Sorte Líquida

Era cerca de sete horas da noite quando tinha saído do hospital, havia sido um dia cansativo – havia atendido um bruxo adolescente que tinha pelo menos uns dez irmãos e teimava que havia sido mordido por uma enorme serpente marinha, quando na verdade, alguns Dilátex haviam roído os seus pés durante um passeio no lago, simples assim. Mas, ele realmente queria contar uma grande história, bem isso foi deveras cansativo para Olivia, ela não tinha muita paciência para pacientes inflexíveis. Pelo menos já tinha terminado o seu plantão, estava livre para curtir a bela noite de sexta-feira.

Havia poucas semanas que Olivia havia pisado os pés de volta no Brasil, depois de longos sete anos. Muita coisa havia acontecido, ela até mesmo se sentia estranha em apenas respirar o ar tropical e olhar para os rostos que antes lhe eram tão conhecidos. Mas, como ela repetia para si mesma, tudo ficava melhor com um copo de bebida nas mãos - talvez, ela devesse parar de beber algum dia desses, bem, algum dia ela pararia. Naquela sexta à noite, havia combinado com um velho amigo dos tempos do Castelo Bruxo, um reencontro para pelo menos saber como cada um estavam vivendo nos últimos anos. Estava na frente do bar quando viu a figura de Gustavo, sentando em uma mesa perto do vidro do estabelecimento — Ei! — Disse abrindo um largo sorriso e acenando para o conhecido. Todo o corpo da medibruxa relaxou no momento que pisou na porta da frente do Sorte Liquida, a mistura de vários perfumes e bebidas que haviam caído no chão, era praticamente o cheiro de casa para a mulher.

Desviou de maneira um pouco atrapalhada as mesas no seu caminho — Gustavo! Quando tempo...— Falou dando um beijo em cada uma das bochechas do homem, para Olivia era muito estranho revê-lo depois de tanto tempo. Eles se conheciam, haviam estudado por ano juntos e eram amigos, mas agora eram praticamente desconhecidos um dos outros — Um Dry Martini, por favor. — Pediu assim que o garçom se aproximou, algo mais gelado iria ajudá-la a iniciar uma conversa — Você está tão diferente, e ao mesmo tempo ainda parece o mesmo...— Riu de si mesma por ter coragem de falar tal frase confusa em voz alta. Ajeitou-se calmamente sobre a cadeira, colocando sua carteira entre as pernas — Então, como você está? — Disse olhando nos olhos de Gustavo, ela realmente estava interessada sobre o bem estar do homem, normalmente pessoas fazer essas perguntas, mas desejavam uma resposta padrão. Olivia nunca perguntava o que não queria saber, ela preferia viver em negação do que na iluminação do saber ou algo parecido a isso.  O garçom voltou mais uma vez lhe entregando a bebida — Merci, meu caro. — Pegou a sua taça, bebericando rapidamente a bebida em suas mãos, agradecendo aos antepassados por tão deliciosa e refrescante mistura, deixando até mesmo escapar um leve gemido de prazer, ainda esperando a resposta de Gustavo.

ENCERRADO

devido a inatividade