E aquele parecia ser mais um daqueles dias em que se acorda pronta para enfrentar qualquer desafio em nome do que se acredita. E na verdade era, exceto para mim, que passava por aqueles dias em que a mulher não quer ver nada que não seja uma caixa de chocolate e uma cartela de pílulas contra cólicas. No amanhecer, não houve passarinhos cantando aquela melodia de Snow White, nem o reconfortante farfalhar de árvores que era tão típico das manhãs em Hogwarts.

O relógio mostrava seis e quarenta e cinco da manhã, fato esse que eu ignorei não sei por que motivo, mas o importante mesmo é que levantei-me em um pulo alguns segundos depois disso porque lembrei que minha primeira aula daquele dia seria cedo de manhã e, no susto, acabei tropeçando num sapato próximo da cama e bati a testa com força no chão. Uma poção e muita maquiagem disfarçaram aquele hematoma roxo em minha cabeça. Acho que os alunos já estavam começando a ficar preocupados com os hematomas ou então já estavam ficando acostumados. Nem quis tomar café e fui direto para a sala de aula. Lecionei até o almoço. Não comi muito, pois minha testa ainda me incomodava.

Arrumei tudo e um sorriso se esboçou em meus lábios à lembrança do que eu preparara para a aula. Transfigurei e conjurei e transfigurei mais. Foi cansativo e trabalhoso, mas ficou tudo pronto. Uma porta enorme com detalhes dourados estava fixada numa parede também enorme. Aquela porta era a grande surpresa para aquela aula. Esperei todos chegarem e quando isso aconteceu, sentei a um canto de minha mesa e me dirigi a todos:

– Dears, boa tarde. Hoje, resolvi preparar uma verdadeira aventura para vocês. Aprenderemos duas variações superpoderosas do Lumos. O Lumos Maxima e o Lumos Solem. Num nível de gradação do menos poderoso para o mais poderoso, temos: Lumos, Lumos Maxima e Lumos Solem. Eles são fáceis, mas demandam bastante energia. – Levantei-me e comecei a andarilhar entre as carteiras. – Queridos, o Lumos Maxima tem um efeito bem poderoso. A ponta da varinha brilha fortemente, por isso ela deve ser erguida acima da cabeça. O movimento é um “S” prolongado. O Lumus Solem é muuuiiito forte e até quentinho. A variação se chama “Solem” porque a luz emanada se assemelha à luz do sol, mas não é, como muitos dizem, o feitiço que reproduz a luz do sol. Parece, mas não é! Não há movimento de varinha. O bruxo mira e atira. Nesse, a ponta da varinha não se ilumina, um raio de luz é enviado da varinha até um ponto alto, onde ele se acumula e permanece até que seja encerrado. O Nox é o contrafeitiço de todos eles. – Voltei até a frente da sala. – Como os feitiços são simples e tenho certeza de que todos conseguirão sem problemas, vocês irão enfrentar o desafio agora.

Mostrei a todos a porta. – Atrás daquela porta estão três ambientes. Todos estão super escuros. O primeiro é um lugar não muito alto e o segundo é bastante alto. Na verdade, nem dá pra ver o teto. No terceiro não há nada além de uma bonequinha, que é uma chave de portal que vai trazer vocês de volta. Encontrem as chaves das portas de acesso ao ambiente seguinte. Em cada sala haverá pequenos desafios, logo vocês não usarão apenas os feitiços aprendidos hoje. Cuidado com os desafios. Entrem um a um. Teremos tempo. O próximo só entra quando o anterior aparecer aqui na sala. Podem começar! – e uma a um eles foram entrando arrumadinhos e saindo molhados, descabelados e cansados.

Quando todos haviam voltado, reuni a turma e os liberei. – Galerinha, espero que vocês tenham gostado. Na próxima aula nos veremos por aqui! Até mais ver! Beijinhos da Tia Lillie! – E os alunos saíram enquanto eu fiquei por ali arrumando tudo.