Mariá trotava, enfurecida, para fora de seu quarto no alojamento. Levava consigo apenas sua varinha, apertando o passo à medida que a raiva ia aumentando apesar de não saber para onde ir. Tentava conter as lágrimas que se formavam em seus ductos lacrimais, rumando para o interior da floresta, desbravando a mata aos chutes e tropeções, os tênis amarelos já sujos de terra.

O fato de que a chuva começou justamente quando saiu de seu quarto apenas a deixou mais enfurecida, chutando as folhas abaixo de si, apenas sujando mais ainda seus calçados dados de presente por sua mãe antes de que fizesse aquela maldita viagem. Oh, os tênis... Quando percebeu que eram eles que estava calçando, não conseguiu controlar as lágrimas que teimaram em escorrer por suas bochechas enrubescidas pelo aumento da circulação sanguínea na face. Oh, mamãe! Por que teve de ir tão cedo? Por que não me levou com você?, pensava, já aos prantos.

Naquele momento mal percebia que atravessava os limites de Castelobruxo, adentrando as áreas do antigo vilarejo que lá houve um dia. Passou pelo mosaico de Aia, distraindo-se um pouco com sua estética aprazível. Estava lá, em meio as ruínas, fascinada pelo conceito daquele local. Estava abandonado e sombrio, como ela própria. Por que seus pais tiveram de morrer e abandoná-la? Questionava-se.

Caminhava pelas ruínas como se estivesse em casa. Tocava com suas pequenas mãos as pedras gélidas das construções que lá um dia existiam, de súbito sentando-se num degrau de uma escadaria que não dava em lugar nenhum. Apanhou um galho e tornou a escrever seu nome no piso de terra batida abaixo de si, os olhinhos inchados e o rosto encharcado exibindo um olhar tristonho e longínquo. Os pingos de chuva que a molhavam agora eram ignorados pela tal. Mal sabia os perigos que estava correndo estando num lugar como aquele. Ainda.