Flawless Fire Passion

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O TRABALHO - Eu era uma jovem garota que trabalha para uma grande intuição. E é claro toda a minha inabalável figura é só uma efígie exterior. Por dentro, as vezes, sou só uma menininha em um terninho. Mas nunca, e nunca mesmo, gosto de demostrar fraquezas. Estava voltando de férias e assim que passei no meu escritório meu estagiário/secretário me disse que eu teria uma reunião com meu novo chefe.

NERVOSISMO - Tudo que eu não queria hoje era uma auditoria com meu novo chefe. Eu estava torcendo que ele não fosse aqueles velhos carrancudos cheio de vícios. Ou que pelo menos, não fumasse. Mas meu nervosismo não se dava apenas por que eu ia para uma reunião com meu novo chefe. Mas sim, por que quanto meus sapatos salto alto faziam Clap-Clap no saguão de Comasul, desfilando lindamente meu coração parou. Borboletas voavam no meu estômago e eu não sabia se estava tendo uma alucinação. Era Ele. Nada mais nada menos, que ele.

ELE, SR. D. - Foi só vê-lo elegante conversando com quem-quer-quer-fosse quase me fez esbarrar no moço da faxina. Ele, Marcos Donati. Eu o conhecia desde sempre. Nossas famílias eram amigas. E sua mãe era minha madrinha. Ou seja, conheço Marcos desde que ele e eu jogávamos papinha um no outro. Na escola as coisas ficaram estranhas. Nos afastamos por que ele era o senhor popularidade e vivia cercado de gurias. Brigamos muito na adolescência. Mas tudo parecia se resolver nas férias pois sempre passávamos juntos. Ele com aquele ar metido, e eu com minha linda relutância e cabeça-dura. No sexto ano, as coisas pioraram ele começou a namorar a pior garota da escola. E tenho certeza que foi só para me provocar. Eu a odiava. Mas foi numa noite de verão antes do sétimo ano que finalmente as brigas deram lugar a um fulgor estranho. Conversávamos/discutíamos na varanda dos fundos observando a piscina da casa de praia dos pais dele. Era depois da meia-noite, a lua estava linda no céu. Meu irmão, Gabriel se levantou dizendo que éramos muito chatos. Começamos a gritar um com outro e nem lembro o motivo. Ele irritado gritou: "COMO VOCÊ É TEIMOSA!" e eu gritei: "E VOCÊ É MUITO METIDO". Silêncio. Nossos olhos se encontraram nossas respirações estavam ofegantes. Eu corei rezando para que ele achasse que era o blush. Ele sorriu maquiavélico e me tacou na piscina, eu o puxei. E foi ali na água, que nos beijamos sendo banhados pela lua. O ano seguiu e começamos a namorar, o que era um duplo bônus, porquê eu amava ficar com ele, e por que a garotinha-ex-idiota dele bufou de ódio. Foi nas férias de julho que aconteceu. Nossa primeira noite, na minha casa. E por isso eu o chamo de Sr. D. D não era de Donati. Era de Destino!

DESTINO - E foi o mesmo destino que nos separou em Dezembro do mesmo ano seus pais o mandaram para Europa estudar. E meus pais me mandaram para um curso especial em Macusa. Aquela despedida dilacerou meu coração. Eu o amava, e ele dissera que sempre me amaria. Mas com o tempo perdemos contado. E agora mais uma vez o destino nos colocava frente-a-frente trabalhando no mesmo lugar. Ele estava mais lindo do que eu poderia me lembrar. O Homem que ele era ainda conservava os olhos de guri. Mas com todo o charme de um homem. Respirei fundo.

PAPELADA - Estava arrumando a papelada e entrei na sala de conferências preparei as coisas com a ajuda do meu estagiário. Me sentei na cadeira que correspondia a mim e revisava alguns relatórios bases de assuntos exteriores. - Hmm, vejamos, Crise no Departamento Peruano, Extravio de Dragões da Terra do Fogo, Campeonato Sul-americano de Trancabola, Comércio BrasilXArgentinaXUruguai, Ficas de alunos de intercambio... Acho que tenho tudo que precisamos...Hmm, cadê aquele acordo Amazônico?. Comecei a organizar tudo que eu poderia para aquela reunião. Eu tinha que mostrar que eu era mais que qualificada. Esperei olhando meu feed no Witchgram.

