”um pato de borracha batatinha, sério que era isso que você entregou para aquele idiota??”

-Qualé, o imbecil pagou bem por aquela porcaria trouxa. - a loira respondida de forma áspera aquela voz, não gostava da voz que a chamava de docinho, ela semepre subestimavs a loira e também era a mais frequente.

” agora estamos fazendo o que aqui??Vão nos caçar por causa daquela rolha de poço que você matou. Você precisa do subsecretário, o que tem nome que lembra queijo”

A loira tentava fingir que estava bem, mas não estava, ajeitava os óculos escuros enquanto tentava ignorar aquela voz que insistia que precisava pegar Gonzalo. Ele era um Ferreira Dias e certamente conhecia Soul, talvez estivessem juntos no dia em que ele foi sequestrado. A mulher tentava não chamar a tenção, usava calças jeans escuras e uma regata preta, óculos talvez fosse a única coisa diferente, uma vez que não estava tão claro o dia...nos filmes de trouxa era aquilo que faziam, os óculos pareciam ajudar.

Foi quando viu o homem de terno, o sorriso psicótico surgia nos lábios da loira. Sentia seu coração acelerar e suas pupilas dilatam, a adrenalina estava começando a agir e tudo iria acontecer em câmera lenta, havia planejado bem..iria até o homem com sua varinha e iriam aparatar para longe dali, afinal seu rosto já havia rendido uma linda matéria no jornal Globo de Cristal

”Vamos pega-lo docinho!! Esse infeliz certamente foi um dos que sumiu com o Soul!Vamos apanha-lo, amarra-lo e corta-lo como um presunto!

-vamos…e eu adoro presunto!

Observou ele passando por ela, era claro que não havia visto a loira de oculos escuros, pelo menos era isso que acreditava cegamente. Retirou os óculos escuros e começou a caminhar atrás do homem em uma distância segura, o vento soprava contra seu rosto e bagunçava seu cabelo, odiava aquilo...o próprio cabelo na boca.Respirou fundo e apressou os passos quando ele dobrou a esquina.

-Droga.

Acelerou e para sua sorte ele ainda estava lá e para a sorte de Hell ele estava próximo a um beco.A loira mordeu os lábios e acelerou o passo, a adrenalina ajudou a fazer aquilo com muita firmeza e de forma certeira, era estranho o quanto aquilo poderia ser fácil… Tocou o ombro do homem, e quando o mesmo virou o empurrou com força contra a parede que ali estava.Ele era mais alto e talvez tivesse mais força que ela, mas no mundo mágico aquilo não fazia diferença, e sim o quanto você poderia sacar sua varinha rápido, e a dela já estava em punhos para um ataque surpresa.

Enquanto empurrava o homem, não deixava de saudá-lo de forma debochada, provavelmente ele já conhecia o rosto que estampava o Globo de Cristal.

-Oi docinho.

Foi sugada por diversas imagens, o que era estranho pois não era ela quem estava aparatando e sim o homem, não o havia pego de surpresa, não conseguiu ver muito do local que aparatou pois algo bateu forte contra sua cabeça, fazendo com que desmaiasse

Não sabia exatamente o quanto havia apagado, talvez minutos, segundos...ah como a cabeça doía, tentou levar uma das mão até a parte da nuca mas foi impedida por algo que a segurava de forma firme e a restringia.

”O que? Será que morremos?

-Eu não sei… - Respondeu para a voz que parecia estar sentindo tanta dor quanto ela, olhou para os lados e notou que estava completamente presa a uma cama, não pode deixar de revirar os olhos de forma irritada.Não gostava nenhum pouco daquele tipo de situação, procurou a varinha com o olhar e não a encontrou, seus olhos pareciam ignorar o fato de que estava em um quarto.

”Acho que estamos em um hospital..Será que surtamos de vez?”

-Claro que não, ou…-teve sua frase interrompida pelo homem que estava sentado aos seus pés, ou melhor, Gonzalo estava sentado aos seus pés. Franziu o rosto e por um instante esqueceu das dores de cabeça e que estava amarrada e tentou-se levantar quando ele a chamou de docinho.

