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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Igor von Schweetz
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Igor von Schweetz
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Qua 3 Jun 2020 - 19:25


Part of me
Essa é uma RP fechada de Igor von Schweetz e Vicente Ventura. A interação ocorre no período da tarde na Antessala de Castelobruxo no mês de Junho.
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Última edição por Igor von Schweetz em Dom 7 Jun 2020 - 20:17, editado 1 vez(es)


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Igor von Schweetz
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Igor von Schweetz
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Qui 4 Jun 2020 - 20:59

O novo normal
part of me

Igor se sentia confuso ou um pouco chateado nos últimos dias. Ao ter que ouvir e aceitar o fato de não ter conseguido salvar uma vida. Em vários momentos ele ficava se relembrando da notícia pavorosa que recebera tentando absorver a mesma sem acabar ficando desesperado em meio aos sintomas de ansiedade. Seriam dias difíceis até que tudo voltasse ao normal. Era difícil seguir em frente, mas ele ainda estava naquele mundo e precisaria enxergar que a vida dele ainda continuaria. Em poucos dias ele teve uma série de encontros para ajeitar seu novo emprego em Castelobruxo como professor substituto. Ansioso e tentando levar o gosto ainda amargo consigo, ele participava de pequenos plantões de dúvidas de todas as outras matérias com diversos alunos que tinham interesse em melhorarem suas habilidades com a base bruxa.

Ele divertia-se o suficiente com os alunos recentes, aqueles que haviam acabado de entrar. Aos poucos, ficava alegre por compartilhar grande parte do seu tempo com os alunos e ele ampliava ainda mais seu tempo para que conseguisse atender até mesmo os últimos anos de Castelobruxo. Igor tinha a pretensão de ser extremamente prestativo e no futuro conseguir pegar alguma matéria que gostasse de lidar. De fato estava se sentindo completamente renovado embora o sentimento de tristeza fosse presente por partes. Naquele dia, ele andava pelos corredores procurando qualquer atividade que o parecesse diferente ou suficientemente amigável.

Com informações recentes, o docente tinha grande vontade de conhecer outra parte sua que não fazia parte de seu corpo, dizendo-se da maneira mais bonita possível. Igor descobrira que tinha um irmão vivendo abaixo do teto de Castelobruxo e já sabia nome e turma ao qual ele pertencia. Naqueles momentos ele lembrava-se de como era um ótimo detetive para descobrir informações de qualquer proporção. Ainda que fosse uma pessoa extremamente sociável e extrovertida, chegar em um aluno poderia parecer estranho, podendo o mesmo até achar que levaria uma bronca.

Igor procurava por Vicente todos os dias sem cessar. A sua vontade de o conhecer era grande e talvez ele poderia até mesmo tornar-se sua figura paterna mesmo que fossem apenas irmãos. O jeito de Igor era completamente amigável, sincero e carinhoso. Não importava a condição, parente ou não, pessoas eram pessoas e mereciam o melhor sempre. O mais velho queria aquele contato, era a obrigação dele em preencher um espaço vazio deixado de maneira imprópria em Vicente. Mas sua espera havia então chegado ao fim assim que ele encontrara o garoto pelo mesmo corredor no qual andava em direção oposta a dele.

- Você é o Vicente né? Sempre quis conhecer o meu carcará favorito. - Igor questionou o garoto com um sorriso explícito. Mesmo que não fosse lá um fã de quadribol, ver outras pesssoas se divertindo o fazia com que ele gostasse e passasse pela mesma sensação de quem gostava e assistia. - Tem um tempo para um reles mortal? - O tom brincalhão estava completamente visível. Igor sentia uma tensão boa, mas ainda esperava que algo atípico pudesse acontecer.