Mon
amour

Aquele dia estava atípico, eu havia recusado outras propostas de trabalho que me renderiam muito mais dinheiro, quando digo muito mais, é porque realmente as famílias que queriam meus serviços eram realmente ricas. Mas meus motivos para ir até o Brasil novamente e me tornar o chefe da parte diplomática eram totalmente maiores que qualquer dinheiro poderia pagar. E um dos meus motivos trabalhava lá, o que fez com que me vestisse a rigor, com o melhor que tinha, afinal ela seria minha subordinada.

Capitu era o amor de minha vida, e havia esperado muitos anos para isso, ela sabia que era minha dona e também que minha palavra era afiada como uma navalha, não iria voltar atrás dela, a promessa que fizera quando nos despedimos seria seguida a risca… A minha chegada ao hangar das nações era esperada, logo na chegada já conseguia distinguir os puxa sacos dos que eu poderia confiar futuramente. Diversas situações diplomáticas, como se já quisessem que eu assinasse suas papeladas, mas estavam enganados.

-Olha, eu não acho que seja uma boa ideia me pedir para assinar algo nesse exato momento. - suspirei e levei a mão a nuca por um momento, desconfortável com a situação que ele tentava me colocar, claramente estava descontente comigo assumindo aquele cargo e tentaria me forçar ao erro logo no primeiro dia, iria dar uma resposta mais dura ao homem, porém alguns clap clap clap interromperam meus pensamentos, eu conhecia aqueles passos firmes e decididos ‘’Capitu’’- Ouça, meu caro, agora farei um pronunciamento sobre o nosso planejamento, então fique tranquilo, não quero tomar nenhuma atitude desnecessária.

A verdade era que durante todos aqueles anos sempre estive cuidando dela de longe, procurando saber sobre sua saúde, sobre seus medos e mantendo contato com sua família, se algo acontecesse a ela eu moveria o mundo para salva-la, ou para ajuda-la, o martírio de me tornar algo que minha família queria fora mais do que doloroso, para conhecer a mente das pessoas a fundo tive que dar meu sangue e muito tempo de vida.

(...)

Ao adentrarmos à sala de conferência, tomei a frente no palco, bebendo um gole d’água apenas para molhar a garganta e manter a voz sadia - Olá meus caros, primeiramente queria agradecer a hospitalidade de todos. - pausei para fazer uma continuidade nos pensamentos - Me chamo Marcos Bourbon Donati, me especializei na europa em negociação e diplomacia, durante alguns anos, espero poder contar com todos aqui para um bom prosseguimento do nosso trabalho.

Mais um gole d’água foi necessário, estranhamente a minha garganta estava ficando seca em uma velocidade estonteante - Bom, agora falando diretamente de trabalho, considerem todos os tratados e acordos pausados imediatamente, irei analisar um por um até que possa dar desfecho, então por favor peço a colaboração de todos. -  sorri gentilmente para todos na sala e também com sinceridade - Agora estão todos dispensados. Peço apenas que a senhorita Garibaldi me acompanhe até minha sala, tenho que rever alguns detalhes que já estudei nos casos que estão em suas mãos, eles são de suma importância.

(...)
Assim que entrássemos em minha sala, fecharia a porta e as cortinas, aproveitando que ninguém iria tentar ouvir nada pois já estavam todos liberados do dia de trabalho por se tratar de uma data festiva - É muito bom te ver Capitu, eu senti muita saudade. Porém antes de falarmos sobre a vida, preciso saber dos tratados de comércio que tem em sua posse, vamos alinhar tudo isso antes. - sorri para ela oferecendo um copo d’agua e me sentando bem próximo.

-Eu tenho contatos nas instituições que você cuida, as últimas cópias que vieram para você são pedidos meus, então podemos assinar e aprovar tudo isso, será de grande vantagem para a COMASUL. - Naquele instante estava tão distraído com a beleza e o cheiro dela, que quase havia deixado o profissionalismo de lado e saltado para beija-la e dizer que eu amava ela mais do que a mim mesmo, que durante toda minha estadia na europa meu único pensamento era o dia que retornaria para seus braços, poder beijar seus lábios, aproveitar nosso tempo juntos, ah, como eu amava essa mulher.
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DESTINO BOOM! Maldito seja o destino naquele dia. Ele estava dando na minha cara mais uma vez. Assim que a sala de conferências se encheu eu não pude deixar de notar a voz que se pronunciava. Meu corpo gelou, e eu agradeci muito não estar em pé, pois duvido muito que meus Scarpins me segurassem agora. Era ele, Marcos estava ali na minha frente, no púlpito dando o discurso. Eu verifiquei se não estava sem roupas por que aquilo só poderia ser um sonho. O Cara que eu amei a minha vida toda estava de volta e não só isso. Ele agora era meu chefe. TU ESTÁ DE SACANAGEM, DESTINO!

