The Last Castle - RPG :: Tópicos de Personagem e RPs Arquivadas :: Arquivo de RPs Finalizadas :: RPs do Mundo Mágico
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
JAN2026
JANEIRO DE 2026 - VERÃO
>Quests Interativas<
ADMAGO
ATUALIZAÇÕES - ADM - OFF
28/05. Lançamento: Sistema de Atributos
7/06. atualização do tablón
1/08. estamos de volta
13/08. atualização dos ranks gerais do fórum
00mes
Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipiscing elit bibendum
Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
DESTAQUES
DOMINIQUE
MALU
POLLUX
MAGAH
DONINHA
CASSIE
Quem está conectado?
5 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 5 visitantes :: 1 motor de busca

Nenhum

[ Ver toda a lista ]


O recorde de usuários online foi de 290 em Seg 8 Mar 2021 - 22:16

Marta Helena Silveira
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Diretora
Marta Helena Silveira
Mensagens :
59
Ocupação :
Diretora do HMC
Dom 20 Dez 2020 - 22:14
O Mundo só está vivo para a pessoa que desperta para ele
RP SEMI-ABERTA
 A presente RP ocorre durante a primeira semana de dezembro. Ocorre no apartamento 54. É um fim de semana, Marta Helena recém acabara de chegar a sua residência e pretende passar um tempo com sua única filha Maria Flor.   

Essa é uma RP SEMI-ABERTA, interrupções serão aceitas previavemente avisadas.

Participantes
Marta Helena Silveira
Diretora do HMC
Maria Flor Silveira
Filha

code by EMME


Última edição por Marta Helena Silveira em Qua 30 Dez 2020 - 11:59, editado 1 vez(es)













Marta Helena Silveira
Maria Flor S. Farias
ANACONDA » Mascote do time
Maria Flor S. Farias
Mensagens :
22
Dom 20 Dez 2020 - 23:21
Os melhores giros da Terra
Maria Flor não entendia muito bem qual era a diferença entre os dias da semana e os finais de semana. Não entendia, especialmente, o motivo de Marta não poder estar em casa por mais tempo nas terças-feiras, ou quem sabe nas quintas. Que diferença fazia? Ela tinha visto em um livro uma vez que o dia era a volta que o planeta dava ao redor do sol. Será que nesses tais finais de semana a Terra dava giros diferentes e tirava todos dos eixos? Não sabia, mas, de toda forma e mesmo sem compreender, adorava quando estes dias chegavam.
Tinha Marta Helena disponível na maior parte do tempo, ainda que fosse para se deitar na varanda do apartamento e procurar por formas nas gordas nuvens que passeavam no céu da capital ou fazer bolinhos de chuva (mesmo que o sol brilhasse no céu). Gostava de ouvir o riso da mãe, que parecia espantar todo nevoeiro que lhe viesse à mente. Tinha certeza de que esse era o motivo pelo qual Marta Helena trabalhava no hospital. Para lá iam pessoas doentes e saíam boas (bem, ao menos algumas delas saíam) e, certamente, era o riso e o carinho de Marta que as ajudava. Perto de Marta, Maria Flor se sentia segura e mais confiante. O mesmo acontecia quando a ruivinha estava perto do pai, mas, para este, parecia que o planeta girava de uma única maneira (e não era como nos finais de semana). Roberto estava sempre muito ocupado, não importava quando. Flor não entendia o que ele fazia, mas sabia que era importante e tentava não se importar quando ele desmarcava os passeios para cuidar “dos negócios”.
Era sábado de manhã e Maria Flor estava sentada no chão da varanda, de pés descalços e pijamas de hipogrifos. O cabelo ainda despenteado estava amarrado no topo da cabeça, embora muitos fios rebeldes já tivessem escapado e formassem uma auréola ruiva ao redor do rosto da menina. A babá havia insistido em arrumar as madeixas da garota, mas ela havia se negado a permitir. Queria que a mãe os arrumasse quando chegasse em casa.  Tinha um prato com frutas picadas que comia vagarosamente — insistência de sua babá, já que a menina queria mesmo era comer pães de queijo— e desenhava numa folha apoiada no chão. Os traços não eram precisos, muito menos exibiam grande talento, mas ficava nítida a presença de um grande dragão no centro da folha, lutando com uma figura que deveria ser o irmão mais velho, se não fosse pelo porte de palito que em nada destacava a beleza de Victor.
Tinha os fones de ouvido encaixados nos ouvidos — tampavam perfeitamente as orelhas da menina, isolando-a dos sons externos e permitindo que a música soasse livre por seu corpo.  Era daquela forma que Maria Flor podia se concentrar.
Estava tão compenetrada, agitando a cabeça ao ritmo das músicas de Creedence, uma banda velha de velhos bruxos, que sequer notou quando a mãe entrou em casa. Sentiu apenas o seu toque que, embora tenha sido gentil, foi o bastante para sobressaltar a menina, que exprimiu um grito curto e assustado, girando para se deparar com a mãe.
Os olhos verdes, arregalados com a surpresa, pareceram relaxar.
_Mãe!— A palavra saiu mais como uma constatação do que como um cumprimento. Jogou-se nos braços de Marta, que certamente sentiria o coração acelerado batendo debaixo do pijama.
Marta Helena Silveira
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Diretora
Marta Helena Silveira
Mensagens :
59
Ocupação :
Diretora do HMC
Qua 23 Dez 2020 - 10:19
A Flor que desperta para o bom que é estar viva

