Aulas de Feitiços

Feitiços de Proteção

Como eu poderia ainda me sentir uma estranha naquele colégio? Eu estava entre bruxos, aprendendo a realizar feitiços e ainda assim me parecia faltar alguma coisa. Sei que muitos achariam que era drama adolescente e poderia até ter um pouco, mas era muito mais que isso. Eu sentia falta de alguma coisa que ainda não sabia e nem sequer tinha vivido.

Havia poucas coisas que eu desgostava no Brasil e no tópico de primeiro lugar estava a temperatura. Eu odiava suar daquele jeito, pensar que quantas menos roupas eu tivesse ainda assim não era necessário. Eu já havia me livrado do sutiã, das meias e estava quase pensando em abortar a calcinha.

— Ei, presta atenção. – Alguém me arremessou uma bolinha de papel. Retornei a mim mesma percebendo que a diretora ainda falava sobre os feitiços de proteção. Não pude deixar de imaginar algo para proteção do calor.

Feitiços não era a minha matéria preferida, isso porque eu não era boa naquilo. Quando ouvi que cursaria no Castelobruxo não pude deixar de me imaginar cercada de natureza, e não me entendam mal, o lugar é realmente cercado de mato, mas ainda assim passo a maior parte do tempo fugindo do exterior para não ser picada por mosquitos ou derreter feito o Olaf.

— Há uma especificação de até onde o protego consegue proteger, não é mesmo? – Ergui a caneta no ar segundos antes de fazer a minha pergunta. Eu consegui desempenhar dois á três papeis ao mesmo tempo – sofrer, estudar e sofrer novamente. — Eu não posso dizer, não conheço muitos feitiços ofensivos. – Respondi quando a mesma me indagou sobre algo que a magia de proteção funcionava.

Fazia dias que estávamos estudando sobre proteção.

— Vamos estudar lá fora? – Indagou uma garota também do quarto ano no final da terceira aula de feitiços — Merlin sabe o quanto sofrendo para aprender essas budegas.

— Eu estou mais interessada na prática. – Confessei desejando o caos — O que acha da gente treinar umas magiazinhas básicas de nada? Eu te ataco, você me ataca, a gente se fere e fica rindo depois. – Era uma proposta interessante.

— Eu escolho os feitiços ofensivos. – Aceitou ela.


Não somos as únicas a ter aquela ideia, visto o tanto de alunos do lado de fora após as aulas de feitiços. Um professor ficava rondando de tempos em tempos fingindo não prestar a atenção, mas no fundo eu sabia que ele esperava colher uma orelha, um braço ou a cabeça de algum aluno. Bruxos adolescentes sempre perdiam alguma coisa nas práticas e era por isso que a enfermaria ficava sempre lotada.

— Ok — Falei balançando os dedos depois que minha mão cansou de escrever. — Eu juro que se anotar mais alguma coisa sobre feitiços de proteção eu vou sonhar me vendo em uma redoma. – Olhei para o livro e no quanto eu havia escrito sobre as teorias — Acho que já escrevi o bastante. Como fazer um texto sobre esses feitiços irão me ajudar no futuro prático?

— Acho que é exercício de fixação. – Respondeu Becca.

— Fixação é esse garoto. — Falei observando Francisco passar pela gente. — Eu estou fixada nele e adoraria ficar colada nele também. – Mordi a tampa da caneta achando que eu estava sendo sexy. — Mas, ele não olharia para uma quartanista. Acho que nem gosta de mulher.

— Desperdício, socorro. – Sussurrou Becca do meu lado.