Ouviu com atenção as palavras dele e relaxou na cama, não tinha muito o que fazer naquele tipo de situação, talvez ele logo a mataria ou entregaria para a COMASUL, muito embora ele fosse da COMASUL, estava confusa e seu olhar deixava aquilo claro. Até que foi chamada de docinho e ele mencionar mortes causadas por doces.


-Só se você for diabético, sabia?

”E você parece bem apetitoso!!!


-Eu particularmente gosto de doces...não os de fruta..acho de péssimo gosto.Quem faz doce de batata?

Tinha o tom sério, como se tivesse esquecido que estava amarrada em uma cama, ou quem sabe aquele assunto realmente merece a devida atenção da loira que ali estava. Entretanto sentiu seu coração acelerar graças a adrenalina quando ele levantou as possibilidades do que ela poderia querer com ele, e o sorriso psicótico voltava aos lábios da mulher. Não tinha pensado em matá-lo..talvez fatia-lo como um presunto recém chegado, ou quem sabe como…

”Hey, foco garota!!

Balançou negativamente a cabeça tentando ter o foco e esquecer as formas que poderia fatiar o homem a sua frente...observou o homem subindo sobre seu corpo como um gato, ele parecia um tanto o quanto corajoso, salvo pelo fato de não empunhar uma varinha enquanto a interrogava.

Ele aproximava o rosto e sentia o cheiro dele, mas não respondia as perguntas dele, afinal não eram importantes ou relevantes, não naquele momento. Fechou os olhos por alguns instantes enquanto sentia seus braços sendo segurados de forma desnecessária, mas o toque era bom.

”O rosto está perto, ele parece um doce apetitoso….morde ele!!”Ele te chamou de…....LOUCA!!!


-Não sei baby...me diz você


Falava em um sussurro enquanto olhava para os lábios dele, dando a entender que algo a mais poderia acontecer naquela situação, na verdade estava prestes a acontecer. Tentava fazer uma voz sensual murmurada, enquanto levava a boca para perto do rosto dele, estavam de fato bem próximos. Respirou profundamente enquanto sua boca abria e a língua tocava parte do rosto de Gonzalo,  o lambeu de forma suave a bochecha enquanto encarava os olhos dele.

Os olhos se fecharam, anunciando uma nova ação da mulher, os dentes foram expostos e ela os cravou com firmeza na parte em que havia um pouco de pelos da barba do homem, a atitude. Abriu os olhos de relance enquanto segurava o rosto com os dentes e viu os olhos tornando-se verdes e aquilo lhe causou espanto a ponto de soltar o homem.

O coração acelerava mais uma vez, era como se seu irmão estivesse diante dela, a pele, o cheiro, a barba e os olhos...aquilo lhe era espantoso, de forma que não via mais Gonzalo e sim seu irmão!

-Maninho é você? Eu sabia!! Eu disse pras vozes que você estava vivo, eu disso! Esses malditos do ministério  Soul! O que fizeram com você?? Aliás...acho que deveria me desamarrar, eu não machucaria você.


Após soltá-lo fechou os olhos de forma involuntária, um mecanismo de defesa do seu corpo e da sua mente que estavam em negação….Talvez a pancada na cabeça ou quem sabe a proximidade do homem e seu toque, ou talvez um mix de tudo, faziam que por alguns instantes a garota pensasse que era seu irmão diante dela, e não Gonzalo.

Um frio percorreu sua espinha ao ouvir seu nome, era como se trouxesse de volta a realidade. Desde a morte de seu irmão não ouvia seu nome, nem o próprio Soul a chamava daquela forma.Fechou os olhos por alguns instantes, como se estivesse retomando sua sanidade, ou quem sabe, apenas tendo certeza de que o homem que estava sentado sobre seu corpo não era seu irmão.

Ainda de olhos fechados sentiu os caninos sendo cravados em seu pescoço enquanto o homem segurava sua face, conhecia muito bem aquela mordida, havia sentido ela quando tinha 15 anos. Aquela mordida lhe transportava para o passado, onde não haviam amarras, e na ocasião era a festa de despedida de sua paixão de adolescente que estava prestes a fazer um intercâmbio. Ele havia usado a mesma frase em um contexto diferente, estavam na biblioteca, na sessão proibida...e era a primeira vez de Hellen. Por um instante conseguia sentir os puxões de cabelo e as carícias de sua paixão adolescente.