COMPOSTURA. - Eu gritei por dentro, mas por fora eu permanecia elegante, cruzei as pernas umas cinco vezes. Eu não estava encontrando posição. Ele sabia? Ele sabia que eu estava ali? Por que ele nunca entrara em contato? Por que ele não me avisou que estava vindo? Por que ele esqueceu de mim? Mordi a caneta em meus lábios e meus olhos ainda eram estáticos nele. Sua voz roucamente  sedutora e grave me arrepiava. Me abanei com os documentos em mãos. "Compostura, Capitu, Compostura" - era meu mantra que falava baixinho enquanto meu cérebro e meu coração treinavam para o Carnaval gritando: UMA OVA!!!

NEGÓCIOS, APENAS NEGÓCIOS. - Ele estava falando a todos e eu não saberia dizer que em algum momento ele olhara para mim. Me belisquei a coxa para acordar e tentar ouvir o que ele dizia. Afinal, ele era meu chefe. Ele poderia estar casado a essa altura . Será que ele tinha filhos? Uma esposa? Uma esposa morena? Uma mulher estonteante que ele levaria a festas chiques e fazendo juras de amor? Respirei fundo, tentei fazer cara de quem prestava atenção. Escutei algo sobre tratados, algo sobre pausas. Tinha que ser profissional. Ajeitei os longos cabelos loiros e agora comecei a anotar em meu caderninho rosa tudo que eu precisaria perguntar para mais tarde. Foquei, ele era meu chefe.

RAZÃOXSENSIBILIDADE - Eu anotava as informações da oratória dele. Foi quando eu escutei meu nome e meu estagiário olhou para mim. Marcos pedia que eu fosse a sua sala. PAUSA! "Srta. Garibaldi?" - Aquele jeito formal e racional que as vezes me tirava do sério. E aquilo ajudou a focar. Agora eu não era uma menininha boba de 17 anos apaixonada. Sera? - Igor, leve minha maleta para meu escritório e você pode ir para casa. Sim, estou te liberando. Tenha um ótimo recesso. Eu vou ver o que o Sr. Donati quer de mim. E qualquer coisa entro em contato. Boas festas. - me despedi de meu estagiário. Organizei os papéis em minha posse. Passei um Gloss, por que né!? A Razão dizia: Ele é seu chefe, ele nem deve lembrar mais de você! Ele te chamou de senhorita Garibaldi. E Sensibilidade rebatia: Ele continua sendo o mesmo metido de sempre, o metido que você se apaixonou. Ele estava na frente de todos, queria que ele te chamasse como? E olha como ele fica lindo de terno.

CAPITU E CAPITUZINHA. - Assim que entrei na sala dele. A menina de 17 anos quis chorar, correr e abraçá-lo. A mulher Capitu se segurou e desejou-lhe uma boa tarde. Ele começou a falar enquanto a sala ficava mais íntima. O que fez a Guria em mim acender uma lanterna dos afogados de esperança. Mas assim que ele falava de negócios Anos depois de um triste adeus a mulher adulta assentiu e tomou controle.  - É muito bom vê-lo também, Sr. Marcos. Aqui estão os papéis. Eu mesma revisei e redigi alguns dos contratos e pautas. Aqui está tudo que precisa saber. Larguei os papéis em sua mesa. - Preciso que avalie os Anexos, e as leis de cada confederação independente de Comasul. E preciso da sua assinatura para dar andamento em alguns tramites. Semana que vem irei me reunir com o Consul Boliviano e Argentino no Paraguai para acertarmos a taxação de prata e chifre de bicórnios. Uma mesa nos separava.