O mundo bruxo parecia estar de pontas-cabeças, nas últimas semanas e dona Helena não sentiu a semana passar, devido as tarefas do seu trabalho. O Hospital Maria da Conceição estava com um grande desfalque de pessoal — mas, pelas notícias que lia nos jornais, esse não era um “mérito” do hospital. A atmosfera de medo e instabilidade fez muitos bruxos repensarem sua permanência no território sul-americano. Marta, por outro lado, não pensava assim e agora estava se desdobrando para suprir os buracos aqui e acolá, esperando que essa fosse uma situação temporária.
O fim de semana chegou e pela primeira vez em uma longa semana, a diretora sorriu. Ela bem sabia o porquê. Finalmente, teria um fim de semana simples, em casa depois de uma longa semana de plantão.
Organizou a sala, apagou as luzes e saiu da sala de reuniões da diretoria a passos firmes. Tinha alguém esperando-a em casa e pensar sobre isso fez com que a diretora sequer olhasse para trás, dando uma última conferida em seu segundo melhor lugar do mundo.
(...)
A Silveira entrou no prédio com passos largos e um tanto desajeitados. Qualquer estranho vendo aquela cena prontamente diria que uma mulher elegante estava ensaiando participar de alguma maratona. Na verdade, ela só tinha pressa, naquele sábado de manhã para chegar em casa. Assim que girou as chaves de seu apartamento recém-comprado seu coração acertou o passo!
E aquela vozinha vinda do final do corredor soou como música para seus ouvidos. Tirou os saltos, deixando-os perto da porta de entrada, deixou uma sacola de papel em cima da mesinha de centro e disse: — Oi!
Em resposta, quase imediatamente, uma menininha de sardas ainda pouco visíveis, mas, de um intenso cabelo vermelho apareceu na grande sala de estar. Dona Marta sorriu abraçando a criança que pulou em seu colo. Um instante depois a mãe olhou para a filha e pensou “por favor, pare de crescer”, um risinho tomou conta da sua face e ela simplesmente completou em voz alta: — Uau! Desse jeito vou entrar aqui semana que vem e não conseguirei mais fazer isso!— Disse levantando Maria Flor do chão, girando-a no ar.
Nesse momento, Lucia, a babá apareceu na sala.
— Dona Marta! Já chegou! — Exclamou surpresa e também um pouco indecisa. — Ainda... — Pela expressão facial a babá estava um pouco constrangida, porque tinha feito um plano e ainda não havia conseguido cumprir. Sabia que Maria Flor costumava ficar mais impaciente durante a semana e menos suscetível aos cuidados de Lu, pois de alguma forma conseguia medir que a mãe estava voltando para a casa.
— Tudo bem, Lú. Eu cheguei mais cedo. Pode ir para casa, descanse. Qualquer emergência te chamo. — Disse a mulher mais velha, com um sorriso. — E obrigada por ficar com a Flor por mais tempo esses dias. — Desde a separação, Marta Helena havia criado novas rotinas, mas, nesses dois anos nunca havia trabalhado tanto como nas últimas semanas, então, tinha que agradecer a Tupã por toda ajuda que recebia.
— Então, mocinha... Fez o que esses dias? Espero que tenha sido legal com a Lú... — Disse juntando as sobrancelhas levemente, como quem se prepara para qualquer resposta possível. Marta Helena sabia que Flor diria que comportou muito bem, mas a mulher estava interessada em cada detalhe que a criança tinha para contar sobre sua semana.
— Que tal você me contar tudinho enquanto comemos uns pães de queijo? — Sugeriu abrindo um longo sorriso.

habilidade:













