A última aula de hoje aconteceria em um lugar diferente. Tinha aproveitado a tarde livre para ficar na biblioteca, então quando percebi que o horário da aula estava chegando eu pude caminhar com calma até o terraço do quinto andar. A noite já dominava o céu e o fato de não ter qualquer cidade grande por perto fazia com que a vista do céu fosse limpa e deslumbrante. O terraço estava tematizado com diversas mesas de chá e coberto de grama e bancos de pedra. Parecia um jardim dos jardins dos grandes castelos franceses e isso me deixou um pouco nostálgica.

Quando a professora começou a falar eu percebi os cristais de luz e a bola de cristal sobre sua própria mesa. Como não estava na primeira aula eu me senti perdida e culpada ao mesmo tempo, mas não ia deixar a turma agora. Eu queria aprender o máximo que podia neste lugar incrível. Fótons? Elementais? Subestruturas? Socorro, onde fui que eu me meti? Eu tendia de química e de plantas, mas quando se fala de física eu não era a pessoa para isso. Me arrependi um pouco de achar que eu me sairia bem nessa matéria, mas sabia que precisava me esforçar um pouco.

Enquanto ela entrava mais e mais no assunto os cristais de luz acendiam e se movimentavam para formar exemplos visuais. Quando eles fizeram o conjunto de movimentos se tornar um átomo eu finalmente consegui entender o rumo que a aula de hoje estava seguindo. Ao entrar um pouco mais no assunto sobre a massa das estrelas e dos elementos químicos que compunham o nosso universo eu me senti um pouco mais segura do assunto no geral.

Do nada mais cristais foram se iluminando e representaram uma ilusão do bigbang. A turma toda foi preenchida de luz e era tudo tão perfeito que parecia mesmo que estávamos presentes no nascimento da estrela. Tive que me controlar para não deixar minha boca cair de tão lindo que ficou. Eu estava hipnotizada naquele momento. Cercados de pontinhos mágicos ouvíamos atentamente a professora explicar a formação dos planetas. Então ela começou a trançar uma espécie de manifesto aos avanços científicos feitos pelos não-mágicos. Sobre isso ela realmente não poderia ser refutada.

Enquanto nos dedicamos inteiramente aos estudos dos seres vivos e matérias mágicas em nosso planeta, os não-mágicos estão descobrindo água em marte e plantando batatas na lua. Pensar nesse tipo de coisa me fazia ter sentimentos muito conflitantes. Sabia da importância de entender o que está ao nosso redor alcançável, mas será que isso vai nos manter presos aqui? Tendo tanto a se descobrir lá fora....
Era muita informação e ao mesmo tempo isso se resumia à uma só questão: Onde está o futuro dos bruxos?

Quando a professora terminou sua explicação tão brilhante e encantadora, os cristais voltaram ao seu ponto inicial e se apagaram. Estávamos de volta ao jardim noturno, mas com algo a mais. As mesas agora estavam cobertas de pequenos aperitivos e chá. Eu pelo menos nunca recusaria uma bela xícara de chá antes de sair correndo para o alojamento. Então me servi e tomei enquanto discutia o assunto com meus companheiros de mesa.

- Não é incrível como as vezes a gente nem se toca sobre isso? Passei minha vida toda pensando na flora de nosso planeta e pensando em descobrir coisas novas como meus pais... – Suspirei olhando para o céu.