A segunda aula de astronomia pela qual Lorena havia aguardando tanto seria sobre as origens e o porquê de serem tão importantes de serem estudadas. Já desconfiava do assunto, mas não conseguia disfarçar a emoção quando pegou uma xícara de chá e se posicionou em uma das almofadas, vendo o ambiente repleto de bolas de cristal para dar a ilusão de que não havia apenas colegas ao nosso lado, e sim constelações e galáxias. Ela estava tão animada com a ideia de aprender que nem lembrou de pegar um lugar próximo aos amigos. Eles seriam o menor do seu foco naquela noite de sexta.

A introdução da aula se fez com a professora falando sobre Alice, que havia dado uma breve explicação sobre fótons e começou a aula falando sobre. Disse que fótons são partículas elementais que não possuem uma subestrutura. Os fótons compõem a luz e são pequenos pacotes que transmitem energia de radiações eletromagnéticas. Alguém se queixou de sono e Lorena rolou os olhos, como alguém poderia ter sono falando de fótons? De luz? De cosmos? Aurora continuara sua fala explicando que são quatro forças fundamentais que formam tudo o que vemos, tocamos, e que estão unidas formando átomos e moléculas. Com a fala da professora, mais grãos de cristais foram iluminando a sala, fazendo os olhos de Lora brilharem. As fontes de luz foram rodando entorno de algo não específico e acabaram gerando uma luz mais forte no centro dela, provavelmente porque ao ficarem girando, geraram essa formação com sua liberação de energia.

Prestou atenção nas palavras da professora como se ela falasse sobre a coisa mais linda do mundo, e de fato estava. Anotou que existe um pequeno universo dentro de cada um deles e das coisas ao nosso redor, e todos esses pequenos universos formam o maior de todos, que é o qual estudam e que rege tudo a sua volta. Lorena ergueu a mão de forma tão animada que ela quase bateu a mão em uma das bolas de cristal. — Se tudo tem ligação e uma origem semelhante, se as forças fundamentais é que dão vida a tudo, inclusive a nós, isso quer dizer que estudar astronomia na verdade é estudar a história não do ponto de vista de guerras e acontecimentos na terra, mas sim em nosso interior e no universo como um todo? Em tese estamos aqui estudando como esses átomos e moléculas tão distantes são, na verdade, parte de nós? — Questionou, tentando ligar os pontos como se tudo aquilo fosse uma constelação e estivesse ligando estrelas em uma leitura imaginária.

Lorena anotou sobre o assunto que seria debatido mais tarde, como fora dito pela professora, e fez questão de deixar escrito em seus pergaminhos que uma possível falha dessas forças fundamentais poderia gerar o fim do cosmos. E se o propósito de saber como e porque estamos aqui, assim como o que nos espera, se tudo isso estava ligado a astronomia, era possível dizer que uma boa leitura dos astros poderia nos ajudar com previsões como antigamente costumavam serem feitas? Só que isso seria mais do que saber sobre chuvas ou período de seca. Haveria algo a mais que o universo poderia nos revelar?

Aurora continuou, dessa vez falando que primeiro surgiram as estrelas, e todas as matérias existentes surgiram depois do big-bang. Eram hidrogênio, hélio e vestígios de lítio, elementos que devido a leveza são atraídos por estrelas recém-formadas, o que faz aumentar as massas dessas. As primeiras estrelas a serem formadas, dada a presença desses três elementos químicos fomentaram em tamanhos que superaram inclusive a massa do que o nosso sol. Embora saibamos que o sol é enorme, mas ainda é o menor dos "outros sóis", não me admira que essas estrelas tenham ficado com massa tão grande. Mas como dizem os mais velhos, tudo que queima muito, apaga rápido. A professora explicou que o tempo de vida dessas super estrelas acabara sendo mito curto, como havia imaginado a estudante. A professora ainda falou sobre os elementos que passaram a ser comuns, facilmente encontrados em tabelas periódicas trouxas. Era o caso do carbono, nitrogênio, oxigênio, cálcio, sódio e alguns mais pesados, que se transformavam em átomos e moléculas que conseguem absorver luz a partir do brilho de uma nova estrela. A pressão exercida de certa forma afasta a grande quantidade de gases para que estes não adentrem a massa da estrela e limita a massa das estrelas. Escrevi em meu pergaminho sobre o provável motivo: quanto maior a massa, mais rápido a estrela "queimaria" e deixaria de existir.