Marta Helena Silveira
Maria Flor S. Farias
ANACONDA » Mascote do time
Maria Flor S. Farias
Mensagens :
22
Seg 28 Dez 2020 - 23:09
Os melhores giros da Terra
Como é que algumas vezes, ao sermos afastados de algumas coisas, ficamos ainda mais próximos delas?
Maria Flor certamente não tinha resposta a essa pergunta, muito embora soubesse com exatidão os sentimentos que lhe acometiam diante da chegada tão esperada de Marta Helena. Todas as chegadas eram assim: carregadas de ânimo, de momentos de carinho, de expectativa pelas atividades corriqueiras que fariam juntas. Então, mesmo não sabendo como podia se sentir ainda mais próxima da mãe tendo esta ficado fora boa parte da semana, tinha certeza de que os vínculos que compartilhavam eram fortalecidos a cada minuto de ausência. A saudade tinha lá seus mistérios e Maria Flor era jovem demais para compreendê-los.
O abraço de Marta era quentinho, mas era diferente do calor que o sol da Capital sobre a pele pálida da menina. Era tão aconchegante que, quando fechou os olhos por um instante, a garotinha pensou que talvez pudesse tirar um cochilo, ali mesmo, entre os braços da mãe. É verdade, não era nenhum bebê que vivia empoleirado no colo, mas ninguém estava vendo...
Sentiu como se levitasse ao ser girada no ar, e a breve ideia de adormecer se esvaiu, arrastada por uma gargalhada infantil e despojada.
Acho que você vai ter que ser forte como um gigante!  — Argumentou, quando já tinha os pés no chão. — Já que é teoricamente impossível que eu pare de crescer.
A palavra difícil saíra pausadamente pelos lábios rosados. Tinha ouvido da boca de Roberto uma vez, exatamente naquela sentença. Não sabia o que significava “teoricamente”, mas conhecia o significado de impossível. Se o pai havia falado, de certo que era uma coisa inteligente e ela queria ser inteligente.
Quando Lúcia surgiu no ambiente, Flor notou que o olhar da babá vacilava entre Marta e o cabelo despenteado da ruivinha. Não pode evitar um sorriso triunfante. Amava sua babá. Lúcia era doce, gentil, a ajudava em muitas traquinagens e certamente fazia excelentes comidas. Mas, em contrapartida, tinha hábitos muito irritantes de pentear os cabelos e tentar convencer a garota de usar sapatos. Não é que Maria Flor fosse contra sapatos— pelo contrário, amava seus all stars coloridos e as galochas de chuva— mas se estava em casa e existiam meias, qual a necessidade dos calçados?
A mãe, como quem lia pensamentos (Flor jurava pelo dedo mindinho que Marta era capaz de coisas impensáveis), dispensou Lúcia com delicadeza. Seriam apenas as duas, da forma como a garotinha queria.
A pergunta da mãe fez seu sorriso crescer, iluminando o rosto pequeno. Jogou-se ao chão, procurando entre os gizes de cera e folhas de papel os desenhos que havia feito. Era, sem dúvida, seu passatempo favorito quando não podia ir lá pra fora, explorar.
—Eu fiz desenhos e Lúcia me deixou ajudar a fazer panquecas de banana para o café. — Contou, entregando à mãe alguns dos desenhos (a maioria tinha um ou outro familiar representado através de palitos e roupas coloridas, cavalos alados, hipogrifos, dragões e unicórnios. Segurou apenas um em sua mão, aquele era especial e o entregaria depois. — Também construí um forte no meu quarto! Ai mãe, você tem que ver! Lúcia quis que eu arrumasse tudo antes de você chegar, mas eu não quis, é um forte! Eu queria mesmo era construir lá no pátio, mas ela disse que não podia, que era perigoso ficar passeando por aí nestes tempos tebronosos.
Franziu o cenho ao pronunciar a última palavra.  Nos últimos tempos, as brincadeiras no pátio do prédio em que viviam haviam sido proibidas. Raramente Maria Flor era levada a passeios externos e, para o descontentamento da menina, havia meses que não visitava a praia. Estava farta daquela situação.
—Você sabe o que é isso, mãe? Tebronoso? Acho que é algo ruim, pois a Lú vive olhando pra janela com a mesma cara de quando vai chover.
Quando Marta terminou de passar os olhos pelos desenhos, Maria Flor entregou a ela o desenho que havia guardado. Os rabiscos mostravam uma mulher de vestido rosa, cujos lábios esticavam-se para encontrar os lábios de um homem com uma gravata. Havia uma garotinha ruiva entre eles e corações espalhados por toda a folha.
—Esse é para você mamãe. — Entregou, recostando o corpo na mãe, olhando orgulhosa para sua obra. Quem sabe assim a mãe notasse o quanto ela sentia falta de ver os pais juntos. Queria que Roberto morasse ali, com elas. Por que os adultos complicavam tudo?

Roberto Ricardo Farias
TLC » Fantasma
Roberto Ricardo Farias
Mensagens :
40
Ocupação :
Fantasma
Qua 30 Dez 2020 - 14:04
Há quem diga que até o mais forte dos homens, não passa de um nada sozinho. Se em algum momento alguém lhe privar de seu poder, do seu dinheiro, da sua influência, o que lhe restará? No máximo as chagas que acumulou com o tempo, a piedade daqueles que um dia ofendeu, e as vagas memórias de um tempo áureo que provavelmente não voltará. Mas não é preciso chegar a esse ponto para entender o que de fato importa, para ver que a felicidade não está no poder que seu nome carrega, não está naquilo que você pode comprar, mas sim em algo, que em teoria é intangível, invisível, mas pode ser visto nitidamente por aqueles que ainda possuem a humanidade intrínseca em si.

Até que ponto é válido sacrificar sua vida para manter-se em um status de poderio? Não falo da energia que nos mantém vivos, mas sim daquilo que construímos desde o dia em que nascemos, das relações que construímos e mantemos com o passar do tempo. Talvez, para muitos de nós, essa é uma resposta óbvia, não há muito o que se pensar, não é cabível sequer cogitar sacrificar alguma coisa, ainda mais por algo tão volátil quanto o poder. Mas para um homem, que abdicou do seu eu, para se transformar na figura política que é hoje, essa é uma questão pertinente.

