Sendo assaltada pela própria família!

Para preencher a alma vazia, dois cartões de crédito.

Não havia emoção melhor do que sair entre família. E eu estava ali deixando o uber com Manon, minha irmã do meio e preferida (Alessa não escute isso). De uns tempos para cá estávamos fazendo mais coisas juntas, talvez fosse devido a minha idade que se alongava e as poucas diferenças entre eu e Manon.

— Pelo amor de Oxalá! – Exclamei. — Essa cidade deveria ser chamar Chuvanaus e não só Manaus. Eu até desisti de fazer babyliss... – Observei os cachos perfeitos de Manon. — Diariamente. – Com os nossos braços dados, adentramos ao enorme local cheio de trouxas que passeavam animadamente.

Eu os invejava de vez em quando, pois precisavam de pouco para ser felizes.

Paramos em frente ao quiosque de sorvete e Manon logo cismou que deveria comer um. Ele geralmente não comia aquelas coisas geladas, o meu fraco era os fastfood e foi somente pensar neles que minha barriga deu sinal de vida. De repente um grupo de rapazes passou pela gente, o primeiro da ponta deu uma olhada bem direta na bunda de Manon e o do meio teve a audácia de piscar para mim.

Insolentes.

Voltei o meu corpo para frente, rapidamente tirando dois reais do bolso da minha calça jeans e oferecendo o vendedor.

— Eu também quero um. – Anunciei. — Sabe que ainda mal recebi a minha mesada, não é? – Indaguei quando a mesma falou sobre o skate. — E se você tivesse me ensinado a andar aquilo não teria acontecido. – Confessei. — Mas, você é egoísta com as suas coisas. – Começamos a andar em direção a loja de esportes. Aos poucos eu sentia que o meu bolso ficaria vazio, mas graças que eu tinha um trunfo escondido na minha bolsa Prada. Algo que Manon me julgaria se soubesse.

O cartão de crédito trouxa do papai. Furtado com sucesso e com destino certo nas compras.

Eu confesso que não entendia nada de esportes, somente moda. Por isso fiquei ali ouvindo a minha irmã explicar o que poderia ser para mim um modelo de um computador de última geração, cheio de trecos e funções de invadir o sistema da NASA. E foi somente ouvir o valor daquele simples objeto de quatro rodas que me dei conta do tão caro parecia andar e quebrar a cara pagando mico.

— Por um skate? – Perguntei assustada mais alto do que pretendia colocando a mão no coração. Eu precisava fingir bem para que ela não desconfiasse. — Com esse dinheiro todo eu assino por um ano a Vogue Noivas edição especial. – Protestei. — E quem garante que não vou perder dinheiro para você quebrar depois? – Perguntei nervosa. — Senhor, não tem nada mais barato? – Vi Manon com os braços cruzados na altura do peito. — É tudo skate!