Ela não gritou quando ele a mordeu, em vez disso um sorriso sádico brotou na face da loira, foi naquela época em que tudo começou a desmoronar.

-Você nunca reclamou dos meus dentes! - Encarou os olhos do homem por uma fração de segundos, não se pareciam em mais nada com aquela época, talvez apenas os olhos do homem, como havia sonhado com aqueles olhos….com aquele toque...com aqueles dentes.

-Eu converso comigo mesma, ou talvez não..de que importa?  Se tornou um sádico que amarra pessoas?- Quando as vozes desapareciam ela tomava uma postura defensiva/ofensiva, era a forma que tinha para se proteger daquela situação, e por mais que suas mãos transpiravam de medo, seus olhos não transmitiam isso.

As vozes em sua cabeça pareciam lutar para retomarem a falar com ela, e aquilo era claro quando ela fechava os olhos em uma expressão de dor.De olhos fechados respirava de forma profunda, tentando manter a calma, não conseguia dizer o nome das vozes, pois nunca havia perguntado. Elas estavam lá desde seu último ano no colégio.

-Cale você a boca!E me desamarre!!!

O tom de voz era áspero e o silêncio parecia reinar em sua mente, não sabia quando tinha sido a última vez que havia ficado sozinha, aquela sensação era assustadora.

-Eu vim atrás de você Gonzalo por causa do Soul! Vocês sequestraram ele! Vocês, seus ministeriais malditos!!! Eu quero respostas!!

Puxava os braços de forma inútil, em uma tentativa frustrada de se soltar, aquilo apertava ainda mais as mãos da bruxa que parecia irritada em ficar amarrada tinhas os punhos machucados pela situação.A raiva e os momentos em que ele não dizia seu nome pareciam o suficiente para as vozes voltarem.


”PAre de reagir!! Ele vai tirar você de nós!! Você quer ficar sozinha novamente??Fale dos seus sapatos, lembre a época da escola pra ele...afinal, foi muito boa garota ”

-Realmente, falha minha os sapatos..mas você gostava de me ver neles...e eu me lembro perfeitamente de você….não precisa me olhar com pena. Porque não me solta e conversamos sobre o fato dos infelizes os quais você trabalha terem desaparecido com meu irmão??

Arqueou as sobrancelhas quando ele disse que ela estava sob seus cuidados, aquilo era algo que não iria acreditar.

Ouvir seu nome era estranho, era como se a realidade voltasse e o chão ressurgisse abaixo de seus pés e tudo ficasse claro por alguns instantes e o passado ressurgisse em suas memórias, a biblioteca e o campo de quadribol...seus braços amarrados, o toque de Gonzalo e as regras..como ele era regrado.

Fechou os olhos ao sentir o toque dele em seus lábios, desfrutou por alguns segundo, a recompensa era sempre maravilhosa, a ponto de não ouvir as vozes naquele momento. Quando ele se se levantou e acomodou-se na cadeira, ela se levantou a acariciou os próprios punhos, as amarras haviam machucado.

”Finge que não estamos aqui...ele não pode saber, ele vai te afastar de nós Bananinha..

Encarou os olhos de Gonzalo enquanto caminhava até ele, sabia que isso na época de escola o deixaria incomodado, principalmente pq o olhar psicótico estava em sua face, assim como o sorriso malicioso. Apoiou as mãos no ombro de Gonzalo, e sentou-se de frente pra ele, os joelhos eram acomodados ao lado dos quadris do homem..

”Ótimo, ele deve estar achando que não estamos aqui, não fale conosco!!

Olhava para a gravata enquanto deslizava as mãos do ombro, ajeitou suavemente os próprios quadris no colo do homem, enquanto puxava a gravata em sua direção com firmeza, o puxando para perto. O encarou nos olhos por alguns instantes e depois começou a olhar para baixo, um claro momento em que fingia submissão, provavelmente para irritá-lo.

