No dia quatro de fevereiro de dois mil e vinte e um, nos arredores do laboratório de pesquisas N-S4, iniciei esta pesquisa de campo. O objeto de estudo em questão se apresentou para esta singela pesquisadora com um sabor que imaginei ser adocicado: o mel de cor cereja feito pelas moscas de cera. A curiosidade surgiu, e aqui a registro como referência bibliográfica principal, do livro A Fantástica Fauna Sul Americana vol. 1, escrito por Verônica Dourado. A referida obra relata animais de classificação XX cuja localização é comum nos arredores de Castelobruxo, local próximo da aldeia e do N-S4.

Esclareço que a mosca de cera não será o objetivo principal da pesquisa, uma vez que o processo (de pesquisa) é divido em coleta e análise laboratorial. As características físicas, os hábitos alimentares e a taxonomia são as primeiras coisas que devem ser analisadas quando se investiga uma espécie. A srta. Dourado, assim como outros autores de renome, já havia descritos tais informações, de forma que seria inútil fazer uma nova coleta. Não obstante, um exemplar já estava em posse da COMASUL e poderia ser utilizado para a leitura e sequenciamento do código genético. O que brilhou aos olhos fora o mel cor de cereja, cuja procedência não fora estudada ainda. Que outras características físicas ele tinha, além da cor? Teria algum uso medicinal? Seria útil para alguma poção? E é claro, seria gostoso? É o que pretendo descobrir e relatar neste rascunho de relatório.

A varinha, a roupa adequada e o bloco de notas são as coisas básicas para qualquer pesquisa, mas não parei por aí somando a eles uma bolsa transversal onde vários pequenos potes de vidro estavam cuidadosamente guardados, meu celular, cuja câmera serviria muito bem para registrar o que fosse importante, uma faca afiada, assim como um bom par de protetores de ouvido do laboratório. Qualquer garotinha aprende que além de pólen, as moscas de cera adoram usar a língua alongada para obter cera de ouvido de outros seres, como por exemplo os humanos, que não tem uma boa reação a sua propriedade dilatante e infecciona. Com o cabelo preso e a alma cheia de animação e expectativa, deixei o laboratório e me aventurei.

O primeiro passo para encontrar moscas de cera é saber onde procurar. A árvore rainha não é assim tão difícil de ser encontrada, o que foi uma benção, pois longas caminhadas não combinavam com uma fumante assídua. As colmeias dos animais de estudo ficam em raízes de árvores lenhosas, e Sumaúma é grande o suficiente para poder sediar o lar de várias comunidades de moscas de cera. A que eu encontrei dava até para eu morar. Comecei tirando algumas fotos das colmeias. A rainha não iria sair dali, e eu torci para que não precisasse tirá-la. Depositei a bolsa de forma cuidadosa sobre a vegetação e tratei de preparar a varinha. Era melhor não deixar brechas, pois criaturas de nível xx não tem essa classificação somente por deixar humanos com infecções nos ouvidos, certo? Apontei a varinha para o pequeno furo na colmeia, respirando fundo antes de lançar o feitiço. — Fumos! — E torci para que desse certo.

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