A tia aqui precisa contar para vocês o porquê esse pensamento percorria a mente de Emília Martinez há semanas. Então, tenham calma, pois a história é longa, mas precisa ser devidamente explicada. Temos três pontos: o início do adeus, o meio e o fim em construção.
Tudo começou no dia do baile beneficente. Na verdade, a argentina começou a perceber que algo estava errado aí; desde o baile beneficente a menina sentia que algo estava errado com seu melhor amigo, Vicente Ventura.... Por que? Bem, o batedor nunca, mas nunca mesmo, deixaria de comparecer a um evento todo voltado para o quadribol, ainda mais quando o principal objetivo era arrecadar fundos para o time. Oras, o menino Ventura amava quadribol e, sobretudo, respirava a alma Carcará desde a hora que acordava até a hora que ia dormir. Assim, não era a falta de um smoking que o impediria de aparecer. Não preciso lembrar vocês que daquele dia Paulla Fernanda, a mascotinha do time armou todo um teatro com uma limusine e vestidos de alta costura para a ocasião. Tinha tudo preparado para Vicente também, mas, por algum motivo que naquele dia ainda não sabiam ele não apareceu.
As coisas ficaram mais estranhas ainda quando uma semana após o início das aulas o rapaz não se juntara às suas amigas e colegas de time. A resposta da ausência de Ventura veio alguns dias depois do início das aulas. O menino enviou uma carta (bem ao estilo Ventura de ser) para as suas meninas. Infelizmente, dona Aurora Ventura estava de partida para a África, iria iniciar uma nova carreira no ramo da Herbologia por lá, logo, Vicente tinha que ir com ela. E assim aconteceu.
As Carcarás, contudo, tinham um grande problema nas mãos: o que fazer com o time? Elas perderam o capitão e batedor do time e ainda não haviam conseguido um reserva. Pela AIA, era possível mais azar? Ainda bem que as meninas não acreditam muito nessa história de azar, depois de quase morrer no subterrâneo Emília estava focada em focar no quadribol. Estava tão focada que um dia, conversando com Alice (na verdade, essa parte foi puro acaso, a Martinez queria apenas um pretexto para conversar com Alice, desde a morte da Bea a menina estava estranha e avoada e ninguém sabia muito bem o motivo.), enfim, a Vice-Presidente do C.A deu uma ideia maravilhosa: Nox. Apesar da ironia tudo pareceu se iluminar com essa ideia.
Porém, a metaformaga advertiu às Carcarás que o menino era um exímio rebelde e não seria fácil recrutá-lo. Bem... Nada que um truque não resolvesse. A goleira dos Carcarás compartilhou uma ideia arriscada com as demais e, não sei se por desespero ou por outra coisa, elas toparam.
Organizaram um teste de emergência e a Martinez atraiu o menino para o campo com a desculpa que queria conversar sobre à sua prima. Prometeu-o que após algumas tacadas conversaria com ele sobre o que viu nos túneis. No primeiro momento pensou que essa ideia fajuta não ia funcionar, a menina era uma péssima mentirosa, mas, o menino era incrivelmente bom para a posição de batedor.
― Bem... Eu preciso dizer que eu menti um pouco para você, Nox. Eu não tenho muitas informações sobre a Bea... É tudo tão confuso ainda... Ela estava lá nos túneis, mas não falou nada. Acho que a gente espantou ela, na verdade... ― Disse com sinceridade. ― Maaaaaaas... Você acaba de passar em um teste para ser batedor do Carcarás. Temos um treino daqui dois dias... Por favor, por favor, apareça! ― Disse com uma carinha de cachorro que caiu da mudança.
20 de agosto de 2020 // Dias atuais
Aparentemente as Carcarás eram novamente um time completo estava saber se os dois novos membros iriam aparecer. Para Emília o teste com a Mafé foi bem mais fácil que o teste realizado com o Nox. Bem, deixa eu explicar essa situação complicada. Dois dias atrás Paullinha explicou a situação do time e Mafé disse a menina que tinha interesse em juntar-se ao time. Essa informação foi um sopro de alívio nos ouvidos da Carcará argentina. Logo, Mafé fez o teste por escolha própria, Nox, porém, não sabia que estava sendo testado. A Martinez não conseguia nem dormir direito imaginando se os novatos realmente apareceriam na hora marcada do treino.
Quando acordou depois de uma noite perturbada viu que Nox já não estava em seu dormitório, a menina arrumou-se apressada acordando todas as meninas do time.
― Bem, vou na frente. Espero vocês no campo. ― Disse saindo em disparada para a trilha que daria no Campo de Quadribol, de um lado carregava alguns equipamentos e do outro a velha vassoura que Castelobruxo emprestava aos jogadores.
A menina só respirou fundo quando viu os cabelos negros de Nox relaxados no gramado. Deixou os materiais em um lado e aproximou-se do menino.
― Então, você topa? ― Perguntou com a sobrancelha levemente arqueada e com um medinho significativo da resposta.