O céu estava horrível, parecia que uma chuva pior do que a do dia três de maio cairia muito em breve, e, assim como aquele dia algo horrível havia acontecido no castelo, nesse dia o clima parecia estar esquisito, como se algo de muito ruim ou similar estivesse prestes a acontecer. Tentei ignorar esse sentimento que já havia me metido em grandes enrascadas, mas infelizmente não consegui. Era mais forte do que eu. Enquanto a maioria dos discentes iam para Ybirá para abrigar-se em seus respectivos quartos antes que a chuva torrencial tivesse inícios, eu, com meu insuportável extinto de jornalista, resolvi seguir o caminho oposto e ir investigar o que estava acontecendo de errado naquele castelo. Eu sabia que fora exatamente esse mesmo extinto quem levou Beatriz àquela clareira, e sabia que, assim como ela, qualquer dia eu teria o mesmo fim por ser tão curioso. Mas não havia muito o que eu poderia fazer, certo? Eu tinha a necessidade de saber a verdade, e pode ser que talvez eu esteja errado, mas se algo estivesse de fato rolando, eu com certeza seria o primeiro a saber.

Caminhei furtivamente pelos corredores. Eu me sentia meio idiota fazendo aquilo, mas sabe-se lá quem poderia estar zanzando por aí não é mesmo? E eu não queria ser barulhento, a discrição era essencial para que eu pudesse descobrir seja lá o que estivesse rolando naquela noite em CasteloBruxo. Dei um passo pronto para virar em mais uma esquina quando avistei Bianca Torres, a professora de Artes de Defesa e Combate. Só de vê-la eu já tinha certeza que algo de anormal estava acontecendo, pois se tem uma coisa que eu aprendi em pouco tempo nesse castelo é que onde há um Torres, automaticamente há confusão. Decidi segui-la cautelosamente e com uma distância segura para não correr o risco de ser visto. A todo momento eu olhava para todos os cantos, temendo ser observado por algum outro aluno, docente, caipora ou seja lá o que mais. Nessa escola era assim, você piscava e surgia alguém para tomar conta da sua vida, era incrível. Segui a loira que estava coberta com uma capa escura e parecia densa, com certeza a protegeria da chuva. Enquanto eu, estava tomando chuva, pois não queria arriscar-me com nenhum feitiço para proteger-me e ser facilmente visto. Bastava a mim apenas cobrir-me com a capa da escola para que os malditos guaranás não me identificassem enquanto eu caminhava cuidadosamente seguindo Bianca ao que parecia para a enfermaria.

A docente encontrou-se com o guarda caças e eu parei, escondendo-me atrás de uma árvore para que ambos não pudessem me ver, não consegui ouvir a conversa deles direito, no entanto foi bem breve, em poucos minutos os dois estavam caminhando em direção ao riacho dos botos. — Que esta pasando? — Murmurei baixinho enquanto os via afastar-se apressadamente. Me pus a segui-los sem nem ao menos saber o intuito deles estarem ali e embaixo daquela chuva pesada. Olhei para o chão, tomando cuidado onde pisava, pois a lama começaria a formar-se e com certeza as criaturas começariam a surgir para minha infelicidade. Era difícil ter que prestar a atenção em tudo ao mesmo tempo, mas eu precisava ter cautela, pois não poderia ser visto e muito menos me ferir aqui fora enquanto sigo dois funcionários da escola, sendo que deveria estar em Ybirá uma hora dessas.

Ambos chegaram no riacho e os botos estavam falando juntos, atropelando uns aos outros e pareciam desesperados. Apertei os olhos observando a cena, como se isso fosse fazer eu escutar melhor com a distância que estou. Decidi aproximar-me um pouco mais e escondi meu corpo atrás de uma pedra enorme que havia por ali. Infelizmente eu havia chegado perto tarde demais, pois Bianca e Kaleo estavam, agora, separando-se um do outro. Bianca seguiu sabe-se lá para onde e Kaleo mergulhou no riacho. Quem eu deveria observar agora? Iria atrás de Bianca ou aguardaria para saber o que Kaleo foi buscar no fundo do riacho? Na dúvida, preferi aguardar o guarda caças voltar à superfície. Seguindo Bianca com certeza eu acabaria encrencado com alguma situação, eu tenho certeza, afinal os problemas parecem perseguir os Torres aonde quer que eles estejam.

And it's the thousandth time and it's even bolder, don't be surprised when you get bent over, they told you, but you were dying for it