Mr. C.O.E.L.H.O.

bem-vindo ao fantástico mundo de luca coelho

Trepadeiras enroscavam-se no alambrando do lado de fora das paredes vítreas, assim a incidência solar era menor, lá dentro, na estufa de número três, ao invés de vasos e terreiros, inúmeros aquários se dispunham para o estudo das plantas aquáticas. Alguns cubos do líquido cristalino flutuavam em gaiolas, catalogadas com o nome do mar, profundidade, salinidade etc. Desta forma, o cubículo líquido era magicamente adequado para uma flora específica e cabia o bruxo dispô-lo no aquário, afinal não se dava para usar água da torneira, né?!

Eu e a Luna havíamos nos conhecido a pouco tempo, fiquei encarregado de apresentar os terrenos da escola e como ela estava sem dupla para o trabalho me prontifiquei de fazer com ela. Era engraçado perceber a inaptidão da criatura com água, ao mesmo tempo que fascinante. Eu nunca tinha ficado tão perto de uma mãe d’oro, para falar a verdade nem sequer sabia de sua existência, mas de qualquer forma estávamos ali, aprendendo, ou o menos tentando. uma mesinha de canto jazia de alguns pergaminhos com a atividade já pronta, nosso desafio agora era replantar a alga levikuku alguma coisa... eu me perguntava como a professora queria que a gente aprendesse a falar aqueles nomes bizarros, eu sempre fui péssimo em linguagens, bem como botânica; diferente do Vicente – um bruxo linguista filho de uma herbologista.

- Luna você pode pegar um cubo de água e colocar naquele aquário vazio por favor? – deslizava meu polegar pela tela do celular lendo as escrituras da página que havia fotografado – Aqui não fala o mar ou oceano de origem dessa planta, pega algum que tenha encantamento de zona abissal... um cubo escuro e com muita pressão, eu acho que deve servir. – falei sem tirar os olhos do smartfone, quando me toquei, será que a mãe d’oro saberia o que era pressão d’água. Girei minha cabeça com os olhos arregalados e apenas soltei. – E pelo amor de deus não enfia a mão aí dentro! Pelo menos não sem proteção... – contudo a jovem parecia bem capaz no que fazia.

Calcei um par de luvas cano longo, emborrachadas e pesadas como chumbo e assim enfiei meus braços no aquário, sentindo a vestimenta ajustar-se ainda mais a minha pele, como se fossem comprimidas. Desenterrei com cuidado a alga, tomando o dobro de atenção para não danificar suas pequenas raízes, estava prestes a tirá-la quando lembrei que algo estúpido poderia acontecer se eu fizesse isso. A planta estava acostumada a um ambiente, se eu simplesmente a tirasse da água de pressão elevadíssima ela poderia morrer.

- Luna! Eu não consigo fazer isso aqui sozinho, me ajuda! – falei retirando os braços da água e despindo-os. – Pensa Luca Coelho, pensa... Já sei! – veste as luvas e desenterra a planta com cuidado. – esperei a loira assentir e realizar meu pedido, agarrei minha varinha e então imaginei o feitiço cabeça-de-bolha, recitando-o mentalmente. – Agua... menti. – Pronunciei de forma espaçada tentando controlar água de dentro do aquário em formato da bolha. – Agora tire, devagar, devagar... isso! – a bolha de água circundava um montinho de areia na palma da mão da mãe d’oro, juntamente com a alga bem enterrada. – Agora é só replantar! – falei com um sorriso e um fio de suor descendo pela nuca, em puro nervosismo, vez ou outra com a forma d’água oscilando.