Farias, ou melhor, Roberto, se privou de muitas coisas desde que assumiu aquele que é o posto político mais alto da América do Sul. Terminou seu casamento com Marta, se privou de ver seus filhos, ele se tornou apenas uma figura política, um homem sem ter para onde voltar.

Não faz muito tempo, desde que seu filho, Victor, foi sequestrado, feito de refém e torturado pelo tal Círculo de Nêmesis. Aquele foi um golpe tão preciso, que atingiu aquilo que aparentemente já não existia mais, atingiu a pessoa por de trás daquela máscara, um homem que ainda possui sentimentos. Notou, que mesmo com seu poder, nada podia fazer, ele realmente era um homem. Provavelmente o primeiro passo na busca daquilo que perdeu com tempo.

Sentado ao pé da cama, Roberto remoía os constantes ataques que vinha sofrendo da imprensa. Já não conseguia mais se desligar dos seus afazeres, eram apenas seis da manhã, e sua cabeça estava prestes a explodir. Sacudiu a cabeça, tentava tirar a cabeça dos seus problemas, mais do que ninguém, Roberto sabia que precisava relaxar, era hora de tirar um dia para viver. Se levantou e correu para o banheiro, ainda era cedo, um banho quente o ajudaria a colocar as coisas no seu devido lugar, pelo menos poderia ordenar seus pensamentos. Após se banhar, sentou-se no sofá da sala, encarando os porta-retratos espalhados pela parede, eram momentos tão distantes, que mais pareciam cenas de um filme antigo, não mais episódios da sua vida. Fotografias de seus filhos, Victor e Gabrielle já estavam grandes o suficiente, talvez nem precisassem mais do pai, já Maria Flor, bem, esta não merecia o descaso que vinha recebendo. — Talvez seja a hora de tentar corrigir alguns erros. — o tom rouco carregava uma certa tristeza, provavelmente decepcionado com suas próprias atitudes.

Marta havia se mudado, não fazia tanto tempo, mas Roberto sabia muito bem onde ela residia, não que ele ficasse seguindo os passos dela, mas é que ainda há uma preocupação, não só com Marta, mas principalmente com Maria. No caminho parou em uma padaria, gostaria de levar alguma para a pequena. Isso seria mais fácil se ele ao menos soubesse dos gostos da pequena. Ela já tinha oito anos, e seu pai não sabia dizer o que ela gostava de comer no café da manhã. Que tristeza. Em suas vagas memórias ele podia lembrar de Flor, ainda pequena, sequer sabia andar direito, comendo seu pão de queijo, o sorriso que estampava sua feição. Era um chute válido, afinal, ele não tinha outra opção.

Em sua cabeça, uma dúvida. Como ele apareceria na casa de Marta sem um aviso prévio. Mas isso não foi um empecilho para que ele ficasse postado em frente a porta da casa dela. Até titubeou, pensou em deixar para outro dia, mas antes que pudesse desistir, deu duas batidas na porta.


Marta Helena Silveira
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Diretora
Marta Helena Silveira
Mensagens :
59
Ocupação :
Diretora do HMC
Qua 30 Dez 2020 - 23:31
A Flor que desperta para o bom que é estar viva

Uma gargalhada ecoou pela sala em resposta ao comentário de Maria Flor.

“Teoricamente impossível...” Essas palavras elaboradas ficariam bem guardadas na mente da medibruxa, que naquele momento assentia em concordância, afinal, a criança estava coberta de razão.  Nessa fase, em um piscar de olhos a vida acontece, passa depressa e muito em breve ela não caberia mais, como uma conchinha quente e confortável, nos braços de Marta Helena.

Maria é uma menina que adora explorar coisas novas e disso dona Marta não podia reclamar. Flor era exatamente como ela aos nove anos. A mulher que crescera em um orfanato por causa da perda precoce dos pais aproveitava-se de seu dom, que até hoje não sabe explicar como começou ou porquê, para conversar com os animais e, também, conhecer novas línguas, isso quando encontrava um velho livro aqui e acolá. Essas pequenas coisas foram instigando a sua curiosidade e quando entrou em CasteloBruxo a vida correu. Marta sentia que o mesmo ocorreria com sua filha.

Em breve, a ruivinha entraria em Castelobruxo, descobriria um mundo de coisas novas, muitas das quais, até agora, ela só viu ou melhor, leu em livros infantis, fará amigos e, também, descobrirá as belezas e os infortúnios do amor. Pensar sobre isso, deixa e provavelmente sempre deixará o coração da medibruxa pequenininho dentro do peito, contudo, Dona Marta Helena não é um tipo de pessoa que prende ou priva a filha de passar pelas experiências. Helena prefere apostar alto na felicidade de sua pequenina.
— Ah é? Pois vou contar um segredinho... — Disse ficando na altura da menina. — Gigante eu acho que não consigo ser, mas nunca vai faltar abraços quentinhos por aqui. — Abraçou a menina, enquanto afagava os cabelos ruivos com carinho.