Conforme a professora falava sobre o sol, era impossível não prestar atenção nos grãos de cristal simulando seu surgimento. Lorena desviou o olhar para anotar a data de "nascimento" do sol, que teria sido 4,5 bilhões de anos atrás, fruto de restos de supernovas. Lorena levantou a mão novamente. Mais uma pergunta, pois uma aula tão interessante não poderia deixar dúvidas. — Então se eu dissesse que a morte das super estrelas, aquelas que a senhora citou a pouco, deram impulso ao surgimento do sol que nos rege, isso estaria certo? Pois seus restos são supernovas, não é? — Após o questionamento, a continuação continuara. O gás em formato de nuvem que é deixado pelas supernovas são como um berçário cósmico para o surgimento de novas estrelas. Na natureza nada se perde, afinal. E então as nuvens de gás continuam a orbitar essa nova estrela se formando dos restos da falecida anterior, e através de colisões elas se unem e formam planetas.

Alguém perguntou como a morte de uma estrela tinha relação com ele, e Lorena quis jogar sua almofada no coleguinha, mas não o fez porque não queria perder um segundo sequer daquela aula. A professora, toda paciente, disse que é graças a mortes estrelares que hoje podemos respirar, tendo oxigênio, carbono, cálcio e ferro. Que todos somos feitos de matéria das estrelas. Aquela frase tocara o coração de Lorena que novamente levantou a mão, virando-se para o colega ela mesma para responder à questão. — Depois do big bang surgiram essas estrelas gigantes, cheias de massa, que dado a esse fator deixaram de existir. Nada simplesmente deixa de existir. A energia liberada por elas gerou energia para outras estrelas, então temos o sol, temos outros planetas, temos elementos químicos que mantém a vida de tudo, inclusive a sua. A importância da morte dessas estrelas é que elas se renovaram, e com essa renovação foram sendo criados tudo o que temos hoje. Ainda há muito a ser descoberto sobre o universo, muita coisa que ainda precisamos descobrir, mas essa é a importância em resumo. — Explicou com sem perceber as mãos gesticulando como se fossem elas mesmas explicar o surgimento de tudo. Virando-se para a professora, pediu moveu os lábios em um pedido mudo de pedido de desculpas por ter interrompido sua aula, e quando a fez, a mestra continuou explicando.

O principal objetivo era entender por que os seres humanos estão aqui, o que pode acontecer, como a natureza se comporta, tudo isso fazia parte do entendimento e dos questionamentos que a aula de astronomia trazia. E isso fez Lorena pensar sobre tudo aprendido até ali. O surgimento do cosmos, a formação das estrelas, do sol, dos planetas, tudo perfeitamente alinhado para que pudesse dar vida aos seres humanos e não humanos moradores do planeta Terra. Era evidente que não era por acaso que tudo isso havia tido origem e que chegara até eles também, que os constituíssem.

Aurora ainda aprofundou os ensinamentos falando sobre como os bruxos não se preparam para conhecer a vida em outros planetas, mesmo que até para nós esse aquecimento do sol parece ameaçador. Nem a magia dos bruxos pode parar o que está acontecendo no âmbito ambiental e universal, caso contrário algo já deveria ter feito. Pensavam em pedras fundamentais, mas não na imensidão que estava logo acima de suas cabeças.

Assim que a aula terminou, Lora abanou para a professora – que na verdade gostaria de abraçar, e recolheu seus materiais indo para Ybirá com tantas novas informações que o céu entre o trajeto seria pequeno considerando o tanto de pensamentos a respeito que ela teria. Além disso, talvez tivesse que ia até a biblioteca no dia seguinte para pesquisar mais, especialmente sobre os fótons e a massa dos elementos.