ORGULHOXPRECONCEITO  - Sim, senhor. Eu já dei entrado nos seus pedidos e as instituições já estão arrumando a documentação necessária para darmos prosseguimento a todos os tramites legais. Dei um prazo de uma semana para entregarem tudo em quatro vias, para eu poder despachar o quanto antes. E assim, o senhor poder assinar. - Eu olhei para ele. Eu queria socar ele. Eu estava furiosa com sua empáfia de aparecer tantos anos depois e me tratar daquela forma tão gelada. Eu o amava ainda, tudo que ele irradiava, eu tinha que admitir eu o amava. Eu tinha muitos preconceitos com relação a nós dois. Eu sonhei e pensei em coisas que eu gostaria de dizer quando o reencontrasse. Mas as palavras sumiram, a raiva e o amor se entrelaçaram. E eu só queria dizer que eu o amava em toda sua figura altiva. Mas meu orgulho era tão grande quanto a teimosia que ele sempre me acusara. E agora, estávamos ali. Trabalhando juntos. Tínhamos outras vidas. Por que achar que poderíamos parar da onde começamos. Era tão pueril achar que um sentimento como de duas crianças pudesse perdurar. Mas sim, olhando aqueles olhos, sentindo seu perfume, odiando e amando ele. Eu sabia, nada daquele sentimento, de dias de aluna, morrera. --  É só isso, Senhor? - questionei resistente.

Mon
amour

Todos aqueles meus anos de experiência com pessoas tão ou mais inteligentes que eu tinham me providenciado um talento que era ler os sentimentos das pessoas sem ser um legimente, tiques nervosos, olhares, trejeitos. Eu observava Capitu falar e tudo que via era uma leoa rugindo em seu interior, cobrando explicações, querendo arrancar minha garganta com as próprias garras, errada ela não estava...

Assim que ela terminou de falar, apenas assenti com a cabeça em um menear cheio de certeza, levantando-me e caminhando até a porta, verificando mais uma vez se estava bem trancada - Sim, eu preciso de mais coisas. - o tom cordial de minha voz se tornou mais incisivo, como se estivesse irritado ou coisa do tipo caminhei até a frente dela e sentei sobre a mesa, olhando mais uma vez em seus olhos, com o cenho franzido - Como sempre, passando gloss, mesmo tendo lábios perfeitos.. - naquele momento comecei a desabotoar o terno, logo levando a mão até um bolso falso e pegando um pequeno envelope contendo uma carta em seu interior, o selo do envelope? Do senhor Garibaldi, pai de Capitu.

- Antes que você diga algo, Capitu, quero que leia isso. - entreguei a carta a ela, era uma mensagem de seu pai, explicando o porquê de eu nunca ter voltado ou entrado em contato por todos aqueles anos que se passaram.

''Querida filha, Pituzinha. Sei que deve estar puta da vida com o Marquinhos, mas releve. Quando ele soube que iria embora, veio pessoalmente solicitar que você fosse com ele, até mesmo pediu sua mão em casamento, no entanto, após uma boa conversa entre nós dois, decidi com meu afilhado que se você fosse, acabaria deixando a própria carreira de lado para apoia-lo, e não ache que isso é um problema, afinal é uma mulher forte e aguerrida, capaz de mudar o mundo ( essa é a forma que Marcos se refere a ti.), ele me prometeu que só voltaria após você estar estabelecida, e eu prometi que informaria a ele cada passo, doença, tristeza, e que quando tu estivesse pronta, um OK seria enviado para ele, então se está lendo essa carta, desejo que sejam felizes juntos, ele foi capaz de suportar um fardo para o seu bem, ele te ama acima dele mesmo.''

Mantive meus olhos concentrados nela, lembrando junto disso a situação em que fui colocado, nunca voltava em minha palavra e aquele velhote havia me educado tanto quanto meus pais - Eu nunca esqueci da minha promessa, meu amor. - falei com a voz levemente embargada - Se não quiser me perdoar eu entendo, já deve ter encontrado um novo amor, ter a sua família, eu não sei. Mas não suportaria viver uma vida em que me odiasse. -  estiquei o braço para acariciar ela mas logo recuei, tomado pela insegurança de cometer um erro que custasse o resto de nossa amizade e relação.

- Eu morei na França por muitos anos, nunca conheci outra mulher, nunca dormi com outra. -  completei - Minha mente parecia estar fixada em você, eu não conseguia mais aguentar, então quando consegui voltar, foi como se uma bigorna saísse de cima de meu peito. Eu te amo, e nunca irei desistir de ti, mesmo que me custe uma vida toda de espera, mesmo que seu amor por mim já tenha secado. - concluí, sentindo minha voz embargar de uma vez por todas, sentindo que na verdade eu não significava mais nada para ela, minhas acuidades em relação a sentimentos não estavam funcionando a todo vapor naquela situação.