Um instante após a saída de Lúcia, Flor estava entretida entre folhas e vários gizes de cera.
— É mesmo? E como a chefe Flor se saiu essa aventura gastronômica de fazer panquecas? — Perguntou. Embora Marta fosse muito boa no preparo de poções, não possuía a mesma afinidade quando a história era cozinhar. Quando Lú não estava ou as coisas eram compradas prontas ou resumiam-se ao extremamente básico, nada muito elaborado. A exceção era o brigadeiro de panela. Ah, essa arte preciosa a medibruxa dominava.

Sentada no chão, como a filha, a mãe de Maria Flor deteve um momento olhando os desenhos da filha. Sorriu ao ver as imagens desenhadas, Castelos, Hipogrifos e Dragões.
— Esse dragão aqui com cara de mal... Ele tem nome? — Marta tinha vontade de espalhar os desenhos pela casa a fim da menina se sentir mais em casa, afinal, nos últimos meses haviam ocorrido mudanças demais. A pequena deixara uma casa enorme e com jardim para viver em um apartamento prático na Capital. Ok, quando Marta o escolheu na imobiliária pensou em todo conforto e em algumas semelhanças com o lar anterior, mas, ainda assim era diferente.
— Você construiu um forte? É igual aquele do desenho? — Perguntou enquanto apontava para uns dos papéis que ainda estavam no chão. — Estou doida para ver. — Afirmou, segurando alguns dos desenhos de Flor. E Marta Helena realmente estava, ademais queria saber porque a filha construiu um forte. As sobrancelhas uniram-se em preocupação. Será que Flor estava se sentindo desprotegida? Estaria Marta, deixando algum medo ou insegurança passar?

Ah, as crianças... Elas realmente têm uma maneira muito sensível de perceber as coisas, né? Por mais que Dona Helena procurasse proteger Flor em uma bolha de felicidade, pães de queijo, chocolate e desenhos, algo sempre passa, pois mesmo que seja apenas uma criança sente e vive os impactos da confusão que é o mundo ao seu modo. Seja construindo fortalezas com peças de montar, seja desenhando dragões e hipogrifos, as coisas da vida adulta não escampam aos olhos infantis.
— É filha... — Encarou a menina, Maria Flor tem tanta ternura no olhar que quando Marta chega em casa consegue fazê-la esquecer que o mundo lá fora  encontra-se cheio de revés, a diretora soltou um leve suspiro e prosseguiu: — Sabe, é exatamente assim um tempo tenebroso...  — Disse ainda pensando sobre a metáfora feita pela ruivinha. — Lembra quando você viu na TV aquele temporal que deixou a cidade toda cinza e ficou com medo porque lá as coisas escureceram de repente? Então, essa história de tenebroso é mais ou menos como esse temporal difícil de passar, por isso as pessoas tem ficado mais em casa, para se proteger, entende? As casas funcionam como uma grande fortaleza. — Disse, aproximando-se da menina e alinhando-a em seu colo. — Mas, olha... Você lembra que algum tempinho depois o temporal passou e o céu ficou azul e com um sol forte? Então, isso acontece porque por mais fechado que o tempo esteja, Flor... Atrás das nuvens o céu é sempre azul e ele sempre, sempre volta. — Pode até demorar um pouco, mas sempre volta e Marta acreditava fielmente nisso.

Maria Flor era uma menina cheia de surpresas e a medibruxa notou que a menina segurava um desenho, como se aguardasse que a atenção de Dona Helena não estivesse mais dividida com os outros desenhos e as novidades que assimilava desses dias fora de casa.

“Esse é pra você, mamãe”, disse simplesmente e deixou o resto por conta de Dona Marta Helena. A mulher juntou os lábios outrora abertos tamanha a surpresa, depois abriu-os novamente, meio como se quisesse ensaiar falar uma palavra, porém, ao mesmo tempo, como se houve desaprendido a falar.

“Droga, por Guaraci...”, pensou.
E nesse caso, a mulher não precisou de nenhum apoio linguístico para entender a mensagem expressa naquele papel. Flor queria os pais juntos. Que criança não iria querer? Ainda mais quando houve realmente um tempo que seu pai e sua mãe foram felizes. Mas, é aquela velha história... Os tempos tenebrosos passam destruindo tudo. Algumas coisas tem conserto após a tempestade, outras não. O relacionamento de Marta Helena Silveira e Roberto Ricardo Farias permanecia uma incógnita.

