Era mais uma terça feira tranquila de agosto, onde o movimento na enfermaria estava quase nulo. Uma parte levemente maligna minha estava torcendo para alguém aparecer ali, de preferência alguma queda de vassoura (nada grave, claro) de algum dos times do castelo - contanto que não fosse o meu, porque não? - Só para quebrar o tédio que era estar ali sem quase nada para fazer. Como ordenado, na falta de pacientes a missão do aprendiz era zelar pela limpeza do local, e assim que arrumo o último leito permito me sentar na cadeira ao lado deste, apenas ouvindo o quase silêncio anormal. Haviam dois habitantes de Tekoa Kuarahy instalados em leitos vizinhos mais para fim da enfermaria, e de onde estava tinha perfeita visão caso precisassem de ajuda. A enfermeira responsável pelo lugar havia saído para resolver uns assuntos de urgência na diretoria, tornando eu e a outra aprendiz responsáveis pelo local momentaneamente com um aviso bem claro antes de sair sobre não fazer nenhuma besteira e nem bancar as medibruxas, apenas convocá-la imediatamente caso houvessem emergências - Só não reclamo do tédio porque é capaz dela chegar, ouvir isso e mandar limpar as vidrarias do armário de poções. - Reviro os olhos levemente em concordância com minha colega, desistindo de permanecer sentada e dando uma breve olhada no relógio, que indicavam ainda duas horas de trabalho antes de sermos liberadas. Sigo até os leitos ocupados apenas para certificar-me que os visitantes estavam bem, e ao encontrá-los dando leves cochilos concordo que sim, logo indo até a porta do local.

Mais uns minutos passam e finalmente a enfermeira retorna ao seu posto, fazendo com que eu desfaça imediatamente a cara de desânimo e lhe lance um breve sorriso - Tudo certo por aqui. - A mulher só concorda com minha frase no momento em que confere seus pacientes, e assim dá a mim e a outra aprendiz a nova missão de trocar os curativos dos leitos, cada uma sendo designada para um paciente. Fico com a mulher idosa que repousava no leito da esquerda e estava ali por ter se cortado ao cair na tribo, ficando de observação para repor suas energias mas que logo seria liberada. Um grande talho havia sido aberto em sua mão e inicialmente havia sido tratado contra infecções, sendo agora possível de ser cicatrizado após os cuidados iniciais. Com delicadeza a acordo e pedindo licença seguro sua mão direita quando já estava ao seu lado, tirando devagar a faixa que envolvia o machucado numa mistura de poção cicatrizante e de limpeza. Tirando a varinha das vestes aponto diretamente para o corte, e utilizando uma boa concentração profiro a magia de maneira clara e precisa - Asclépio! - Não se passam nem dois segundos para que o talho em sua mão suma sem deixar rastros de vermelhidão ou qualquer sinal que demonstrava anormalidades, tirando de mim um leve sorriso - Prontinho, senhora! Agora pode voltar a descansar mais um pouquinho. - Volto a guardar a varinha e me afasto novamente do leito, apenas aguardando que novas ordens fossem datas - qualquer coisa que me fizesse me mover ao invés de ver o tempo passar.