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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Dom 7 Jun 2020 - 22:30
O novo professor
A bolsa-carteiro agitava-se contra seu corpo a cada passo que dava. As anotações de astronomia escapavam pelo canto, deixando claro que haviam sido postas com desleixo na mochila. Tinha ido ao quinto andar atrás de Aurora, a professora da disciplina opcional que vinha colocando sua cabeça num turbilhão confuso de fótons e outras partículas elementares, mas não a encontrara.
Enquanto atravessava a antessala do segundo andar, a caminho das escadas que levavam aos terrenos, Vicente cogitava deixar o material no alojamento e passar algum tempo no campo de quadribol. Vinha passando tempo demais estudando e menos tempo do que gostaria ganhando resistência e condicionamento físico.
Cruzou com um professor e, automaticamente, acenou a cabeça num cumprimento respeitoso e discreto. Parou de caminhar assim que ouviu seu nome, girando o corpo até ficar frente a frente com o docente. Ele estava no sexto ano e estava habituado que os professores mais velhos de casa soubessem seu nome. A maioria deles já tinha tido a maravilhosa oportunidade de bradar “Vicente Ventura!” pelo menos uma ou outra vez ao longo de todos esses anos, especialmente durante os primeiros. Mas aquele professor não estava na escola há muito tempo, então ser conhecido por ele fez com que as sobrancelhas espessas do carcará se unissem em indagação.
Mas as palavras que se seguiram fizeram o garoto relaxar e o sorriso ganhou força em seus lábios. Às vezes se esquecia que, assim como os alunos, muitos professores acompanhavam os jogos de quadribol e, bem, Vicente era um nome comum de ser ouvido por lá.
A cabeça inclinou levemente e sua postura, outrora defensiva, transfigurou-se naquela pela qual era conhecido- despreocupado, confiante e nitidamente amistoso. Gostava de ser reconhecido por aquilo que fazia de melhor- o quadribol- e gostava ainda mais quando isso fazia com que conhecesse pessoas e permitisse que novas amizades se formassem. Seu sorriso se transformou num riso fácil reverberando pelo peito, e negou com a cabeça diante da dúvida acerca de seu tempo.
_Até parece, professor. - Retrucou diante da brincadeira feita pelo docente, mas se deu conta que o sentido de suas palavras poderia ser mal interpretado. – Quer dizer, não quero dizer que não tenho tempo, só que o senhor não é um reles mortal. É um mortal, mas não um reles...
Parou a explicação confusa no meio, coçando a nuca levemente envergonhado.
_Vicente Ventura, mas parece que o senhor já sabe. - Sentia-se desconfortável em chamá-lo de senhor, levando em conta que era quase tão jovem quanto ele. Poderia facilmente confundido com um aluno, se não fosse a diferença nas vestes. – Eu é que estou em desvantagem.
Os boatos de um novo professor haviam mesmo chegado aos seus ouvidos, mas o fim do semestre vinha exigindo de Vicente mais horas estudando do que ele planejava e, honestamente, estava alienado das novidades mais recentes.
_Então você é um Carcará também? - perguntou, guardando as mãos nos bolsos da calça caqui e, percebendo a forma como o tratara, prontamente se corrigiu. – O senhor.
MONTY
Igor von Schweetz
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Igor von Schweetz
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Dom 7 Jun 2020 - 23:40

O novo normal
part of me

Em poucos dias, estar ali fazia Igor entir um pouco melhor. No novo ambiente ele sentia novas possibilidades e também uma grande oportunidade de conhecer todos os tipos de pessoa que pudesse em pouco tempo. O loiro era completamente focado em relacionamentos interpessoais, ainda mais sabendo que agora falava com Vicente, seu recém descoberto irmão. Poderia até mesmo parecer uma enorme armação do destino estar abaixo do mesmo teto que ele. Mas fazer o quê? Simplesmente acontece. - Me parece um pouco nervoso. Pode deixar, não levei a mal o que disse. - Igor respondeu ao mais novo com um sorriso, a confusão do outro ou medo de tentar se expressar de maneira mais educada e formal apenas havia o deixado plenamente adorável. - Oh... Sim, eu sei... Acho que na verdade é praticamente impossível estar aqui e não te conhecer. Na verdade, escutamos os nomes de vários alunos e em pouco tempo que eu estive aqui, você foi bem comentado... Não sei se deveria estar dizendo isso. - Balançou a cabeça como forma de tentar anular tudo aquilo que havia dito.