Marta engoliu em seco e olhando a filha esperançosa, começou: — Meu amor, eu sei que... — A diretora foi salva pelo gongo, melhor dizendo, pelas batidas na porta (ou talvez não), mas naquele exato momento a mulher agradeceu a intervenção divina.  
— Ué? Quem será? — A mulher consultou o relógio em uma parede próxima e estranhou ainda mais, ainda era cedo para receber visitas. — Será que a Lú esqueceu algo? — Maria fez um movimento de ombros, como quem diz: não sei e não pense em fugir. —Tá, espera um pouquinho. Vou ver quem é e já volto.
Com uma agilidade muito característica a mulher levantou-se e foi até a porta.
Ao girar a maçaneta e abri-la, as feições confiantes de Helena ficaram desorientadas.
— Ricardo?! —Disse sem esconder a surpresa (ou seria choque). — Aconteceu alguma coisa?


habilidade:













Marta Helena Silveira
Maria Flor S. Farias
ANACONDA » Mascote do time
Maria Flor S. Farias
Mensagens :
22
Sáb 9 Jan 2021 - 22:20
Os melhores giros da Terra

Maria Flor não gostava de ser interrompida, e gostava ainda menos quando seus planos eram atrapalhados pelo que quer que fosse. Podia ser pequena e ter apenas oito anos, mas tinha tanta personalidade quanto tinha sardas. Ela sabia que o trabalho da mãe tinha uma coisa chamada “urgência” e, que essa coisa podia ser mais importante do que as brincadeiras e, mesmo sabendo que urgência significava que vidas de pessoas dependiam de Marta Helena, ela não podia deixar de se sentir incomodada com a troca de prioridades.
Certo, ela queria que todos ficassem bem, até gostava de pensar que Marta era como uma super-heroína, mas ainda assim ficava chateada.
Quando a campainha tocou, a expressão de alegria da menina foi substituída instantaneamente por descontentamento. A mãe se levantou do chão, deixando todos os seus desenhos de lado, e caminhou para a porta de entrada sem dizer uma só palavra sobre o desenho especial. Além disso, Maria Flor ainda tinha ao menos três ou quatro perguntas que a própria mãe havia feito e que ela queria responder mais que tudo. Só queria ter a atenção de Marta!
Decidida a ter o que era seu por direito, pôs-se em pé e marchou atrás da mãe— os pés pequenos e descalços batiam no chão e, embora a menina pusesse alguma força no movimento, não era o suficiente para causar o estardalhaço que ela pretendia. O vizinho de baixo certamente não seria sequer incomodado, como acontecia quando Flor corria desenfreada imitando o galopar de um unicórnio (uma vez, ele até deu vassouradas no próprio teto tentando silenciá-la).
Sabia bem o que diria ao intruso que atrapalhara sua manhã. Diria: “Olha aqui, seu cabritoso com orelhas de lapino, é melhor que você vá embora agora e salve o mundo você mesmo! Minha mãe prometeu que teríamos o dia para nós, ela nem viu o forte que construí ainda, eu nem contei dos ovos que quebrei pra fazer panqueca de banana e, se você olha bem, ainda nem penteei o cabelo, então é melhor devolver minha mãe!”.
Mas teve que engolir todas as suas palavras escolhidas no calor do momento, durante o percurso da sala de estar para a porta de entrada, pois ao invés de escutar um mensageiro infeliz dizendo que Marta teria que voltar ao trabalho, ouviu a própria mãe um nome que lhe causava alvoroço.
_Papai! Você também veio! — Bradou, espremendo-se entre as pernas de Marta e a porta, esticando os braços para o alto para ser carregada pelo presidente. Seu perfume e o calor que seu corpo emanava a faziam se sentir protegida de todo o mundo, tenebroso ou não. — Eu estava com tantas saudades! Você recebeu meus desenhos? A mamãe disse que mandou pro ganibete, porque você trabalha lá e quase não fica em casa.
Recostou a cabeça no ombro do pai, e de esguelha olhou para Marta Helena com um sorriso no rosto. Finalmente tinha os pais por perto. Tê-los ali, ao seu alcance, era como estar em casa de novo. É claro, ela amava a casa em que morava com a mãe. Era aconchegante, seu quarto era adorável, e Marta a deixava brincar por todos os espaços, mas nada se comparava a ter os pais ao seu lado, perto o bastante para tocá-los e sentir que, onde quer que estivessem, eles eram sua casa.
Algumas pessoas encontram conforto apenas em estarem juntas, e embora quisesse que os irmãos também estivessem ali, os pais lhe bastavam naquele momento.
—O que você trouxe aí? — Questionou, a curiosidade afetada pelo olfato apurado. O cheiro que escapava da sacola trazida pelo pai fez seu estômago roncar. —Mamãe, o papai pode brincar com a gente, né? Quero mostrar todos os meus desenhos!


Roberto Ricardo Farias
TLC » Fantasma
Roberto Ricardo Farias
Mensagens :
40
Ocupação :
Fantasma
Sáb 16 Jan 2021 - 18:44
Nem mesmo se Roberto quisesse muito ele conseguiria evitar sua feição de espanto ao se deparar com Marta, era como se não estivesse preparado para aquele encontro, mesmo sendo algo inevitável, afinal ele havia ido até a casa da própria. Seu olho aberto mais do que o normal não o deixariam mentir, estava nervoso. — Marta. — disse de prontidão, quase que simultaneamente a mulher que abrira a porta. — Não houve nada, tudo está perfeitamente bem. — afirmou demonstrando uma calma muito maior do que a poucos instantes atrás. Farias até esboçou o iniciar de uma outra fala, mas teve que engoli-la ao ver Maria aparecer repentinamente na pequena fresta que Marta deixava ao seu lado na porta. Não havia espaço suficiente para que ela passasse, mas foi com um pouco de esforço e persistência que conseguiu mover sua mãe um pouco para o lado. — Eu também vim, minha linda. — o sorriso honesto tomou conta do homem que pegava a pequena no colo. — Tenho certeza que não mais que eu, viu?! — o abraço se apertou fazendo com que se tornasse ainda mais caloroso. Há quem duvidasse que Farias pudesse ter um lado sentimental. Todo centrado, não costuma demonstrar essa sua versão em seu dia-a-dia, talvez uma forma de blindar sua vida particular, quer dizer, isso ele ainda de fato existir.