Com o peito apertado caminhei até a porta novamente, com algumas lágrimas escorrendo devido ao silêncio da sala enquanto eu desabafava, sentia que seria abandonado, sentia que havia perdido o meu destino por conta da minha honestidade, será que o velhote era mesmo tão sábio assim? Será que Capitu continuava nutrindo sentimentos por um homem qualquer como eu?

-Eu sei que não sou merecedor o seu perdão, se quiser que eu vá embora me demito ainda hoje, sem pestanejar. - abaixei a cabeça, como um homem de verdade abaixava quando estava errado, esperando que ela me desse um esporro por tudo que  havia feito ela passar, ou talvez esperava que ela só me ignorasse, eu estava confuso e em pânico, parecia retornando à minha adolescência, quando eu tinha medo de conquistar ela porque ela a mais perfeita da escola, e acabava me colocando em relacionamentos difíceis.

- Eu sou um lixo. Eu sei...
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O CERCO - A mesa que nos separava parecia o único limite que eu precisava para não cair em seus bracos dizendo que o amava, assim como a única coisa entre nós que o mantinha vivo longe das minhas garras. Estávamos trancados dentro de uma sala, mas em meu íntimo estava trancada em meu interior conflitante batalhando para entender o que tinha feito para merecer aquilo. Aquela situação toda. Ele caminhou por volta da sala. Seus movimentos sugeririam um leão que observa sua presa no meio de um circulo perfeito. Ele caminhou até a porta e verificou se estava trancada. Meu instito primitimo foi passar a mão nas minhas vestes e ver se a varinha ainda estava ali. Ele falou que precisava de mais uma coisa. E o tom excessivamente cordial deixou o homem e percebi aquele olhar que eu tanto me deixava trêmula no passado. Incisivo, rígido pronto para me domar. Meu pai dizia que Marcos tinha sido feito para mim por que ele era o único que conseguia me tirar do sério e ao mesmo tempo me domar.

GELEIRAS -  Eu ainda estava elegantemente inabalável. E apesar de concordar internamente com o que meu pai ou mesmo Gabriel diziam, eu relutava contra aquela informação. Ele me olhou e minha respiração acelerou. Ele se sentou próximo na mesa e dei alguns passos para trás. Ele tinha algo em sua mão. Aquela era sua arma contra mim? Naquele momento eu acionava todas as muralhas em meu interior contra ele. Me mantive fria. Me mantive protegida me, e a cada vez que ele me olhava, a todo momento que ele se aproximava demais, a todo momento que eu queria ardentemente beijá-lo e matá-lo, eu lembrava de tudo que passei no passado. Não apenas muralhas, eu trilhei meu caminho a minha carreira construindo estradas de gelo. E toda vez que alguém me subestimava, eu lembrava do nosso adeus, da última vez que o vi. E eu me tornei a rainha do gelo para os relacionamentos. Mas várias gelerias começaram a fraquejar com o simples comentário sobre o gloss e meus lábios. Lembraria ele de todos meus vícios?

O ATAQUE DO TITÃ -  Eu olhei o envelope em sua mão e já começaria a gritar e brigar com ele. Pensei em cinco azarações diferentes. Mas ele pedira que eu lesse aquele envelope. E eu duvidava que qualquer cartinha de amor dele o livrasse da minha fúria. Mas foi começar a ler que olhei para ele com lágrimas nos olhos. Todas as muralhas foram destruidas como se um titã destruisse todas violentamente. - Isso é golpe baixo. - falei baixinho e as lágrimas cairam sobre o papel. A carta era de meu pai. Meu pai que estava agora na Itália com minha mãe. Meu pai que eu só via as vezes, do homem que me ensinara a ser a mulher forte e confiante que eu me tornei. Eu li e reli cada palavra. E apesar de não ter como levantar muros contra aquilo, a titãnide agora era eu. Eu estava possessa, furiosa com ele, meu pai, e mesmo Gabriel... Será que ele sabia daquilo? Mamãe sabia daquilo. Quantas noites eles me viram chorando até perder as forças. E cada lágrima  que saia dos meus olhos fizeram toda minha cidadela interior romper e não desmoronei por que me apoiei na mesa dele.

