O festival anual das caiporas estava uma coisa louca, não encontro maneira melhor de descrever a coisa, se não essa. Mas tudo, aparentemente, tinha uma justificativa: a magia sem fim das caiporas. Dizem que essa magia participa ativamente do festival, dá uns empurrões aqui, uma bagunçada acolá e no fim alguns se sentiam agraciados ou incrivelmente ferrados. Emília, meu povo, para variar estava inclusa no meio-a-meio. Durante aquele festival estava tendo momentos bons e outros trevosos; o pior de todos, sem nenhuma sombra de dúvida, foi o desafio das poções. Não me entendam mal, a nossa bonequinha de pano entende bem a importância que as poções têm em todo grande mundo mágico, mas, essa coisa de fazer poções não é a dela. E antes que julguem falando que menina nem tentou, ah, meus caros, ela tentou. Falhou miseravelmente, mas tentou.

Depois das provas Emília compartilhou com seus amigos as coisas boas e as frustrações das provas, entre eles, ela era aquela que mais precisava de um banho, uma coisa para tomar e um longo descanso. Assim, avisou que demoraria mais no banho e que em algum momento encontraria com eles próximo às barracas de comida.

Acho que todos todos concordaram que aquilo era o melhor que Emília podia fazer no momento. Ela precisava de muita água e sabão para tentar se livrar daquele aspecto esverdeado. Passou-se mais ou menos vinte hora minutos para que a goleira se sentisse ela de novo. Então, assim que vestiu uma roupa leve, foi atrás da sua turma favorita.

No meio do caminho (inclusive a garota já havia avistado Helena e Vicente distraídos, olhando para o outro lado) quando sua atenção toma outro rumo. O Torres mais novo estava com uma cara de suspeito e parecia chamá-la. Ela riu, Julio tinha esse efeito. Às vezes ela ficava tão aérea perto dele que se sentia muito retardada.
― Oi! O que faz escondido aí? ― Perguntou. Bem, minha gente, não era como se o menino realmente estivesse escondido em um canto à espera do melhor momento para atacar. Ele só evitava a multidão. Talvez, se esse encontro ocorre 20 minutos mais cedo, quando a menina estava um tantinho mal-humorada e cansada, o pedido dele passaria por uma seletividade maior, mas, a Emms que conhecemos tende a não ponderar bem às coisas, às vezes. Ademais o Torres sabia fazer uma cara de cachorrinho que caiu da mudança boa demais. Mas, afinal de contas, onde ele havia conseguido toda aquela bebida? Quis perguntar, mas achou melhor não. Quanto menos soubesse sobre qualquer atividade ilícita naquela noite melhor seria para todo mundo. E, no fim das contas iria apenas ajudar um amigo, né?

Dessa forma, os cúmplices iam caminhando e estava tudo com uma relativa “paz” até o esbarrão que um Julio todo distraído deu, justo em quem, meus amores? Matteo Ornellas Bedoya. O destino e suas grandíssimas pedras no meio do caminho agiam de modo a querer juntar os três. Será que as caiporas estavam por trás disso? Capaz…

Apesar do ranço que existe entre ela e o novo Jaguar, Emília tinha que reconhecer que algumas situações com ele eram muito cômicas e desde a detenção nos moinhos algumas coisas ficaram evidentes e, talvez, pendentes entre, principalmente, o Torres e o Bedoya. Como Matteo nem pensou duas vezes e quis juntar-se ao grupo, Emília não questionou verbalmente, era voto vencido, mas, talvez, o ranço tenha ficado muito visível em sua face.
Vamos confessar também que esse ranço todo não durou muito, pois logo em seguida Julinho revela a outra parte do plano. Então, quer dizer que o menino tinha uma barraca só para ele? WOW!
― Você pretendia beber isso tudo sozinho? ― Perguntou, o queixo da goleira ia quase no chão tamanha era sua incredulidade.
Emília é do tipo de pessoa que bebe uma garrafa de vinho e dá PT, então, ela realmente iria querer ver até onde esses meninos aguentavam.

A barraca de Julio não era longe dali, logo o trio chegou acomodando-se e agradecendo não serem pegos.
― Isso vai ser interessante… ― Confessou, sem nem imaginar onde aquilo podia dar. ― O que vocês têm em mente? ― Jogou a pergunta no ar, pois esse era o jeitinho Emília de ser.

Emília não conseguia evitar, achava Matteo um grande presunçoso e pronto. Era maior que ela, vê-lo a deixava no mínimo muito estressada! Juro para vocês, ela se esforça muitíssimo para não voar no pescoço dele e…

E, porfa, que história era aquela deles encontrarem um apanhador? Que ela saiba o menino não havia feito nenhum teste para ser Carcará e, até segunda ordem, a apanhadora dos Carcarás era a Paullinha. Ele podia fazer teste para outro time? Sim… Mas, mas, até outro dia ele estava correndo atrás de delas enchendo o saco dizendo-se fã do time e coisa e tal.

Mas, é aquela coisa, né mores. O que não tem remédio, remediado está. O Bedoya parecia tão entediado quanto Julio, e Emília estava cansada demais para começar, alguma briga com o garoto, embora, elas estejam virando um grande hábito.

A barraca de Julio era como qualquer outra, a grande diferença era que ele não estava dividindo a moradia improvisada com ninguém. Tinha uma barraca toda para ele, por dois dias. Agora, Emms entendia o porquê ele queria beber e queria, sobretudo, companhia.
― Por la madre de Dios... No empiecen. Los dos son burgueses sucios, la gente lo sabe bien. ― Disse revirando os olhos para os dois. Desculpa, ela só disse verdades.

Logo, Julio volta entregando dois um copo aos meninos que estavam em um pseudo-sala.  Emília que não era muito de beber, mas estava a fim de experimentar virou virou a dose ao mesmo tempo que Julio. O líquido desceu queimando e uma careta esquisita formou-se em seu rosto.
― Mi gente… Como esse povo consegue beber isso o tempo todo? ― Questionou ao meninos.

Não sabia dizer se foi o efeito imediato do álcool ou o quê, mas, gostou da sugestão do Bedoya de jogar verdade ou desafio. Seria uma boa oportunidade de descobrir algumas coisas e, talvez, se surpreender com esses dois teimosos.
― Medo? A única coisa que tenho medo não está aqui nessa barraca, Bedoya. Acho que você sabe bem disso… Então, eu topo! Aliás, eu começo. ― Disse pegando a garrafa da mão de Julio e girando-a na superfície dura diante deles.
O objeto girou, girou e os olhos da menina seguiram em loop até que uma das pontas da garrafa parou diante de Matteo.
É, parece que as caiporas sabem o que fazem, Emília pensou involuntariamente.
― Então, Matteo Luís… Verdade ou Desafio? ― Disse sem conseguir conter o riso sarcástico. ― Eu prometo que vou pegar leve com vocês.  



Emília x Matteo

• Caso escolha verdade: Qual e como foi o seu pior término?
  
  
• Caso escolha desafio: Faça uma dança sensual para alguém que você goste nessa barraca, não pode mentir.