Com os olhos marejados, o presidente se segurava para não deixar as lágrimas tomarem conta do seu rosto, ele ainda sustentava a garota em seu colo, puxando ela mais para cima, conseguiu fazer com que seu braço servisse como assento para que Maria pudesse ficar mais confortável. — É claro que sua mãe mandou, estão todos em cima da minha mesa. Só preciso arrumar algumas molduras para colocá-los na parede. — sorriu a olhava nos olhos. Erguendo a cabeça ele conseguiu dar um beijo na testa da garota que estava um tanto eufórica com a presença do pai. Por alguns instantes Farias simplesmente se esqueceu da presença de Marta, era como se no universo existissem apenas os dois. — O que eu trouxe? Acho que você já sabe. — disse entregando a sacola nas mãos da garota. E com a frase subsequente de Maria que o homem voltou à tona, Marta ainda estava ali, parada olhando para os dois. Aterrissando a pequena ao chão, Farias voltou o olhar para a mulher. — Então você fez mais desenhos? — continuou a falar com sua filha.

Roberto sabia que sua presença poderia incomodar sua ex-esposa, logo aceitaria, mesmo que relutantemente, se a mesma negasse o pedido de sua filha. Seria algo que o deixaria um tanto desconcertado, mas entenderia. — Posso? — deu uma pausa para passar a mão nos olhos para retirar a umidade que havia se acumulado. — Claro se não for um incômodo. — terminou repousando as duas mãos sobre os ombros de Maria Flor.



Marta Helena Silveira
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Diretora
Marta Helena Silveira
Mensagens :
59
Ocupação :
Diretora do HMC
Qui 28 Jan 2021 - 13:51
A Flor que desperta para o bom que é estar viva

Marta Helena não é o tipo de mulher que gosta de surpresas e a visita de Ricardo Farias, aquela hora da manhã, podia, sim, ser considerada uma surpresa, sobretudo, considerando a figura distorcida que o homem a sua frente se tornou. Sempre ocupado demais, fechado demais, a beira de um colapso e, o pior, orgulhoso demais para pedir ajuda. Bem, não foi sempre assim, mas nos últimos anos, as coisas ficaram quase impossíveis de se manter.
Marta, como boa medibruxa que é, ainda tentou salvar a relação que tinham e não tentou apenas uma vez. Constantemente dizia que a ambição do seu ex o levaria ao fundo do poço. Mas, até um bom medibruxo tem que saber e aceitar o momento de declarar o óbito.
Durante o primeiro mandato Marta vez ou outra pensou que suas palavras estavam erradas, afinal, o Farias fez um bom trabalho, mas, ela não pôde dizer o mesmo com relação ao segundo. Aliás, ninguém pode dizer o mesmo. A figura do presidente e da própria COMASUL anda completamente desgastada em todo território latino-americano. Cada vez mais perde-se a credibilidade. Às vezes, Marta pergunta-se: isso é bom para quem? Com certeza, no cenário atual, não para a magia.
Outra coisa que Helena nunca fez foi se meter ou opinar no trabalho de seu ex. Afinal, quando conheceu Roberto Farias a mulher já era diretora do Hospital Maria da Conceição, tinha uma vida atribulada e independente e nunca imaginaria que o caso de uma noite, por causa de umas doses de bebida, no Sorte Líquida, se tornaria uma relação de anos e com filhos envolvidos. Maria Flor e Victor, seu enteado, são os tesouros de dona Helena e, talvez, precisasse agradecer Farias por isso, mas não hoje.
Ao ver a alegria de Maria Flor com a presença da figura paterna a mulher recuou, guardando os pensamentos desconfiados. A presença de Ricardo (mesmo que teatral) fazia bem para a sua pequena flor e, no fim do dia, apenas isso realmente importava.
— Claro, Flor. Seu pai pode ficar com a gente. — disse, com sinceridade, embora não soubesse ao certo onde tudo pudesse ir parar no instante seguinte.
— Enquanto você mostra os desenhos eu vou ali pegar uma tigela para por esses pães de queijo. Temos pães de queijo para um batalhão! — Disse pegando os sacos da padaria e dando aquela escapulida clássica para a cozinha.
Enquanto procurava um recipiente não pôde deixar de ouvir parte da conversa dos dois e revirou um pouquinho os olhos, as palavras que saíram de sua boca, com certeza, não saíram em português.  
— Pater anni ... omnis anima quae spectat sursum cogitat. At Marta ... venient et filiae eius quae certe Recordatus vult manducare prandium. — Resmungou consigo mesma, em latim. Marta tinha que parar de usar as línguas como como mecanismo de escape, mas em defesa da medibruxa, Marta estava cada vez mais dominando a velha língua graças as leituras avançadas que estava fazendo de um velho livro de medibruxaria. Pegou os dois sacos e despejou no recipiente transparente.
— Então, onde paramos? Alguém tinha construído um forte, é isso? — Disse colocando a tigela de pães de queijo ao alcance de todos.  