-Poxa Gonzalo..eu preciso da minha varinha, você viu o que andam falando de mim...que eu fiz coisas..você sabe que eu corro riscos...e sim, eu ia usar a faca em você, pelos mais diversos motivos...alias, meu irmão nunca me deixou falar com você.

Abaixou o rosto e respirou profundamente na altura do pescoço do homem, adorava aquele cheiro e havia sentido muita falta, pela primeira vez conseguia voltar a focar em outra coisa, as vozes estavam silenciosas, provavelmente por medo de desaparecer. Tocou o pescoço com os lábios até chegar no ouvido do mesmo

Respirou de forma mais ruidosa enquanto puxava mais firme a gravata, a sensação de controle era boa, lhe causava excitação e esperava que fosse convincente o suficiente para não deixar sua varinha ali.

-Se você não me devolver, eu vou ficar aqui. Não vou para a rua sem varinha Gonzalo.

Mordeu o lóbulo da orelha dele de forma leve enquanto pedia a varinha.A voz sussurrada se mantinha na orelha dele

- Teríamos muito o que conversar mesmo, muita coisa aconteceu...você me deixou grávida e nunca mais respondeu minhas corujas.

”xiii...acho que não devia ter dito isso logo de cara”

A mão que segurava a gravata se manteve firme, enqunato a esquerda foi até os cabelos do homem, não se importava se aquilo era um momento oportuno ou não, a mão deslizou pelo couro cabeludo e segurou os fios de forma firme enquanto a boca de Hell era direcionada para o pescoço, os dentes eram cravados de forma firme enquanto tentava manter o controle do homem, segurando-o pela gravata e puxando com firmeza seu cabelos

Levantou-se enquanto mantinha a varinha na mão, mais uma vez o homem diante dela estava sendo um tolo, ela havia escrito e pediu diversas vezes que o irmão enviasse as cartas.

-Gonzalo, não seja hipócrita. Soul enviou minhas cartas pra você! Ou agora vai me dizer que meu irmão mentiria pra mim??

Revirou os olhos e olhou para o quarto, não sentia apenas o perfume que tanto sentia falta, tinha outro cheiro, de alguma outra mulher.Sentiu seu estomago embrulhar, não gostava da sensação de estar no mesmo quarto, ou na mesma cama que provavelmente pertencia a outra.

-Você nunca parou pra limpar seu quarto?Ele fede!

O cheiro de Rebecca estava no ambiente, ela sabia muito bem que aquele cheiro pertencia a mulher que havia lhe segurado durante o surto de ano novo, o que era uma pena, seria mais um “presentinho” que deixaria para o ministério.Fechou os olhos por alguns instantes, buscando as vozes, mas o fato de Gonzalo lhe chamar pelo nome faziam com que elas desaparecessem.

O enjoo se misturou com uma rápida sensação de vazio, e o ódio parecia brotar quando ele ousava lhe questionar, era ele quem havia sumido!Era ele que não respondia às cartas!! Por uma fração de segundos se recordou de quantas vezes indagou o irmão e ele lhe olhava de forma triste, de quantas vezes ele sugeriu de resolver aquele “problema” e de quando durante as férias o irmão lhe levou até uma médica trouxa quando começou a sentir dores fortes após um jantar com ele.

-Adivinha quem estava comigo quando eu perdi a SUA filha??? Meu irmão! Eai?Vai me dizer que ele não me contaria nada?? Por favor! Meu irmão é um Auror exemplar! Torça para que eu não te encontre novamente…

Olhou o homem de cima a baixo, a raiva nos olhos, as lágrimas que surgiam e os lábios contraídos.

-Pode ser que você não tenha tanta sorte na próxima

Não estava de fato o ameaçando, jamais teria coragem de fazer qualquer coisa, principalmente sabendo que Gonzalo parecia estar disposto a acolhê-la.Aparatou após dar a notícia de que Gonzalo não era mais pai, afinal,a criança havia nascido morta, pelo menos era isso que acreditava.

Uma coisa ele poderia perceber, o irmão havia feito parte de algo ruim com Hell, e aquele foi o início de sua insanidade.