- Desvantagem? Não diria bem dessa forma... Você é incrível. - Deu um sorriso na direção de Vicente e esperou que ele tentasse em alguns segundos assimilar o que Igor tentou dizer. Era no mínimo estranho ter uma informação que o outro não tinha menor ideia. Vicente tentava a formalidade e eu não via necessidade daquilo, me livraria do senso comum. - Senhor me parece uma atribuição bem respeitosa mas sinto que você se sentiria melhor me considerar igual a você. Sobre os times, acho que preciso ver mais antes de falar, mas tenho preferência por conta de você. - Igor sorriu novamente e então lembrou-se que poderia não ser reconhecido por estar ali por menos de uma semana. - Sou Igor. O docente substituto, o faz tudo, tapa buraco, mequetrefe e várias outras coisas que falam sobre mim por aí. - Não desanimava com o sorriso, era a melhor arma que tinha para poder deixar Vicente um pouquinho mais leve.

Ele podia até notar características do pai em Vicente mas acabava tendo que conter a vontade e a ansiedade de ir direto ao ponto. Mas como faria aquilo sem deixar a conversa minimamente estranha ou forçada. - Eu tenho uma coisa pra te contar. Pode ficar tranquilo que não é ruim... Acho que é até bom... Mas antes preciso que você me dê uma confiança para que eu não me sinta estranho... Afinal a ideia de um aluno ser abordado por um professor não parece ser tão comum por aqui. - O meio-veela mordeu os lábios de maneira tímida. Respirava fundo pois precisava ir aos poucos desenhando o que seria a informação final. - Deixa eu te fazer uma pergunta... Antes de qualquer coisa, digo, qualquer coisa mesmo, você já se sentiu sozinho? - Igor tentava no mínimo uma conversa pelo lado mais frágil e menos rígido. - Eu já... Minha vida no quesito familiar foi bem ruim. Meu pai era uma pessoa que eu nunca compreendi e minha mãe... Podemos pular essa parte. - Inspirou o ar de maneira profunda e esperou qualquer resposta que tivesse. - Desde então comecei a procurar peças de mim em outras pessoas e coisas. De alguma forma, meu instinto me dizia que eu não estava sozinho. - Deu uma pausa. - De qualquer forma se precisar de ajuda, alguém pra desabafar sobre o que quiser... Família, desilusões... Acho que poderíamoos cooperar juntos. - Igor sentia-se completamente estranho falando aquelas coisas para uma pessoa que tinha acabado de conhecer.

- É que eu não sei como você se sente ou como vai se sentir depois de eu dizer que temos um parente em comum. Nada vai fazer sentido, a sua cabeça vai girar, você vai ficar nervoso e com raiva, talvez. - O professor deu um passo para trás. Ele estava tímido e se sentindo levemente incompreendido, não existia uma maneira boa de falar aquilo. - Eu quero dizer... Que se você sentiu sozinho ou abandonado por essa pessoa... Que eu possa preencher esse vazio no devido tempo. Essa conversa é estranha e você deve estar me achando louco. - Igor calou-se e depois construiu um diálogo intenso com o outro até que chegassem num parente em comum e ele lhe dera a notícia. Igor não tinha como se expressar visivelmente e sua reação era óbvia, inerte por ele já saber e ter a informação há pouco tempo e já ter a processado. - Sim... É verdade... A gente tem uma ligação. E eu estou disposto a dar tudo por ela, pelo seu bem, pelo nosso. Minha mãe desapareceu e eu espero nunca reencontrá-la, meu pai sofreu o bastante, talvez tenha sofrido o que merecia na visão de um ser maior. - Renegar a mãe por ela ser uma criatura mágica poderia até ser errado, mas não era tão errado quanto ela ter usado o pai de Igor apenas como uma diversão e ter posto o então bebê nos braços dele. - Você tá bem? Vou entender se não estiver - O professor se calou e então, esperou no mínimo uma expressão de surpresa e indignação e não uma resposta concreta. Afinal, Igor era péssimo em mentir e reafirmar que ambos eram irmãos era o maior gesto verdadeiro que poderia soar levemente agressivo em tão pouco tempo, mas ele tinha e sentia a necessidade de ao menos tentar ser o pai que ele nunca teve, ser sua companhia familiar. O docente faria de tudo para que o outro não se ferisse, chorasse ou qualquer outra coisa. O que ele apenas não queria era ser visto com uma má visão acerca de seu pai que poderia ou não, ter escondido a afirmação de que eram irmãos. O conhecimento de Igor sobre o pai era o básico, não eram tão amigos e tinham um relacionamento levemente forçado.