Tradução: O pai do ano... Quem olha até pensa. Mas, vamos lá Marta... Ele pelo menos se lembrou do que a filha gosta de comer no café da manhã.


habilidade:













Marta Helena Silveira
Maria Flor S. Farias
ANACONDA » Mascote do time
Maria Flor S. Farias
Mensagens :
22
Qui 11 Fev 2021 - 17:12
Os melhores giros da Terra

Havia algo de especial em ter o pai em casa, algo que a inocência de Maria Flor fazia sobressair sobre qualquer problema entre os adultos. Mas acontece que a menina não era assim, tão tola. Debaixo de toda a cabeleira ruiva havia uma cabeça pensante e muito, muito agitada. Os pensamentos vinham e iam com facilidade, mas estavam sempre por ali, permeando as caraminholas fantasiosas que inventava. Embora as coisas se misturassem, às vezes (nem sempre ela sabia distinguir o que havia inventado do que havia, de fato, acontecido), costumava perceber certas coisas no ambiente.
A primeira delas era que o pai nunca parecia confortável ao entrar no apartamento. Ele quase nunca aparecia e isso levava diretamente a segunda coisa: Flor sabia que Marta não gostava muito das visitas de Roberto, mas acreditava ser porque a mãe, muito ocupada, não tinha tempo o bastante para perceber que o pai, por sua vez, era um homem bom. Ele só não tinha tempo, mas era porque era o presidente. Para a ruivinha, ser presidente era como ser um rei, só que sem a parte legal de usar uma coroa. Os reis nunca brincavam com as princesas nos filmes da Barbie, mas apenas porque estavam muito ocupados cuidando de todas as outras pessoas.
Sentada no colo do pai, dessa vez em sua cama, enquanto a mãe estava arrumando os pães-de-queijo na cozinha, Maria se perguntava que tipo de pessoa ela deveria ser para que o pai viesse mais vezes. Precisava perguntar ao Victor. Ele era grande o bastante, com certeza saberia. Mas, enquanto não telefonava para o irmão, se contentou em aproveitar a presença do presidente.
Os pés descalços balançavam, pendurados nas laterais das pernas de Roberto, enquanto ela pegava as folhas de papel descuidadamente. O sorriso com uma janelinha parecia incapaz de dar lugar à careta séria enquanto mostrava suas artes ao pai.
—Ta vendo aqui, pai? Esse é um dragão indo pra escola... E aqui tem um grande unicórnio com estrelinhas no chifre. Eu ainda não sei desenhar boas estrelas, mas um dia vou ser boa. — Recostou o corpo contra o peito do homem, olhando-o de soslaio e buscando sinais de aprovação. Não sabia que era aquilo que procurava nos olhos marcados pelo tempo, mas que outra coisa podia ser?
Logo, Marta voltou com a tigela de pães-de-queijo. O cheiro do quitute fez Flor disparar do colo que se aconchegava, sentando-se perto da mesa de cabeceira de sua cama. O gosto era maravilhoso, mas fez uma nota mental— os de Marta eram melhores. A mãe não era boa na cozinha, mas certamente conhecia uma padaria melhor. Tinha que se lembrar de contar para a mãe depois.
Apesar de uma situação inusitada e de tantos pensamentos rondando sua pequena mente, Maria Flor estava satisfeita naquela manhã. Mostrou ao pai alguns de seus brinquedos que agora eram favoritos (ele achava que seus brinquedos favoritos ainda eram as bonecas, mas tinham deixado de ser há mais de um mês), mostrou a ele e Marta seu grande forte, onde se protegeria quando estivesse só com Lucia e a Cuca viesse lhe pegar. Até fez o pai se espremer pra dentro da tenda de lençóis por algum tempo, entre risos e cócegas, mas durou pouco tempo.
Logo, os pães-de-queijo estavam frios e Roberto indo embora. Seu cabelo ruivo continuava sem pentear, mas quando Marta viu os olhos chorosos da menina quando o pai atravessou a soleira da porta, magicamente fez surgir uma escova nas mãos e laços coloridos flutuando ao seu redor, pronta para as carícias que haviam planejado. E assim foi.
De uma coisa Maria Flor tinha certeza: as pessoas poderiam ir e vir, assim como seus pensamentos, mas Marta estaria sempre ali.

Cambito
TLC » Moderadores
Cambito
Mensagens :
146
Qui 11 Fev 2021 - 23:07
ENCERRADO
Feito.

Vish
Conteúdo patrocinado
- Tópicos semelhantes
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos