The Last Castle - RPG :: Tópicos de Personagem e RPs Arquivadas :: Arquivo de RPs Finalizadas :: RPs do Mundo Mágico
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JAN2026
JANEIRO DE 2026 - VERÃO
>Quests Interativas<
ADMAGO
ATUALIZAÇÕES - ADM - OFF
28/05. Lançamento: Sistema de Atributos
7/06. atualização do tablón
1/08. estamos de volta
13/08. atualização dos ranks gerais do fórum
00mes
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Introdução
Olá! É um prazer ter você aqui conosco, qualquer dúvida não hesite em nos contatar! The Last Castle RPG é um fórum baseado no universo de Harry Potter, ambientado em terras sul-americanas, dando ênfase ao Brasil. Aqui você perceberá que os três poderes se articulam na Confederação de Magia Sul-Americana (COMASUL), diferente do que acontece lá na Europa com os Ministérios de Magia. Contamos com um jornal bruxo O Globo de Cristal (OGDC), nome bem sugestivo hm?! E se precisar de cuidados médicos, nossos medibruxos do Hospital Maria da Conceição (HMC) estarão aptos ao atendimento. Quem sabe você não queira comprar seu material escolar em um bequinho secreto abaixo da 25 de Março, e assim estando pronto para mais um ano letivo na escola de magia e bruxaria Castelobruxo?! Vale lembrar que os tempos mudaram desde o fim da segunda guerra bruxa, nossa comunidade já não é mais a mesma! Bruxinhos com smartphone, a tecnologia ocupando espaço da magia, bruxos se identificando com os costumes e cultura dos não-maj... há quem diga que foi um avanço, outros estão certos que a identidade da comunidade bruxa está entrando em extinção.
Ϟ Uma Magia Ancestral começa a ser despertada. Poucos percebem esse fato, e dentre eles, até então, ninguém sabe dizer onde, como ou por que motivo. Será que vão descobrir?
Ϟ Agradecimentos ao Rafhael e sua mente mágica cheia de histórias, Vivs e sua perfeição ao editar codes, Roni e sua dedicação em manter o fórum ativo e atualizado e, claro, todos os jogadores. Beijoca da Jessie. Ϟ NOVO TAMANHO DO AVATAR 310x410.
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Ipupiara
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Ipupiara
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ADM
Dom 12 Jan 2020 - 21:51
RP FIXA — Estação Florestal das Galerias da 25

Trem para Castelobruxo
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Esta é um RP FIXA para embarque e desembarque de Castelobruxo, para poupar os alunos de precisarem abrir várias RPs diferentes, e também para tornar mais fácil a contagem e distribuição dos pontos para os participantes. Pais e responsáveis também poderão participar, e as mesmas regras de postagem para ganhar PPHs valem para estes, porém, apenas alunos e funcionários podem embarcar no trem.

No início e fim de cada ano letivo, uma nova narração de abertura será postada neste tópico, dando início às interações do ano vigente. Não é obrigatório efetuar as postagens de embarque ou desembarque, mas aqueles que o fizerem ganharão PPHs que poderão ser trocados em benefícios ON-Game para sua personagem.

Aqui postarão alunos e funcionários do castelo que residam ou estejam de viagem pelas Galerias da 25. Entenda melhor como funcionam os embarques lendo o Tutorial de Chegada e Saída da Escola.
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XIII
Narradora
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Narradora
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Dom 19 Jan 2020 - 15:14
Embarque para Castelobruxo - 2020
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1 de fevereiro de 2020, dia de embarque.

Em tal ano, o dia da abertura dos portais das Estações Florestais conectados a Castelobruxo caía em pleno sábado, o que provavelmente estava deixando muitos bruxinhos chateados e até confusos com as datas, mas não havia o que fazer, a magia das estações não havia sido alterada (e presumivelmente não iria ser).

Abaixo das ruas de São Paulo, nas Galerias da 25, uma área muito mais amplas que os corredores das lojas se estende ao final das bancas de vendas, e ali pode-se encontrar enormes árvores magicamente muito bem cuidadas e circundadas por bancos de madeira antiga que formam a parte de espera da estação. O clima ali embaixo era quente, mas a brisa fresca soprava magicamente por entre os bruxos em intervalos menores que um minuto, mantendo assim o lugar suportável de se estar.

Por volta das 7h da manhã, os bruxos e bruxas - alunos e funcionários do castelo -, já começavam a comodar-se no trem que partiria às 7h45min quando o tronco da maior árvore de abrisse revelando o portal mágico de cores psicodélicas, cujos olhos seriam protegidos por paisagens singelas nas janelas encantadas durante toda a viagem.

Considerações:
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Última edição por Narradora em Qui 21 Jan 2021 - 16:31, editado 2 vez(es)
Alice Bissoli Pegoretti
CASTELOBRUXO » Coordenadora
Alice Bissoli Pegoretti
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CASTELOBRUXO: Coordenadora da escola
Qui 23 Jan 2020 - 18:27
"— Bichano de Cheshire — ela começou timidamente, pois nem sabia se gostaria do nome. Contudo, ele apenas sorriu um pouco mais. 'Bom, está contente até agora', pensou Alice, e continuou:
— Você poderia me dizer, por favor, por qual caminho devo seguir para sair daqui?
— Isso depende muito de onde deseja chegar — o Gato respondeu.
— Eu não ligo muito para onde... — falou Alice.
— Então não importa para que lado caminhe — o Gato interpôs.
— ... desde que eu chegue a algum lugar — Alice acrescentou como uma explicação.
— Ah, com certeza fará isso — o Gato disse —, se você andar por tempo suficiente."


Lewis Carroll – Alice no país das maravilhas


Naquela manhã do dia primeiro, Alice lia o livro, aquele mesmo que Sônia lia para ela desde pequenininha, e o mesmo que havia se tornado seu livro favorito por tantos motivos diferentes – desde os cenários que lhe passavam pela mente até os personagens malucos, incluindo a protagonista, cujas semelhanças consigo mesma eram somente o nome e a imaginação fértil demais –, e enquanto absorvia as palavras daquelas folhas de papel costuradas em sequência, a menina começava a se dar conta de quão significantes aquelas palavras poderiam ser para si própria.

Tempo. Talvez fosse tempo o que a Bissoli precisasse se dar, mas seria a coisa mais irônica pensar em esperar o tempo passar e as coisas se acertarem por si só enquanto estava naquela situação com sua família desde seu nascimento, há quase quinze anos. Na verdade, nem família era, sua única familiar real era Sônia, sua cuidadora, o resto no máximo poderia ser chamado de parente. Parentes que não queriam uma aberração como Alice por perto, não podiam ter nas fotos da família e nos eventos do mundo trouxa um “anel do humor ambulante”, como dizia Alicia, aquela patricinha espevitada.

Por isso, talvez, a Pegoretti optava a ideia de seguir por caminhos diferentes, o problema era que procurava saídas o tempo todo e acabava nunca chegando a um lugar específico. Não que tivesse um objetivo tão específico assim, afinal, estava em seus plenos quatorze anos de idade, mas a morena só queria conseguir ser capaz de controlar o caos que sua vida estava se tornando com aquelas quedas de humor provindas das crises metamorfomagas. As lembranças do ocorrido no dia de compras ali mesmo, nas Galerias da 25, ainda eram muito vívidas em sua mente, pelo menos ler a fazia ficar mais calma e suportar estar ali embaixo.

Relendo aquelas palavras que lhe chamaram tanto atenção, a Bissoli desejou internalizar aquelas palavras e ser capaz de seguir seu rumo sem pressa, sem tantos estresses e confusões – o que era totalmente contraditório para uma quintanista que estaria, naquele ano, assumindo a vice-presidência do Centro Acadêmico de Castelobruxo –, mas mesmo assim, valeria a pena tentar, queria poder seguir sem muitas preocupações, deixando a vida lhe levar onde ela quisesse – era sobre aquilo que se tratavam as palavras de Carroll, não?

A brisa encantada das Galerias chegou em Alice naquele momento, balançando as páginas do livro e bagunçando seu cabelo cacheado, a fazendo perder a concentração na leitura e suas reflexões. Fechou o exemplar de capa dura e ajeitou uma mecha de seu cabelo enquanto olhava ao redor; ficara tão distraída que nem percebera a estação lotar. Estava ali desde cedo para não correr o risco de seus progenitores tentarem alcança-la para uma despedida fajuta, mas só agora percebia a movimentação do local, mesmo que não fosse demasiada.

Guardando o livro no bolso exterior de sua mala, levantou-se dali, de onde estivera apoiada desde que chegou – pelo menos para lhe dar uma mala que prestasse e ainda servisse de banco os dois boçais haviam servido –, e rodou o olhar pela estação, já era quase hora de partir, e felizmente Alice reconheceu alguns rostos em meio aos demais. Puxando sua mala enorme com uma mão e segurando a alça de sua mochila com a outra, a menina caminhou a passos decididos até duas meninas que ali conversavam.

Talvez, e apenas talvez, fosse mais fácil mudar o rumo das coisas se tivesse mais amizades em sua vida, afinal. Teria sido esse seu erro? Nunca fra de ter muitos amigos, muito menos amigas, mas lembrava-se, feliz, de como do nada estivera um tanto mais próxima de Helena, interagindo com mais espontaneidade desde a festa do ano novo, quando a encontrou no pub da Capital; e junto a ela havia Emília, a melhor amiga de Lena, que mesmo que tivesse seus contras – na concepção nada assertiva da Pegoretti – também tinha seus prós, principalmente agora que ajudaria a representar seu time do coração. – Oie! Animadas para o nosso 2020? – perguntou sorrindo ao se colocar entre as duas de supetão, passando os braços pelos ombros das garotas como que para lhes dar um susto, os cabelos colorindo-se de verde e laranja, como uma boa menina arteira.
deixa a vida
me levar
vida leva eu

COM
Lena e boneca de pano
ONDE
Galerias da 25
OBS
let’s go
››MONTY‹‹



Goretti
I always say what I'm feeling, I was born without a zip on my mouth! Sometimes I don't even mean it... It takes a little while to figure me out.
Yeah
Emília Martinez
COMASUL » Funcionário da seção 1
Emília Martinez
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Ocupação :
COMASUL: Pesquisadora Responsável por Tierra Viva (Estagiária)
Qui 6 Fev 2020 - 22:51
De volta ao castelo
Galeria dos 25 + Embarque
Após às compras Emília havia combinado com Helena de passar a última semana de férias na residência da melhor amiga. A decisão da goleira foi bastante assertiva, pois todas as Martinez de sua casa pareciam ter planos. Calliope e Madga assumiriam a vida de escoteiras e planejavam viajar pelo mundo pelo próximo ano. Ao saber da notícia Emília quis juntar-se as irmãs, afinal, elas passaram muito tempo separadas, mas, a goleira ponderou todas as coisas e, por fim, tomou uma decisão diferente das irmãs.
Vovó Tina, por sua vez estava alvoroçada com a viagem das irmãs, então, nem se importou de Emília passar o restante das férias com a melhor amiga, ao contrário, parecia agradecida. Antes que a Carcará saísse de casa utilizando a rede de flu, a avó falou com ela de uma maneira diferente. Diferente não nas palavras, mas, no sentimento, no olhar.
— Mi princesita, nos mudaremos de nuevo. — Começou a mais velha, sutilmente. Enquanto falava acariciava as mechas dos longos cabelos castanho-escuro da neta. — Pero, no tienes que preocuparte. — Acrescentou de pronto. — Mientras estés en la escuela me encargaré de todo. — Por baixo, da peruca rosa fluorescente, Justina escondia uma grande preocupação, que não costumava compartilhar e não iria começar a fazê-lo naquele momento. Depois de tantos anos a mulher se apegara as netas que o destino providenciou para ela.  
As mudanças não eram uma surpresa para Emília, as meninas Martinez são as nômades do século XXI e Emília e Justina sempre mudaram-se muito. E depois de várias perguntas sem resposta a atual goleira dos Carcará aprendeu a não questionar as constantes mudanças da avó.
— Abuela, como sabes aprendí a no cuestionar nuestros cambios de ciudad, — Pontuou com calma, mas era visível que uma ruga de preocupação formava-se entre as sobrancelhas —Pero... esta vez parece diferente... ¿Qué está pasando? — Era fato que Emília não aguentava mais os enigmas da mulher que a criara com tanto amor. Os enigmas eram divertidos quando era criança, agora não mais.
— Aún no estoy lista para hablar de ello, Emilia. — Disse encrespada e cortante.
A Martinez sentiu vontade de dar um daqueles chiliques típicos de adolescente, mas, não era o estilo da menina, não diante de sua avó. Não era justo com nenhuma das duas.
— No, no quiero ir por ese camino otra vez abuela. espero que algún día estés lista para decir lo que tanto tienes que decir pero nunca puedes. — Disse a menina, numa maturidade ou cansaço assustador. Emília pegou suas coisas e saiu com o auxilio da rede de flu. Dando graças a Anhangá por não ter explodido em lágrimas e reclamações. Embora estivesse chateada com a avó por fazer tanto mistério e guardar tantos segredos, Emília não é do tipo que faz cena.

*****
O tempo que passara na casa de Helena fez bem para Lia. Ela precisava espairecer a cabeça depois das negativas da avó em conversar sobre um tópico aparentemente proibido, seus pais. Porém, enquanto caminhava pela estação com os braços entrelaçados ao da amiga só conseguia pensar o quão sentiria falta de Justina.
“Ah, quando ficamos adolescentes tudo fica mais complicado”, pensava a Martinez.
As meninas foram as responsáveis por distrair Emília dos próprios pensamentos. Helena comentava o quão foi divertido a peça que pregamos no dia anterior em seu irmão. A sorte era que ele levava na esportiva todas as brincadeiras aprontadas e os pais de Lena eram verdadeiros amores.
Passado alguns minutos somos surpreendidas por Alice no País das Maravilhas e Emília sorri ao vê-la, era natural. Alice tinha uma espontaneidade que deixava Emí feliz. Aliás, Emília amava todos amigos que conquistara durante esses anos em CB.
— Muito animada! — Respondeu. — Já era hora de voltamos. E você? Preparada para ser a vice-presidente do CA? — Alice era brilhante. Quase nenhuma pessoa do quinto ano conseguia esse feito em CasteloBruxo.
Conversamos um pouco mais a respeito das expectativas para o novo ano e logo o trem surge na estação com seu som característico que prende a atenção de todos. Era hora do embarque.   Com auxilio da varinha fizeram as bagagens flutuarem.
Quando a menina ia adentrando no trem em busca de um lugar junto às colegas reconheceu uma silhueta em meio ao mar de despedidas.
E, Emília sorriu de orelha a orelha descendo do veiculo e correndo em direção a mulher de cabelos curtos e coloridos.
A abraçou. Um abraço apertado e saudoso.
— Te amo, abuela.— Disse ainda envolvida no abraço. — Realmente no me importa el lugar donde vamos a vivir. Con usted y la tía Ame voy a cualquier lugar. Lo siento por los últimos días. — Desatou a falar em seu idioma materno, de forma acelerada.
— Lo siento, Emilia, siempre me equivoco cuando se trata de tus padres, pero tienes que saber que tenemos que alejarnos de ellos. Es por tu bien, te prometo que te lo explicaré todo pronto. . — A avó Martinez começou a falar, Emília olhava para a mulher com o olhar de incompreensão, tinha muito barulho na estação e sua cabeça girava, não esperava por isso agora.  — ¡Ahora, vete de aquí!
Ela precisou de alguns empurrões para reagir e então os apitos constantes do trem anunciaram que Emília precisava correr ou não embarcaria para CB esse ano.
Com um salto adentrou o trem e cambaleando buscou por seus amigos.

Martinez e Alcaide + pessoinhas embarcando  
by emme
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Narradora
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Sáb 29 Fev 2020 - 2:04
encerradas
INTERAÇÕES DO EMBARQUE DE 2020

!!!!
Caipora
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Caipora
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Sáb 16 Jan 2021 - 13:49
EMBARQUE PARA CASTELOBRUXO - 2021/1
The Last Castle RPG


1 de fevereiro de 2021, dia ensolarado e abafado.


E para quem achou que Castelobruxo estava em decadência, talvez em seus últimos momentos de portões abertos, lá estavam os alunos e professores enchendo o trem que sairia às 7h45 da manhã, levando-os das Galerias da 25 para o castelo. Se bem que isso não quer dizer muita coisa, não é? Vamos ter que esperar o decorrer do ano para descobrir o que vem por aí. Você vai participar dessa aventura? Embarque agora mesmo!


Considerações OFF: postagens liberadas para interação com embarque para o primeiro semestre letivo de 2021. Os que postarem levam 15PPH, mesmo não sendo aluno e estando apenas observando/acompanhando/interagindo com os alunos no embarque.

Postagens liberadas até dia 20/01.
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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Sáb 16 Jan 2021 - 20:31
Tudo de novo outra vez
"Afinal, aquilo que amamos sempre será parte de nós."

Contrariando todas as expectativas, Vicente Ventura havia conseguido chegar ao sétimo ano. Depois de longos seis anos, Castelobruxo o acolhia uma vez mais, numa derradeira vez como seu aluno. Se é que algum aluno de Castelobruxo, algum dia, o deixava de ser— o carcará tinha lá suas dúvidas. Estava feliz por ter chegado até ali, mas já começava a sentir o saudosismo o afetar, afinal, vivera tantas coisas naquele lugar: aprendera não apenas as ciências mágicas, mas coisas que julgava importantes para a vida, mesmo que vez ou outra parecesse ser um ignóbil desmemoriado e sem talentos, tivera experiências que não esqueceria tão fácil, ganhara amigos que se tornaram sua família e até vivera alguns amores.
Sabia que nem tudo mudaria com o tempo (como, por exemplo, os laços que criara com os melhores amigos) e que ainda tinha todo aquele ano pela frente. Sendo brasileiro, Vicente bem sabia que um ano é tempo o suficiente para muitos infortúnios acontecerem. Mas também era um costume brasileiro não desistir e ter esperanças e ele se apegaria a isso por hora.
Desta vez, a ida para a Estação Florestal da Galeria da 25 foi diferente, ainda que quem visse de fora reconhecesse a mesma cena dos anos anteriores. É verdade, do primeiro ano para cá Vicente havia ganhado muita altura, alguns músculos e certa confiança, mas, em essência, era o mesmo menino acompanhado por Aurélia. A botânica, por sua vez, ganhara alguns fios brancos, marcas de expressões e parecia cada vez menor ao lado do filho. Apesar de tudo, naquele dia parecia grande— decerto que o orgulho que sentia a inflava. Além de tudo, Emília os acompanhava dessa vez.
Mas não eram os aspectos físicos ou a presença da bonequinha de pano que tornavam a viagem diferente, eram os sentimentos. Algumas pessoas sentiam saudades de coisas não vividas, mas era possível sentir saudades de algo que ainda estava vivendo? Bem, aparentemente sim. Por isso, enquanto caminhavam pela estação até a plataforma de embarque, o batedor fez questão de absorver todos os detalhes— do cheiro das comidas embaladas para viagem ao som das bolsas de rodinha arrastando-se pelo chão. Estava um pouco arrependido de não ter ido às compras pessoalmente. Sentiria falta da aglomeração da Feirica às vésperas da volta às aulas, mas, como em todos os anos, ele havia deixado para comprar tudo nos últimos momentos e achou melhor aproveitar da modernidade e comprar todas as suas coisas por delivery. Assim, ficaria um tempo a mais na cabana que tanto amava.
—Você deve estar muito triste, né Emi. — Brincou com a garota, enquanto a abraçava pelos ombros com um braço e ajeitava a mala no outro.  — Como é que vai ser no ano que vem, quando não me tiver mais pra te atazanar a viagem toda? Acho bom aproveitar dessa vez, vamos aprontar tudo que não aprontamos ainda.
O sorriso cresceu nos lábios do garoto, embora no fundo de seu coração tivesse sentindo uma pontinha de angústia com o pensamento. Piscou para a argentina, dissipando a sensação e voltando ao estado natural de ser. De imediato, sentiu um beliscão no braço que carregava a própria mala. Franziu as sobrancelhas encarando a mãe, arrependido da zombaria.
— É brincadeira, mãe! A gente sempre se comporta. — Trocou um olhar cúmplice com a garota, e deu à mãe o melhor olhar inocente, emendado por um sorriso emoldurado por covinhas. Fazia algum tempo que não recebia berradores, mas não porque finalmente havia deixado de se meter em encrencas. Apenas havia evoluído na arte de se safar. — Olha bem pra essa carinha linda que você fez! Pode perguntar para quem for.
Era melhor que não perguntasse. Ele não sabia como estava seu nome nos corredores da Castelobruxo.
Quando notou, já estavam diante da plataforma de embarque lateral. Esperou que a amiga se despedisse de Aurélia (não sabia muito bem, mas pareciam ter muito o que conversar) para então se despedir. Inspirou o cheiro de lar que Aurélia emanava uma vez mais, murmurou que a amava e ouviu as palavras confortantes de sempre “amo você, fique seguro, volte para casa”. Assim ele esperava, que as bênçãos da mãe o acompanhassem como sempre foi.
Ajeitando a alça da bolsa nas mãos, entrou no trem atrás de Emília, que olhava todas as cabines buscando por uma vazia ou ao menos com alguns conhecidos.
—Essa aqui não tem ninguém, Emi! —Avisou, depois de colocar a cabeça dentro de uma cabine e encontrar apenas os bancos vazios. Colocou a bolsa no maleiro sobre suas cabeças e fez o mesmo com as malas de Emília. —A Lena vai pegar o trem aqui também? Ou a Gorete... Sabe dela?
Recostou-se na poltrona, as pernas estendidas à sua frente, satisfeito por não usar calças quentes e longas naquele dia quente, mas desejando estar com os pés no chão ao invés do all star surrado.