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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Qui 11 Jun 2020 - 12:18
O novo professor
Aos poucos, a postura relaxada do capitão foi novamente se tornando retesada: um passo para trás, os braços cruzados em frente ao peito e os lábios, outrora curvados em seu mais bonito sorriso, agora eram uma linha fina e endurecida. Se o professor realmente esperava confiança, Vicente o decepcionaria grandemente. Os últimos meses vinham sendo tão confusos e cheios de sentimentos dúbios a respeito de pessoas que ele nunca havia cogitado duvidar. A mensagem da clareira ainda martelava em sua mente- não confie em ninguém.
Ele tinha sim seus amigos verdadeiros, sabia que não o trairiam e que estariam com ele em qualquer situação, mas, apesar do coração abnegado e as atitudes costumeiramente impetuosas, o Ventura havia ganhado uma boa dose de cautela.
Igor parecia estar nervoso, temeroso que suas palavras surtissem um efeito indesejado no garoto, mas ainda assim continuava seu discurso de palavras muito estranhas para serem ditas num encontro casual nos corredores. Para Vicente, o encontro começou a soar diferente, não como um encontro ao acaso. Tinha a sensação de que havia sido premeditado, o que o deixava numa posição ainda mais desconfortável. Não gostava de estar em desvantagem onde quer que fosse, num jogo ou não, e não media esforços para reverter a situação ao seu favor. Mas, dessa vez, ele não entendia nada do que estava acontecendo e, embora incomodado, estava curioso para saber o que lhe seria dito.
  A primeira pergunta veio sem anunciação, deixando o batedor atordoado, como acontecia quando um balaço passava perto de mais de sua cabeça. Automaticamente, como um reflexo de sua postura resguardada, negou com a cabeça. Era mentira, já havia se sentido sozinho muitas vezes, mas sabia que todo mundo passava por momentos assim. Certo? E, honestamente, ele não havia estado sozinho nunca. Aurélia sempre estivera ao seu lado, bem como os avós quando ainda estavam vivos e, mais tarde, quando chegou em Castelobruxo, encontrou pessoas que completavam seu círculo, formando uma família desconexa e imperfeita. Era disso que ele precisava, nada lhe faltara. Ninguém lhe faltara.
Mas o professor aceitou sua resposta negativa e pôs-se a relatar a própria experiência, para contribuir com a confusão do carcará. Vicente gostava de ouvir as pessoas e acolhê-las; costumava ser o primeiro a se prontificar quando alguma ajuda era necessária, mas por algum motivo, não sentia que aquela conversa era verdadeiramente sobre Igor e se sentia exposto demais, daí a postura e o silêncio.
Finalmente, encontrou uma brecha para concluir a conversa mais estranha dos últimos meses.
_Professor, eu agradeço a preocupação, mas estou bem. Não...- umedeceu os lábios com a ponta da língua enquanto fitava os olhos claros do mais velho. – Não preciso desabafar ou algo do tipo.
Descruzou os braços para ajeitar a bolsa no ombro e guardou as mãos nos bolsos da calça novamente, pronto para pedir licença, se afastar e esquecer o desconforto do momento, mas Igor continuou a falar, mantendo Vicente preso no lugar por uma força chamada curiosidade.
_Um o quê? – balbuciou, tão baixo que duvidava que o docente tivesse escutado. Talvez o jovem professor fosse um dos sobrinhos de seu avô. Quando Élio Ventura se apaixonou por Teçá, deixou para trás toda sua família italiana para construir uma nova, em terras tupiniquins. Vicente sabia da existência de tios avôs que ainda viviam na Europa, mas a teimosia reinava quando o assunto são os homens Ventura, e nunca tiveram qualquer contato.
Mas, se Igor fosse um Ventura, certamente não estaria fazendo tantos rodeios para falar. Este fato fazia a boca de Vicente adquirir um gosto estranho e amargo.
Sobrava-lhe o lado paterno, mas desse nunca havia tido sequer uma única notícia. Não que lhe fizesse falta- Aurélia suprira todas as suas necessidades em todos os âmbitos. Vicente tinha na mãe a representação completa de uma família e era tão grato a ela quanto era possível por ter feito tudo que podia por ele, e por ainda fazer. Então, as palavras de Igor soaram quase ofensivas aos seus ouvidos, fazendo com que o corpo se aquecesse gradativamente com frustração e irritação.
_Eu não fui abandonado, non mi sono mai sentito così¹. – Retrucou, as palavras saindo duras por seus lábios e as línguas, como era de se esperar, se embolando. Isso sempre acontecia, de forma incontrolável e irremediável. Bastava que suas emoções entrassem em conflito para que o cérebro se esquecesse de falar apenas na língua mãe e, quando ele percebia o que estava acontecendo, era ainda mais difícil de frear. - Non sono vuoto, se così posso dire, professore.². Je ne manque de rien, ça n'a jamais manqué. Et oui, je pense que vous êtes très fou. Lo que sea que sugieras, no tiene ningún sentido.4
Mas ele sabia que nada do que dizia era verdade. Se sentira abandonado sim, e rejeitado. Tentava todos os dias suprir uma ausência que nunca seria preenchida, descontava as frustrações no quadribol, estava sempre cercado de pessoas e se via afoito quando estava sozinho. Era difícil encontrar o capitão sem encontrar dois ou três amigos junto. E, no fundo, ele sabia que o que o professor sugeria podia sim fazer sentido.
Podiam ter alguma genética em comum, mas uma ligação? Era demais. Vicente estava muito bem, obrigado, não queria ter qualquer ligação com um desconhecido sem tato nenhum para conversas.
As mãos deixaram os bolsos da calça e foram diretamente para o cabelo castanho, entrelaçando os dedos nas ondas revoltas e desalinhando-as ainda mais.  Se o carcará estivesse certo na lógica que sua mente vinha compondo a partir das palavras de Igor, o problema era com ele então. Ele não era bom o bastante para ter um pai, mas certamente qualquer outra criança era. A ideia fez um nó surgir em sua garganta e, automaticamente, travou a mandíbula.
Analisou o corredor vazio, desejando que algum de seus amigos passasse agora e o arrastasse para longe daquela situação. Ele poderia sair sozinho, é claro. Bastava pedir licença e se afastar. Mas parte sua queria ficar e entender, enquanto parte queria correr.
_ No lo se, profesor.5-Respondeu ao questionamento, falando com sinceridade dessa vez. Um arrepio atravessou seu corpo e, discretamente, Vicente suspirou. - Eu não sei do que você está falando e, sinceramente, acho que errou de Vicente. Deve ter mais algum por aí. Eu acho que tem um garoto com esse nome no primeiro ano, é um ruivinho...
Esperava verdadeiramente que tudo aquilo fosse uma confusão e que o professor caísse em si. Ele não era bom em adivinhação, não conseguia interpretar as folhas de chá e muito menos as borras de café, mas sua intuição não falhava. Ele sabia que o professor não estava enganado.