NEBLINA -  - Quando seu mundo de gelo desaba o que sobra é uma densa nuvem de fumaça e escombros. Seria eu a Capitu ainda depois daquilo tudo? Ele começou a falar e ainda com os olhos enxarcados olhei para ele. Eu quase não o via, devido as lágrimas tomarem minha visão. As palavras "promessa"; "amor" foi o quie eu consegui entender. Minha mente parecia querer voltar a funcionar, mas eu não conseguia reagir. Percebi sua silhueta iniciar uma aproximação mas ele recuou, o que fez bem por que eu não sabia o que fazer. Ele começou a falar sobre sua vida, e que nunca tinha desistido de mim. Ele ainda me amava. Ele nunca deixara de me amar. Eu estava perdida na densidade do meu mundo em escombros nebulosos.

A SAÍDA - Ele caminhou até a porta e a abriu. Ele estava pedindo para eu ir embora? eu ainda estava confusa a carta estava entre meus dedos. Balancei a cabeça e ajeitei os cabelos quase como um tique. Eu ajeitei minhas vestes e ao ver que ele tinha aberto a porta meus pés me guiavam para fora. Eu estava fraca. Eu estava? Seria aquilo o nosso capítulo final. O final que eu sempre esperei? Olhei para trás e o vi. Ele começou a falar. Ele falou que sabia que não era merecedor do meu perdão. E agora ele fez a porta mais uma vez um convite para que eu fosse embora. Talvez, ele só estivesse fechando um círculo. Ele tinha que dar o ponto final. E a saída agora era ir embora e começar a viver com a triste verdade. Eu tive um impulso de sair. Mas a saída foi fechada pelas minhas mãos. Ele abaixou a cabeça e a cada passo que eu dava longe da saída a seu encontro parecia que eu voltava ao tempo. A adolescente em mim esticou a mão com cuidado e tocou seu rosto. E a resposta, a saída do nevoeiro, veio com o calor da sua pele.

8 ANOS- Levantei seu rosto e o fiz me olhar. Nossos olhos se encontraram. Minhas unhas acariciaram seu rosto. - Você não é um lixo... - falei e as lágrimas voltaram ao meu rosto. .- Eu imagino que você sofreu tanto quanto eu, e só nós mesmos sabemos o quanto sofremos... vê-lo depois desse tempo todo é quase tão bom quanto cruel. Oito anos sem você. Muito tempo se passou, e oito anos é muito tempo para quem amou. Quando a saudade vinha, e sem explicação queimava por dentro e fazia meu coração. Mas... Marcos, você é o homem da minha vida. Lembra da primeira vez? Quando eu realmente te conheci foi a noite mais bonita que eu já vivi. Depois você se foi e a sensação de que tinha perdido a paz. Oito anos nos separaram, mas a distância que há entre nós agora me dois demais.- trouxe seu rosto ao meu. .- Eu te amo. - disse aproximando meus lábios dos dele. Meu corpo se aconchegou aos dele esperando que ele me abraçasse assim como seu perfume me envolvia. Fazendo que oito anos fosse apenas o passado e que nenhum dia se passasse sem que estivesse com ele.

Mon
amour

- Não podia negar, aquela mulher abalava minha estrutura, se não tivesse um alicerce tão firme de sentimentos por ela, e de tanto tempo que havia cultivado meus desejos, minha fidelidade, meu corpo, eu era o fruto de uma paixão tão enraizada que jamais poderia dizer um ''não'', para aquela loira, simplesmente isso, ela conseguia me domar, conseguia ler meus pensamentos, corpo e transformar tudo em gelatina com um simples toque, não existia o grande Marcos na frente dela, eu era o Marcos da senhorita Garibaldi.

Ela não esboçava reação ao que eu falava, ela estava confusa? Não tinha a certeza para afirmar de fato o que estava acontecendo ali, só conseguia dizer que a tensão e situação que se formava na sala e a energia dispersada eram palpáveis, foi então que meu mundo negro desprovido de luz se iluminou, um toque, um simples toque retirava aquela maldição que eu havia sido jogado, a maldição de sangue e da tradição de uma família que só pensava na solidez de seu poderio - Você me ama? - suspirei, retomando um pouco da coragem que sempre fora uma das minhas principais característica, era como se tivesse sido salvo de um precipício com um puxão de Capitu.

A mão divina de Garibaldi agora semeava nossas memórias juntos em meu mundo, nossa primeira vez, nosso primeiro beijo, o dia que eu me declarei a ela dizendo que eu não era apenas um jogadorzinho de quadribol e que na verdade era o homem da vida dela ( convencido, eu sei, mas fazer o que? ) não tinha a exatidão de quantas memórias aquele  simples toque em minha pele despertaram, todas sendo expressadas por uma lágrima formada no canto da boca - Eu quero retomar de onde paramos, Capitu... - colei a minha testa a dela, deixando um breve momento nossas respirações entrarem em sintonia.

Com um movimento do pé, empurrei a porta trancando-a de vez, logo levando ambas as mãos na cintura dela e puxando-a contra mim como sempre fazia, não importando a situação, agora me via novamente como aquela vez, tomei seus lábio afoito, descontando anos de amor enjaulados em minhas grades internas que naquele momento se romperam, causando uma rebelião interna, finalmente meu coração estava no governo mais uma vez, a ditadura da promessa que fizera ao pai dela havia terminado, empurrei Capitu contra a parede sem separar nossos lábios em nenhum momento, com um sorriso que hora ou outra dificultava tomar seus lábios, parando apenas um momento para retomar o fôlego - Quer ser minha companheira de novo? Trilhar um novo caminho ao meu lado? Dominarmos o mundo juntos? - questionei animado, pegando-a em meu colo e trespassando suas pernas ao redor de minha cintura, nada além dela me importava mais naquele momento, era só isso que deveria ficar claro como a água.  

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METIDO - O mundo de seu perfume me domava a cada célula. Meu corpo estava araízado ao dele. Era como se meu corpo fosse um barco a deriva que simplesmente voltou ao seu porto seguro. Quando ele perguntou se eu o amava, eu sorri. Pareceu um menininho que não tinha entendido nada que eu tinha falado.  Mordi meus próprios lábios e encarei seus olhos perfeitos e vi aquele sorriso perfeito. Aquele maldito sorriso perfeito que eu odiava amar, e que eu amava odiar. Mas por fim, apenas amava. Sobrancelhas arqueadas dando um ar de convencimento aquele garoto metido. Ele era o homem da minha vida, e o pior de tudo. Meu corpo em seus braços gritavam que ele tinha razão.

PONTO&VÍRGULA - O que tivemos no passado para mim era o término. O final trágico de uma história de amor. Ponto final. Nunca achei que tinha sido um virgula punitiva que me reencontraria para a oração seguinte. Seria eu coordenada a ele ou subordinada a ele. Suas palavras em querer retomar de onde paramos era primorosamente apaixonante. Mas eu não era aquela menina do passado. Colamos nossas testas e meus dedos ainda acariciavam sua face, apaixonada pela aquela barba rasa recém aparada, característica que ele não tinha naquela época. - Não podemos continuar de onde paramos, nossas histórias se dividiram e tanto já aconteceu... Entendo hoje que não foi nosso ponto final. Prefiro que seja um recomeço mesmo que de algo que aparentemente terminou. Na nossa canção de amor, o hoje era nossa pontuação gráfica. Quanto à melodia da frase, a nossa história, indica um tom ligeiramente descendente que ficou no passado, mas agora era capaz de assinalar que o período não terminou. Nosso novo começo.

ARREBATADOR - Ele fechou a porta e me segurou, me domou, me fez cativa de seu poder. E me beijou... Afoito, selvagem, inebriante e arrebatador. Meus lábios corresponderam ao movimento dele. Me agarrei a lapela de suas vestes. Meu corpo era um turbilhão de energia. Ele segurou minha cintura, e como se fosse o fins dos tempos. Ele me puxou. Meus pés saíram do chão tão quase como minha alma era abdicada de meu corpo. Minhas coxas prenderam-se em seu corpo e minha saia rasgou na lateral. Um simples feitiço arrumaria aquilo. E talvez fosse a única vez que meu vestuário não me importava nada. Sua pergunta era um julgamento, atestado final do nosso combate e contrato verbal.- Eu já disse que te amo, nunca deixei de ser sua. - meus dedos ainda acariciavam a pele de seu rosto. Escutei sua pergunta que me fez rir. - Você é o meu mundo, Marcos... Eu só quero fazer parte de você. - falei beijinho para que só ele escutasse.