Kala Kabir Reitz
CASTELOBRUXO » Docente - Magizoologia
Kala Kabir Reitz
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117
Ocupação :
CB: Docente de Magizoologia
Sáb 16 Jan 2021 - 21:49
embarquement

— Pas maintenant...— Agora não...
— a voz rouca e sonolenta de Auguste foi ouvida no quarto ainda escuro. Aurora se encontrava inclinada ao lado de sua cama, cutucando seu rosto com a ponta da varinha, mais próxima do que deveria. Os olhos sensíveis devido a longa noite de sono arderam quando a Irlandesa ascendeu a luz com sua varinha cantando um "bom dia" com sua voz de anjo. Quem faz isso? O garoto gemeu e lançou o travesseiro contra o rosto da cantora.
— Il est encore tôt, va dormir.— Tá cedo ainda, vai dormir.
— disse ele ainda mais baixo que a primeira vez e se virou de costas para ela. Aurora se afastou com os olhos brilhando, arteira, e a famosa expressão de "essa vai ser a minha maior vigarice" e conjurou uma torrente de água com a varinha apontada para o meio-irmão.

(...)

Belenus e Beaumont caminhavam pelas ruas abafadas em direção a estação de trem, parecendo dois completos opostos. Enquanto Aurora cantarolava e saltitava em plenas sete da manhã com uma saia bufante verde e uma blusa florida, usualmente feliz; Auguste caminhava duro, meio forçado, talvez arrependido. Seu olhar deixava claro que estava, ambos, amedrontado e ansioso, por ser seu primeiro dia em Castelobruxo. E se resolvessem coloca-lo com os primeiranistas por não conhecer nada do Castelo? Bem, devo adicionar aspas nesse "nada", o garoto passou o mês inteiro estudando os livros antigos de Aurora — muitos dos quais carregava na grande mala de rodinhas atrás de si — como, também, frases simples em português. Não queria chegar à escola como um completo tapado.
— As-tu vraiment besoin de me donner un bain?— Ta, mas você precisava mesmo me dar um banho?
— perguntou meio irritado depois de algum tempo caminhando. A mais velha saiu saltitando na frente, virou uma estrelinha, gritou e esticou a língua para fora da boca. Depois de tanto tempo sem visitar a estação, dizia ter a obrigação de sentir o gosto do ar local para saber se algo mudou desde sua última visita. É, eu sei, doida de pedra e eu já cansei de tentar segurar essa cão, mas não adianta.

Auguste, coitado, sem saber o que fazer, apenas ficou parado. Eu, se fosse ele, fingiria que não conhecia a maluca, mas Guto era bondoso demais pra fazer isso. Vermelho como um pimentão, resmungou qualquer coisa com Aurora e ela se aproximou outra vez.
— Maintenant tout le monde regarde.— Agora tá todo mundo olhando.
— disse ele, apressando o passo para despistar os olhares alheios.
— Tu me tues toujours.— Você ainda me mata.
— sorriu quando, finalmente, seu rosto voltou a esfriar. Um breve sorriso se formou em seus lábios quando ela lhe deu o braço e caminharam até a porta do trem onde pararam.

Ao fim de uma breve conversa, o trem apitou pela primeira vez. Aquele era o sinal de que partiria dentro de cinco minutos, Auguste precisava se despedir.
— C'est mon signe, je dois y aller, je t'aime petit nain.— Essa é a minha deixa, preciso ir, te amo anãzinha.
— seus braços envolveram loirinha que desapareceu em seu peito e voltou-se para a porta do trem. Aurora, a maluca, o segurou enfiou sua mala enorme dentro de uma pequena bolsa de couro que carregava no ombro.
— Merci, m-.— Obrigado, m-.
— ele pareceu engasgar para evitar questionar o presente. Não precisa, eu sei o que ele ia falar e qualquer um concorda: bem que ela podia ter entregado antes pra evitar de carregar aquele peso durante todo esse tempo, né?

Com a bolsa de couro escuro pendurada no ombro esquerdo, Auguste entrou no trem para procurar uma cabana. Puff, com uma despedida longa dessa, não iria encontrar uma vazia nunca. Caminhou, cheia, caminhou, cheia, caminhou, cheia, até que parou diante de uma com apenas duas pessoas aparentando mais ou menos a sua idade.
— Excuse.— Com licença.
— disse, arrependendo-se em seguida. Devia usar o que passou o mês praticando, mas como é que ia falar "as outros cabines estão cheias"? Isso não estava em nenhuma das frases que aprendeu. Ficou apenas parado à porta, como um grande tapado, com o olhar correndo de Vicente para Emília e de Emília para Vicente; quando teve a ideia de usar seu celular.
— Je peux me asseoir ici? Les autres cabines sont pleines.— Posso sentar aqui? As outras cabines estão cheias.
— disse com a entrada de audio próxima à boca. Seu rosto fervia de vergonha, mas a este ponto era sua menor preocupação. Dois segundos depois a voz do tradutor repetiu sua sentença em português e o olhar do Beaumont voltou a encarar os dois da cabine.



Lorena Bedoya Fialho
COMASUL » Auror
Lorena Bedoya Fialho
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COMASUL: Auror Estagiário
Sáb 16 Jan 2021 - 23:03
you ask me what i want from life i said to make a lot of money
Just like magic, I'm attractive
Wake up in my bed. I just wanna have a good day
Thinking in my head then it happens how it should, aye

O clima de São Paulo havia passado despercebido pelos incontáveis dias em que a garota esteve escondida em um apartamento menor que o seu antigo quarto, sem acesso ao celular, aos amigos e a qualquer coisa que a lembrasse de como costumava ser a sua vida antes do decreto. Só que agora, com um chapéu na cabeça e grandes óculos escuros, em uma tentativa de disfarçar sua identidade, parecia que ela estava passeando pelo inferno: pessoas transitavam para todos os lados, aglomeradas e animadas, suas vozes ecoando muito altas para a garota, que esteve presa por tempo demais com sua própria companhia, rodeada apenas da própria voz e de sua sombra. Sentia uma grande angústia em estar novamente tão vulnerável. O que uma vez fora felicidade de estar voltando para a rotina, agora parecia ameaçador demais. Ela sabia que não tinha outra opção, mas isso soava mais como uma cobrança do que algo capaz de lhe confortar.

Ainda buscando passar despercebida, Lora comprou sua passagem e se posicionou perto o suficiente para ser uma das primeiras pessoas a embarcar. Não foi tarefa difícil, tendo em vista que a maioria dos bruxos ali presentes estavam emotivos em se despedir de seus familiares após tanto tempo reclusos em suas companhias. Queria, com tal posicionamento, garantir uma cabine que fosse calma o suficiente para que ela pudesse se recompor.  Invejou aqueles que exibiam entusiasmo em retornar a Castelobruxo. Aquele sentimento estava guardado em algum canto de sua mente, junto de outros tantos e escondidos o suficiente para que ela não conseguisse os trazer de volta. Com a chegada do trem e seu barulho tão conhecido, sentiu uma onda de adrenalina percorrer o corpo. Respirou fundo durante os longos minutos até estarem liberados para subir, e então buscou a cabine mais isolada para trocar de roupa. Teve de tirar o chapéu e vestir o uniforme, mas manteve um lenço em seu rosto e fingiu estar dormindo durante o trajeto, evitando assim conversar com aquelas pessoas estranhas e animadas. Será que Cecília estava lá? Matteo? Estaria Mavis procurando por ela?

O decreto fora uma decisão que ela acreditava ter sido tomada devido ao número cada vez maior de ataques que estavam acontecendo. Malvina fora uma das vítimas, somada a outros nomes conhecidos, até que a situação se tornou um caos. Enquanto isso, na escola, todo o suspense por trás da morte de Bea só deixava os alunos mais preocupados, ao menos o pequeno clube de amigos que estava presente quando o corpo fora encontrado. Foi demais para muitos pais, inclusive Roberta e Bartolomeu, que não pensaram duas vezes antes de retirar as filhas da escola bruxa. Por ter o dom da telecinese, Lorena foi levada para mais longe, privada de qualquer contato com os primos ou amigos. No início, sentia falta de todas as pessoas e atividades de sua vida normal, mas isso foi se perdendo conforme o tempo passava. A ausência de afeto ou qualquer tipo de diálogo fazia com que seus pensamentos se voltassem a Bea e Mogli, aos erros que cometera, ao sumiço de Arón. Todas as pequenas coisas foram ficando cada vez maiores, uma bola de neve que rolava e ia ficando maior. Uma supernova, com todo aquele brilho e luz após explodir, que depois vai se apagando até finalmente deixar de existir. Se os familiares e amigos estivessem procurando por Lora, certamente não era por aquela versão dela.



she remembered who she was and the game changed.


Helena M. Alcaide
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Medibruxa
Helena M. Alcaide
Mensagens :
506
Ocupação :
Estudante/Artilheira
Dom 17 Jan 2021 - 8:20
Start All Over
Fantastic and romantic All a big surprise You've got the warning hazard station pushed aside
Arrastou atrás de si a mala de rodinhas coberta de adesivos dos mais variados, com certa pressa, desviando o tanto quanto possível das famílias se despedindo pela estação já cheia de pessoas que iriam pegar o trem também. Passou por rostos conhecidos dos corredores, os olhos ansiosos a procura de algum dos amigos conforme avançava em direção ao transporte que a levaria para Castelobruxo. pela sexta vez.

Diferente dos anos anteriores, Lena não tinha consigo os pais ou o irmão; Hector ainda estava no interior, ajudando os avós de Lena com alguns poucos reparos na casa do sítio, Joana teria que ficar na loja para organizar as coisas, Carlos Henrique já havia voltado para a Espanha há semanas. Lena acompanhou a mãe até as Galerias e, depois de um abraço apertado e muitas recomendações para “tomar cuidado, se alimentar direito e sempre checar o conteúdo da mochila duas vezes antes de sair do dormitório” e, claro, alertas para que ela se comportasse e não entrasse em nenhuma confusão (haha! Se Joana Alcaide sonhasse...) ambas seguiram caminhos opostos.

E estava tudo bem. Helena não fazia o tipo melosa com despedidas, além disso, ela sabia que caso não desse notícias nas horas seguintes, receberia um sem número de ligação de ambos, Hector e Joana — desapegados e mais que dispostos em deixar os filhos se virarem no mundo, mas ainda preocupados. Suspirou e seguiu para dentro do trem, o som alto nos fones de ouvido não a permitindo ouvir muito além da batida constante da música. E ela como se seus passos seguissem o ritmo, conforme caminhava pelo corredor estreito procurando nas cabines pelos amigos.

Cheia. Cheia. Cheia. Vazia. Cheia... repetiu mentalmente, descartando até mesmo as cabines completamente desocupadas. Era engraçado como cerca de um ano antes, ela faria de tudo para ocupar uma das cabines vazias e mantê-las assim pelo resto da viagem. Riu com a lembrança e sorriu largamente ao identificar duas de suas pessoas favoritas, finalmente, dentro da cabine seguinte. Entrar para o time foi uma das melhores decisões que Helena tomou nos curtos quinze anos de sua vida; certo, ela se tornara propensa a se enfiar nas situações mais... inusitadas e adquiriu certa inclinação por desrespeitar regras... Mas era como ter uma segunda família. Eles riam, estudavam, e se encrencavam juntos (boatos que uma confusão não é, de fato, uma confusão sem que um carcará esteja envolvido, aliás).

Bateu de leve três vezes na porta entreaberta, mas não esperou qualquer autorização antes de entrar e, sem cerimônias, ocupou o espaço entre Emília e Vicente no banco da cabine; sem olhar muito para os dois, soltou um suspiro — Cheguei — anunciou o obvio e sorriu para os dois — Senti saudades de vocês, tipo, muita.
At: Estação Galerias 25/ Trem With: @Emms, @Venturinha doing:sabe que nem eu sei.


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Vicente Ventura
COMASUL » Auror
Vicente Ventura
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COMASUL: Auror (estagiário)
Dom 17 Jan 2021 - 16:30
Tudo de novo outra vez
"Afinal, aquilo que amamos sempre será parte de nós."

Enquanto o trem não partia da estação, Martinez e Ventura ocupavam o tempo revivendo histórias das férias e dos últimos meses do ano anterior, preferencialmente as boas. Emília contava de suas férias na Terra do Fogo, e um riso ainda tomava conta dos lábios do batedor quando girou a cabeça para encarar a entrada da cabine. Embora esperasse encontrar Helena entrando com sua expressão absolutamente inabalável de sempre, ou ainda a profusão de cores que costumava ser Alice, sua atenção havia sido roubada por um pedido baixo... E francês. O olhar pairou sobre um garoto alto, esbelto e Vicente notou que a pele branca tinha um leve tom avermelhado, provavelmente graças ao calor daquela manhã. A expressão em seu rosto parecia a mesma que todo ano se via nos rostos dos calouros, apesar do garoto parecer ter idade semelhante a dele próprio.
Houve um instante constrangedor de silêncio, mas entre as trocas de olhares desconcertados, o carcará teve a certeza de que não o conhecia, ou certamente se lembraria. Tinha traços tão delicados que Vicente se perguntou se, por acaso, descendia de algum ser mágico, como as veelas. O que era um riso antes se transformou num esboço de sorriso, à espera de um novo pronunciamento. Quando percebeu que o novato não pretendia falar novamente, entreabriu os lábios para se apresentar e convidá-lo a entrar, mas não foi preciso.
Falando na mesma língua de antes, desta vez com o celular, ele quebrou o silêncio, seguido pela voz robótica do tradutor. Vicente, que a esta altura tinha as sobrancelhas arqueadas pela curiosidade, acabou se rendendo ao sorriso que prendia.  Era comum que Castelobruxo recebesse intercambistas, especialmente pelo encantamento que cercava a escola de magia, permitindo que todos se entendessem qualquer que fosse a língua dita.  
—Oui, vous pouvez vous asseoir avec nous. — Convidou-o por fim, trocando a língua naturalmente sem grande esforço. Às vezes, confundia uma palavra ou outra, principalmente quando a língua que tentava ler ou falar era uma das antigas, mas, por sorte, não encontrava muitos gregos por aí, muito menos muitos religiosos que só se comunicavam em latim. Por sorte, encontrava franceses de olhos cristalinos. Ao seu lado, Emília nem se abalou com a mudança do idioma (estava mais que acostumada), mas o garoto esboçou certa reação. — Vous ne parlez pas portugais? Rien?
Ainda não havia tido sua resposta quando Helena se juntou ao grupo, num rompante, ocupando seu lugar de direito entre os carcarás, como se tivessem se visto ontem mesmo. A atenção de Vicente se desviou do garoto por alguns instantes, focando na artilheira. O jeito que Helena sentia saudades era diferente. Puxou-a para um abraço de lado, apertado, e deu-lhe um beijo estalado na bochecha.
—Até que enfim, achei que ia perder o trem. — Comentou, pensando brevemente no que fariam caso a garota se atrasasse demais para voltar à escola. Tinha suas dúvidas de seu destino e do de Emília na ausência da Alcaide.  No instante seguinte, voltou a atenção para menino, ainda estagnado na entrada. — Je suis Vicente, et ce sont Emília et Helena. — Apontou para as garotas, apresentando o grupo todo de uma só vez.


Mavis Orn. Bedoya
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Estagiária
Mavis Orn. Bedoya
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Estudante de Saúde Bruxa
Dom 17 Jan 2021 - 22:51
Don't wanna live like this

Se fosse parar para pensar realmente, não havia sido da vontade de Mavis voltar ao CasteloBruxo. A brasileira não sabia explicar com exatidão o que se passava dentro dela, mas era como se uma luz tivesse se apagado levando consigo tudo de bom que a fazia ser quem ela era de fato. E mesmo que fosse a mais avoada dentre aqueles com quem compartilhava o laço sanguíneo, bastou um pouco de reflexão para que a razão voltasse a tomar conta de si. Não seria certo abandonar seus estudos. Se tinha uma única coisa certa em sua vida, era a de que não iria conseguir chegar a lugar algum daqueles que almejava, sem adquirir seu diploma. Além de que não seria certo fugir dos problemas que tanto faziam com que ela desejasse continuar na sua. Estranho, não? Que uma das Bedoyas mais animadas e de bem com a vida se encontrasse tão… Desanimada. Talvez outro fato que contribuísse para tal situação, era o de que sua família havia evaporado. Assim sem mais nem menos. Não fazia a mínima ideia de por onde Lorena ou Cecília andavam. Seu irmão havia fugido para ficar com o pai sem nem pensar duas vezes. E nem podia comentar sobre os outros.

Não bastou mais que alguns dias e o decreto para que Mavis decidisse trilhar seu próprio caminho, mesmo sendo menor de idade e sem saber exatamente para onde ir. Não se preocupou em avisar ao seu gêmeo, sua mãe e muito menos ao seu pai. Simplesmente evaporou. Assim como suas primas, seu tio e sua tia. Foi nesse dia que, talvez, tivesse tomado a decisão mais egoísta da sua vida. Mas se por um lado temia por preocupar aqueles que amava, por outro detinha uma voz lá no fundo de sua mente para dizer eles se foram e não te falaram nada, por que você faria diferente?. Não tinha um rumo certo, mas pouco tempo depois de partir se viu procurando aquela que estava acima de todos os outros em questão de não conseguir abandonar os pensamentos da brasileira. Malvina tinha passado tão rápido pela vida de Mavis que chegava a ser esquisito ser ela a ter causado tanto estrago no coração da morena. Mavis, que nunca sentira vontade de se entregar a alguém, se deixou levar por todas as coisas boas que a menor lhe proporcionava sem nem pensar duas vezes. Até que tudo se foi num piscar de olhos, como tudo na vida dela. Não entendia como a garota podia ter sumido sem dar notícias, ainda mais depois do que tinham passado e mais uma vez se via dividida entre acreditar que algo de muito ruim tinha acontecido e que Malvina simplesmente havia decidido que era melhor viver entre os seus.

A procura não se prolongou muito. Sem sucesso, Mavis acabou aceitando que Malvina seria uma das pessoas que talvez ela nunca mais teria a sorte de encontrar. Podia dizer que o tempo sozinha não fora de todo o ruim, pelo menos tinha servido para que ela desse mais valor a algumas coisas e que criasse mais responsabilidade do que tivera em toda a sua vida. Passara o tempo assim, vivendo como uma nômade, indo de um canto para o outro sem prestar realmente atenção a passagem do tempo. Até ser obrigada a voltar para a realidade. Estava então pronta para vestir sua fantasia de menininha animada e de bem com tudo, pois nada a faria agir de forma diferente caso sua família voltasse a se reencontrar. Sabia que talvez um ou outro acabasse percebendo alguma mudança, mas tentava não se apegar a isso. Apesar de tudo, ainda tinha esperança de que pelo menos Lora, Cecí e Matteo fossem reaparecer uma hora ou outra. Poderia não admitir, mas era deles que mais sentia falta. Além da sua mãe… Porém, sem tempo para aparecer em sua casa, fora direto para a estação florestal das galerias da 25. Se apressou em comprar sua passagem, pois como sempre, estava atrasada e então correu para embarcar no trem. Mavis tomou o cuidado de andar pelos corredores do trem de forma calma e calculada, parava poucos segundos para procurar algum rosto conhecido entre os muitos que conversavam de forma animada nas cabines.

É claro que se deparou com muitos conhecidos, mas nenhum com os quais queria manter papo. Seu irmão não parecia estar por ali ou ela havia deixado passar. Então só seguiu caminho até que achasse uma cabine quase vazia. Quase porque só tinha uma pessoa, que ela não conseguiu identificar por estar com um lenço tapando o rosto. Não se deu o trabalho de chamar a atenção da pessoa, que aparentava estar dormindo. Só guardou a mochila que carregava consigo e se acomodou no banco oposto ao que a pessoa estava.

✵ estação florestal ✵
larvita




NOT A MARTYR — i'm a problem; i am not a legend, i'm a fraud so keep your heart, 'cause i already got one.
Alice Bissoli Pegoretti
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Alice Bissoli Pegoretti
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CASTELOBRUXO: Coordenadora da escola
Qua 20 Jan 2021 - 15:36
Don't mess up my tempo
Can't stop this attraction
Deveria saber em que direção está indo mesmo que não saiba o próprio nome!
— Alice através do Espelho

♡  ♢  ♤  ♧

As palavras do livro ainda ecoavam em minha mente, e já fazia alguns minutos que eu havia fechado a obra de Carroll para prestar atenção na movimentação de quem entrava no trem. "Quem ela pensa que é para insistir que sabe mais da minha vida do que eu? Não voltar para Castelobruxo... até parece! Pega esse medo dos não-maj saber que você tem uma filha bruxa, vai embora e para de tentar me transformar em quem eu não sou!" Sim, eu estava conversando comigo mesma, algum problema? Minha mãe é um assunto chato demais para eu falar com outras pessoas, sabe? Então eu converso sozinha mesmo, silenciosamente montando frases que eu adoraria dizer na cara dela, mas nunca consigo — apesar de algumas vezes os palavrões me escaparem em alto e bom som. Pela calorosa glória de Guaraci, não foi o que aconteceu dessa vez, e assim consegui escutar quando vozes muito características começaram a falar noa cabine ao lado.

Com um sorrisinho alegre desenhado nos lábios amarronzados, levantei para puxar minha mala e guardar o livro de Alice Através do Espelho junto com o País das Maravilhas. É, me julgue, mas faz anos que não fico sem eles bem perto de mim. Bendita seja Dona Sônia que me ensinou a ler e me apresentou essas obras magníficas! — Licencinha! — pedi ao menino que havia guardado sua mala e agora estava parado na porta da cabine, de costas para mim, como se esperasse mais alguém chegar, e passei ligeira, sem bagagem mesmo.

Espiei pela porta a tempo de ver um menino que não conhecia ainda entrar, falando uma língua que nem sei qual é, e claro que o carcará poliglota, mais conhecido como Dora Aventureira — apelido dado por mim, de nada, Vicente! — responder no mesmo idioma. Tudo que entendi foi ele falando os nomes das meninas que também estavam ali, Emília e Helena, então, para completar sua frase de apresentações já entrei falando — Je suis Alice! — sem nem saber se estava certo, apenas repeti o que Vicente havia dito junto com seu próprio nome, jurando estar dizendo "eu sou Alice", mas vai saber né. — Quer dizer que vocês fazem reuniãozinha em trem e nem chamam a torcedora da cabine vizinha?! Que falta de educação é essa, Carcarás? Vou ter que trocar de time. — brinquei, me jogando no banco perto do Ventura. Emms e Lena já haviam me aturado demais na festa de fim de ano, agora era vez do Ventura tem um pouquinho de Goretti para ele. — Sabe do Thi, Lena? Ele vem esse ano? — perguntei para a sextanista enquanto Vicente continuava a conversa gringa com o aluno novo.
GALERIAS DA 25 — 01/02/2021 — TREM PARA CB — @Dora, @Lena, @Emms, @Guto
liv's codes



Goretti
I always say what I'm feeling, I was born without a zip on my mouth! Sometimes I don't even mean it... It takes a little while to figure me out.
Yeah
Emília Martinez
COMASUL » Funcionário da seção 1
Emília Martinez
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COMASUL: Pesquisadora Responsável por Tierra Viva (Estagiária)
Qua 20 Jan 2021 - 22:03
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a casa dos
apertem os cintos...
“Somos moldados pelo real que nos cerca, mas não temos consciência disso. A marca do real se inscreve em nossa memória sem que possamos perceber, sem que isso se transforme em um acontecimento”.
(Boris Cyrulnik, 2005)