Traduções:
1- Nunca me senti assim.
2- Eu não estou vazio, se me permite dizer, professor.
3- Nada me falta, nunca faltou. E sim, eu estou achando o senhor muito louco.
4- O que quer que esteja sugerindo, não faz o menor sentido.
5- Não sei, professor.

MONTY
Igor von Schweetz
TLC » Adulto
Igor von Schweetz
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Sáb 13 Jun 2020 - 21:10

O novo normal
part of me

A sensação de estar uma numa conversa estranha era enorme. De qualquer forma, Igor não havia mentido em momento algum e havia dito apenas aquilo que achava necessário. Mas, o que achava necessário já era o suficiente para que Vicente começasse de uma maneira estranha a mudar o modo de como ele se pronunciava. Ouvir que ele não precisava desabafar deixou o mais velho com um pouco de receio de continuar a conversa, mas ele continuou mesmo assim visto que seu objetivo era deixar a situação extremamente clara para que não houvesse mais a ansiedade de guardar uma informação importante só para si. – Eu entendo que é estranho. Talvez a coisa mais estranha do mundo mas apenas disse isso pra que pudesse me sentir melhor... Mesmo que você tivesse que escutar aquilo que poderia querer não ouvir. – Deu uma respirada pausada e então observou os olhos dele enquanto ficava em sua frente.

Vicente mudava sua forma de falar e até mesmo o idioma. Igor tentava compreender mas acabava notando que seria basicamente impossível visto que não conhecia a maioria das linguagens como português, inglês e até mesmo o norueguês meio riscado. Não havia muito o que ele pudesse fazer, acabaria tentando entender palavras pelas quais nunca havia tido o contato antes. Apenas compreendia o fim da fala dele que dizia que aquilo não tinha sentido algum e por mais que pudesse parecer, aquilo não tinha muito sentido e não era algo que podia ser explicado de uma hora para outra, tempo era necessário. – Eu juro pra você que não estou mentindo e no fundo você deve saber que o que eu digo é verdade... As coisas que não podemos justificar são aquelas que mais acontecem. – Levou as mãos para as costas e então olhou profundamente nos olhos dele aguardando mais reações que o tornassem ainda mais estranho ou diferente.

– Eu gostaria de fazer até mesmo improvável pra mostrar que eu não estou louco. Sempre tive muito medo de ser incompreendido e isso acaba me deixando perdidamente chateado as vezes. Eu saí de uma situação recentemente que me deixou muito triste, eu perdi parte de mim pra outro país, outro lugar no mundo... Se eu pudesse encontrar partes perdidas de mim nesse mesmo país, eu ficaria muito grato. – Ele soltou um suspiro imediato enquanto tentava pensar em mais algo para dizer para deixar tudo aquilo ainda menos estranho. Mas já havia feito grande parte do processo e também já deixado claro qual era a situação que nos envolvia ali.

– Vicente, do primeiro ano? Ruvinho? Ele não se chama Ventura que nem você... Tem que ser você... – Dizia em tom levemente tristonho afinal estava realmente tentando fazer aquilo dar certo, mas o tempo precisaria tomar o devido espaço até que tudo ficasse mais fácil de se ser digerido. – Enfim... Eu espero que consiga me entender e que me desculpe depois... Apenas achei que você iria gostar de saber que existe uma outra parte sua bem próxima de você que gosta bastante de você e que sente orgulho de quem você é. – Igor deu um sorriso pronto para ir embora. Dentro de algumas horas iria em direção a uma das salas onde era responsável por tirar dúvidas de alunos sobre todas as outras matérias ou a que fosse solicitada por um aluno para ele. O professor substituto mal poderia esperar a circunstância em que pudesse assumir uma matéria e então lecionar efetivamente. Igor continuava estudando e inspirando-se naquele que havia ido embora por um motivo de vivência, mas jamais perdera a cara e a coragem e todo o desejo de continuar progredindo. Afinal, se nada desse certo com Vicente, ele estaria sozinho e seria a sua única companhia, e para ele, aquilo era ruim pois ele se via completamente despreparado para viver sozinho como já estava fazendo.



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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Qui 25 Jun 2020 - 17:15
O novo professor

Não importava quão endurecido estivesse o batedor diante daquela situação- tinha o coração mole e as palavras de Igor, por mais sem sentido que fossem, pareciam fazer a personalidade doce de Vicente querer voltar ao lugar de destaque. As palavras o atingiam com a força que palavras costumavam ter.
Quando era pequeno, Aurélia costumava ler para ele um livro bonito, com iluminuras e desenhos ao longo das páginas e, embora não fosse dado à leitura como gostaria de ser, o menino se lembrava muito bem de uma frase que a mãe sussurrava: “Existe algo mais belo neste mundo do que as palavras? Sinais mágicos, vozes dos mortos, peças dos mundos maravilhosos, melhores do que este. Elas consolam e espantam a solidão. São guardiãs de segredos, arautos da verdade...”
As palavras do professor pareciam honestas, mas será que ele poderia confiar? Não, não poderia. Não confie em ninguém, havia dito aquela maldita caixa. Assim sendo, decidiu que não desmancharia sua pose; ainda estava incerto, inseguro e completamente atordoado. Grande parte de seus sentimentos se devia mais à própria mente que, insistentemente o lembrava do descaso do homem que dividia com Aurélia a composição de seus genes, do que às palavras de Igor.
O professor falava rápido, amontoando as palavras sobre sofrimento e reparação de mágoas, numa tentativa de provar que não estava perdendo sua sanidade. Mas, embora para Vicente aquela ideia parecesse muito triste, ele preferia acreditar que sim, Igor estava sim sofrendo de um lapso ensandecido.
O descaso com que Vicente se referiu à possibilidade de terem algum parentesco fez o professor titubear, abaixando o tom de sua voz e carregando as palavras de um pesar que o carcará ainda não havia visto. Parecia genuinamente triste com o fato de que Vicente não estava, por assim dizer, nem um pouco a fim de compactuar com aquela conversa.
O menino percebeu que, durante a conversa, havia cerrado os punhos com força, enquanto os braços estavam cruzados frente ao peito. Estava agindo na defensiva e, talvez, o loiro tivesse razão... Se não concordava em nada do que estava sendo dito, por que se sentiria tão ameaçado? Não teria motivos para levar as palavras do professor a sério e, talvez, bastaria um riso frouxo e um revirar de olhos.
Mas, no fundo, mesmo que não quisesse crer, aquilo soava como uma possibilidade bastante viável.
_Olha, eu não quis ser estúpido, mas será que você pode ser mais direto? É que eu estou confuso, e você fica... Fica com todos esses rodeios, eu já não sei o que pensar.– Pediu Vicente com um riso sem humor e a voz mais dura do que gostaria. Arrependeu-se no mesmo instante. Aquela não era uma atitude educada e, se havia uma coisa que ele queria provar, era que Aurélia não havia falhado em nada, que ele não era deficiente em nenhum aspecto de sua educação. - Desculpe...Poderia ser mais específico, por favor? Você não é parente do vô Élio, é?
As sobrancelhas escuras e espessas estavam crispadas e os olhos, tão escuros quanto elas, fitavam o professor com curiosidade, esperando a resposta que, por algum motivo, sabia que seria negativa.
Que ótimo, a família do pai agora apareceria para um chá da tarde.

