Pega, mata e... coça?
Vai, Carcará!

Minha cabeça não doía, latejava e, mesmo com toda a vontade do mundo de dormir com aquelas roupas mesmo, forcei-me a entrar no banheiro gélido daquela madrugada. Me apoiei sobre a pia, sem saber se vomitaria ali ou segurava um pouco mais até chegar ao sanitário. Não tive forças para chegar ao sanitário, permaneci cabisbaixo ao olhar o ralo da pia, mas não vomitei como o esperado; um arroto barulhento irrompeu o silencia, sucedendo uma ardência estomacal que deixava seu rastro pela garganta e pela língua. – Os deuses que me ajudem. – Murmurei enquanto retirava as poucas roupas, as meias e os sapatos. Joguei-os tudo ao canto e me lancei à ducha.

A banheira parecia tão convidativa e aconchegante que o desejo de relaxar elucidava meus pensamentos, mas a água fria que açoitava meu rosto e meu peito logo puxava-me à triste realidade de que a banheira não era uma opção naquele estado de embriaguez, afinal, poderia acabar dormindo e me afogando, ou me resfriando, que era mais provável.

Não lavei meu cabelo, mas estive quase ao lembrar-me com mais clareza de alguns momentos na festa. Todos aqueles shots quase me distraíram da dúvida da noite: Alice estaria declarando que gostaria de ficar comigo ao colocar a bebida em minha boca? “Não, não seja tonto, ela provavelmente só foi até mim pois Joca não estava na brincadeira... Não?” Estava frio, agora mais frio do que alguns minutos atrás. Os pelos eriçados de meu braço e o bater de dentes descontrolado indicavam que estava na hora de se enrolar na toalha e colocar meu pijama.

Enrolado na toalha e com as vestes anteriores enroladas ao braço, saí do banheiro abraçado a mim. Estive a andar na direção de meu quarto, adentrando-o sem prestar atenção ao redor. Fui a passos curtos até a cabeceira... entreaberta? Em que momento abri a gaveta mesmo? “Você deve estar ficando louco, bro.” Abri a gaveta por inteiro e me deparei com uma camisa do Carcará (eca!) e talco.

– Puts! Acabei de tomar no buraco. – Resmunguei ao ter em mãos o pequeno bilhete próximo aos dois primeiros itens.

Detive-me a observar a camisa e o bilhete; o bilhete e o talco; o talco e a camisa. Ressalto que a camisa é do time RIVAL. Meu time é mais importante sim! “Claro, Santiago, com certeza você prefere o seu time, isso que é honra...”, mas meus amigos são mais importantes, não? “Sim, nossos amigos são mais importantes que qualquer time, nem falamos com todos os jogadores mesmo! Quem estamos enganando? ”

Respirei profundamente, sem acreditar no que estava fazendo. Meu desafio começava ali, sem mais delongas, enrolações, floreios ou borrões. Puxei primeiro em outra gaveta uma cueca e um calção, vesti-os logo. Puxei a camisa coberta pelo pó de mico e vesti em seguida. Que péssima a ideia fora esta de colocar a camisa rival toda estropiada na hora de dormir.

Minha noite foi horrível, coçava-me inteiro e a pele pálida como as das moças descritas por Álvares, agora se fazia vermelha e arranhada. Tentava de todas as formas não agravar a situação, mas coçava para diabos, era um verdadeiro trote à moda antiga, mas sinto que essa reação quase alérgica foi pela camisa e não pelo pó de mico (-q)

Amigos, isso foi por vocês. Está é a minha escolha final.

OBS. Trote concluído. Bjs.


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