Quando nossa bonequinha entrou em Castelobruxo estava perto de completar onze anos, ainda era uma criança e naquela época não imaginava o quão a escola se tornaria importante em tão pouco tempo. No grande castelo no meio da amazônia ela aprendeu  sobre magia, como lidar com criaturas mágicas e sobre a fauna e a flora desse país imenso. Mas, para Emília CB é um segundo lar, um lugar onde fez amigos, se meteu em grandes confusões, confiou em pessoas erradas e conheceu pessoas mais que amigas, pessoas que tornaram-se sua família e, também, e pode se apaixonar.
Esses últimos dias na cara dos Venturas, deixaram Emília muito grata por ter continuado os estudos na escola. Agora, tinha uma tia-mãe e um amigo-irmão para contar histórias e também aprontá-las, mas Emília não estava gostando nenhum pouquinho dos rumos da conversa de Vicente. Na verdade, a menina buscou não pensar durante as férias que, muito em breve, três pessoas importantes para ela concluíram os estudos.
— Oyé, eu não estou gostando dos rumos dessa conversa, Venturinha. Quem disse que no ano que vem você não estará aqui? Vou te amarrar e por na mala, quero só ver. — Disse batendo o pé com um largo sorriso plantado no rosto, revelando sua broma. Mas talvez, não fosse tão brincadeirinha assim e nossa menina maluquinha é bastante capaz de planejar algo do tipo, nunca se sabe. Dispersando os pensamentos, Emms abraçou Vicente com o braço livre e disse baixinho: — Vamos aproveitar ao máximo esse ano, por favor. — Soltou um longo suspiro, mas ela queria aproveitar de verdade, não se meter em confusões criminais, como da última vez.
Mas, a julgar pelo beliscão de dona Aurélia dera no filho, alguém estava mais descontente com os rumos dessa conversa que Emília. Entre papos e estratégias, Vicente acabou convencendo a mãe de sua boa reputação. Emília concordava que apesar dos desastres, que eles não tinham culpa, Vicente se saía muito bem em quase tudo, embora duvidasse de si mesmo.

Não demorou muito e nossos estudantes chegaram à plataforma. Aurélia benzeu a menina e deu algumas recomendações sobre um assunto ou outro. A herbologista tinha mil recomendações sobre tudo e tudo parecia ser muito importante e necessário que Emms lembrasse.  A mulher ainda entregou para a boneca de pano um saquinho com biscoitos caseiros para comerem durante a viagem, a pequena Martinez ficou emocionada em pensar que no próximo ano não teria a mulher acompanhando-a até a estação.

Vicente encontrou uma cabine vazia, porém, ela não ficou assim muito tempo. Antes que a menina pudesse responder as perguntas sobre dona Helena Margot ou dona Alice, um estrangeiro — e muito provavelmente aluno novo, afinal, se alguma vez na vida tivesse cruzado com ele na escola, certamente se lembraria — apareceu à porta. Inicialmente, não conseguiu entender tudo que ele disse, mas não se preocupou. Vicente tinha uma habilidade imensa com línguas e muito provavelmente estava entendendo tudo. Emília apenas sorriu e concordou, seja lá com o que.
Os meninos mantinham uma conversa que Emília tentava acompanhar, mas só entendeu uma palavra ou outra. Além do espanhol e o português, a menina não conhecia muitas outras. Sorriu assim que viu Lena, a outra metade da laranja (uma laranja bem cor de telha!).
— Helena! — Disse com empolgação.  — Até que fim. Achei que tinha desistido no meio do caminho, Margot. — Tinha muitas perguntas para fazer a Lena, mas, elas teriam que esperar a chegada em Castelobruxo.
— Hola, Hello… — Disse de forma amigável para a menino. Queria dizer bem-vindo e essas apresentações todas, mas ainda precisava aprender. Então, deixou que Venturinha cuidasse das apresentações.
— Ah, mas nem ouse dona Alice. Junte-me a nós e conte todas as novidades. Aliás, vocês querem biscoitos? —Perguntou estendendo o saquinho de biscoitos preparados pela mãe de Vicente para todos.



O fogo ilumina muito Por muito pouco tempo Em muito pouco tempo o fogo apaga tudo Tudo um dia vira luz Toda vez que falta luz O invisível nos salta aos olhos
Estação - Galeria das 25
uma galera
cactus
Helena M. Alcaide
HOSPITAL MARIA DA CONCEIÇÃO » Medibruxa
Helena M. Alcaide
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Ocupação :
Estudante/Artilheira
Qui 21 Jan 2021 - 0:02
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Fantastic and romantic All a big surprise You've got the warning hazard station pushed aside
Lançou um olhar de desculpas aos dois amigos, um sorriso acanhado nos lábios um tanto pálidos. Para compensar, puxou cada um dos amigos e deu um beijo demorado no rosto tanto de Emília quanto de Vicente — Jamais, já me viu atrasada alguma vez na vida? Não responda. — riu com bom humor e acomodou-se melhor no assento do velho trem. Notou, então, o aluno desconhecido e , considerando que Vicente desembestara em falar no que ela supôs ser francês (por causa de breve lembrança do pseudo namorado do ano anterior), estrangeiro; Lena não era tão versada em linguagens além do português, um tanto de espanhol pela convivência com os avós e Emília, e um pouco do inglês por causa dos primos Dunham. Portanto, quando identificou o próprio nome dito pelo amigo veterano, se contentou em acenar e murmurar um breve — Hey! — ao estranho.

Emília, então, chamou sua atenção e Lena deu de ombros — Acha mesmo que eu perderia a oportunidade de entrar em confusão com vocês esse ano? — perguntou. Outra figura conhecida entrou na cabine e Lena sorriu para Alice, o semblante na carcara, então, tornou-se sério (mas não tanto assim) — Ah não, Carcará não seria essa perfeição sem você na torcida, Licinha! — disse e indicou o banco em que estava com Emília e Vicente — Pode tratar de se apertar aqui com a gente, viu? — Parou e considerou um pouco ao ouvir a pergunta sobre o primo mais novo — Thithi embarca em Monte Nevado, mas aposto que ele vai sim... Não faço ideia se é o mesmo trem, mas ele não perderia a ida nem por decreto. — Sorriu e apoiou as costas.

Lena não sabia bem dizer o quanto os amigos faziam falta, não sabia mensurar, mas o sentimento bom que a tomou ao se ver naquele momento, parecia ser um indicativo de que, naquele ano, as coisas seriam boas. Ou, bem, melhores, do que em 2020.
At: Estação Galerias 25/ Trem With: @Emms, @Venturinha doing:sabe que nem eu sei.


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