DESPERTAR - Meu corpo clamava por Marcos como fiel em uma catedral. Mas as trombetas me fizeram acordar. Alguém batia na porta. - "Senhorita Garibaldi, a senhora está bem? O expediente já terminou e é ano novo. A senhora quer companhia para casa." - era a voz de Igor meu estagiário. Igor era meu chaveirinho. Onde eu ia ele ia, e ele por certo sempre estava tomando conta de mim. Eu ti tampando a boca de Marcos. Se eu o conhecia bem, e se ele não tivesse mudado tanto. Eu saberia que a única chance de Igor não sofrer um ataque seria eu mesma. Marcos simplesmente odiava quando alguém interrompia o quer que fosse. Uma vez tivemos uma discussão de uma semana por que interrompera um treino de quadribol dele. Por que Aline sua até então namorada não parava de gritar por ele. Só sei que alguém confundiu um balaço na cara dela. Não que o estrago fosse muito grande. - Ah, humm. Igor. Eu já estou indo. Pegue meu vestido para festa dos Ferreira Dias por favor, deve ter chegado na loja, o recibo está em minha gaveta. Estou terminando com o Sr. Donati. - falei tentando parecer formal mesmo que Marcos fizesse caras e mordiscasse minha mão com carinho.

ÚLTIMA NOITE - Nos recompomos. Eu saquei a varinha e ajeitava o rasgo lateral na saia do meu terninho. - Marcos, aqui não é o lugar para isso. Trabalhamos aqui. Além de que, já está tarde para estarmos aqui. Prometi ao Gabe que acompanharia ele a uma festa de Reveillon hoje. Por que não nos encontramos a meia-noite paa que eu e você possamos dominar o mundo um do outro? - perguntei com uma carinha sapeca. Ajeitei os cabelos, guardei a varinha e o beijei ardentemente mais uma vez.  - Preciso mesmo correr. Igor sempre me espera para saber se vou precisar de algo a mais, as vezes ele é eficiente até demais. - disse rindo. Eu não queria me despedir dele. A ultima despedida tinha sido uma eternidade. Quando já estava na porta. Olhei para trás. - Não suma de novo, por favor. Essa é a última noite do ano, e meu desejo mágico é que...Eu possa te ver amanhã para um novo começo. - disse lançando um olhar sincero para ele. Torcendo que a magia não sumisse a meia-noite e tudo não se passasse de um devaneio devido a algumas garrafas de álcool. Afinal, aquele era meu sonho desde que ele me deixara. Pisquei para ele. - Te amo, Marrento! - sai de sua sala rindo.

Mon
amour

- Um recomeço? Eu concordo. Quem sabe possamos melhorar ainda mais nossa sintonia agora, que somos maduros e bem sucedidos não é mesmo? - sorri satisfeito para ela logo arranhando sua pele levemente - Eu acho que vamos ter uma boa guerra em todos os sentidos, eu sinto tanto sua falta que preciso pelo menos que você faça o que sempre fez comigo. Seja uma leoa feroz!

Gargalhei baixinho ao pé do ouvido dela logo ouvindo o estagiário incomodando - Acho que terei de demiti-lo, para o bem do departamento, o prego que se destaca é martelado facilmente. - mordi o pescoço da loira mais uma vez, colando nossos corpos ainda mais, como se fossemos nos fundir em uma mistura perfeita de um casal que sempre escolhia ficar perto um do outro. Foi então que uma notícia inesperada ocorreu, ''ano novo dos Ferreira Dias'' como eu não estava morando no país logo tinha me esquecido que teriam uma grande festa em comemoração da data da virada.

- Ah, entendo que você tem um compromisso, e como sempre eu estou atrasando sua vida. - coloquei a mão sobre a testa após receber o beijo cheio de sentimentos dela e também me deixar totalmente sem jeito com a situação que havia criado, será que ela estava interessada em outro? Depois de tanto tempo provavelmente sim, bom, não iria me tornar um fardo a ela - Boa festa então, Pituzinha, que você se divirta ao máximo essa noite, afinal você é a mulher mais bonita do mundo, com sobras... - meu desanimo corroeu por dentro, afinal tinha pensado em passar alguma parte da noite com ela, abrirmos um espumante e conversarmos sobre tudo, sob o céu estrelado, uma sensação deleitosa que me remontava aos anos do passado, ah que idade de ouro!

- Divirta-se meu amor. - dei um beijo na bochecha dela, vendo-a sair pela porta as pressas, caminhei até uma garrafa de Whisky Scotch que havia trazido comigo do exterior e me servi uma boa dose, continuaria mais algumas horas no trabalho, tentando concentrar minha mente e coração para não me sentir tão solitário... 

encerrada

devido a inatividade