senso começava a retornar para a mente da inconsequente jovem. Se algum dia sonhara com um amor romântico, dramático e tempestuoso, agora tinha a certeza que definitivamente não era o tipo de enlace que queria para sua vida. Ela suprimiria sua paixão, pensou, passando o polegar abaixo dos olhos e secando as lágrimas que haviam parado de correr. Não importava o que ele dizia, Rafael iria se arrepender no momento que a tempestade se acalmasse, eram promessa vãs e ela estava sentimental demais. Ela seria responsável, concluiu, enquanto ainda sentia os dedos acariciando seus cabelos. Não iria prendê-lo, podiam ser amigos. Tudo iria voltar a ser como antes, quando estava tudo bem.

– Sabe... – ele começou e a Dutra afastou o corpo no mesmo momento, secando o rosto úmido e olhando-o atentamente nos olhos. – Shiu! – Exigiu ela assim que ouviu as batidas soarem na porta. Se ele começasse a falar, aí sim que teria um problema. Se eles traíssem a confiança de Rodrigo de novo, sabe-se-lá o que teria que ser remediado.Tinham que ter calma.

– Fica ali e cala a boca! – Reclamou a comerciante aos sussurros, empurrando-o na direção das janelas, mas aquele último selinho desmontou a cara de má da Dutra e ela foi abrir a porta tendo que mascarar no último segundo aquele sorrisinho bobo. – Que foi, Rodrigo? – Perguntou, projetando os lábios em um biquinho birrento.

― monte nevado.

MonteNEVADO

De tanto andar de um lado para o outro, Rodrigo podia imaginar vividamente o chão gastar e ruir abaixo de seus pés. A impaciência se convertia em raiva, fazendo quase com que o docente saísse para tirar satisfação com Rafael de novo. Felizmente, optou por permanecer dentro de casa e não ir enxergar o ex melhor amigo se esgueirando pelas janelas da casa para dentro do quarto de sua caçulinha.

Foi até a cozinha, abriu e fechou a porta sem decidir o que queria. Nada do que estava ali lhe apetecia, sequer o que estava passando na televisão e tampouco abrir seus cadernos para preparar-se para o recomeço das aulas, dali a dois meses. Sua mudança estava feita e ele poderia estar gozando de suas férias tranquilamente não fosse o tratamento silencioso que recebia de Raíssa e a absoluta dor que fora a adaga que Rafael enfiara em suas costas. Dramático? talvez.

– Raí? – Chamou, batendo na porta fechada do quarto dela. Houve uma movimentação através desta e silêncio. Novamente a impaciência nublou a mente do homem. Deus, se ele tinha que ficar esperando ela dar um gelo nele e sequer abrir a porta de sua própria casa... Aquilo era um problema e Rodrigo adorava resolver problemas bem rápido. Antes porém que colocasse a mão na maçaneta para abrir a porta, Raíssa apareceu por uma fresta. – Quero que a gente resolva nossa situação. – Declarou, objetivo, empurrando a irmã para o lado e jogando-se na cama.

Viu a long neck encostada precária contra a parede cinco segundos antes de sacudir o colchão, mas graças a mente – e uma dose de magia bem trabalhada – utilizou-se de sua telepatia para levitá-la dois centímetros acima da cama, evitando assim que seu líquido fosse espalhado empesteando o quarto. – Tira essa cerveja daqui. – Reclamou, com uma careta. Ele podia não ser a mais organizada das pessoas, mas era limpo, ao menos.

– Enfim, nós temos decidir o que vai ser feito da vida. – Iniciou. Horizontalmente na cama, tinha o quadril voltado para a janela e o rosto apoiado no braço, de frente para Raíssa na parede oposta. – Eu não vou ficar nessa casa com alguém que fica de bico comigo, não vou, não sou nada obrigado. Você fez uma cachorrada comigo, mas eu sei que foi culpa do Rafael, aquele... incrível, quem a gente pensa quem são nossos amigos. – amargurou-se o docente, enquanto em mente consolava-se que ele ao menos havia esperado ela ser maior de idade. – Agora a cada vez mais vou ter que ir até CasteloBruxo resolver as coisas antes de me mudar de vez. Mas eu não vou deixar minha casa pra ti cuidar se tu ficar de picuinha comigo. EU fiz o que era certo, ele traiu a nossa confiança, Raíssa. Pra que ficar de birra?

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Se havia algo pelo que agradecer era que Raíssa sabia que Rafael estava do outro lado da janela, aguardando-a encolhido em meio aos montes de neve e ele não seria burro o suficiente para se entregar. As artimanhas dele com o irmão eram famosas na época de CasteloBruxo, não seriam macacos velhos que iriam se deixar ser pegos não é? Ainda mais um pelo outro.

Ouvia o que Rodrigo dizia com apenas uma pequena parcela de sua atenção, o restante inteiramente direcionado para aquela janela aberta cujos flocos de neve entravam flutuando e... e pousavam no chão coberto de pegadas de neve e água. Puta merda, que Rodrigo não visse aquilo. Entretido como estava no seu próprio monólogo, sequer reparava na irmã. Mas reparou no grito do bicho na sua janela, o som de passos tropeçando na tentativa de se afastar e, finalmente um feitiço cujo raio iluminou o quarto. Não restava como se defender e, enquanto o irmão levantava-se de súbito para espiar o que estava acontecendo, Raíssa, sabendo o que viria a seguir, só se deitou melhor nos travesseiros, pedindo que jesus lhe concedesse paciência.

― monte nevado.

MonteNEVADO

Praticamente em um só movimento, Rodrigo saltou da cama para enfiar a cabeça para fora da janela. Estupidez? Muito provavelmente. Com feitiços sendo ordenados – ainda que fosse apenas um estupefaça. – pôr-se a vista não era a melhor escolha. Embora fosse professor, era visível que a inteligência prática não era o forte do Dutra, era impulsivo demais. Aliado a tamanha burrice, não portava varinha – não costumava utilizar a varinha dentro de casa. – apenas por sorte do acaso que o dom da telecinese estava entranhado em sua mente, sem jamais abandoná-lo. Rodrigo estava pronto para utilizar-se dele para atacar quaisquer invasores que fossem quando reconheceu o homem no lado de fora. O corpo sujo de neve, a careta de quem fora pego no meio de algo proibido.

E foi então que aconteceu. Mesmo morto de raiva, vergonha, culpa e um misto de outros terríveis sentimentos inomináveis, a saudade superou a todos só de olhar para a expressão no rosto do melhor amigo. Fora só encarar a expressão no olhar do amigo para o rancor ir embora. Não o perdoara e sequer a traição havia passado, mas aquele sentimento de asco e profundo ódio que fizera-o descer a porrada na cara de Rafael durante a confraternização sulamericana havia desaparecido. Rodrigo era péssimo para guardar rancor. – O que você está fazendo aqui? Eu não acredito. Depois de tudo isso tu ainda ia invadir a minha casa, Rafael? É sério isso? – Perguntou, cruzando os braços. – Eu e a Raí sabe, a gente devia te denunciar para os aurores, isso sim. Perseguição.

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encerrada

seu desejo é uma ordem!