Segundo dia da estadia de Luna no castelo e ela ainda não havia entendido muito bem a necessidade do uso de sapatos. São apertados, desconfortáveis e impede que seus pés entrem em contato com a terra. O objeto não tinha uma vantagem se quer, ao seu ver. Caminhava pelo saguão de entrada, cantarolando, com seus pés descalços, em busca de um garoto chamado Luca Coelho; nome estranho para um humano. No seu caso, nasceu seu adorno — assim se refere aos sobrenomes —, então, escolheu o seu, levando em consideração a primeira coisa que veio em sua cabeça quando parou pra pensar: flores. Ta aí outra coisa que não da pra entender nos bruxos, mais de um nome pra uma pessoa só serve pra complicar mais as coisas, é tão mais simples ter um único.

Seu vestido de seda branca cintilava com seu caminhar, chamando atenção da maioria das pessoas as quais lhe olhavam. Sabia que era proibido, sabia que devia andar de uniforme dentro da escola, Verônica lhe informou, mas toda aquela quantidade de roupa era tão desnecessária, por que não manter-se leve? Hora ou outra, quando alguma docente lhe advertia sobre esse erro, Luna apenas respondia com um singelo "é o meu primeiro dia, ainda preciso me adaptar" e seguia seu caminho, deixando quem quer que fosse com expressão abobalhada no rosto.

Sendo uma mãe do ouro recém nascida, criada nas profundezas da floresta amazônica, ela não tinha muito conhecimento sobre até que ponto chegava a sua influência com os humanos. Sabia que, sim, podia controla-los se quisesse, mas quantos? Por quanto tempo? Nunca fez o teste e não o faria pois foi proibida por sua mãe, antes de deixar a tribo e ir morar em Castelobruxo.

A voz doce e leve da garota se fazia ouvida hora ou outra quando perguntava aos alunos se conheciam algum coelho, mas eram raras as respostas coerentes; a maioria dos garotos — e algumas garotas — balbuciavam algo sem sentido algum e eram deixados pela loira sem ao menos um agradecimento. Isso seguiu por minutos, até que Flores se aproximou de um garoto magro de pele pálida, o semblante baixo, prevendo que seria outro a balbuciar palavras soltas.  — Você conhece algum coelho?  — Perguntou.