MONTY
Igor von Schweetz
TLC » Adulto
Igor von Schweetz
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Seg 29 Jun 2020 - 20:47

O novo normal
part of me

Os rodeios eram necessários para que Vicente pudesse entender. Mas eles não pareciam de forma alguma estarem ajudando ou tornando a situação mais clara e Igor já não tinha menor ideia do que ele teria que fazer para que o mais novo acreditasse nele e em sua história. Era também necessário o tempo para que a história ficasse mais clara. O docente olhou seu relógio enquanto Vicente falava e então já começava a planejar uma saída inesperada que talvez o confortasse, lidar com aquela situação por agora já estava sendo complicado e ele se sentia incompreendido. – Você tem razão... Não adianta eu ficar jogando todas essas informações se você não tiver disposto a compreender... Me desculpe. – Igor afastou-se lentamente do discente enquanto procurava no ambiente qualquer outra coisa que lhe puxasse a atenção. – Não tenho ideia de quem você está falando. Apenas lembro de meu pai e da sua mãe... Meu conhecimento na área é ainda um assunto inexplorado. – Suspirou de dizer aquilo, talvez tivesse sido direto e talvez não, era um chute no escuro.

Ao se afastar, Igor percebeu que seus fios de cabelo moviam-se no ar sem qualquer sopro de ar, talvez fosse a hora perfeita de sair dali por conta da manifestação involuntária de seu dom genético. Ele tinha medo que ele criasse pequenas ilusões a respeito de si nas diversas cabeças e mentes que tentavam compreender a magia. – Vejo você depois... Ou sei lá, quando quiser conversar... – Igor sorriu de maneira sincera e deu um piscar de olhos e então virou de costas para o aluno e começou a andar em direção a sala que daria seu plantão diário de dúvidas, o dia estava apenas começando.

O dom genético de Igor era algo que literalmente não respeitava a vontade própria do bruxo. Rapidamente todas as pessoas começavam a o olhar e ele não se sentia confortável com aquilo. Talvez a única pessoa que estivesse acostumada a lidar com aquilo fosse apenas Thiago, mas ele estava tão longe que talvez não compreendesse o quando aquela característica havia mudado o docente. Ele apenas esperava ansiosamente o despertar do dom voltar à sonolência para que ele se sentisse menos em vergonhado. Ser olhado por todos no Brasil era complicado, quando estudava na Europa, pessoas parecidas com ele eram bem mais comuns. O docente moveu seu pensamento do céu ao inferno ao tentar questionar o que Vicente faria e se faria alguma coisa. Apenas o tempo poderia responder e assim que Igor percebeu, já havia abandonado o corredor rumo a sala de aula reservada para suas pequenas aulas.



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Caipora
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Caipora
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Qui 17 Set 2020 - 12:38
ENCERRADO
devido a inatividade

hahaha
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