Só saio da livraria quando certifico-me de que estava tudo sob controle no lugar, mesmo sabendo da necessidade de resolver alguns assuntos pendentes da vida pessoal, aquelas burocracias da vida adulta que deixavam a qualquer um entediado. Porém, a maior missão do dia era comprar o presente de Lucca que no dia seguinte completaria seu quinto aniversário e primeiro que passaria ao meu lado, sem a presença do pai, e temia que isso lhe causasse emoções negativas ao lembrar que Aragon já não estava entre nós. Aproveitando do meu poder como proprietária da loja, havia adiantado tudo o que foi possível para trabalhar apenas em meio período na sexta-feira, e assim poder comemorar ao lado da criança indo a qualquer lugar do vilarejo que escolhesse. Mais do que isso, havia decidido finalmente acatar seu desejo de ter um animalzinho, e depois de alguma caminhada cheguei ao famoso espaço onde se vendiam criaturas mágicas. Sabia que era uma responsabilidade grande para uma criança de cinco anos, mas faria o possível para que o animal escolhido sobrevivesse pelo menos até o fim do ano.

Logo após adentrar o ambiente já me impressiono com o interior da loja, não evitando erguer a cabeça para cima e olhar a aurora boreal magicamente reproduzida no teto. Dou mais alguns passos e logo avisto alguém atrás do balcão de atendimento, indo em sua direção a passos tranquilos - Oi, boa tarde! Eu queria comprar um animalzinho de estimação que possa ser criado dentro de casa. - Tinha pensado em algumas espécies, mas estava bem disposta a ouvir as opiniões da vendedora - É para o meu filho, ele está fazendo cinco anos, e digamos que crianças dessa idade ainda não tem muito senso de cuidado. - Completo a frase com um sorriso ao fim, deixando explícito de que precisaria de uma criaturinha que fosse um pouco resistente as peripécias de Lucca.

Logo sua primeira opção agrada, um cão lupovaporizante. Tinha certeza que a criatura seria uma boa companhia para Lucca, mas suas características mágicas me fizerem repensar a escolha inicial, o que fez com que a vendedora me levasse até o cercado dos pufosos - Com certeza fazem menos bagunça que os cães ou pelúcios. - Digo ao fim, não deixando de sentir uma imensa vontade de abraçar as criaturinhas de pelo macio e aparência delicada. A vendedora passa mais algumas informações a respeito de cuidados com o animal e recomenda expressamente que o mantenha fechado a noite, já que a iguaria preferida dos pufosos eram melecas de bruxos recolhidas diretamente do nariz. Bom, aquilo não seria um problema, tomaria as providências necessárias para que o nariz de meu filho permanecesse intacto - apesar de saber que o garotinho com certeza insistiria para eu deixar seu animal de estimação dormir ao seu lado na cama.

Pensava que iria demorar ali, mas em questão de poucos minutos já havia escolhido um dos serezinhos e me dirigia ao caixa para efetuar o pagamento deste e sua ração, ciente de que não haveria presente no mundo que a criança gostaria mais do que seu próprio amigo fofinho. Desembolso um total de trezentos e cinquenta reais para pagar a criatura e um pacote grande de ração, rejeitando a bolsa mágica expansível que a funcionária tenta me vender - Vou levar ele em mãos mesmo, obrigada. - Era um animalzinho bem quieto e provavelmente não me causaria problemas até estar em casa, no que já aproveitaria a pequena caminhada para me aproximar do bichinho.

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